Lei Da Vida Quotes

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As crianças que brincam a viver discernem, com mais clareza que os adultos, a verdadeira lei da vida e as suas relações, enquanto estes fracassam sem conseguir vivê-la condignamente, embora pensem que a experiência, ou seja, o fracasso, os tornou mais sábios.
Henry David Thoreau
Os homens nos fazem acreditar que precisamos desejar filhos ou morrer. Foi por isso que quando perdi meu primeiro filho eu quis a morte, porque não fora capaz de corresponder ao modelo esperado de mim pelos homens da minha vida, meu pai e meu marido, e agora tenho que incluir também meus filhos. Mas quem foi que escreveu a lei que nos proíbe de investir nossas esperanças em nossas filhas? Nós, mulheres, corroboramos essa lei mais que ninguém. Enquanto não mudarmos isso, este mundo continuará sendo um mundo de homens, mundo esse que as mulheres sempre ajudarão a construir.
Buchi Emecheta (The Joys of Motherhood)
Não basta amar alguém. É preciso amar com coragem. É peciso amar de tal modo que nenhum ladrão, ou má intenção, ou lei, lei divina ou deste mundo, possa seja o que for contra esse amor. Não nos amámos com coragem...foi esse o mal. E a culpa é tua, porque a coragem dos homens é ridícula em matéria de amor. É trabalho vosso, o amor...Só nisso sois grandes. Foi aí que falhaste, e, contigo, falhou tudo o que poderiam ter sido as nossas obrigações, os deveres e sentido da vida. Não é verdade que os homens sejam responsáveis pelo seu amor. Deveis ser vós a amar heroicamente.
Sándor Márai
La Lo­te­ría, con su re­par­to se­ma­nal de enor­mes pre­mios, era el único acon­te­ci­mien­to pú­bli­co al que los pro­les pres­ta­ban ver­da­de­ra aten­ción. Era pro­ba­ble que hu­bie­se mi­llo­nes de pro­les para quie­nes la Lo­te­ría fuese la razón prin­ci­pal, si no la única, para se­guir con vida. Era su de­lei­te, su lo­cu­ra, su anal­gé­si­co, su es­ti­mu­lan­te in­te­lec­tual. En lo que se re­fe­ría a la Lo­te­ría, hasta quie­nes ape­nas sa­bían leer y es­cri­bir eran ca­pa­ces de lle­var a cabo in­trin­ca­dos cálcu­los y sor­pren­den­tes lo­gros me­mo­rís­ti­cos. Había toda una tribu de in­di­vi­duos que se ga­na­ban la vida ven­dien­do sis­te­mas, pre­dic­cio­nes y amu­le­tos de la suer­te. Wins­ton no tenía nada que ver con la Lo­te­ría, que se ges­tio­na­ba desde el Mi­nis­te­rio de la Abun­dan­cia, pero sabía (como cual­quier otro miem­bro del Par­ti­do) que los pre­mios eran casi todos ima­gi­na­rios. Solo se pa­ga­ban pe­que­ñas sumas y los ga­na­do­res de los pre­mios gor­dos en reali­dad no exis­tían. En au­sen­cia de ver­da­de­ra co­mu­ni­ca­ción entre una parte de Ocea­nía y otra, no re­sul­ta­ba di­fí­cil ama­ñar­lo.
George Orwell (1984)
A lei do mundo dita que se deve terminar o que alguma vez se começou. Não é grande motivo de alegria. Nada chega a tempo, nunca a vida te deu nada, quando precisavas. Sofremos longamente por essa desordem, por esse atraso. Julgamos que alguém brinca connosco. Mas, um dia, percebemos que uma ordem maravilhosa e perfeita habitava em tudo...que duas pessoas não podem encontrar-se um dia antes, mas só quando estiverem maduras para esse encontro. Maduras não segundo as suas inclinações ou preferências mas interiormente, obedecendo à lei irregável da astronomia, tal como se encontram os corpos celestes na imensidão do espaço e do tempo, com rigorosa exactidão, nesse segundo que é o segundo de ambos, na sucessão dos milénios e da infinitude espacial.
Sándor Márai
Não. Eu me refiro a um amor que dá visão ao cego. De um amor mais forte do que o medo. Eu falo de um amor que dá sentido à vida, que desafia as leis naturais da deterioração, que nos faz florescer, que não tem limites. Eu me refiro ao triunfo do espírito humano sobre o egoísmo e a morte.
Jan-Philipp Sendker (The Art of Hearing Heartbeats (The Art of Hearing Heartbeats, #1))
O Universo é algo que gera reverência, respeito. Em termos de tempo e espaço, sua escala torna a existência humana microscópica. É fascinante que as leis da natureza sejam as mesmas em todo o cosmos. A lei da gravidade, por exemplo, funciona aqui como a 1 bilhão de anos-luz de distância. Olhemos para cada detalhe, mínimo que seja, como para uma folha, e veremos que sua perfeição e harmonia são deslumbrantes. Creio que a folha resulta do processo de seleção natural, indicado por Darwin, ao longo de quase bilhões de anos de evolução da vida na Terra. Se olhamos essa mesma folha através de um microscópio, ficamos ainda mais maravilhados. Se alguém quer chamar esse sentimento de religioso, isso não me incomoda.
Carl Sagan
- Sim, é talvez tudo uma ilusão... E a Cidade a maior ilusão! Tão facilmente vitorioso redobrei de facúndia. Certamente, meu Príncipe, uma ilusão! E a mais amarga, porque o Homem pensa ter na Cidade a base de toda a sua grandeza e só nela tem a fonte de toda a sua miséria. (...) Na Cidade perdeu ele a força e beleza harmoniosa do corpo, e se tornou esse ser ressequido e escanifrado ou obeso e afogado em unto, de ossos moles como trapos, de nervos trémulos como arames, com cangalhas, com chinós, com dentaduras de chumbo, sem sangue, sem febra, sem viço, torto, corcunda - esse ser em que Deus, espantado, mal pode reconhecer o seu esbelto e rijo e nobre Adão! Na Cidade findou a sua liberdade moral: cada manhã ela lhe impõe uma necessidade, e cada necessidade o arremessa para uma dependência: pobre e subalterno, a sua vida é um constante solicitar, adular, vergar, rastejar, aturar; e rico e superior como um Jacinto, a Sociedade logo o enreda em tradições, preceitos, etiquetas, cerimónias, praxes, ritos, serviços mais disciplinares que os de um cárcere ou de um quartel... A sua tranquilidade (bem tão alto que Deus com ela recompensa os santos ) onde está, meu Jacinto? Sumida para sempre, nessa batalha desesperada pelo pão, ou pela fama, ou pelo poder, ou pelo gozo, ou pela fugidia rodela de ouro! Alegria como a haverá na Cidade para esses milhões de seres que tumultuam na arquejante ocupação de desejar - e que, nunca fartando o desejo, incessantemente padecem de desilusão, desesperança ou derrota? Os sentimentos mais genuinamente humanos logo na Cidade se desumanizam! Vê, meu Jacinto! São como luzes que o áspero vento do viver social não deixa arder com serenidade e limpidez; e aqui abala e faz tremer; e além brutamente apaga; e adiante obriga a flamejar com desnaturada violência. As amizades nunca passam de alianças que o interesse, na hora inquieta da defesa ou na hora sôfrega do assalto, ata apressadamente com um cordel apressado, e que estalam ao menor embate da rivalidade ou do orgulho. E o Amor, na Cidade, meu gentil Jacinto? Considera esses vastos armazéns com espelhos, onde a nobre carne de Eva se vende, tarifada ao arratel, como a de vaca! Contempla esse velho Deus do Himeneu, que circula trazendo em vez do ondeante facho da Paixão a apertada carteira do Dote! Espreita essa turba que foge dos largos caminhos assoalhados em que os Faunos amam as Ninfas na boa lei natural, e busca tristemente os recantos lôbregos de Sodoma ou de Lesbos!... Mas o que a cidade mais deteriora no homem é a Inteligência, porque ou lha arregimenta dentro da banalidade ou lha empurra para a extravagância. Nesta densa e pairante camada de Idéias e Fórmulas que constitui a atmosfera mental das Cidades, o homem que a respira, nela envolto, só pensa todos os pensamentos já pensados, só exprime todas as expressões já exprimidas: - ou então, para se destacar na pardacenta e chata rotina e trepar ao frágil andaime da gloríola, inventa num gemente esforço, inchando o crânio, uma novidade disforme que espante e que detenha a multidão como um monstrengo numa feira. Todos, intelectualmente, são carneiros, trilhando o mesmo trilho, balando o mesmo balido, com o focinho pendido para a poeira onde pisam, em fila, as pegadas pisadas; - e alguns são macacos, saltando no topo de mastros vistosos, com esgares e cabriolas. Assim, meu Jacinto, na Cidade, nesta criação tão antinatural onde o solo é de pau e feltro e alcatrão, e o carvão tapa o céu, e a gente vive acamada nos prédios como o paninho nas lojas, e a claridade vem pelos canos, e as mentiras se murmuram através de arames - o homem aparece como uma criatura anti-humana, sem beleza, sem força, sem liberdade, sem riso, sem sentimento, e trazendo em si um espírito que é passivo como um escravo ou impudente como um Histrião... E aqui tem o belo Jacinto o que é a bela Cidade! (...) -Sim, com efeito, a Cidade... É talvez uma ilusão perversa!
Eça de Queirós (A Cidade e as Serras)
há certa uniformidade monótona nos destinos dos homens. nossa existência se desenvolve segundo leis antigas e imutáveis, segundo uma cadência própria, uniforme e antiga. os sonhos nunca se realizam, e assim que os vemos em frangalhos compreendemos subitamente que as alegrias maiores de nossa vida estão fora da realidade. assim que os vemos em pedaços, nos consumimos de saudade pelo tempo em que ferviam em nós. nossa sorte transcorre nessa alternância de esperanças e nostalgias.
Natalia Ginzburg
Ser ou não ser, eis a questão. O que é mais nobre para a alma? Sofrer as pedradas e as setas da fortuna ultrajosa ou tomar armas contra um mar de tribulações e, fazendo-lhes rosto, dar-lhes fim? Morrer... dormir... mais nada. Dizer que, por meio de um sono, acabamos com as angústias e com os mil embates naturais de que é herdeira a carne é um desfecho que se deve ardentemente desejar. Morrer... dormir... dormir! Sonhar talvez! Ah! Aqui é que está o embaraço. Pois que sonhos podem sobrevir naquele sono da morte depois de nos termos libertado deste bulício mortal? Eis o que nos obriga a fazer pausa; eis a reflexão de que procede a calamidade de uma vida tão longa. Com efeito, quem suportaria os açoites e os escárnios desta época, a injustiça do opressor, a contumélia do orgulhoso, os tormentos do amor desprezado, as dilações da lei, a insolência do poder e os maus tratos que o mérito paciente recebe de criaturas indignas, podendo com um simples punhal outorgar a si mesmo tranquilidade? Quem quereria sopesar o fardo, gemer e suar debaixo de uma vida pesadíssima, se o temor dalguma coisa depois da morte - o desconhecido país de cujas raias nenhum viajante ainda voltou - não enleasse a vontade e não fizesse antes padecer os males que temos, do que voar para outros que ignoramos? Assim, a consciência torna-nos a todos covardes; assim o fulgor natural da resolução é amortecido pelo pálido clarão do pensamento; e, assim, empresas enérgicas e de grande alcance torcem o caminho, e perdem o nome de ação.
William Shakespeare (Hamlet)
Duas coisas enchem o ânimo de admiração: o céu estrelado acima de mim, e a lei moral dentro de mim; ambas não estão fora do meu horizonte; antes, vejo-as perante mim e religo-as imediatamente com a consciência de minha existência. A primeira começa no lugar que eu ocupo no mundo e no exterior. A segunda começa no meu invisível eu, na minha personalidade e me coloca num mundo que tem a verdadeira infinidade; o que eleva infinitamente o meu valor como inteligência na qual a lei moral me revela uma vida independente da animalidade de todo mundo sensível.
Immanuel Kant (Fundamentação da Metafísica dos Costumes)
(...) Qual sera o destino de Helène? O meu, certamente. Que meios têm as mães de assegurar às suas filhas que o homem ao qual elas serão entregues será o esposo de seus corações? As pobres criaturas que se vendem por alguns trocados a um homem qualquer são humilhadas, mas a fome e a necessidade absolvem essas uniões efêmeras; enquanto a sociedade tolera e encoraja a união imediata, da mesma maneira horrível, de uma jovem menina ingênua e de um homem que ela mal conhecia há três meses; ela é vendida por toda sua vida. É verdade que o preço é alto! Se, não permitindo nenhum compensação a suas dores, ele será honrado; mas, não, o mundo calunia as mais virtuosas dentre nós! Este é nosso destino, visto sob duas faces: uma prostituição pública e a vergonha, e uma prostituição secreta e a tristeza. Quanto às pobres meninas sem dote, elas se tornam loucas, elas morrem; para elas, não há piedade! A beleza, as virtudes não são valores no bazar humano, e esse antro de egoísmo é chamado de Sociedade. Mas que as mulheres sejam deserdadas! Ao menos assim, uma lei da natureza será cumprida ao escolher as companhias, casando-as segundo a vontade de seus corações.
Honoré de Balzac (A Woman Of Thirty)
Durante a rápida estação em que a mulher permanece em flor, os caracteres da sua beleza servem admiravelmente bem à dissimulação à qual a sua fraqueza natural e as leis sociais a condenam. Sob o rico colorido do seu viçoso rosto, sob o fogo dos seus olhos, sob a fina textura das suas feições tão delicadas, com tantas linhas curvas ou retas, mas puras e perfeitamente determinadas, todas as suas comoções podem permanecer secretas: o rubor então nada revela, aumentando ainda mais cores já tão vivas; todos os focos interiores concordam tão bem com a luz desses olhos brilhantes de vida que a fugaz chama de um sofrimento aparece apenas como um encanto a mais. Por isso, na da há mais discreto do que um rosto juvenil, porque também não há nada mais imóvel. A fisionomia de uma jovem tem a serenidade, o polido, o frescor da superfície de um lago; a das mulheres só se revela aos trinta anos. Até essa idade, o pintor só lhes acha no rosto róseos e brancos sorrisos e expressões que repetem um mesmo pensamento, pensamento de mocidade e de amor, pensamento uniforme e sem profundidade; mas, na velhice, tudo na mulher fala, as paixões incrustaram-se-lhe no rosto; foi amante, esposa, mãe; as mais violentas expressões de alegria e de dor acabaram por alterar-lhe, torturar-lhe o rosto, formando aí mil rugas, tendo todas uma linguagem; e uma fronte de mulher torna-se, então, sublime pelo horror, bela pela melancolia, ou magnífica pela serenidade; se se permite desenvolver esta estranha metáfora, o lago seco deixa então ver todos os traços das torrentes que o produzi ram; uma fronte de mulher velha já então não pertence nem ao mundo, que, frívolo, se assusta de ver a destruição de todas as idéias de elegância a que está habituado, nem aos artistas vulgares, que nada descobrem por aí; mas, sim, aos verdadeiros poetas, àqueles que possuem o sentimento de uma beleza independente de todas as convenções sobre as quais repousam tantos preconceitos sobre a arte e a formosura.
Honoré de Balzac (A Woman Of Thirty)
A este propósito, pergunta-se muitas vezes: “Como pode afirmar-se que a matéria existiu sempre? Quando nasceu? Não é de admirar que se pergunte. Durante toda a sua vida, o homem constata que todas as coisas têm um começo e um fim, e pergunta a si próprio: quem criou a matéria? A ciência responde-lhe: A matéria existiu sempre em toda a eternidade. Como provar esta importante dedução? Muitos factos o confirmam. Por exemplo a lei da conservação da massa, enunciada por Lomonossov e Lavoiser: na natureza, nenhum corpo, nenhum elemento não poderia nem desaparecer sem deixar vestígios, nem aparecer do nada. E se admitir que houve um tempo em que não havia matéria, ela não poderia ter aparecido de parte nenhuma, nem do nada. Mas como a matéria existe, isto significa que ela nunca nasceu, que sempre existiu e que existirá sempre. É eterna e imortal. Também nunca pôde ser criada: não se saberia criar o que não se saberia aniquilar.
Alexander Spirkin (Dialectical Materialism)
Ah, lei ladra, o poder da vida. Direitinho declaro o que, durando todo tempo, sempre mais, às vezes menos, comigo se passou. Aquela mandante amizade. Eu não pensava em adiação nenhuma, de pior propósito. Mas eu gostava de, dia mais dia, mais gostava. Diga o senhor: como um feitiço? Isso. Feito coisa-feita. Era ele estar perto de mim, e nada me faltava. Era ele fechar a cara e estar tristonho, e eu perdia meu sossego. Era ele estar por longe, e eu só nele pensava. E eu mesmo não entendia então o que aquilo era? Sei que sim. Mas não. E eu mesmo entender não queria. Acho que. Aquela meiguice, desigual que ele sabia esconder o mais de sempre. E em mim a vontade de chegar todo próximo, quase uma ânsia de sentir o cheiro do corpo dele, dos braços, que às vezes adivinhei insensatamente - tentação dessa eu espairecia, aí rijo comigo renegava. Muitos momentos. Conforme, por exemplo, quando eu me lembrava daquelas mãos, do jeito como se encostavam em meu rosto, quando ele cortou meu cabelo. Sempre.
Rosa Guimaraes
(...) variação na famosa lei de Gresham: A vida pública faz relegar a vida privada. Quanto mais política se torna a nossa sociedade (no sentido mais amplo de 'político' - as obsessões, as compulsões da colectividade) tanto mais a individualidade parece perdida. Parece, digo eu, porque tem milhões de recursos secretos. Ou, mais claramente, os objectivos nacionais encontram-se agora implicados na manufactura de objectos de forma alguma essenciais à vida humana, mas vitais para a sobrevivência política do país. Como estamos todos absorvidos por estes fenómenos da Produção Bruta Nacional, somos forçados a aceitar o carácter sagrado de certos absurdos ou falsidades cujos sacerdotes supremos ainda há pouco eram mal vistos e alvos de escárnio - vendedores de banha da cobra. Por outro lado, há mais 'vida privada' que no século passado, quando o dia de trabalho tinha a duração de catorze horas. Toda esta problemática é da maior importância visto intervir na invasão da esfera do particular (incluindo o sexual) por técnicas de exploração e domínio.
Saul Bellow (Herzog)
Bonifácio trombou com os poderosos interesses dos latifundiários e senhores de escravos ao sugerir a constituinte a proibição do tráfico negreiro e abolição gradual da escravidão no Brasil. Seu projeto, que nem chegou a ser apresentado, compunha-se de um preâmbulo com 22 páginas e 32 artigos intitulado "Representação à Assembleia Constituinte e Legislativa do Império do Brasil sobre a escravatura". Dois anos mais tarde, já no exilio em Paris, Bonifácio explicaria a razão da proposta: "A necessidade de abolir o comércio de escravatura, e de emancipar gradualmente os atuais cativos é tão imperiosa que julgamos não haver coração brasileiro tão perverso, ou tão ignorante que a negue, ou desconheça. (...) Qualquer que seja a sorte futura do Brasil, ele não pode progredir e civilizar-se sem cortar, o quanto antes, pela raiz este cancro moral, que lhe rói e consome as ultimas potências de vida, e que acabara por lhe dar morte desastrosa." ... O Brasil era escravagista e assim permaneceria por mais 66 anos, até a assinatura da lei Áurea em 1888.
Laurentino Gomes (1822)
Dizia-me: vale a pena viver para morrer? Gozar para quê ? O trabalho é mais vão que a poeira alevantada por um cavalo a galope! Amigo, morrerás! Este morrerás revestia no meu espírito a significação exacta dum prazo. Não era a noção vaga «morrer», mas antes o juízo determinado «não viver». Não viver podia alongar-se no tempo e, todavia, não era amanhã, era já hoje. Nele se me sentenciava à vida a ablação, por inútil, de tudo o que ela representava, no espaço, de gozo, de posse, de sentimento de mim mesmo - via-me a entrar para a antecâmara do meu próprio celário. Mas se este pensamento se encarniçava particularmente na esfera do eu, às vezes batia asas para abranger o universo em suas finalidades. E proclamava: tu; os outros; todos; esta cidade; o reino; a terra. Daqui a cem anos terão passado, em matéria, os que te amam e cercam; mais uns séculos e a memória deles será mais fugaz que a mente dum recém-nascido. Conta mais uns séculos, e onde estará o teu país ? E se teu entendimento pode apreender no relógio do tempo o ponteiro salvar os milénios, este planeta, em que ensaiais edificar o imortal, não será mais que cinza semeada no oceano sidéreo. Vale a pena existir? Da Vénus de Milo, a jucunda e gloriosa, não ficará uma sombra, nem da Bíblia sapiente um eco; da ciência não se salvará uma lei. Tudo o que saiu da boca do infinito acaba na boca do infinito, sem que ele caduque, o monstro! Mors de mor sus.
Aquilino Ribeiro (A Via Sinuosa)
O tempo desapareceu; é a Eternidade que reina, uma eternidade de delícias! Mas uma batida terrível, pesada, fez estremecer a porta e, como em um pesadelo infernal, senti ter levado uma agulhada na boca do estômago. E em seguida um Espectro entrou. Um funcionário que vem me torturar em nome da lei; uma concubina infame que vem chorar misérias e acrescentar as trivialidades da sua vida às dores da minha; ou ainda o faz-tudo enviado pelo diretor do jornal a exigir a entrega do manuscrito. O quarto paradisíaco, o ídolo, a soberana dos sonhos, a Sílfide, como dizia o grande René, toda essa magia desapareceu com a batida brutal do Espectro. Que horror! Agora lembro, lembro! Sim! Esse pardieiro, residência do tédio eterno, é bem o meu. Aí está a mobília vulgar, coberta de pó, lascada; a lareira sem chama e sem brasa, imunda de escarros: as melancólicas janelas em que a chuva cavou sulcos na poeira; os manuscritos, riscados ou incompletos; o calendário onde o lápis ressaltou as datas fatídicas! E esse perfume de outro mundo, no qual eu me embriagava com uma refinada sensibilidade, ai de mim! Foi substituído pelo cheiro fedorento de tabaco misturado a sabe-se lá que tipo de mofo. Respira-se já aqui o ranço da desolação. Nesse mundinho pequeno, mas farto de desgosto, só um objeto conhecido me sorri: a garrafinha de láudano; velha e espantosa amiga; como todas as amigas, aliás! Fértil em carícias e traições. Ah, sim! O Tempo está de volta, o Tempo reina agora soberano; e junto com o velho repugnante retornou o seu cortejo demoníaco de Lembranças, de Arrependimentos, de Espasmos, de Medos, de Angústias, de Pesadelos, de Cóleras, de Neuroses. Eu lhes asseguro que todos os segundos são agora forte e solenemente acentuados, e cada um deles, brotando do pêndulo, diz: – Sou a Vida, insuportável, implacável!
Charles Baudelaire (Paris Spleen)
A força que os códigos possuem para impor a obediência, é, sobretudo, moral. Nenhuma potência material conseguiria tornar respeitada uma lei que toda a gente violasse. Se um gênio malfazejo quisesse destruir uma sociedade em poucos dias, bastar-lhe-ia sugerir a todos os seus membros a recusa de obedecer às leis. O desastre seria muito maior do que uma invasão a que se seguisse a conquista. Um conquistador limita-se geralmente, com efeito, a mudar o nome dos senhores que dispõem do poder, mas é seu interesse conservar cuidadosamente os quadros sociais cuja acção é sempre mais eficaz do que a dos exércitos Destruir a crença na necessidade do respeito aos freios sociais, representados pelas leis, é preparar uma revolução moral infinitamente mais perigosa do que uma revolução material. Os monumentos saqueados rapidamente se reconstroem, mas para refazer a alma de um povo, são necessários. em muitos casos, alguns séculos. Já tivemos de suportar, em várias épocas da nossa história, essas desagregações mentais, e no seu livro sobre Joana d’Arc Hanotaux indicou uma delas em termos preciosos: "Quando foi abolida toda a hierarquia, quando o próprio comando dissipou a sua autoridade, quando, pelos seus erros, ele deixou de ser respeitado, quando o organismo social está derrotado, fica livre o campo para as iniciativas individuais. Elas surgem e, segundo as leis naturais, procuram o crescimento e a florescência na deliqüescência das instituições destruídas" Combatendo a tradição em nome do progresso e sonhando destruir a sociedade para apoderar-se das suas riquezas, como Átila sonhava saquear Roma, os sectários não vêm que a sua vida é um estreito tecido de aquisições ancestrais, sem as quais não viveriam um só dia. Sabe-se como finalizam sempre semelhantes tentativas. Será, entretanto, preciso suportá-las, sem dúvida ainda pois só a experiência repetida instrui. As verdades formuladas nos livros são palavras vãs. Só penetram profundamente na, alma dos povos ao clarão dos incêndios e ao troar dos canhões.
Gustave Le Bon
é fundamental, então, que as sociedades e grupos humanos, se quiserem continuar a viver, eduquem, isto é, adaptem os novos membros às normas, leis, tradições, práticas, rituais etc. da sociedade em vigor. A função da educação é, pois, fundamentalmente a de adaptar, de treinar as crianças e os jovens ao tipo de vida em vigor numa determinada sociedade.
Anonymous
A base da doutrina cristã é «Liberdade, Igualdade, Fraternidade»; este lema revolucionário foi promulgado pelo ocultista cristão Claude St. Martin, discípulo do judeu português Martins Pascoal. Não se diga que o cristianismo não cumpriu este lema; não o cumpriu porque não é possível cumpri-lo. Nem o cumpriu o revolucionarismo moderno, nem o cumprirá nunca. O desconhecimento das leis que regem a vida das sociedades é o facto primordial da vida moderna.
Fernando Pessoa (Portugal, Sebastianismo e Quinto Império)
PRÓLOGO Alguns Anos atrás no Planeta Orfheus... Escurecia quando Lucius chegou ao local combinado, do qual haviam escolhido para ser o novo esconderijo. O último havia sido utilizado por vários meses, e estavam preocupados com a possibilidade de estarem sendo perseguidos e por fim, descobertos. - Pensei que você não viesse... Estou lhe esperando faz quase uma hora, estava ficando angustiada. - disse Sofia aliviada. - Desculpe meu amor... Tudo está se tornando cada vez mais difícil, quase não consegui vir hoje. Houve uma emboscada com as tropas de Igor na última invasão, e muitos guerreiros retornaram gravemente feridos. – ele a olhou surpreso. – Porque, esse encontro repentino? Nós havíamos combinado que o próximo seria na semana seguinte! - Eu sei... Mas, não pude esperar... Lucius deu-lhe um forte abraço, trazendo-a para junto de si. Permanecendo em silêncio por alguns momentos, sentindo o cheiro dela. A saudade e o desejo o consumiam. Ela significava o seu mundo, sem Sofia, sua vida jamais faria sentido. Ele nunca esqueceria aqueles olhos, serenos e sinceros, um azul tão claro e límpido, capaz de enxergar sua alma de guerreiro atormentado. Juntamente com seus cabelos dourados, Sofia parecia um anjo. - Algum problema? Você ficou tão quieto e pensativo. – ela perguntou intrigada. - Estou pensando em nós... Quanto tempo nós conseguiremos manter tudo em segredo? – ele afastou-se dela suspirando. - Ficar mentindo e fingindo que está tudo bem. Você faz ideia do quanto eu tenho que suportar quando está longe de mim? Ou quando vejo você com ele? – Meu amor, agora não. Já discutimos diversas vezes sobre esse assunto. Você sabe que a nossa única alternativa, seria fugir, e rezar para que nunca nos encontrem. Sofia sabia muito bem que as leis do Reino não podiam ser desrespeitadas. O amor, o respeito e a lealdade eram fatores primordiais, que faziam parte da hierarquia de Orfheus. Embora sempre fosse apaixonada por Lucius, que jamais demonstrou qualquer atitude ou interesse por ela, Sofia acabou se relacionando com Alex, irmão de Lucius em consequência de um pacto. Entretanto com o decorrer dos séculos, Lucius começou a mudar e demonstrar sentimentos amorosos por ela que, nunca deixou de amá-lo e sucumbiu às tentações e a paixão por ele. Inevitavelmente um caso de amor surgiu entre os dois. Interrompendo os pensamentos dela, Lucius pegou-a pela mão e a levou para dentro da cabana. Este último lugar escolhido era reservado, adentro de uma vasta e linda floresta. Ele a puxou pela cintura, dando-lhe um beijo apaixonado, acariciou seus cabelos e disse baixinho. - Amor... Senti tanto a sua falta. - Eu também senti muitas saudades, mas o verdadeiro motivo que me trouxe hoje aqui às presas é outro. Preciso que você escute com atenção e mantenha a calma. – enquanto falava passava as mãos entre os cabelos negros de Lucius que contrastavam com sua pele clara. Sofia não queria assustá-lo. No entanto imaginava o quanto ele ficaria transtornado e nervoso com a notícia. Infelizmente a revelação era inevitável, cedo ou tarde, tudo viria à tona. - Estou grávida. – ela declarou sem cerimônias. Por um breve instante, Lucius não lhe disse nada. Somente a encarou sem reação alguma. Parecia estar em uma batalha silenciosa com seus próprios pensamentos. - Mas como? – ele balbuciava não acreditando no que acabara de escutar. Certamente aquela revelação seria o fim para os dois. - Fique calmo meu amor! Eu sei que isso muda tudo. O que estávamos planejando há meses, não será mais possível. – ela sentou-se em um banquinho improvisado e prosseguiu com lágrimas nos olhos. - Com o bebê a caminho, não posso simplesmente passar pelo portal, eu e o bebê morreríamos durante a travessia. - Poderíamos pedir ajuda para a tia Wilda, ela é muito poderosa, provavelmente, ela seria capaz de quebrar a magia dos portais. Sofia já havia pensado nessa possibilidade. Tinha plena consciência de que seria a única escolha que lhe restava.
Gisele de Assis (Entre o Amor e o Sacrifício)
Aqueles que viviam na antiga ordem de coisas chegaram à nova esperança, e não observam mais o sábado, mas o dia do Senhor, em que a nossa vida se levantou por meio Dele e da Sua morte.
Ignatius of Antioch (Patrística - Padres Apostólicos (Coleção Patrística, #1))
Por que Sanat Kumara precisou vir de Vênus para o planeta Terra? R. Até onde sabemos, a vinda deste grande senhor com seus budas de atividades se dera pela proximidade do momento requerido pela lei da evolução. Sanat Kumara já teria visitado a Terra numa outra ocasião e visto o estado ainda embrionário das raças e reinos de nosso planeta. Conforme explicado anteriormente, a Terra concentra quase toda atenção da quarta cadeia neste quarto giro da Vida. O esquema de Vênus, no panorama de nosso sistema solar, representa um pólo oposto ao esquema da Terra, estando negativamente polarizado conosco. Ao voltar a Vênus, Sanat Kumara meditou sobre o que vira e pôde se preparar a fim de assumir nosso esquema antes do tempo previsto e assim também obter suas iniciações superiores
Anonymous
Quando as pessoas me consultam, eu não estou lendo o futuro; estou adivinhando o futuro. Porque o futuro pertence a Deus e ele só o revela em circunstâncias extraordinárias. E como consigo adivinhar o futuro? Pelos sinais do presente. No presente é que está o segredo; se você prestar atenção ao presente, poderá melhorá-lo. E se você melhorar o presente, o que acontecerá depois também será melhor. Esqueça o futuro e viva cada dia de sua vida nos ensinamentos da Lei e na confiança de que Deus cuida dos seus filhos. Cada dia traz em si a Eternidade.
Paulo Coelho (O Alquimista)
Agora, há uma lei escrita no mais escuro dos Livros da Vida, e é esta: Se você olhar para algo novecentas e noventa e nove vezes, você está perfeitamente seguro, se você olhar pela milésima vez, você está sob o terrível perigo de vê-lo pela primeira vez.
G.K. Chesterton (The Napoleon of Notting Hill)
Seja lá o que pensamos sobre o significado evolucionista da crença religiosa e o seu papel na seleção natural, temos de reconhecer que há outra função, muito mais transparente, que a religião parece representar: a manutenção da vida de uma pessoa. Cada aspecto da crença e da obediência religiosa contribui para isso. As religiões dão foco e ampliam o senso moral; elas cercam aqueles aspectos da vida nas quais as responsabilidades pessoais estão enraizadas — notavelmente, o sexo, a família, o território e a lei. Elas alimentam as emoções distintamente humanas, como esperança e caridade, que nos elevam acima dos motivos que regem a vida dos outros animais e nos levam a viver pela cultura, não pelo instinto.
Roger Scruton (The Soul of the World)
A História consiste, em sua maior parte, das misérias trazidas ao mundo por orgulho, ambição, avareza, vingança, luxúria, sedição, hipocrisia, zelo desgovernado e toda a linha de apetites desordenados que abalam a vida pública com as mesmas [...] agitadas tempestades que sacodem A vida privada, e tornam a existência amarga. Esses vícios são as causas dessas tempestades. A religião, a moral, as leis, as prerrogativas, os privilégios, as liberdades, os direitos dos homens são os pretextos. Os pretextos sempre aparecem com alguma aparência ilusória de um bem real. Você não preservaria os homens da tirania e da sedição ao extirpar da mente os princípios aos quais estes pretextos fraudulentos se aplicam?
Edmund Burke (Reflections on the Revolution in France)
E todavia - continuava ele, remexendo a chávena - o Pessimismo é uma teoria bem consoladora para os que sofrem, porque desindividualiza o sofrimento, alarga-o até o tornar uma lei universal, a lei própria da Vida; portanto lhe tira o caráter pungente duma injustiça especial, cometida contra o sofredor pôr um Destino inimigo e faccioso! Realmente o nosso mal sobretudo nos amarga, quando contemplamos ou imaginamos o bem do nosso vizinho: - porque nos sentimos escolhidos e destacados para a infelicidade, podendo, como ele, ter nascido para a Fortuna. Quem se queixaria de ser coxo - se toda a humanidade coxeasse? E quais não seriam os urros, e a furiosa revolta do homem envolto na neve e friagem e borrasca dum Inverno especial, organizado nos Céus para o envolver a ele unicamente - enquanto em redor, toda a Humanidade se movesse na luminosa benignidade duma Primavera? (...) E depois - clamava ainda o meu amigo - o Pessimismo é excelente para os Inertes, porque lhes atenua o desgracioso delito da Inércia. Se toda a meta é um monte de Dor, onde a alma vai esbarrar, para que marchar para a meta, através dos embaraços do mundo? E de resto todos os Líricos e Teóricos do Pessimismo, desde Salomão até o maligno Schopenhauer, lançam o seu cântico ou a sua doutrina para disfarçar a humilhação das suas misérias, subordinando-as todas a uma vasta lei de Vida, uma lei Cósmica, e ornando assim com a auréola de uma origem quase divina as suas miúdas desgraçazinhas de temperamento ou Sorte.
Eça de Queirós (A Cidade e as Serras)
Quando ao pobre lhe arrancaram a ilusão religiosa e pôde ver as iniquidades, de ordem natural ou social, que o separavam da vida, a revolução começou. Sobrenadam escórias, palavras, leis, mas dessa mescla furiosa de ódios e tentativas frustradas, há-de sair o futuro, isto é - a Justiça. A pior revolução está ainda por fazer - é a dos desgraçados.
Raul Brandão (El-Rei Junot)
Mas que nos importava que aquele astro além se chamasse Sírio e aquele outro Aldebarã? Que lhes importava a eles que um de nós fosse Jacinto, outro Zé? Eles tão imensos, nós tão pequeninos, somos a obra da mesma Vontade. E todos, Uranos ou Lorenas de Noronha e Sande, constituímos modos diversos de um Ser único, e as nossas diversidades esparsas somam na mesma compacta Unidade. Moléculas do mesmo Todo, governadas pela mesma Lei, rolando para o mesmo Fim... Do astro ao homem, do homem à flor do trevo, da flor do trevo ao mar sonoro - tudo é o mesmo Corpo, onde circula, como um sangue, o mesmo Deus. E nenhum frémito de vida, por menor, passa numa fibra desse sublime Corpo, que não se repercuta em todas, até as mais humildes, até as que parecem inertes e invitais. Quando um sol que não avisto, nunca avistarei, morre de inanição nas profundezas, esse esguio galho de limoeiro, em baixo na horta, sente um secreto arrepio de morte - e, quando eu bato uma patada no soalho de Tormes, além o monstruoso Saturno estremece, e esse estremecimento percorre o inteiro Universo! Jacinto bateu rijamente a mão no rebordo da janela. Eu gritei: - Acredita!... O Sol tremeu.
Eça de Queirós
O gatilho da arma assassina, pensa, foi apertado por muitas maos. E o alvo daqueles tres tiros nao era exatamente Sofia, sua pessoa física, mas o que ela representava, seu desafio. Damas que se casaram na igreja e pela lei, vestidas de branco, damas que fizeram a vida inteira o que suas mães lhes haviam aconselhado a fazer, damas que agüentaram para sempre seus maridos, que viajaram pouco, que não freqüentaram a universidade porque tinham sido preparadas apenas para o casamento, damas maquiladas ainda à moda dos anos 50, essas damas crisparam os dedos em torno daquele gatilho, dispararam três vezes em direção a Sofia e, em seguida, aproximaram-se sorridentes do cadáver, como se de nada soubessem, perguntando o que havia acontecido. Famílias inteiras reunidas estenderam as mãos, dobraram os dedos e, com risos/esgares, disseram, antes de apertarem três vezes o gatilho: ‘Celebramos nossos natais com árvores e presentes, como deve ser. E comemos nosso bolo com gratidão e humildade, pacientemente reinamos no cotidiano. Se a empregada falta, as mulheres vão com boa vontade para a cozinha. Nossos filhos são preparados para serem bons católicos e os pais trazem o dinheiro para sustentar a casa. Mantemos a decência, sabemos dos nossos limites, onde alcança nossa cabeça, onde podem pisar nossos pés’. E soaram três tiros. Já as mães-que-criaram-seus-filhos declararam, a uma só voz: ‘Nós nunca faríamos o que ela fez, ir embora assim, deixando as duas filhas’ — e juntaram os dedos, apertaram três vezes o gatilho. Havia, ainda, as mãos estendidas dos homens que não foram para a cama com Sofia, mesmo dispostos a pagar. E aqueles que, recusados, vingaram-se, proibindo que suas mulheres andassem com ela, declarando: ‘É uma puta.’ Havia a mão de sua mãe, que tentou inutilmente modificá-la e a do irmão que deixou de falar com ela. “Tinha mesmo de terminar assim”, alguém comentou, baixinho, e quem ouviu concordou, manifestando assentimento com repetidos sinais de cabeça. E as mãos, unidas, movimentaram-se, três tiros violaram o silêncio da noite.“ Sonia Coutinho, “Atire em Sofia”, 1989, p. 114
Sônia Coutinho
(carta ao cabrão insensível) Meu grandessíssimo cabrão: Escrevo-te para te dizer que és um idiota da pior espécie. Um burgesso. Um monte de bosta. Um pedaço de asno. Poderia, por isso, ficar por aqui nesta missiva – até porque o mais importante já está dito. Mas prefiro explicar-te, pacientemente, porquê. Quando gostares de alguém não tenhas medo. Não sejas cobarde. Não sejas poucochinho. Não te escondas em semi-palavras, em semi-actos. Quando gostares de alguém, vai com tudo, vai contigo todo, com tudo o que és, com tudo o que sentes, com tudo o que tens para dar. Sê romântico, sê piroso, sê incansável, sê sonhador e faz sonhar. Sê utópico – porque não? Faz planos em conjunto, imagina em conjunto. Faz como nos livros, faz como nos filmes: não acredites na treta do impossível, na treta do improvável. Não acredites na treta de que o amor é treta. Essa é a mentira que os toscos inventaram para poderem ser toscos. Vai com quem amas até ao fim do mundo todos os dias. Até à última gota não é uma forma de vida; é a única forma de vida. O resto é merda. Diz que amas se amas. Mostra que amas se amas. “Sim: eu amo” – qual é dificuldade de dizer isto? “Sim: eu quero-te” – qual é a dificuldade de dizer isto? “Sim: eu preciso de ti” – qual é a dificuldade de dizer isto? É tão simples ser feliz por dentro do amor. Tão simples. Basta amar e não temer amar. Amar só dói quando não se ama – qual é a dificuldade de entender isto? Não te escondas de todos os lados de ti. Não vás na cantiga do macho latino, do macho que não está habilitado a sentir – e que por isso tem de ser, por fora, intocável, sempre sólido. Sólidos são os calhaus. Sólidos são os cubos de gelo – e até esses, quando começam a aquecer, se derretem todos. Não queiras ser um bruto só porque te impingiram que tens de ser um bruto. Os brutos tendem a sofrer brutalidades – e a fazer sofrer brutalidades. Os brutos não fazem falta nenhuma ao mundo de ninguém. Os brutos não fazem falta nenhuma ao mundo todo. Se sentes, vai. Se queres, tenta. Se te apetece, inventa. Se um livro te faz chorar: chora. Chora porque és gente, porque és pessoa, porque tens muito mais do que um corpo. Se um abraço te emociona, leva-te nessa emoção, contagia-te e contagia, vai até ao final dos ossos, até ao começo das veias. Se és homem sente – qual é a dificuldade de entender isto? Só não sente quem nem sequer é gente. Esquece os preconceitos. Esquece as frases que te inculcaram como se fossem leis universais. A sociedade que vá dar banho ao cão se por causa dela perdes o que tanto queres. Entre a tua saúde e a saúde da sociedade não hesites: escolhe a tua. A sociedade adapta-se. A sociedade adapta-se sempre. É isso a História da Humanidade, nada mais: as pessoas a escolherem a sua própria sanidade, a escolherem a sua própria felicidade – e a sociedade, diligente, a correr atrás. Não corras atrás dela; deixa que ela corra atrás de ti. E é se quer. Se não quiser deixa-a ficar e vai à tua vida. Vai à tua vida: eis o segredo, eis a fórmula. Vai à tua vida. Quatro palavras, quatro simples palavras, e está tudo dito. Vai à tua vida. Vai sempre à tua vida. É ela que te importa. É sobretudo ela que tem de te importar. A tua vida e a vida de todos aqueles eleitos que fazem parte dela. Trata dela. Trata deles. Concentra-te no que importa. Guarda as forças para o que importa. O resto é merda. Tudo isto para te dizer, talvez já te tenhas esquecido, que és um idiota da pior espécie. Um burgesso. Um monte de bosta. Um pedaço de asno. Creio que já percebeste porquê, certo? Não mereces, por isso, um único pedacinho do meu amor. Mas já o tens todo.
Pedro Chagas Freitas (Prometo Perder)
O poder corta e torna a cortar a erva daninha, mas não pode atacar a raiz sem atentar contra sua própria vida. Condena-se o criminoso, não a máquina que o fabrica, como se condena o viciado e não o modo de vida que cria a necessidade do consolo químico ou da sua ilusão de fuga. E assim se exime de responsabilidade uma ordem social que lança cada vez mais gente às ruas e às prisões, e que gera cada vez mais desesperança e desespero. A lei é como uma teia de aranha, feita para aprisionar moscas e outros insetos pequeninos e não os bichos grandes, como concluiu Daniel Drew. E já faz um século que José Hernández, o poeta, comparou a lei com uma faca, que jamais fere quem a maneja.
Eduardo Galeano (Upside Down: A Primer for the Looking-Glass World)
Primeiro, "do próprio corpo do sujeito, que está destinado à decadência e à desintegração... " Por que é, então, que a ciência está sempre sonhando com o prolongamento da vida? Segundo... "do mundo exterior, que pode enfurecer-se contra nós corri força esmagadora, inexorável e destruidora..." Por que, então, grandes humanistas passaram a metade da vida pensando nas maneiras de melhorar este mundo? Por que milhões de heróis da liberdade deram a vida na luta contra esse mundo exterior ameaçador, tanto no contexto social como no tecnológico? A peste não havia sido vencida, afinal? A escravidão física e social não havia sido reduzida? Não seria possível, jamais, dominar o câncer e a guerra, como a peste havia sido dominada? Nunca seria possível vencer a hipocrisia moralista , que mutila as nossas crianças e os nossos adolescentes? O terceiro argumento contra o anseio humano de felicidade era sério, e permaneceu inexplicado. O sofrimento causado pelas relações do sujeito com outras pessoas, disse Freud, é mais doloroso que qualquer outro. As pessoas têm a tendência de encará-lo como um aborrecimento superficial, mas não é menos fatal ou mais evitável do que o sofrimento que tem outras origens. Aqui, Freud dá voz às suas próprias experiências amargas com a espécie humana. Aqui, atinge o problema econômico-sexual de estrutura, i.e., a irracionalidade que determina o comportamento de um homem. Eu mesmo tive dolorosa amostra disso na organização psicanalítica, organização cuja tarefa profissional deveria consistir no controle médico do comportamento irracional. Agora Freud estava dizendo que esse sofrimento era fatal e inevitável. Mas por quê? Que sentido havia, então, em focalizar o comportamento através da perspectiva de métodos científicos e racionais? Que sentido havia em defender a educação do homem para um comportamento racional e orientado para a realidade? Por alguma razão inexplicável, Freud não conseguia ver a crescente contradição da sua atitude. Por um lado, estava certo ao reduzir a conduta e o pensamento humanos aos motivos irracionais inconscientes. Entretanto levara isso longe demais: o impulso de derrubar uma árvore para construir uma cabana não é de origem irracional. Por outro lado, havia uma visão científica do mundo na qual a lei por ele descoberta não era válida. Era uma ciência que transcendia os seus próprios princípios! A resignação de Freud era apenas uma fuga à enorme dificuldade apresentada pela patologia que se contém no comportamento humano — a malícia do homem. Freud estava desiludido. A princípio, pensava haver descoberto a terapia radical das neuroses. Na realidade, isso fora apenas um começo. Era muito mais complicado do que sugeria a fórmula de tornar o inconsciente consciente. Sustentava que a psicanálise podia abraçar não apenas problemas médicos, mas problemas universais da existência humana.
Wilhelm Reich (The Function of the Orgasm (Discovery of the Orgone #1))
 Estou me referindo ao que, na sabedoria milenar do yoga, é conhecido como dharma – a lei universal que rege a vida e une todos os seres em torno do mesmo propósito. Em última instância, o dharma, ou propósito maior da humanidade, é a expansão da consciência, mas costumo dizer que é o despertar do amor, pois a consciência se expande através dele.
Sri Prem Baba (Propósito - A Coragem de Ser Quem Somos)
Esses lugares de parada, onde a alma estaciona temporariamente para absorver determinados aprendizados e se libertar da cadeia de reações geradas pelas ações equivocadas do passado, são o que chamamos de karma. Essa palavra sânscrita significa literalmente “ação”, mas se refere a uma lei cósmica – a lei de causa e efeito (ação e reação), que determina que todo efeito tem uma causa: tudo que se manifesta agora em nossas vidas é um produto das nossas ações do passado.
Sri Prem Baba (Propósito - A Coragem de Ser Quem Somos)
De interesse geral é o fundo da emancipação, pelo qual se acham libertados em alguns municípios 230 escravos. Só em alguns municípios! Esperemos que o número será grande quando a libertação estiver feita em todo o império. A lei de 28 de setembro fez agora cinco anos. Deus lhe dê vida e saúde! Esta lei foi um grande passo na nossa vida. Se tivesse vindo uns trinta anos antes estávamos em outras condições. Mas há 30 anos, não veio a lei, mas vinham ainda escravos, por contrabando, e vendiam-se às escancaras no Valongo. Além da venda, havia o calabouço. Um homem do meu conhecimento suspira pelo azorrague . — Hoje os escravos estão altanados, costuma ele dizer. Se a gente dá uma sova num, há logo quem intervenha e até chame a polícia. Bons tempos os que lá vão! Eu ainda me lembro quando a gente via passar um preto escorrendo em sangue, e dizia: "Anda diabo, não estás assim pelo que eu fiz!" — Hoje... E o homem solta um suspiro, tão de dentro, tão do coração... que faz cortar o dito. Le pauvre homme!
Machado de Assis (Obras Completas de Machado de Assis VI: Crônica)
Lamentavelmente o tempo não entende a escrita dos homens, suas leis e seus costumes. É que o tempo não sabe esperar. É que a vida, apesar de ser regida pelo tempo, é regulada pelos homens. E os homens, apesar de saberem que o tempo é perene e a vida é passageira, não sabem e não temem, nem a vida nem o tempo. Esse homem é o ser humano, que não aceita o limite da crueldade e da injustiça.
Geovania Freitas (AMOR de ESCRAVO (Portuguese Edition))
Todo mundo deveria escrever em local visível: “a vida que colho hoje é resultado dos plantios de ontem”. Mas sem culpa. A culpa é inimiga da responsabilidade. Quanto mais nos culpamos, menos respondemos com ações. A culpa nos prende ao passado, impede-nos de prosseguir, nos pune, nos martiriza. A responsabilidade nos projeta para o movimento, para o presente edificador de um futuro que vem ao encontro do que merecemos de verdade.
Marcel Scalcko (As 9 leis inegociáveis da vida: Leveza, realização e plenitude: desperte para a vida que você verdadeiramente nasceu para viver (Portuguese Edition))
— Claro que existem coisas que desafiam a física e matemática e não tem explicação. Antigamente ninguém conseguia explicar vários fenômenos que ocorriam em grandezas tão pequenas quanto a quântica. A física clássica simplesmente falhava em explicar fenômenos tão pequenos e rápidos. Então veio a física quântica, que tem leis muito diferentes do que a gente havia entendido até aquele momento como universais. A física quântica não serviu para substituir ou falar contra a clássica, simplesmente a complementava em um universo que nós não conhecíamos ou vivíamos. Como a luz pode ser onda e partícula simultaneamente? Como o elétron ao redor do núcleo está em vários lugares num mesmo instante? Nós não estamos na escala de grandeza desses eventos, e não evoluímos para entendê-los, pois não vivemos nele, não seria útil nosso cérebro e órgãos sensoriais compreendê-los porque é uma realidade completamente diferente. A quântica explicou isso, e ao desvendarmos a quântica, descobrimos eventos que ocorriam no nosso cotidiano e não tínhamos ideia de que ela era responsável. Até hoje, em qualquer livro de física ou química, as constantes mais precisas que existem são as da física quântica, é a ciência mais exata depois da matemática. Percebe onde quero chegar? Há algumas décadas era a quântica: a ciência de eventos sem explicação que se dá no minúsculo. E se daqui um tempo descobríssemos uma nova física, não para negar as anteriores, mas para explicar tudo aquilo que ainda duvidamos, a física das grandezas gigantes, grandes demais para nossa percepção. Em vez de nanômetros e microssegundos, uma ciência em que a escala de medida é de anos-luz e éons. Nós não evoluímos para compreender eventos em escalas tão gigantes e lentas. deus é grande. Se por um lado, coisas pequenas têm suas próprias regras, por que não o contrário? Talvez deus exista aí, não num outro universo, mas num nível superior ao nosso, temos microscópios eletrônicos para ver os níveis inferiores ao nosso, mas enquanto aos superiores? Talvez quando desenvolvermos tais aparelhos podemos ter uma noção da grande imagem, do que acontece fora da caixa e como ele se manifesta no nosso dia a dia sem que tenhamos a mínima ideia. Aí veremos que as coisas podem não ser tão casuais e aleatórias assim, talvez haja algum significado na vida e no universo, algum objetivo para o qual caminhamos e fazemos parte, um destino e significado para nossa vida. Assim como a matemática e razão são mais exatos no mundo quântico que no nosso próprio mundo em que há sempre erros nas medições clássicas, talvez no mundo superior ao nosso, a matemática nem tenha significado, tudo seja abstrato e talvez os valores nem sejam números. Aí, nesse momento, a fé seria tão ciência quanto qualquer outra e deus poderia ser provado.
M. J. Azenha (Super Trash: O viajante do tempo de 10 minutos.)
O ser humano nasce como uma força bruta, uma força criadora que é própria da natureza, mas que precisa da contenção da vontade humana, do limite da lei, para poder transbordar, para dar vazão àquilo de que é capaz. Mas a ordem não pode sobrepujar a força. A lei não pode ter como função impedir a participação do humano na vida. O objetivo da lei é permitir os afetos e o transbordamento das paixões, ao invés de impedi-los; por isso lei e transgressão são faces da mesma moeda. O pensamento resulta, portanto, de um afastamento da natureza, que pode estar fundado em uma afirmação ou uma negação da vida, mas o que marcou a cultura ocidental, diz Nietzsche, terminou por se tornar uma vontade de negação e substituição da vida, uma contranatureza. Um pensamento que retorne para a vida, um pensamento que afirme a natureza é o desafio.
Viviane Mosé (A espécie que sabe: do Homo Sapiens à crise da razão)
Faltou sempre, e falta ainda, clamorosamente, uma clara compreensão da história vivida, como necessária nas circunstâncias em que ocorreu, e um claro projeto alternativo de ordenação social, lucidamente formulado, que seja apoiado e adotado como seu pelas grandes maiorias. Não é impensável que a reordenação social se faça sem convulsão social, por via de um reformismo democrático. Mas ela é muitíssimo improvável neste país em que uns poucos milhares de grandes proprietários podem açambarcar a maior parte de seu território, compelindo milhões de trabalhadores a se urbanizarem para viver a vida famélica das favelas, por força da manutenção de umas velhas leis. Cada vez que um político nacionalista ou populista se encaminha para a revisão da institucionalidade, as classes dominantes apelam para a repressão e a força.
Darcy Ribeiro (O povo brasileiro: A formação e o sentido do Brasil)
Eu limpo em mim toda a mesquinhez, inveja e avareza Eu sinto muito, me perdoe, eu te amo, eu sou grato Eu limpo em mim todo e qualquer bloqueio que possa estar impedindo a abundância de entrar na minha vida Eu sinto muito, me perdoe, eu te amo, eu sou grato E eu sou profundamente grato por retornar ao meu estado interno natural de riqueza, abundância e prosperidade Eu te amo, obrigado!
Catiele Souza (A Energia da Abundância (Lei da Atração na Prática Livro 3) (Portuguese Edition))
a repreensão contínua passa por essa esperança imbecil de que amanhã estejamos mais espertos quando, pelas leis mais definidoras da vida, devemos só perder capacidades. a esperança que se deposita na criança tem de ser inversa à que se nos dirige. e quando eu fico bloqueado, tão irritado com isso sem dúvida, não é por estar imaturo e esperar vir a ser melhor, é por estar maduro de mais e ir como que apodrecendo, igual aos frutos. nós sabemos que erramos e sabemos que, na distracção cada vez maior, na perda de reflexos e de agilidade mental, fazemos coisas sem saber e não as fazemos por estupidez. fazemos por descoordenação entre o que está certo e o que nos parece certo e até sabemos que isso de certo ou errado é muito relativo. é tudo mais forte do que nós.
Valter Hugo Mãe (A máquina de fazer espanhóis)
[...] estou banhado em fel, Ana, mas sei como enfrentar tua rejeição, já carrego no vento do temporal uma raiva perpétua, tenho o fôlego obstinado, tenho requintes de alquimista, sei como alterar o enxofre com a virtude das serpentes, e, na caldeira, sei como dar à fumaça que sobe da borbulha a frieza da cerração nas madrugadas; vou cultivar o meu olhar, plantar nele uma semente que não germina, será uma terra que não fecunda, um chão capaz de necrosar como as geadas as folhas das árvores, as pétalas das flores e a polpa dos nossos frutos; não reprimirei os cantos dos lábios se a peste dizimar nossos rebanhos, e nem se as pragas devorarem as plantações, vou cruzar os braços quando todos se agitam ao meu redor, dar as costas aos que me pedem por socorro, cobrindo os olhos para não ver as suas chagas, tapando as orelhas para não ouvir seus gritos, vou dar de ombros se um dia a casa tomba: não tive o meu contento, o mundo não terá de mim a misericórdia; amar e ser amado era tudo o que eu queria, mas fui jogado à margem sem consulta, fui amputado, já faço parte da escória, vou me entregar de corpo e alma à doce vertigem de quem se considera, na primeira força da idade, um homem simplesmente acabado, bastante ativo contudo para furar fundo com o indicador a carne podre da carcaça, e, entre o polegar e o anular, com elegância, fechar trópicos e outras linhas, atirando num ossário o esqueleto deste mundo; pertenço como nunca desde agora a essa insólita confraria dos enjeitados, dos proibidos, dos recusados pelo afeto, dos sem-sossego, dos intranquilos, dos inquietos, dos que sem contorcem, dos aleijões com cara de assassino que descendem de Caim (quem não ouve a ancestralidade cavernosa dos meus gemidos?), dos que trazem um sinal na testa, essa longínqua cicatriz de cinza dos marcados pela santa inveja, dos sedentos de igualdade e de justiça, dos que cedo ou tarde acabam se ajoelhando no altar escuso do Maligno, deitando antes em sua mesa, piamente, as despojadas oferendas: uma posta de peixe alva e fria, as uvas pretas de uma parreira na decrepitude, os algarismos solitários das matemáticas, as cordas mudas de um alaúde, um punhado de desespero, e um carvão solene para os seus dedos criadores, a ele, o artífice do rabisco, o desenhista provecto do garrancho, o artesão que trabalha em cima de restos de vida, puxando no traço de sua linha a vontade extenuada de cada um, ele, o propulsor das mudanças, nos impelindo com seus sussurros contra a corrente, nos arranhando os tímpanos com seu sopro áspero e quente, nos seduzindo contra a solidez precária da ordem, este edifício de pedra cuja estrutura de ferro é sempre erguida, não importa a arquitetura, sobre os ombros ulcerados dos que gemem, ele, o primeiro, o único, o soberano, não passando o teu Deus bondoso (antes discriminador, piolhento e vingativo) de um vassalo, de um subalterno, de um promulgador de tábuas insuficiente, incapaz de perceber que suas leis são a lenha resinosa que alimenta a constância do Fogo Eterno! não basta o jato da minha cusparada, contenha este incêndio enquanto é tempo, já me sobe uma nova onda, já me queima uma nova chama, já sinto ímpetos de empalar teus santos, de varar teus anjos tenros, de dar uma dentada no coração de Cristo!
Raduan Nassar (Lavoura Arcaica)
(...) tal é a lei da memória masoquista: à medida que trechos da sua vida caem no esquecimento, o homem desembaraça-se daquilo de que não gosta e sente-se mais leve, mais livre.
Milan Kundera (Ignorance)
sua ansiedade o está atrapalhando a encontrar o verdadeiro caminho. Confie nas leis da vida, pois elas são funcionais, e ninguém fica sem amparo divino. Lembre-se, contudo, de que há momentos em que devemos seguir em frente e outros em que devemos recuar. É o bom senso que determina
Zíbia Gasparetto (A força da vida (Portuguese Edition))
Amar, desse modo, respeitando os pais, mesmo quando aparentemente não o mereçam, é impositivo da Lei Divina no processo da evolução do Espírito, que os filhos não podem desconsiderar, porquanto a oportunidade do renascimento constitui verdadeira bênção da vida em favor da felicidade.
Divaldo Pereira Franco (Constelação Familiar (Portuguese Edition))
que a vida tem leis funcionais que mantêm o equilíbrio das forças do universo, disciplinam a evolução de tudo e de todos e que tudo evolui sempre para o melhor. Que cada indivíduo é um ser especial, único e tem seu próprio caminho e que, embora existam semelhanças entre as pessoas, não existem duas pessoas iguais. Cada espírito é livre para escolher como quer viver, mas colhe o resultado de suas escolhas. Quem tem cabeça boa consegue viver melhor, obter tudo o que deseja nesta nova encarnação, e, assim, vai aprendendo como a vida funciona. Enquanto as ilusões trazem sofrimento, a verdade liberta e ensina.
Zíbia Gasparetto (A força da vida (Portuguese Edition))
como consigo adivinhar o futuro? Pelos sinais do presente. No presente é que está o segredo; se você prestar atenção ao presente, poderá melhorá-lo. E se você melhorar o presente, o que acontecerá depois também será melhor. Esqueça o futuro e viva cada dia de sua vida nos ensinamentos da Lei e na confiança de que Deus cuida dos seus filhos. Cada dia traz em si a Eternidade.
Paulo Coelho (O Alquimista)
A felicidade plena é o resultado de fazer escolhas que tenham sentido em nossa caminhada, aprendendo a abrir mão do que deixou de fazer sentido, a mudar e se adaptar, sempre que necessário, sem apego ao que passou. Felicidade está ligada à ideia de aprendermos que a vida é cíclica e que ciclos se abrem e outros se fecham e que aceitar isso é parte essencial para conquistar a paz interior. Trata-se de aprendermos a viver passo a passo, saboreando cada dia, cada instante, à medida que trabalhamos para alcançar nossos objetivos. É compreender que ganhar e perder, viver e morrer, lucrar e ter prejuízo, ter sucesso ou fracasso, na verdade são faces da mesma moeda. E quem realmente é feliz aprende a lidar com cada dor e alegria, cada prazer e cada agonia que podem surgir no decorrer de nossos dias, sempre sem se deixar afetar mais que o necessário.
Ricardo Melo (As leis invisíveis do dinheiro: O método comprovado de investimentos para quem deseja ter muito dinheiro e felicidade plena (Portuguese Edition))
E, enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico senhor; é a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono, tudo rindo cansativo; mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas, soluços e sarabandas, acaba por trazer à alma do mundo a variedade necessária, e faz-se o equilíbrio da vida.
Machado de Assis (Quincas Borba)
Uma reorganização de conjunto do modo de produção e de consumo é necessária, fundada em critérios exteriores ao mercado capitalista: as necessidades reais da população (não necessariamente "pagáveis") e a preservação do meio ambiente. Em outras palavras, uma economia de transição para o socialismo, "re-inserida" (como diria Karl Polanyi) no meio ambiente social e natural, porque fundada na escolha democrática das prioridades e dos investimentos pela própria população - e não pelas "leis do mercado" ou por um politburo onisciente. Em outras palavras, um planejamento democrático local, nacional, e, cedo ou tarde, internacional, que defina: 1) quais produtos deverão ser subvencionados ou até mesmo distribuídos gratuitamente; 2) quais opções energéticas deverão ser seguidas, ainda que não sejam, num primeiro momento, as mais "rentáveis"; 3) como reorganizar o sistema de transportes, em função de critérios sociais e ecológicos; 4) quais medidas tomar para reparar, o mais rápido possível, os gigantescos estragos do meio ambiente deixados "como herança" pelo capitalismo. E assim sucessivamente... Essa transição levaria não apenas a um novo modo de produção e a uma sociedade igualitária e democrática, mas também a um modo de vida alternativo, a uma civilização nova, ecossocialista, para além do reino do dinheiro, dos hábitos de consumo artificialmente induzidos pela publicidade, e da produção ao infinito de mercadorias nocivas ao meio ambiente.
Michael Löwy (O que é ecossocialismo?)
As seis leis para a conquista da autorresponsabilidade: 1) Se for criticar as pessoas… cale-se. 2) Se for reclamar das circunstâncias… dê sugestão. 3) Se for buscar culpados… busque a solução. 4) Se for se fazer de vítima… faça-se de vencedor. 5) Se for justificar seus erros… aprenda com eles. 6) Se for julgar alguém… julgue a atitude dessa pessoa.
Paulo Vieira (O poder da ação: Faça sua vida ideal sair do papel (Portuguese Edition))
080-"O Pior da religião ocorre quando realmente se acredita nela. (jocax") 079-"O Nada não contém a regra 'Nada pode acontecer'.” (jocax) 078-"As leis não estão acima da ética.(jocax)". 077-"A Razão deve servir à Felicidade.(Jocax)" 076-"O Liberalismo econômico é uma doutrina que pretende entregar o galinheiro aos cuidados das raposas (jocax)". 075-"Nossos genes são nosso bem mais precioso" (jocax) 074-"A Religião é a 'Matrix' do sistema Capitalista. (Jocax)" 073-"Colocar a consciência numa entidade imaterial é o mesmo que colocar a origem da vida num cometa: Não resolve o problema, apenas empurra-o para um local ainda mais misterioso.(Jocax/2012)" 072-"Se formos omissos, presenciaremos nossos netos tendo criacionismo nas aulas de ciência. (jocax)" 071-"As leis não necessariamente foram feitas por pessoas melhores ou mais justas do que você." (jocax)
jocax
Se estamos aqui, isso se deve a uma inverosímil conjunção de acasos, e de que não se pode protestar contra o fim disso. As pessoas julgam que têm direito à vida. Mais, isso é reconhecido pelas religiões e pelas leis em quase toda a parte, quando não pelas Constituições (...). Como é que havemos de ter direito ao que não construímos nem ganhámos? (...) Ninguém se pode queixar de não ter nascido, ou de não ter estado antes no mundo, ou de não ter estado sempre nele, e assim porque é que alguém havia de se queixar de morrer, ou de não estar depois no mundo, ou de não permanecer sempre nele? (...) Ninguém tem objecções contra a data do seu nascimento, portanto também não as devia ter contra a da sua morte, igualmente devida a um acaso. Até as violentas, até os suicídios, se devem a um acaso. Para quem já esteve no nada, ou na não existência, não é muito estranho nem grave a ela regressar, embora agora haja um termo de comparação e conheçamos a faculdade de nostalgia.
Javier Marías (Los enamoramientos)
religião – religare, lat. = religação. Ao nos religarmos a DEUS, estaremos encontrando nossa verdadeira Identidade, cessando assim o longo tempo de busca para alcançarmos o finalismo de nossa vida, de nosso destino. Lembremo-nos, não obstante, que no caminho do reencontro existem pré-requisitos morais obrigatórios, sem os quais não nos será possível chegar ao termo de nossa estrada: 1º Pensar, desejar e praticar o Bem em qualquer circunstância – na vida pessoal, familiar, social e laborativa. 2º Jamais acordar com o Mal – o mal será sempre o mal, o prejuízo ao próximo (material, afetivo, psicológico, espiritual). O Bem será sempre o Bem, o benefício e a solidariedade, é o oposto. 3º Não confundir o mal com o Bem, e sob o ingênuo pretexto do perdão, deixar livremente o mal prosperar. 4º Perdão é o esquecimento no coração, do prejuízo que alguém nos causou. Deixar o mal prosperar é permissividade; e o mal deve e deverá sempre ser combatido qual infecção contagiosa. 5º Utilizar a riqueza e os bens intelectuais e os do domínio do conhecimento prático e executivo sempre em Bem do próximo. 6º Ensinar, circular com o conhecimento. Fazer do saber um instrumento de progresso e de evolução. 7º Circular com a riqueza gerando trabalho construtivo e edificante. 8º Jamais apropriar-se unicamente para si da riqueza e do conhecimento. Ser altruísta. 9º Finalmente, viver sob a silenciosa atmosfera de Amor, lembrando que sempre que ativar esta fagulha divina, herança de DEUS em nós, ganhamos pela lei do merecimento poder para solucionar o insolúvel, vencermos o invencível, conquistarmos o impossível. 10º Tornamo-nos assim, também Deuses, pela força do Amor emergente em nós.
Luiz da Rocha Lima (O Grande Investidor (Portuguese Edition))
Todo o homem vive para si e dispõe do livre arbítrio necessário para atingir o fim que se propõe. Tem e sente em si a faculdade de fazer ou não fazer esta ou aquela coisa; mas, desde o momento em que está feita, já lhe não pertence e torna-se propriedade da história, onde encontra, fora do acaso, o lugar que lhe é marcado antecipadamente. A vida do home é dupla: uma é a vida íntima, individual, tanto mais independente quanto mais os interesses forem elevados e mais abstratos; outra, é a vida geral, a vida do formigueiro humano, que o rodeia com as suas leis e o obriga a submeter-se a elas. Debalde o homem pode ter consciência da sua existência pessoal; é, faça o que fizer, o instrumento inconsciente do trabalho da história e da humanidade. Quanto mais alto está colocado na escala social, mais o número daqueles com quem está em relação é considerável, mais poder tem, mais evidentes são a predestinação e a necessidade inelutável de cada um desses atos: O coração dos Reis está na mão de Deus! Os Reis são os escravos da História!
Lev Tolstoi (Guerra e Paz)
Essa é uma aliança que transmite a graça da vida a pobres pecadores através da promessa livre e gratuita que não admite nenhum interesse pactual exceto pela fé. A aliança é de fé porque [também] é de graça (Romanos 4:16) e esse é o único caminho de vida.
Nehemiah Coxe (Um Discurso Acerca Das Alianças Que Deus Fez Com O Homem Antes Da Lei (Portuguese Edition))
Durante vários anos tentara escrever sobre o meu pai, mas não chegara a lado nenhum, talvez porque o assunto era demasiado próximo da minha vida, e portanto nada fácil de transpor para outra forma, o que naturalmente é um requisito da literatura. É essa a sua única lei: tudo tem de se submeter à forma. Se alguns dos outros elementos for mais forte do que a forma, como o estilo, o enredo, o tema, se algum deles se apoderar da forma, o resultado será pobre. É por isso que escritores com um estilo forte escrevem muitas vezes livros fracos. E também é por isso que escritores com temas fortes escrevem muitas vezes livros fracos. A força do tema e do estilo deve ser destruída para que a literatura possa existir. É a essa destruição que se chama "escrever".
Karl Ove Knausgård (Min kamp 1 (Min kamp, #1))
Lei da Evasão de Manson: Quanto mais alguma coisa ameaça sua identidade, mais você a evitará.
Mark Manson (A sutil arte de ligar o f*da-se: Uma estratégia inusitada para uma vida melhor (Portuguese Edition))
Infelizmente, a atitude científica tende a aumentar o caos ao nível psicológico, porque ela destrói o valor do indivíduo e porque o tipo de existência urbana, controlado pela máquina, que ela produziu, também destruiu o senso de participação do ser humano nos ritmos da vida e da natureza. O homem moderno tende a esquecer que a principal preocupação da ciência é o estabelecimento de leis coletivas, unicamente para a aplicação geral. O ambiente que a ciência oferece ao homem não lhe dá nenhum significado ou propósito humano; dá, simplesmente, fatos frios, intelectuais, que supostamente são imutáveis, mas que, vistos de uma perspectiva mais ampla, poderão mudar facilmente de acordo com o ritmo dos grandes ciclos cósmicos. Qual é a vantagem de tentar manter a astrologia no colete justo do cknhecimento científico, quando sua técnica e filosofia básicas nos permitem escapar da prisão na qual a ciência colocou a mente humana? Para nós, não seria bem mais proveitoso construir uma astrologia sobre suas próprias bases e, desse modo, apresentá-la como um recurso para complementar a ênfase científica e reorientar a consciência e pensamento da nossa civilização moderna, que perdeu o contato com suas raízes vitais nos ritmos criativos da vida?
Alexander Ruperti
É provável que você já tenha ouvido falar da Lei de Parkinson: “O trabalho se expande de modo a preencher o tempo disponível para sua conclusão.
Mark Manson (A sutil arte de ligar o f*da-se: Uma estratégia inusitada para uma vida melhor (Portuguese Edition))
O trabalho, além de ser um meio de vida, é ferramenta indispensável que lhe permite descobrir as leis da natureza. É por meio do trabalho que você desenvolve a criatividade, aprende a relacionar-se com os valores de uma forma geral e com as pessoas. Ninguém alcança a sabedoria sem ter valorizado o trabalho.
Marcelo Cesar (O que Importa é o Amor (Portuguese Edition))
Sabe, minha filha, Deus não criou ninguém menos. Embora existam diferentes níveis de evolução e alguns estejam mais conscientes do que outros, a essência divina está em todas as pessoas. As leis dos homens podem ser falhas, mas as leis universais funcionam igualmente para todos. Você tem tanto poder quanto aqueles que têm sorte. Depende da maneira como enxerga a vida. — Não consigo enxergá-la de maneira positiva. Depois do acidente, fiquei traumatizada. — Você ficou parada em um momento que, por mais doloroso que tenha sido, passou. Tudo passa, minha filha, seja sofrimento ou alegria. O interessante é que o sofrimento passa e deixa tristeza em nossa alma. A alegria passa, mas deixa um rastro de força, de revigoramento, de certeza de que fomos criados para a felicidade.
Marcelo Cesar (O que Importa é o Amor (Portuguese Edition))