Tendo Quotes

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As rugas são as cicatrizes das emoções que vamos tendo na vida.
Afonso Cruz (Vamos Comprar um Poeta)
Soun Tendo: Drowned Octopus Spring? Guide from Jusenkyo: Is tragic tale of giant octopus who drown 1600 year ago...somehow.
Rumiko Takahashi
Cada um descobre o seu anjo tendo um caso com o demónio.
Mia Couto
Bukan kulit luar yang penting, tetapi menjadikan pengalaman kita menjadi sesuatu yang terbaik bagi jiwa kita.
Shōko Tendō (Yakuza Moon: Memoar seorang Putri Gangster Jepang)
- Habitualmente não passamos certificados - afirmou o gato, carrancudo. - Mas para si, abrimos uma excepção. E antes que Nikolai Ivanovitch tivesse tempo de se recompor, Hella, ainda nua, já estava sentada à máquina de escrever e o gato ditava-lhe: - Pelo presente certifico que o seu portador, Nikolai Ivanovitch, passou a noite indicada num baile em casa de Satã, tendo sido recrutado como meio de transporte... Hella, abre parênteses! Entre parênteses escreve: «porco». Assinado, Behemot.
Mikhail Bulgakov
Se não tivesse sido eu, eu não saberia, e tendo sido eu, eu soube.
Clarice Lispector (The Passion According to G.H.)
As aranhas são simples fachadas, simples máscaras, vazias de caráter, tendo apenas como objectivo de tecer teias de engodo, vozes sem poder
Andreia Rosa (A Sonhadora)
When I got home, I took a bat and examined my back in detail in the bathroom mirror. This tattoo would be for myself and no-one else. It wasn’t just because I was about to end my relationship with Iro, it was because I wanted to make some serious changes deep down inside me… My torso - my back and front – and my shoulders, breasts, and upper arms were decorated with a vibrantly coloured work of art. I knew it had been the right thing to do… When I looked at that beautifully crafted tattoo, I was filled with a sense of total contentment I had never experienced before. I felt as though I had been set free.
Shōko Tendō (Yakuza Moon: Memoar seorang Putri Gangster Jepang)
Os poetas serão! Quando for abolida a servidão infinita da mulher, quando ela viver para ela e por ela, tendo-lhe o homem dado baixa – até agora abominável -, ela também será poeta! A mulher encontrará o desconhecido! Divergirão dos nossos os seus mundos de ideias? Ela descobrirá coisas estranhas, insondáveis, repugnantes, deliciosas, tomá-las-emos e compreenderemos
Arthur Rimbaud
Quantas pessoas, cidades, caminhos, não nos torna assim o ciúme ávidos de conhecer? Ele é uma sede de saber graças à qual, sobre pontos isolados uns dos outros, acabamos tendo sucessivamente todas as noções possíveis, exceto as que desejaríamos.
Marcel Proust (La Prisonnière)
E achava que estava tendo uma crise existencial. Mas não era nada.
Libba Bray (Going Bovine)
Há palavras que são pronunciadas com a simples intenção de agir sobre os outros homens e de produzir algum efeito: o que sucede também quando se escreve. Elas não têm valor: as únicas palavras que contam são as pronunciadas tendo em vista a verdade e não o resultado.
Louis Lavelle (Regras da vida cotidiana)
Nunca tendo sabido tratar desse bicho frágil e espantadiço a que chamavam felicidade, preocupava-me apenas em exibi-lo, deixara-o morrer à fome e à sede, mas continuava a exibir o seu cadáver, esperando que todos fizessem o favor de não me dizerem que haviam dado conta do mau cheiro.
Dulce Maria Cardoso (Eliete)
Tendo a non fare molto caso alle altre persone – l'ho già detto in precedenza, è uno dei miei difetti più gravi – e nelle rare occasioni in cui metto la testa fuori dal guscio e do una bella occhiata, quello che mi colpisce in modo strabiliante non è quanto siano diversi da me, ma quanto siano simili, malgrado tutto.
John Banville (Ghosts (The Freddie Montgomery Trilogy #2))
As mudanças económicas do século XVIII tornaram necessário fazer circular os efeitos do poder, por canais cada vez mais sutis, chegando até os próprios indivíduos, seus corpos, seus gestos, cada um de seus desempenhos cotidianos. Que o poder, mesmo tendo uma multiplicidade de homens a gerir, seja tão eficaz quanto se ele exercesse sobre um só.
Michel Foucault (Microfísica del poder)
[...] queria agradar a todos e, tendo muito pouco a oferecer, oferecia expectativas
Benjamin Franklin (The Autobiography of Benjamin Franklin and The Way to Wealth)
Não acho que todo mundo possa continuar tendo dois olhos. Nem que possa evitar de ficar doente, e tal, mas todo mundo deveria ter um amor verdadeiro.
John Green
Hermafrodito foi nosso pecado; Mas tendo as leis humanas transgredido 84 De brutos no apetite desregrado,
Dante Alighieri (30 Obras-Primas da Literatura Mundial [volume 1])
Para mim, nenhum prazer tem gosto sem comunicação. Não me acorre um único pensamento espirituoso sem que me sinta agastado de tê-Io produzido sozinho, não tendo a quem o oferecer.
Michel de Montaigne (The Complete Essays)
Ela estudou tanto que, não tendo mais o que estudar, foi aprender o que não devia. Por exemplo: como negar o mundo, como ir contra o mundo.
Hye-Jin Kim (Concerning My Daughter)
Tendo sido maltratado enquanto caloiro, maltratava outros que parecessem infelizes ou fracos, não porque fosse cruel, mas porque era o que se devia fazer. P.22, Maurice, Ed. Cotovia
E.M. Forster (Maurice)
Eu amava verdadeiramente a sra. de Guermantes. A maior felicidade que poderia pedir a Deus seria que fizesse tombar sobre ela todas as calamidades e que, arruinada, desconsiderada, despojada de todos os privilégios que dela me separavam, não tendo mais casa onde morar, nem pessoas que consentissem em saudá-la, viesse pedir-me asilo. Imaginava-a fazendo tal coisa.
Marcel Proust (The Guermantes Way)
Aí está o nó do dilema que todo alpinista no Everest acaba tendo que enfrentar: para ter sucesso, você precisa estar bastante motivado, mas, se a motivação for excessiva, é provável que você morra.
Jon Krakauer (Into Thin Air: A Personal Account of the Mt. Everest Disaster)
Donov foi chamado de louco, mesmo tendo os mesmos pensamentos que todo mundo tem, que “é preciso ver para crer”. Mas, mesmo quando veem, se recusam a acreditar. (...) É preciso acreditar primeiro, e só então conseguirá ver.
Lucas Gomes Dias
Que história é essa, perguntou o comandante, A história de uma vaca, As vacas têm história, tornou o comandante a perguntar, sorrindo, Esta, sim, foram doze dias e doze noites nums montes da galiza, com frio, e chuva, e gelo, e lama, e pedras como navalhas, e mato como unhas, e breves intervalos de descanço, e mais combates e investidas, e uivos, e mugidos, a história de uma vaca que se perdeu nos campos com a sua cria de leite, e se viu rodeada de lobos durante doze dias e doze noites, e foi obrigada a defender-se e a defender o filho, uma longuíssima batalha, a agonia de viver no limiar da morte, um círculo de dentes, de goelas abertas, de arremetidas bruscas, as cornadas que não podiam falhar, de ter de lutar por si mesma e por uma animalzinho que ainda não se podia valer, e também aqueles momentos em que o vitelo procurava as tetas da mãe, e sugava lentamente, enquanto os lobos se aproximavam, de espinhaço raso e orelhas aguçadas. Subhro respirou fundo e prosseguiu, Ao fim dos doze dias a vaca foi encontrada e salva, mais o vitelo, e foram levados em triunfo para a aldeia, porém, porém o conto não vai acabar aqui, continuou por mais dois dias, ao fim dos quais, porque se tinha tornado brava, porque aprendera a defender-se, porque ninguém podia já dominá-la ou sequer aproximar-se dela, a vaca foi morta, mataram-na, não os lobos que em doze dias vencera, mas os mesmos homens que a haviam salvo, talvez o próprio dono, incapaz de compreender que, tendo aprendido a lutar, aquele antes conformado e pacífico animal não poderia parar nunca mais.
José Saramago (A Viagem do Elefante)
O amor me amordaça antes que eu possa dizer que não quero essa alegria fulminante. E não tendo dito as palavras capazes de negar o encantamento eu permaneço submisso sob o feitiço. Forçado a um prazer que em razão à sobriedade eu não me permitiria.
Filipe Russo (Caro Jovem Adulto)
Ontem a Serra Leoa, a guerra, a caça ao leão, o sono dormido à toa sob as tendas d’amplidão! Hoje... o porão negro, fundo, infeto, apertado, imundo, tendo a peste por jaguar... E o sono sempre cortado pelo arranco de um finado e o baque de um corpo ao mar...
Castro Alves (O Navio Negreiro)
São as regras do jogo." "Quero alterá-las. Não seria bom se conseguissemos provara existência das coisas com a nossa mente, tendo a certeza de que estavam sempre nos seus lugares? Gostaria de saber como é um sítio quando não estou lá. Gostaria de ter a certeza.
Ray Bradbury (The Illustrated Man)
dito que a primeira hora é o leme do dia. Se sou preguiçoso ou casual nas minhas ações durante a primeira hora após acordar, tendo a ter um dia preguiçoso e desconcentrado. Mas, se me esforço para fazer essa primeira hora idealmente produtiva, o resto do dia tende a seguir esse fluxo.
Hal Elrod (O milagre da manhã)
[O colégio interno de] Sunnington foi a etapa seguinte na carreia de Maurice. (...) Tendo sido maltratado enquanto caloiro, maltratava outros que parecessem infelizes ou fracos, não porque fosse cruel, mas porque era o que se devia fazer. ------------------- p. 22, MAURICE, E.M.FORSTER
E.M. Forster (Maurice)
Interminável é assim o ciúme, pois mesmo se o ente amado, tendo morrido por exemplo, não o pode mais provocar pelos seus atos, acontece que reminiscências posteriores a qualquer fato se comportam de repente em nossa memória como outros tantos fatos, reminiscências que não havíamos esclarecido até então, que nos tinham parecido insignificantes e às quais basta que reflitamos sobre elas, sem nenhum evento exterior, para lhes darmos um sentido novo e terrível. Não é preciso sermos dois, basta estarmos só no quarto, a pensar, para que novas traições de nossa amante aconteçam, embora ela esteja morta. Por isso não se deve temer no amor, como na vida habitual, tão somente o futuro, mas também o passado, o qual não se realiza para nós muitas vezes senão depois do futuro, e não falamos apenas do passado que só se nos revela mais tarde, mas daquele que conservamos há muito tempo em nós e que de repente aprendemos a ler.
Marcel Proust (La Prisonnière)
No entanto, é forçoso aceitar que o Estado, tendo em vista sua finalidade precípua de promover o bem-estar da coletividade, preservar o Bem comum e garantir a Cidadania, vem, amiúde, falhando. Enredado continuamente no formalismo exacerbado e no atravancamento oriundo da lentidão burocratista, resultantes de nossa formação histórica (privilegiadora de alguns grupos sociais e, também, das práticas predatórias em relação ao patrimônio conjunto), o setor público (sem afastar-se de seus objetivos maiores) necessita romper essas amarras. Elas, em grande medida, ocasionam a facilitação da ineficácia, da inoperância, da incúria, da negligência e da prevaricação.
Mario Sergio Cortella (Não se desespere!)
Ensaio incalculáveis vezes, mentalmente, como vou pedir ajuda. “Taxista, eu tô tendo um ataque de pânico, você pode, por favor, ligar para meu plano de saúde e avisar para virem me retirar daqui com um helicóptero equipado com soro, Rivotril e crianças tocando harpa? Eu sei que isso não existe, mas, por favor, finja que está ligando.
Tati Bernardi (Depois a louca sou eu)
O completo imbecil, entretanto, alcança êxito, algumas vezes, porquanto, não tendo consciência da sua imbecilidade, jamais hesita em afirmar com autenticidade. Ora, a afirmação enérgica e repetida, possui prestígio. O mais vulgar dos "camelos", quando energicamente afirma a superioridade de um produto, exerce prestígio na multidão que o circunda.
Gustave Le Bon (الآراء والمعتقدات)
O mais corrente neste mundo, nestes tempos em que às cegas vamos tropeçando, é esbarrarmos, ao virar a esquina mais próxima, com homens e mulheres na maturidade da existência e da prosperidade, que, tendo sido aos dezoito anos, não só as risonhas primaveras do estilo, mas também, e talvez sobretudo, briosos revolucionários decididos a arrasar o sistema dos pais e pôr no seu lugar o paraíso, enfim, da fraternidade, se encontram agora, com firmeza pelo menos igual, repoltreados em convicções e práticas que, depois de haverem passado, para aquecer e flexibilizar os músculos, por qualquer das muitas versões do conservadorismo moderado, acabaram por desembocar no mais desbocado e reaccionário egoísmo.
José Saramago (Seeing)
Olavismo. 1. Estilo de pensamento filosófico muito peculiar, que substitui o argumento pelo xingamento e o conceito pelo palavrão. 2. Fruto da expansão dos meios tecnológicos de informação, que, utilizando selfies e vídeos autoproduzidos, deixam aparecer na rede pessoas como se fossem “professores” e “intelectuais”, posando nas telas ao terem no fundo estantes decoradas com livros mal lidos e mal compreendidos. 3. Nome de uma corrente de fake-pensamento. "4. Expressão oriunda da composição de “Olá” e “revanchismo”, combinando alguém que chega de repente para dar a ideia aos governantes sem ideias de en-direitar o país com rifles e rifas e quem se sentiu a vida toda complexado por nunca ter conseguido entender o que é uma ideia e muito menos uma filosofia. 5. Nome da corrente ideológica que seduz, encanta e lidera o bando de ressentidos do país. 6. Uma forma bem específica de saudosismo: saudades da era medieval, saudades da teocracia, saudades de D. Pedro, saudades dos bons costumes. 7. Modo borrágico de expressar opiniões que procuram, em tese, chocar o senso comum, mas que nada mais fazem além de corroborar o pior dos sensos (o qual, infelizmente, muitas vezes é comum e quase sempre predominou ao longo da história). 8. Movimento de desespero final de quem quer encontrar uma identidade para chamar de sua e um líder para chamar de seu. 9. Espécie de fanatismo religioso que cultua o ódio e a intolerância travestidos de intelectualismo. 10. Seita seguida por pessoas particularmente vulneráveis a uma retórica violenta e macabra, mas perigosamente sedutora. 11. Doutrina do ter-razão-em-tudo quando não se tem razão em nada. Atribuindo a base dessa doutrina do ter-razão-em-tudo ao filósofo alemão Arthur Schopenhauer, é fácil constatar como olavistas não possuem o menor conhecimento nem de alemão e nem de filosofia, tendo (mal) entendido o próprio nome de Schopenhauer como “chope raro”, que, bebido, gera mal-entendidos dos princípios básicos da erística e da dialética. Com bases em erros fundamentais, o olavismo derivado desse “chope raro” (confundido com Schopenhauer) desenvolveu uma errística dislética, que se vale de argumentos nefastos (do latim nefas que significa ilícito) para destruir as questões mais lícitas do pensamento, da sociedade e da cultura. 11. Tradução google para o português bolsonarista da tradução google para o inglês trumpista da tradução google russa do resumo dos clássicos da extrema direita europeia, assinada por Dugin, ideólogo de Putin.
Luisa Buarque (Desbolsonaro de Bolso)
Aliás, exercia-se uma força de atração irresistível entre aqueles diversos astros, e em cada mesa os fregueses não tinham olhos senão para as mesas em que não se achavam, exceto algum rico anfitrião, o qual, tendo conseguido trazer algum escritor célebre, se empenhava em tirar dele, graças às virtudes da mesa giratória, frases insignificantes com que as damas se maravilhavam.
Marcel Proust (In the Shadow of Young Girls in Flower)
Ele só teve um momento de frieza, com o Dr. Cottard: vendo-o piscar o olho e sorrir-lhe com um ar ambíguo antes que se tivessem falado (mímica que Cottard chamava de "deixar fluir"), Swann acreditou que o médico o conheci sem dúvida por ter estado com ele em algum lugar de prazer, embora ele mesmo os frequentasse muito pouco, nunca tendo vivido no mundo da farra. Considerando a alusão de mau gosto, sobretudo na presença de Odette, que poderia fazer dele uma ideia falsa, simulou um ar glacial. Mas quando soube que a dama que se encontrava a seu lado era a sra. Cottard, pensou que um marido tão jovem não teria pensado em fazer alusão, diante de sua mulher, a divertimento desse tipo, e deixou de atribuir ao ar cúmplice do médico o significado que temia.
Marcel Proust (Un amour de Swann (À la recherche du temps perdu, #1.2))
Maria, deitada de costas, estava acordada e atenta, olhava fixamente um ponto em frente, e parecia esperar. Sem pronunciar palavra, José aproximou-se e afastou devagar o lençol que a cobria. Ela desviou os olhos, soergueu um pouco a parte inferior da túnica, mas só acabou de puxá-la mais para cima, à altura do ventre, quando ele já se vinha debruçando e procedia do mesmo modo com a sua própria túnica, e Maria, entretanto, abrira as pernas, ou as tinha aberto durante o sonho e desta maneira as deixara ficar, fosse por inusitada indolência matinal ou pressentimento de mulher casada que conhece os seus deveres. Deus, que está em toda a parte, estava ali, mas sendo aquilo que é, um puro espírito, não podia ver como a pele de um tocava a pele do outro, como a carne dele penetrou a carne dela, criadas uma e outra para isso mesmo, e, provavelmente, já nem lá se encontraria quando a semente sagrada de José se derramou no sagrado interior de Maria, sagrados ambos por serem a fonte e a taça da vida, em verdade há coisas que o próprio Deus não entende, embora as tivesse criado. Tendo pois saído para o pátio, Deus não pôde ouvir o som agónico, como um estertor, que saiu da boca do varão no instante da crise, e menos ainda o levíssimo gemido que a mulher não foi capaz de reprimir.
José Saramago (The Gospel According to Jesus Christ)
Europa propôs-se abandonar o sistema de Estados que concebeu e transcendê-lo mediante um conceito de soberania partilhada. Ironicamente, e embora tenha sido ela a inventar o conceito de equilíbrio de poder, é a Europa que vem limitando, substancial e intencionalmente, o elemento de poder nas suas novas instituições. Tendo reduzido o seu poderio militar, a Europa tem pouca capacidade de resposta perante a violação de normas universais.
Henry Kissinger (A Ordem Mundial)
As vidas não começam quando as pessoas nascem, se assim fosse, cada dia era um dia ganho, as vidas principiam mais tarde, quantas vezes tarde de mais, para não falar daquelas que mal tendo começado já se acabaram" "Ninguém consegue viver para além do seu último dia" "Invejar o que só parece ser, é trabalho perdido" "Se uma pessoa, para gostar doutra, estivesse à espera de conhecê-la, não lhe chegaria a vida inteira." "Não, eu não sou o nome que tenho" - A Jangada de Pedra
José Saramago
A perfeição, para ser tal, tem que sair da imperfeição, o incorruptível tem que desenvolver-se do corruptível, tendo esse último como sua base, veículo e contraste. Luz Absoluta é Obscuridade absoluta, e vice-versa. O Bem e o Mal são gêmeos; nenhum dos dois existe 'per se', pois cada um tem que ser engendrado e criado pelo outro afim de vir a existência. Ambos têm que ser conhecidos e apreciados antes de ser objeto de percepção, daí que a na mente mortal tenham de estar separados.
Helena Petrovna Blavatsky (The Secret Doctrine)
- Obedecer à sociedade? ... - replicou a marquesa, mostrando-se horrorizada. - É daí, senhor, que provêm todos os males. Deus não fez nem uma só lei para a nossa desgraça. Porém, os homens, reunindo-se, falsearam a sua obra. Nós, as mulheres, somo mais maltratadas pela civilização do que fomos pela natureza. Esta impõe-nos penas físicas que os homens não suavizaram, e a civilização desenvolveu sentimentos que eles enganam incessantemente. A natureza sufoca os seres fracos, os homens condenam-nos a viver para lhes oferecerem uma constante desgraça. O casamento, instituição em que hoje se funda a sociedade, faz-nos sentir todo o seu peso: para o homem a liberdade, para as mulheres os deveres. Nós lhes devemos toda a nossa vida, eles devem-nos apenas raros instantes. (...) Pois bem, o casamento, tal como hoje se efetua, afigura-se-me uma prostituição legal. Daí provieram todos os meus sofrimentos. (...) Fui a própria autora do mal, tendo desejado esse casamento.
Honoré de Balzac (La Femme De Trente Ans)
En la perrera escribí con el pensamiento que algún día tendría al coronel García vencido ante mí y podría vengar a todos los que tienen que ser vengados. Pero ahora dudo de mi odio. En pocas semanas, desde que estoy en esta casa, parece haberse diluido, haber perdido sus nítidos contornos. Sospecho que todo lo ocurrido no es fortuito, sino que corresponde a un destino dibujado antes de mi nacimiento y Esteban García es parte de ese dibujo. Es un trazo tosco y torcido, pero ninguna pincelada es inútil. El día en que mi abuelo volteó entre los matorrales del río a su abuela, Pancha García, agregó otro eslabón en una cadena de hechos que debían cumplirse. Después el nieto de la mujer violada repite el gesto con la nieta del violador y dentro de cuarenta años, tal vez, mi nieto tumbe entre las matas del río a la suya y así, por los siglos venideros, en una historia inacabable de dolor, de sangre y de amor. (...) Me será muy fácil vengar a todos los que tienen que ser vengados, porque mi venganza no sería más que otra parte del mismo mito inexorable. Quiero pensar que mi oficio es la vida y que mi misión no es prolongar el odio, sino sólo llenar estas páginas mientras espero el regreso de Miguel, mientras entierro a mi abuelo que ahora descansa a mi lado en este cuarto, mientras aguardo que lleguen tiempos mejores, gestando a la criatura que tendo en el vientre, hija de tantas violaciones, o tal vez la hija de Miguel pero sobre todo hija mía.
Isabel Allende
Invano tendo le braccia verso di lei la mattina, quando riemergo da grevi sogni, invano la cerco di notte nel mio letto, quando un sogno benigno e innocente mi ha ingannato, facendomi credere di sedere in un prato accanto a lei e di tenerle la mano coprendola di mille baci. Ah, quando poi, ancora sprofondato per metà nell'ebbrezza del sonno, la cerco tentoni, e così facendo mi sveglio, allora un fiume di lacrime mi erompe dal cuore oppresso, e piango sconsolato il mio futuro senza luce.
Johann Wolfgang von Goethe
- Quem é que sabe? Desde que não há mais Deus, nem o Seu Filho, tampouco o Espírito Santo, quem perdoa? Eu não sei. - Para você Deus não existe mais? - Não, claro que não. Se Deus existisse, Ele não teria permitido que eu visse o que vi com estes meus olhos. Deixe *eles* ficarem com Deus. - Eles O reivindicaram. - Certamente eu sinto falta Dele, tendo nascido numa família religiosa. Mas hoje um homem dever ser responsável por si mesmo. - Então serás tu mesmo que irás perdoar a tua matança.
Ernest Hemingway (For Whom the Bell Tolls)
Quando nos perdemos na consideração de grandeza infinita do mundo no espaço e no tempo, quando meditamos nos séculos passados e vindouros, ou também quando consideramos o céu noturno estrelado, tendo inumeráveis mundos efetivamente diante dos olhos, e a incomensurabilidade do cosmo se impõe à consciência - então sentimo-nos reduzidos a nada, sentimo-nos como indivíduo, como corpo vivo, como aparência transitória da vontade, uma gota no oceano, condenados a desaparecer, a dissolvermo-nos no nada.
Arthur Schopenhauer (O Mundo como Vontade e Representação; Crítica da Filosofia Kantiana; Parerga e Paralipomena)
Hoje é o último dia do ano. Em todo o mundo que este calendário rege andam as pessoas entretidas a debates consigo mesmas as boas ações que tencionam praticar no ano que entra, jurando que vão ser retas, justas e equânimes, que da sua emendada boca não voltará a sair uma palavra má, uma mentira, uma insidia, ainda que as merecesse o inimigo, claro que é das pessoas vulgar que estamos falando, as outras, as de exceção, as incomuns, regulam-se por razões suas próprias para serem e fazerem o contrário sempre que lhes apetece ou aproveite, essas são as que não se deixam iludir, chegam a rir-se de nós e das boas intenções que mostramos, mas, enfim, vamos aprendendo com a experiencia, logo nos primeiros dias de Janeiro teremos esquecido metade do que havíamos prometido, e, tendo esquecido tanto, não há realmente motivo para cumprir o resto, é como um castelo de cartas, se já lhe faltam as obras superiores, melhor é que caia tudo e se confundam os naipes. Por isso é duvidoso ter-se despedido Cristo da vida com as palavras da escritura, as de Mateus e Marcos, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste, ou as de Lucas, Pai, nas tuas mãos entrego o meu espirito, ou as de João, Tudo está cumprido, o que Cristo disse foi, palavra de honra, qualquer pessoa popular sabe que esta é a verdade, Adeus mundo, cada vez a pior. Mas os deuses de Ricardo Reis são outros, silenciosas entidades que nos olham indiferentes, para quem o mal e o bem são menos que palavras, por as não dizerem eles nunca, e como as diriam, se mesmo entre o bem e o mal não sabem distinguir, indo como nós vamos no rio das coisas, só ditamos. Esta lição nos foi dada para que não nos afadiguemos a jurar novas e melhores intenções para o ano que tem, por elas não nos julgarão os deuses, pelas obras, também não, só juízes humanos ousam julgar, os deuses nunca, porque se supõe saberem tudo, salvo se tudo isto é falso, se justamente não é sua ocupação única esquecerem em cada momento o que do cada momento lhes vão ensinando os atos dos homens, os bons como os maus, iguais derradeiramente para os deuses, porque inúteis lhes são. Não digamos Amanhã farei, porque o mais certo é estarmos cansados amanhã, digamos antes, Depois de amanhã, sempre teremos um dia de intervalo para mudar de opinião e projeto, porém ainda mais prudente seria dizer, Um dia decidirei quando será o dia de dizer depois de amanhã, e talvez nem seja preciso, se a morte definidora vier antes desobrigar-me do compromisso, liberdade que a nós próprios negamos.
José Saramago (The Year of the Death of Ricardo Reis)
Uma abelha pousada numa flor pica uma criança e a criança receosa passa a afirmar que o propósito da abelha é picar os homens. O poeta admira a abelha que se oculta na corola da flor e pretende que o seu fim é assimilar-lhe o perfume. O apicultor, observando que a abelha extrai o pólen da flor e o transporta para a colmeia, pretende que o seu fim é fabricar mel. Outro, que estudou de mais perto a vida da colmeia, afirma que a abelha colhe o pólen para alimentar as abelhas mais novas e criar a rainha, tendo como propósito a propagação da espécie. O botânico observa que, voando com o pólen de uma flor masculina para uma flor feminina, a abelha fecunda esta última: vê nisso, por seu turno, o papel da abelha. Outro, observando as variações das plantas, vê que a abelha contribui para elas e afirma que nisso consiste o seu papel. Mas o fim principal da abelha não se esgota em qualquer dos fins particulares que o espírito humano alcança. Quanto mais alto se eleva o espírito humano na descoberta do fim, tanto mais evidente se torna para ele o caráter inacessível do derradeiro fim.
Leo Tolstoy (Guerra e Paz)
EIS-ME Eis-me Tendo-me despido de todos os meus mantos Tendo-me separado de adivinhos mágicos e deuses Para ficar sozinha ante o silêncio Ante o silêncio e o esplendor da tua face Mas tu és de todos o ausente o ausente Nem o teu ombro me nem a tua mão me toca O meu coração desce as escadas do tempo (em que não moras) E o teu encontro São planícies e planícies de silêncio Escura é a noite Escura e transparente Mas o teu rosto está para além do tempo opaco E eu não habito os jardins do teu silêncio Porque tu és de todos os ausentes o ausente
Sophia de Mello Breyner Andresen (Livro Sexto)
Se tudo no mundo é relativo, nada tão relativo como a felicidade humana. Eu abandonava-me enfim ao meu cansaço, ao meu desgosto, ao meu desânimo, - quer isto dizer que os gozava. Daí estes dias correrem-me quase felizes. Há uma "sagesse" para os infelizes que substitui a felicidade; e que provém de se fazer uma voluptuosidade da própria dor, de se utilizar a dor como conducente a uma felicidade supra-terrena, ou de se chegar a considerar a dor estado normal, tendo por inesperados favores dos deuses quaisquer pequeninos prazeres sobrevindos...
José Régio (Jogo da Cabra Cega)
A única coisa que havia ali dentro era uma cama sem colchão, que ele olhava fixamente. Em cima dela, sua mãe teria chorado e tremido de medo. Em cima dela, teria lamentado sua vida, sofrido as dores do ventre e as do coração. Em cima dela, sua mãe teria conhecido sua desimportância, teria entendido que o mundo podia muito bem continuar sem ela. Em cima dela, sua mãe talvez tivesse desejado morrer. Enfim, em cima daquela cama, sua mãe acabou tendo seu encontro fatal com a morte. E, diante dela, se encontrava agora a explicação para toda aquela dor.
Camilo Gomes Jr. (Em memória)
Esse novo consenso do que passa a valer como legal ou ilegal significa que o batedor de carteiras, o pequeno traficante e o assaltante de rua tornam-se foco da ação policial e legal. O assalto especulativo de fundos de investimento, ao contrário – que eventualmente empobrece países do tamanho da Argentina ou da Malásia e impede o pagamento de aposentadorias, tendo impacto negativo dramático na vida de milhões – não é visto como crime. Por outro lado, o investidor que liderou o ataque é festejado como “gênio financeiro”, e sua foto aparece nas capas festejantes de revistas como The Economist e Time.
Jessé Souza (A Radiografia do Golpe: Entenda Como e Por Que Você Foi Enganado)
Pode-se dizer que em grande parte a “tragédia nacional” que Nelson Rodrigues desenha está contida no destino de suas mulheres, sempre à beira de uma grande transformação redentora, mas sempre retidas ou contidas em seu salto e condenadas a viver a impossibilidade. Em seu teatro, Nelson Rodrigues temperou o exercício do realismo cru com o da fantasia desabrida, num resultado sempre provocante. Valorizou, ao mesmo tempo, o coloquial da linguagem e a liberdade da imaginação cênica. Enfrentou seus infernos particulares: tendo apoiado o regime de 1964, viu-se na contingência de depois lutar pela libertação de seu
Nelson Rodrigues (Otto Lara Resende ou Bonitinha, mas ordinária (Portuguese Edition))
Durante a rápida estação em que a mulher permanece em flor, os caracteres da sua beleza servem admiravelmente bem à dissimulação à qual a sua fraqueza natural e as leis sociais a condenam. Sob o rico colorido do seu viçoso rosto, sob o fogo dos seus olhos, sob a fina textura das suas feições tão delicadas, com tantas linhas curvas ou retas, mas puras e perfeitamente determinadas, todas as suas comoções podem permanecer secretas: o rubor então nada revela, aumentando ainda mais cores já tão vivas; todos os focos interiores concordam tão bem com a luz desses olhos brilhantes de vida que a fugaz chama de um sofrimento aparece apenas como um encanto a mais. Por isso, na da há mais discreto do que um rosto juvenil, porque também não há nada mais imóvel. A fisionomia de uma jovem tem a serenidade, o polido, o frescor da superfície de um lago; a das mulheres só se revela aos trinta anos. Até essa idade, o pintor só lhes acha no rosto róseos e brancos sorrisos e expressões que repetem um mesmo pensamento, pensamento de mocidade e de amor, pensamento uniforme e sem profundidade; mas, na velhice, tudo na mulher fala, as paixões incrustaram-se-lhe no rosto; foi amante, esposa, mãe; as mais violentas expressões de alegria e de dor acabaram por alterar-lhe, torturar-lhe o rosto, formando aí mil rugas, tendo todas uma linguagem; e uma fronte de mulher torna-se, então, sublime pelo horror, bela pela melancolia, ou magnífica pela serenidade; se se permite desenvolver esta estranha metáfora, o lago seco deixa então ver todos os traços das torrentes que o produzi ram; uma fronte de mulher velha já então não pertence nem ao mundo, que, frívolo, se assusta de ver a destruição de todas as idéias de elegância a que está habituado, nem aos artistas vulgares, que nada descobrem por aí; mas, sim, aos verdadeiros poetas, àqueles que possuem o sentimento de uma beleza independente de todas as convenções sobre as quais repousam tantos preconceitos sobre a arte e a formosura.
Honoré de Balzac (A Woman Of Thirty)
Onde tudo é obscuro e inconcebido, a melhor comparação é o sonho. Maurice teve dois sonhos quando andou no colégio; eles irão explicá-lo. (...) O segundo sonho é mais difícil de contar. Não aconteceu nada. Mal viu um rosto, mal ouviu uma voz dizer «Aquele é o teu amigo», e acabou assim, tendo-o enchido de beleza e ensinado ternura. Ele podia morrer por um amigo assim, deixaria que um amigo assim morresse por ele; fariam qualquer sacrifício um pelo outro, e não haveria nada no mundo, nem a morte, nem a distância, nem o sofrimento, que os pudesse separar, pois «este é o meu amigo». ------------------------------------------------ p.23, MAURICE, E.M. FORSTER
E.M. Forster (Maurice)
Era deste jaez (feliz palavra árabe, cada vez menos usada e cujo significado vem em todos os dicionários e bela expressão tão rafada em tempo de letras mais bojudas, que qualquer escritor, com uma única excepção, hesitaria em usá-la), era deste jaez, dizia (fórmula de repetição também recuperada do arsenal literário e que se destina a evitar que a atenção do leitor se distraia e comece a pensar noutras coisas, nanja no essencial), dizia (embora antes seja meu dever chamar a atenção para este magnífico "nanja", que não é de origem japonesa, mas sim de etimologia facilmente descortinável) e tendo-me eu esquecido da continuação da frase vou retomá-la, desde o início com vossa licença.
Mário de Carvalho (A arte de morrer longe)
Os amigos cada vez mais se vêem menos. Parece que era só quando éramos novos, trabalhávamos e bebíamos juntos que nos víamos as vezes que queríamos, sempre diariamente. E, no maior luxo de todos, há muito perdido: porque não tínhamos mais nada para fazer. Nesta semana, tenho almoçado com amigos meus grandes, que, pela primeira vez nas nossas vidas, não vejo há muitos anos. Cada um começa a falar comigo como se não tivéssemos passado um único dia sem nos vermos. Nada falha. Tudo dispara como se nos estivera – e está – na massa do sangue: a excitação de contar coisas e partilhar ninharias; as risotas por piadas de há muito repetidas; as promessas de esperanças que estão há que décadas por realizar. Há grandes amigos que tenho a sorte de ter que insistem na importância da Presença com letra grande. Até agora nunca concordei, achando que a saudade faz pouco do tempo e que o coração é mais sensível à lembrança do que à repetição. Enganei-me. O melhor que os amigos e as amigas têm a fazer é verem-se cada vez que podem. É verdade que, mesmo tendo passado dez anos, sente-se o prazer inencontrável de reencontrar quem se pensava nunca mais encontrar. O tempo não passa pela amizade. Mas a amizade passa pelo tempo. É preciso segurá-la enquanto ela há. Somos amigos para sempre mas entre o dia de ficarmos amigos e o dia de morrermos vai uma distância tão grande como a vida. Miguel Esteves Cardoso, in 'Jornal Público
Miguel Esteves Cardoso
Nós, homens do conhecimento, não nos conhecemos; de nós mesmos somos desconhecidos - e não sem motivo. Nunca nos procuramos: como poderia acontecer que um dia nos encontrássemos? Com razão alguém disse:'onde estiver teu tesouro, estará também teu coração'. Nosso tesouro está onde estão as colmeias do nosso conhecimento. Estamos sempre a caminho delas, sendo por natureza criaturas aladas e coletoras do mel do espírito, tendo no coração apenas um propósito - levar algo 'para casa'. Quanto ao mais da vida, as chamadas 'vivências', qual de nós pode levá-las a sério? Ou ter tempo para elas? Nas experiências presentes, receio, estamos sempre 'ausentes': nelas não temos nosso coração - para elas não remos ouvidos. Antes, como alguém divinamente disperso e imerso em si, a quem os sinos acabam de estrondear no ouvido as doze batidas do meio-dia, e súbito acorda e se pergunta 'o que foi que soou?', também nós por vezes abrimos depois os ouvidos e perguntamos, surpresos e perplexos inteiramente, 'o que foi que vivemos?', e também 'quem somos realmente?', e em seguida contamos, depois, como disse, as doze vibrantes batidas da nossa vivência, da nossa vida, do nosso ser - ah! e contamos errado... Pois continuamos necessariamente estranhos a nós mesmos, não nos compreendemos, temos que nos mal-entender, a nós se aplicará para sempre a frase: 'cada qual é o mais distante de si mesmo' - para nós mesmos somos 'homens do desconhecimento'...
Friedrich Nietzsche (On the Genealogy of Morals / Ecce Homo)
Há alguns anos – não importa quantos ao certo –, tendo pouco ou nenhum dinheiro no bolso, e nada em especial que me interessasse em terra firme, pensei em navegar um pouco e visitar o mundo das águas. É o meu jeito de afastar a melancolia e regular a circulação. Sempre que começo a ficar rabugento; sempre que há um novembro úmido e chuvoso em minha alma; sempre que, sem querer, me vejo parado diante de agências funerárias, ou acompanhando todos os funerais que encontro; e, em especial, quando minha tristeza é tão profunda que se faz necessário um princípio moral muito forte que me impeça de sair à rua e rigorosamente arrancar os chapéus de todas as pessoas – então percebo que é hora de ir o mais rápido possível para o mar.
Herman Melville (Moby-Dick or, The Whale)
— Porque, disse ela com exaltação, porque, se há uma felicidade indefinível em duas almas que ligam sua vida, que se confundem na mesma existência, que só têm um passado e um futuro para ambas, que desde a flor da idade até à velhice caminham juntas para o mesmo horizonte, partilhando os seus prazeres e as suas mágoas, revendo-se uma na outra até o momento em que batem as asas e vão abrigar-se no seio de Deus, deve ser cruel, bem cruel, meu amigo, quando, tendo-se apenas encontrado, uma dessas duas almas irmãs fugir deste mundo, e a outra, viúva e triste, for condenada a levar sempre no seu seio uma ideia de morte, a trazer essa recordação, que, como um crepe de luto, envolverá a sua bela mocidade, a fazer do seu coração, cheio de vida e de amor, um túmulo para guardar as cinzas do passado! Oh! deve ser horrível!...
José de Alencar (Cinco Minutos)
Não havia ali ninguém. As suas palavras desvaneceram-se. Como um foguete se desvanece. As suas fagulhas, tendo traçado uma trajetória luminosa na noite, entregam-se a ela, a escuridão desce, derrama-se sobre os contornos das casas e torres; colinas sombrias a ruírem e a esfumarem-se. Mas apesar de ocultas, a noite continua cheia delas; privadas de cor, destituídas de janelas, existem mais intensamente, exprimem aquilo que a luz do dia não consegue transmitir - a inquietação a expectativa das coisas amontoadas na escuridão: aconchegadas nas trevas; despojadas do alívio que o amanhecer lhes traz quando, ao lavar as paredes de branco e cinza, ao salientar cada janela, ao erguer a neblina dos campos, mostrando as vacas vermelho-acastanhadas pacificamente a pastar, tudo volta a ser desvendado perante o olhar; tudo volta à vida.
Virginia Woolf (Mrs Dalloway)
Não havia ali ninguém. As suas palavras desvaneceram-se. Como um foguete se desvanece. As suas fagulhas, tendo traçado uma trajetória luminosa na noite, entregam-se a ela, a escuridão desce, derrama-se sobre os contornos das casas e torres; colinas sombrias a ruírem e a esfumarem-se. Mas apesar de ocultas, a noite continua cheia delas; privadas de cor, destituídas de janelas, existem mais intensamente, exprimem aquilo que a luz do dia não consegue transmitir - a inquietação a expectativa das coisas amontoadas na escuridão, aconchegadas nas trevas; despojadas do alívio que o amanhecer lhes traz quando, ao lavar as paredes de branco e cinza, ao salientar cada janela, ao erguer a neblina dos campos, mostrando as vacas vermelho-acastanhadas pacificamente a pastar, tudo volta a ser desvendado perante o olhar; tudo volta à vida.
Virginia Woolf (Mrs Dalloway)
Pascal disse que o coração tem razões que a razão desconhece. Se é que o interpretei bem, ele queria dizer que, quando a paixão se apodera de um coração, este inventa, para provar que por amor todo sacrifício é pouco, razões não somente plausíveis, mas conclusivas. Ficamos convencidos de que vale a pena aceitar a desonra, e que a vergonha não é preço exagerado para se pagar por ele. A paixão é destruidora. Destruiu Antônio e Cleópatra, Tristão e Isolda, Parnell e Kitty O’Shea. E, quando não destrói, morre. É possível que então a pessoa se veja na amarga contingência de reconhecer que desperdiçou anos de vida, que se desgraçou inutilmente, que sofreu a tortura do ciúme, engoliu toda espécie de humilhações, tendo dado a sua ternura, as riquezas da sua alma a um ser insignificante, idiota, uma estaca onde dependurou seus sonhos, e que não valia dois tostões de mel coado.
W. Somerset Maugham (The Razor’s Edge)
- Então não adivinhou -, disse, com um pouco de escárnio no seu terror. - Sou um indizível do tipo Oscar Wilde. - Os seus olhos fecharam-se, e levando os punhos cerrados até eles, ficou sentado imóvel, tendo apelado a César. Por fim, veio a sentença. Mal conseguia acreditar no que ouvia. Era «Tolices, tolices!». Estava à espera de muita coisa, mas não disto; pois se as suas palavras eram tolices, a sua vida era um sonho. --------------------------------------------------- P.181, MAURICE, E.M. FORSTER "So you've never guessed," he said, with a touch of scorn in his terror. "I'm an unspeakable of the Oscar Wilde sort." His eyes closed, and driving clenched fists against them he sat motionless, having appealed to Caesar. At last judgement came. He could scarcely believe his ears. It was "Rubbish, rubbish!" He had expected many things, but not this; for if his words were rubbish his life was a dream.
E.M. Forster (Maurice)
Tudo era agora tão claro. Ele tinha mentido. Fraseava isso como «tendo sido alimentado de mentiras», mas a mentira é o alimento natural da adolescência, e ele tinha comido sofregamente. A sua primeira decisão foi a de ser de futuro mais cuidadoso. Ia viver uma vida honesta, não porque isso tivesse agora alguma importância, mas por uma questão de lealdade. Não voltaria a enganar-se tanto a si próprio. Não ia - e este era o teste - fingir estar interessado em mulheres, quando o único sexo que o atraía era o seu próprio. Amava homens e sempre os amara. Ansiava por abraçá-los e misturar o seu ser com o deles. Agora que perdera o homem que tinha correspondido ao seu amor, ele admitiu isto. --------------------------------------------------- P.70, MAURICE, E.M. FORSTER He would not deceive himself so much. He would not – and this was the test – pretend to care about women when the only sex that attracted him was his own. He loved men and always had loved them. He longed to embrace them and mingle his being with theirs. Now that the man who returned his love had been lost, he admitted this.
E.M. Forster (Maurice)
Se eu estiver certo, o homem de gênio de então se encontrava em uma situação muito diferente daquela do seu sucessor moderno. Hoje, um homem assim, muitas vezes, ou até usualmente, sente-se confrontado com uma realidade, cuja significância ele não pode conhecer; ou com uma realidade que não tenha significância alguma; ou até com uma realidade tal que a própria questão, se tiver um sentido, é, em si, uma questão sem sentido. O objetivo para ele é, por sua própria sensibilidade, descobrir o sentido; ou com base em sua própria subjetividade, atribuir sentido ou ao menos uma forma para aquilo que, por si mesmo, não possui alguma dessas características. Mas o Modelo de universo de nossos ancestrais tinha uma significância embutida. E isso em dois sentidos: como tendo uma "forma significativa" (trata-se de um projeto admirável) e como manifestação da sabedoria e bondade de quem o criou. Não havia necessidade de despertá-lo para a beleza ou a vida. Para sermos mais enfáticos, o nosso problema não era o vestido de noiva, nem a mortalha. A perfeição alcançada já estava lá. A única dificuldade era de lhe dar uma resposta adequada.
C.S. Lewis (The Discarded Image: An Introduction to Medieval and Renaissance Literature)
Estou escrevendo há muito tempo e estou cansada, é cada vez mais difícil manter esticado o fio do relato dentro do caos dos anos, dos acontecimentos miúdos e grandes, dos humores. Sendo assim, ou tendo a passar por cima dos fatos relacionados a mim para logo agarrar Lila pelos cabelos com todas as complicações que ela tem, ou, pior, deixo-me tomar pelos acontecimentos de minha vida apenas porque os desembucho com mais facilidade. Mas tenho de me furtar a essa encruzilhada. Não devo seguir o primeiro caminho, no qual - já que a própria natureza de nossa relação impõe que eu só possa chegar a ela passando por mim - eu acabaria, caso me colocasse de fora, encontrando cada vez menos vestígios de Lila. Nem devo, por outro lado, seguir o segundo. De fato, o que ela com certeza mais apoiaria é que eu falasse de minha experiência cada vez mais profusamente. Vamos - me diria -, nos conte que rumo sua vida tomou, quem se importa com a minha, confesse que ela não interessa nem mesmo a você. E concluiria: eu sou um rascunho em cima de um rascunho, totalmente inadequada para um de seus livros; me deixe em paz, Lenù, não se narra um apagamento
Elena Ferrante
Que significava aquele imenso e eterno espetáculo, sempre renovado e que o atraíra sempre, desde a mais longínqua infância, mas no qual jamais pudera tomar parte? Cada manhã o mesmo sol deslumbrante! Todos os dias o mesmo arco-íris como um diadema sobre a cascata! Todas as tardes a geleira fulgurando envolta em púrpura ao fundo do horizonte! "Cada diminuta mosca que zunia ao redor dele no ardente raio do sol tinha a sua parte no coro, sabia o seu lugar, gostava e era feliz!" Cada folha de relva cresce e é feliz. Tudo tem sua trajetória, cada coisa sabe que possui um itinerário e por ele adiante envereda por entre hosanas! Não há quem não saia de manhã com uma canção e não volte ao crepúsculo, cantando... Só ele não sabe nada, não compreende nada, nem homens, nem sons. Não comparticipa de nada, é um banido. Oh! Naturalmente não dissera servindo-se de palavras, sua interrogação tendo sido apenas mental. Era um sofrimento mudo de quem não atina com um enigma; mas agora lhe parecia que havia dito tudo aquilo com as mesmas palavras de Ippolít, a ponto de a frase relativa à mosca parecer sua, Ippolít o havendo plagiado, tomando-a das suas lágrimas e dos pensamentos de então. Tamanha certeza teve disso que enquanto refletia, o seu coração acelerava o ritmo.
Fyodor Dostoevsky (The Idiot)
que quer o anarquista? A liberdade —a liberdade para si e para os outros, para a humanidade inteira. Quer estar livre da influência ou da pressão das ficções sociais; quer ser livre tal qual nasceu e apareceu no mundo, que é como em justiça deve ser; e quer essa liberdade para si e para todos os mais. Nem todos podem ser iguais perante a Natureza: uns nascem altos, outros baixos; uns fortes, outros fracos; uns mais inteligentes, outros menos... Mas todos podem ser iguais daí em diante; só as ficções sociais o evitam. Essas ficções sociais é que era preciso destruir. Era preciso destrui-las... Mas não me escapou uma coisa: era preciso destrui-las mas em proveito da liberdade, e tendo sempre em vista a criação da sociedade livre. Porque isso de destruir as ficções sociais tanto pode ser para criar liberdade, ou preparar o caminho da liberdade, como para estabelecer outras ficções sociais diferentes, igualmente más porque igualmente ficções. Aqui é que era preciso cuidado. Era preciso acertar com um processo de acção, qualquer que fosse a sua violência ou a sua não-violência (porque contra as injustiças sociais tudo era legítimo), pelo qual se contribuísse para destruir as ficções sociais sem, ao mesmo tempo, estorvar a criação da liberdade futura; criando já mesmo, caso fosse possível, alguma coisa da liberdade futura.
Fernando Pessoa (El banquero anarquista)
ele se deixava corroer pelos vermes de suas lembranças/ […] descanso minha cabeça entre essas palmas cheias de estrelas, cruzes e precipícios que um dia compuseram o meu destino./ Pois toda dor à qual nós nos abandonamos transforma-se em serenidade./ […] há muito foi mumificado pela mentira da glória./ Desperto cada noite sob o incêndio do meu próprio sangue./O respeito devido aos mártires acaba por enobrecer o instrumento ignóbil do suplício. Não basta amar as criaturas; é preciso adorar sua miséria, seu aviltamento, sua desgraça./[…] pareço-me com a Morte, a velha amante de Deus./A verdade é que Ele não me salvou nem da morte, nem dos males, nem do crime, porque é através deles que somos salvos. Salvou-me, porém, da felicidade./ Há seis dias, há seis meses… São passados seis anos, passar-se-ão seis séculos… Ah! Morrer para fazer parar o Tempo…[…]/ Falo-te em surdina porque só quando falamos em voz baixa escutamos a nós mesmos./ Toda vez que uma dor vinha até mim eu me apressava em sorrir-lhe para que ela me sorrisse em retribuição./ A ambição é apenas um logro. A sabedoria enganou-se. E o próprio vício mentiu. Não existe nem virtude, nem piedade, nem amor, nem pudor, nem os seus contrários, mas apenas uma concha vazia dançando no alto de uma alegria que é também a Dor, um clarão de beleza na tempestade das formas./ O amor é um castigo. Somos punidos por não termos podido permanecer sós…/ Pois, se o Tempo é o sangue dos vivos, a Eternidade deve ser o sangue das trevas./Criatura magnética, demasiado etérea para o solo, muito carnal para o céu, seus pés besuntados de cera romperam o pacto que nos une à terra./ Safo mergulha, tendo os braços abertos como para abraçar a metade do infinito./ Só se pode construir a felicidade sobre alicerces de desespero. Creio que vou poder começar a construir
Marguerite Yourcenar (Fires)
Então, instantaneamente, a fim de pensar com maior presteza, Divina se tornou novamente a Divina que havia abandonado na descida da Rua Lepic, pois se sentia “mulher”, pensava “homem”. Poder-se-ia acreditar que, voltando assim espontaneamente à sua verdadeira natureza, Divina era um macho maquilado, desgrenhado, de gestos postiços; mas não se trata deste fenômeno da língua materna a que recorremos nos momentos graves. Para pensar com clareza, Divina não podia jamais formular seus pensamentos em voz alta, para si mesma. Sem dúvida houve ocasiões em que falou para si mesma, em voz alta: “Não passo de uma coitada” mas, tendo-o sentido, ela não mais o sentia, e tendo-o dito, não mais o pensava. Na presença de Mimosa, por exemplo, chegava a pensar “mulher” a respeito das coisas sérias, mas jamais essências. Sua feminilidade nada mais era que uma mascarada. Mas para pensar “mulher” totalmente, seus órgãos a atrapalhavam. Pensar é desempenhar uma ação. Para agir é necessário descartar a frivolidade e colocar uma ideia sobre uma base sólida. Então vinha a sua mente a ideia de solidez que associava à ideia de virilidade e foi na gramática que ela encontrou à mão. Pois, se para definir um estado que experimentava Divina ousava empregar o feminino, não poderia fazê-lo para definir uma ação que fazia. E todos os julgamentos “mulher” que fazia eram na realidade conclusões poéticas. Desta forma só assim Divina era verdadeira. Seria curioso saber a que correspondiam as mulheres na mente de Divina e sobretudo na sua vida. Sem dúvida, ela própria não era mulher (isto é, mulher de saia), só era assim por sua submissão ao macho imperioso, como também não era mulher para ela, Ernestine que era sua mãe. Mas toda mulher existia numa menina que Culafroy conheceu no interior. Chamava-se Solange. Durante os dias escaldantes, eles passavam agachados sobre um banco de pedra branca, num pequeno remendo de sombra, fina, estreita como uma ourela; os pés escondidos dentro dos aventais para não molhá-los de sol; sentiam e pensavam em comum sob a proteção das árvores sobre bolas de neve. Culafroy se apaixonou, pois realizou, quando Solange foi posta no convento, peregrinações.
Jean Genet (Our Lady of the Flowers)
O único aspecto que varia nesta perspectiva são as mãos, todas estas mãos, claras, agitadas, ou expectantes ao redor da mesa verde; parecem estar à espreita, à entrada do antro sempre diferente de uma jogada, mas assemelhando-se a uma fera prestes a saltar, tendo cada uma a sua forma e a sua cor, umas despidas, outras munidas de anéis e pulseiras tilintantes; umas peludas como se de animais selvagens, outras flexíveis e luzidias como enguias, mas todas nervosas e vibrantes de uma imensa impaciência. (...)Mas, precisamente porque toda a sua atenção se concentra em exclusivo neste esforço de dissimulação do que existe de notório na sua pessoa, esquecem as mãos, esquecem que há pessoas que observam unicamente estas mãos e que, através delas, conseguem adivinhar tudo aquilo que tanto se esforçam por ocultar, de sorriso nos lábios e falsa expressões de indiferença. A mão, essa trai sem pudor o que eles têm de mais secreto. Pois há-de surgir, forçosamente, um momento em que todos aqueles dedos , a custo contidos e parecendo dormir, deixam o seu indolente abandono: no segundo decisivo em que a bola da roleta cai no seu alvéolo e em que é gritado o número vencedor, então, nesse segundo, cada uma destas cem ou cento e cinquenta mãos esboça involuntariamente um movimento muito pessoal, muito individual, imposto pelo instinto primitivo. E quando se está habituada, como eu, a observar este tipo de arena das mãos, há muito iniciada graças a esta fantasia do meu marido, acha-se muito mais apaixonante do que o teatro ou a música esta forma brusca, incessantemente diferente , incessantemente imprevista, em que os temperamentos, sempre novos, se desmascaram; não posso descrever-lhe em pormenor os milhares de atitudes que revelam as mãos durante um jogo: umas, animais selvagens de dedos peludos e recurvados que agarram o dinheiro à guisa de uma aranha; outras, nervosas, trémulas, de unhas pálidas, mal ousando tocar-lo; outras ainda, nobres ou plebeias, brutais ou tímidas, astuciosas ou quase balbuciantes; mas cada uma tem a sua maneira de ser muito particular, pois cada um destes pares de mãos exprime uma via diferente, exceptuando as dos quatro ou cinco croupiers.
Stefan Zweig (Vingt-quatre heures de la vie d'une femme)
Além disso, ele reconhecia que a caridade era a melhor instituição do Estado. Quanto ao pauperismo, tinha-o como uma fatalidade social: fossem quais fossem as reformas sociais, dizia, haveria sempre pobres e ricos: a fortuna pública deveria estar naturalmente toda nas mãos de uma classe, da classe ilustrada, educada, bem nascida. Só deste modo se podem manter os Estados, formar as grandes indústrias, ter uma classe dirigente forte, por possuir o ouro e base da ordem social. Isto fazia necessariamente que parte da população "tiritasse de frio e rabiasse de fome". Era certamente lamentável, e ele, com o seu grande e vasto coração que palpitava a todo o sofrimento, lamentava-o. Mas a essa classe devia ser dada a esmola com método e discernimento: - e ao Estado pertencia organizar a esmola. Porque o Conde censurava muito a caridade privada, sentimental, toda de espontaneidade. A caridade devia ser disciplinada, e, por amor dos desprotegidos regulamentada: por isso queria o Asilo, o Recolhimento dos Desvalidos, onde os pobres, tendo provado com bons documentos a sua miséria, tendo atestado bons atestados de moralidade, recebessem do Estado, sob a superintendência de homens práticos e despidos de vãs piedades, um tecto contra a chuva e um caldo contra a fome. O pobre devia viver ali, separado, isolado da sociedade, e não ser admitido a vir perturbar com a expressão da sua face magra e com narração exagerada das suas necessidades, as ruas da cidade. "Isole-se o Pobre!" dizia ele um dia na Câmara dos Deputados, sintetizando o seu magnifico projecto para a criação dos Recolhimentos do Trabalho. O Estado forneceria grandes casarões, com celas providas de uma enxerga, onde seriam acolhidos os miseráveis. Para conseguir a admissão, deveriam provar serem maiores de idade, haverem cumprido os seus deveres religiosos, não terem sido condenados pelos tribunais (isto para evitar que operários de ideias suversivas que, pela greve e pelo deboche, tramam a destruição do Estado, viessem em dia de miséria, pedir a esse mesmo Estado que os recolhesse). Deveriam ainda provar a sobriedade dos seus costumes, nunca terem vivido amancebados nem possuírem o hábito de praguejar e blafesmar. Reconhecidas estas qualidades elevadas com documentos dos párocos, dos regedores, etc.; seria dada a cada miserável uma cela e uma ração de caldo igual à que têm os presos.
Eça de Queirós (O Conde d'Abranhos / A Catástrofe)
As dimensões do universo medieval não são tão facilmente percebidas, ainda hoje, quanto a sua estrutura; em meu próprio tempo de vida, um cientista distinto ajudou a disseminar um erro. 14 O leitor deste livro já deve estar sabendo que a Terra era, a julgar por padrões cósmicos, um pontinho - de nenhuma magnitude significativa. E como o Somnium Scipionis nos ensinou, as estrelas eram maiores do que ela. Isidoro já sabia no século VI que o Sol é maior, e a Lua, menor do que a Terra. (Etymologies, III, xlvii-xl- viii); Maimônides,15 no século XII, sustenta que cada estrela é noventa vezes maior; Roger Bacon, no século XIII, declara que a menor estrela é "maior" do que ela. 16 Quanto às estimativas da distância, contamos com a sorte de ter o testemunho de uma obra completamente popular, Lendas do Sul da Inglaterra, uma prova melhor do que qualquer produção pesquisada, em favor do Modelo, como ele existia no imaginário de pessoas comuns. Diz-se ali que se um homem fosse capaz de viajar para o alto, numa velocidade de quarenta milhas17 e um pouco mais por dia, ele ainda assim não conseguiria alcançar o Stellatum ("o mais alto céu que jamais se viu") em oito mil anos. 18 Esses fatos são em si curiosidades de interesse medíocre. Eles se tornam acessíveis, apenas à medida que nos permitem penetrar mais fundo na consciência dos nossos ancestrais, dando-nos conta de como um universo assim deve ter afetado aqueles que acreditavam nele. A receita para tal compreensão não é o estudo de livros. Você terá de sair numa noite estrelada e caminhar por aproximadamente meia hora, tentando examinar o céu em termos da velha cosmologia. Lembre-se de que agora você tem um "para cima" e um "para baixo" absolutos. A Terra é, de fato, o centro, o lugar mais baixo; o movimento para chegar a ela, de qualquer direção que seja, é um movimento para baixo. Como homem moderno, você localizava as estrelas a uma grande distância. Agora terá de substituir essa distância por um tipo de distância muito especial e muito menos abstrata chamada altura; Os Céus 1 103 que fala imediatamente aos nossos músculos e nervos. O Modelo Medieval é vertiginoso. E o fato de que a altura das estrelas na astronomia medieval é muito pequena comparada às distâncias modernas acabará se manifestando como não tendo o tipo de importância que você supunha. Para o pensamento e a imaginação, dez milhões de milhas e um bilhão são a mesma coisa. Ambas podem ser concebidas (isto é, podemos fazer contas com ambas) e nenhuma delas pode ser imaginada; e quanto mais imaginação tivermos, melhor deveríamos saber disso. A diferença realmente importante é que o universo medieval, ao mesmo tempo que era inimaginavelmente grande, também era indubitavelmente finito. E um resultado inesperado disso foi o de fazer com que a pequenez da Terra fosse sentida com mais vivacidade. Em nosso Universo ela é pequena, sem dúvida; mas as galáxias e tudo o mais também são - e daí? Mas para eles havia um padrão finito de comparação. A esfera celeste mais alta, o maggior corpo de Dante, era tão simples e finalmente o maior objeto existente. A palavra "pequeno" aplicada à Terra assume, então, uma significância bem mais absoluta. Repito, pelo fato de o universo medieval ser finito, ele adquire uma forma, a forma perfeitamente esférica, que contém em si uma diversidade ordenada. Consequentemente, olhar para fora numa noite escura com olhos modernos é como olhar para o mar, que vai minguando num dia de nevoeiro; ou olhar para uma floresta virgem - infindáveis árvores sem nenhum horizonte. Vislumbrar o universo medieval altaneiro é mais como visualizar um prédio bem alto. O "espaço" da astronomia moderna pode infligir terror, espanto ou um vago devaneio; as esferas celestes dos medievais nos apresentam um objeto no qual a mente pode repousar, impressionando por sua grandeza, mas satisfazendo por sua harmonia. Esse é o sentido pelo qual o nosso universo é romântico, e o deles era clássico.
C.S. Lewis (The Discarded Image: An Introduction to Medieval and Renaissance Literature)
Explicação da parábola do semeador — 11Eis, pois, o que significa essa parábola: A semente é a palavra de Deus. 12Os que estão ao longo do caminho são os que ouvem, mas depois vem o diabo e arrebata-lhes a Palavra do coração, para que não creiam e não sejam salvos. 13Os que estão sobre a pedra são os que, ao ouvirem, acolhem a Palavra com alegria, mas não têm raízes, pois crêem apenas por um momento e na hora da tentação desistem. 14Aquilo que caiu nos espinhos são os que ouviram, mas, caminhando sob o peso dos cuidados, da riqueza e dos prazeres da vida, ficam sufocados e não chegam à maturidade. 15O que está em terra boa são os que, tendo ouvido a Palavra com coração nobre e generoso, conservam-na e produzem fruto pela perseverança. Como
Various (Bíblia de Jerusalém: Bíblia Sagrada)
Explicação da parábola do semeador — 11Eis, pois, o que significa essa parábola: A semente é a palavra de Deus. 12Os que estão ao longo do caminho são os que ouvem, mas depois vem o diabo e arrebata-lhes a Palavra do coração, para que não creiam e não sejam salvos. 13Os que estão sobre a pedra são os que, ao ouvirem, acolhem a Palavra com alegria, mas não têm raízes, pois crêem apenas por um momento e na hora da tentação desistem. 14Aquilo que caiu nos espinhos são os que ouviram, mas, caminhando sob o peso dos cuidados, da riqueza e dos prazeres da vida, ficam sufocados e não chegam à maturidade. 15O que está em terra boa são os que, tendo ouvido a Palavra com coração nobre e generoso, conservam-na e produzem fruto pela perseverança. Como receber e transmitir o ensinamento de Jesus — 16Ninguém acende uma lâmpada para a cobrir com um recipiente, nem para colocá-la debaixo da cama; ao contrário, coloca-a num candelabro, para que aqueles que entram vejam a luz. 17Pois nada há de oculto que não se torne manifesto, e nada em segredo que não seja conhecido e venha à luz do dia. 18Cuidai, portanto, do modo como ouvis! Pois ao que tem, será dado; e ao que não tem, mesmo o que pensa ter, lhe será tirado".
Various (Bíblia de Jerusalém: Bíblia Sagrada)
A ovelha perdida — 4"Qual de vós, tendo cem ovelhas e perder uma, não abandona as noventa e nove no deserto e vai em busca daquela que se perdeu, até encontrá-la? 5E achando-a, alegre a coloca sobre os ombros 6e, de volta para casa, convoca os amigos e os vizinhos, dizendo-lhes: 'Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida!' 7Eu vos digo que do mesmo modo haverá mais alegria no céu por um só pecador que se arrependa, do que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento.
Various (Bíblia de Jerusalém: Bíblia Sagrada)
A morte de Jesus — 44Era já mais ou menos a hora sexta quando houve treva sobre a terra inteira até à hora nona, 45tendo desaparecido o sol. O véu do Santuário rasgou-se ao meio, 46e Jesus deu um grande grito: "Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito". Dizendo isso, expirou.
Various (Bíblia de Jerusalém: Bíblia Sagrada)
Deus do céu, como podes tu não ver estas coisas, estes homens e mulheres que tendo inventado um deus se esqueceram de lhe dar olhos, ou o fizeram de propósito, porque nenhum deus é digno do seu criador, e portanto não o deverá ver.
José Saramago (Levantado del suelo)
É impossível não ser racista tendo sido criado numa sociedade racista. É algo que está em nós e contra o que devemos lutar sempre
Djamila Ribeiro (Pequeno Manual Antirracista)
Pois, em verdade, o que é aproximar-se do tirano senão recuar mais de sua liberdade e, por assim dizer, apertar com as duas mãos e abraçar a servidão? Que ponham um pouco de lado sua ambição e que se livrem um pouco de sua avareza, e depois, que olhem-se a si mesmos e se reconheçam; e verão claramente que os aldeões, os camponeses que espezinham o quanto podem e os tratam pior do que a forçados ou escravos — verão que esses, assim maltratados, são no entanto felizes e mais livres elo que eles. O lavrador e o artesão, ainda que subjugados, ficam quites ao fazer o que lhes dizem; mas o tirano vê os outros que lhe são próximos trapaceando e mendigando seu favor; não só é preciso que façam o que diz mas que pensem o que quer e amiúde, para satisfazê-lo, que ainda antecipem seus pensamentos. Para eles não basta obedecê-lo, também é preciso agradá-lo, é preciso que se arrebentem, que se atormentem, que se matem de trabalhar nos negócios dele; e já que se aprazem com o prazer dele, que deixam seu gosto pelo dele, que forçam sua compleição, que despem o seu natural, é preciso que estejam atentos às palavras dele, à voz dele, aos sinais dele, e aos olhos dele; que não tenham olho, pé, mão, que tudo esteja alerta para espiar as vontades dele e descobrir seus pensamentos. Isso é viver feliz? Chama-se a isso, viver? Há no mundo algo menos suportável do que isso, não digo para um homem de coração, não digo para um bem-nascido, mas apenas para um que tenha o senso comum ou nada mais que a face de homem? Que condição é mais miserável que viver assim, nada tendo de seu, recebendo de outrem sua satisfação, sua liberdade, seu corpo e sua vida?
Étienne de La Boétie (The Politics of Obedience: The Discourse of Voluntary Servitude)
Diga ao seu patrão que estão aqui umas pessoas que vêm saber o que é que ele faz, já caíram as primeiras águas, é tempo de semear, e tendo a criada ido saber a resposta ficamos à porta, que a nós não nos mandam entrar e nisto volta a criada de mau modo, oxalá não seja esta a Amélia Mau-Tempo de quem neste relato se falou, e diz, O patrão manda dizer que não têm nada com isso, a terra é dele, e se tornam a aparecer cá manda chamar a guarda, mal acaba de dizer fecha-nos a porta na cara, nem a malteses isto se faria porque de malteses e navalha escondida têm estes medo que se pelam. Não vale a pena perguntar mais, Gilberto não semeia, Norberto não semeia, e se algum de outro nome semeia é por ainda temer que venham aí as tropas a perguntar, Então que é lá isso, mas há outras maneiras de matar estas moscas, fazer de conta, mostrar sorrisos e aparências de boa vontade, ora essa, com certeza, e proceder ao contrário, afiar a intriga, ao dinheiro do banco levanta-se e manda-se para o estrangeiro, não falta aí quem disso se encarregue em troca duma comissão razoável, ou então dispõem-se uns esconderijos no automóvel, a fronteira fecha os olhos, coitados, iam lá perder tempo a rastejar debaixo do carro, não são nenhuns garotos, ou a desmontar os guarda-lamas, são funcionários merecedores, têm de manter a farda limpa, e assim vão cinco mil contos, ou dez ou vinte, ou as joias da família, as pratas e os ouros, o que quiser, não faça cerimónia. Brutos conformados foram aqueles trabalhadores que vendo o olival carregado de azeitona, negra e madurinha, a luzir, como se já o azeite estivesse escorrendo, foram apanhá-la de caso pensado e discutido, como é, como faremos, tiraram a jorna que lhes competia segundo os salários da época e foram entregar o resto ao patrão, Quem é que lhes deu licença, foi pena não passar por lá o guarda, levavam um tiro para aprenderem a não se meter onde não são chamados, Patrão, o olival estava em condições de se apanhar, esperar mais tempo era perder-se tudo, está aí a azeitona que sobejou do nosso salário, mais essa é do que aquela que tirámos para nós, as contas são boas de fazer, Mas eu não dei autorização nem daria se ma pedissem, Tomámo-la nós. Foi um caso, sinal de mudança nos ventos, porém como se havia de salvar o fruto da terra se Adalberto mandou passar com as máquinas por cima da seara, se Angilberto lançou searas ao gado, se Ansberto puxou fogo ao trigo, tanto pão perdido, tanta fome agravada.
José Saramago (Levantado del suelo)
Quem sou eu? Um dos quatro filhos de um tenente-coronel na reserva, que ficou órfão aos sete anos de idade, tendo sido educado por mulheres e por estranhos e que, sem qualquer preparação mundana ou intelectual, se fez ao mundo por volta dos dezassete anos [...]. Sou feio, grosseiro, sujo e mal-educado, quando veio as coisas como o mundo as vê. Sou irascível, chato, intolerante e tímido como uma criança. Sou um labrego com todas as letras. O que sei aprendi-o sozinho, mal, aos solavancos, de modo descosido; e é bem pouco. Sou imoderado, indeciso, inconstante, estupidamente vaidoso e expansivo como todos os fracos. Coragem é coisa que não tenho. A minha preguiça é tal que a ociosidade se tornou para mim uma exigência. Sou boa pessoa, entendendo por isso que gosto do bem, fico de mal comigo quando dele me afasto e é com agrado que volto atrás. Todavia, há em mim uma coisa que pode mais que o bem: a glória. Sou tão ambicioso que, a darem-me a escolher entre a glória e a virtude, receio bem que escolhesse a primeira. Modesto é que não sou, sem sombra de dúvida. Por isso me vêem com este ar de cão batido, por fora, mas se querem saber o que é o orgulho, olhem lá para dentro.
Leo Tolstoy (What Is Art?)
Eu não quero ser um guarda-chuva na vida de ninguém. Não que guarda-chuvas sejam ruins ou inúteis, pelo contrário, eles são importantes nos dias de chuva. Importantes e necessários. Há os que digam também serem úteis nos dias de sol, tendo a concordar. Mas a verdade é que eu não nasci para ser demandado pontualmente. Não quero alguém que me procure apenas nos dias de chuva. Não quero ser encontrado somente nos momentos em que eu sirvo para algo.
Victor Fernandes (Pra você que sente demais)
O general tinha visitado com antecedência os campos de batalha europeus junto com uma missão militar brasileira, estando a par das adversidades que os soldados brasileiros encontrariam pela frente, tendo voltado muito impressionado com o que viu na Europa (“Meu Deus! Esta é uma guerra de ricos!”, comentou ele ao presenciar uma preparação de artilharia).
Cesar Campiani Maximiano (BARBUDOS, SUJOS E FATIGADOS)
Queria escrever sobre um lugar para onde vamos quando queremos escapar das obrigações do dia a dia, um local onde não há ninguém nos criticando ou cobrando algo, um refúgio onde podemos descansar, parar e respirar. Queria escrever sobre um dia em que sua energia não está sendo sugada, mas sim preenchida. Um dia em que você acorda com expectativa e termina satisfeito. Um dia esperançoso, em que passamos horas tendo conversas significativas com aqueles que amamos. E, acima de tudo, um dia em que nos sentimos bem. Eu queria retratar um dia assim e como as pessoas o vivem.
Hwang Bo-Reum (Welcome to the Hyunam-Dong Bookshop)
Hayatımda ilk defa babamı ağlarken görmek, gerçeğin büyük bir darbesiydi. Bu defa yeniden ayaklarımın üzerine kalkacaktım.
Shōko Tendō (Yakuza Moon: The True Story of a Gangster's Daughter (The Manga Edition))
Ficar sentado em meio a tantas coisas desconhecidas tendo um quebra-cabeças desse diante de si é inútil. É assim que nasce a monomania. Encare este mundo. Aprenda como ele funciona, observe-o, tome o cuidado de não tirar conclusões precipitadas.
H.G. Wells
A ordem mantida pela igreja cristã primitiva permitiu que ela avançasse como um exército bem disciplinado. Embora espalhados através de um grande território, os cristãos eram todos um só corpo; todos agiam de acordo e em harmonia. Quando surgiam divergências em uma igreja, eles não permitiam que essas questões criassem divisão, mas as encaminhavam a um conselho geral de delegados designados de várias igrejas, tendo os apóstolos e anciãos em posições de responsabilidade e liderança. Dessa maneira, eles frustravam os planos do inimigo de separá-los e destruí-los.
Ellen Gould White (Os Embaixadores (Conflito Livro 4))
Era definitivamente melhor ter amado, mesmo nada tendo dado certo, do que nunca ter sentido nada assim tão intenso e maravilhoso.
Julia Braga (Eu, cupido)
2016 - PREPARANDO A NOIVA PARA O SEU ARREBATAMENTO “...Cristo amou a Sua Igreja e sacrificou-se por ela, a fim de santificá-la, tendo-a purificado com o lavar da água por meio da Palavra, e para apresentá-la a si mesmo como Igreja gloriosa, sem mancha, nem ruga ou qualquer imperfeição, mas santa e inculpável.”(Efésios 5:25b-27)
Valnice Milhomens (Personalidades Restauradas (Portuguese Edition))
Mas não se engane, minha amiga. Eu ainda tenho muito que aprender. Consegui algum progresso graças à disciplina que me foi imposta. Agora preciso planejar minha próxima experiência, onde deverei crescer, me aprimorar sem essa imposição, pela minha livre escolha. ​– Acho isso muito difícil. ​– É por que você ainda não sabe do que é capaz, não se conhece. ​– Venho estudando o Espiritismo, e tem sido uma fonte abundante de inspiração e esperança. Mas ainda acho muitos conceitos difíceis de digerir, de introjetar. Receio que mesmo tendo acesso a esses conhecimentos, não conseguirei dar conta de fazer o que é ensinado. A prática parece difícil. ​– Não fique repetindo isso para você mesma. Precisa vencer seus medos, vencer sua insegurança.
Sandra Carneiro (Todas as flores que eu ganhei (Portuguese Edition))
No cerne da condição humana, poderíamos dizer, há um pecado epistemológico – a recusa em reconhecer o que pode ser conhecido a respeito de Deus e, então, em responder ou reagir de forma adequada: “Tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças” (Rm 1.21). Eles se envolveram em cegueira deliberada.
Nancy R. Pearcey (A Busca da Verdade)
Enxugando as próprias lágrimas tentou cantar o que ouvira. Mas a sua voz era crua e tão desafinada como ela mesma era. Quando ouviu começara a chorar. Era a primeira vez que chorava, não sabia que tinha tanta água nos olhos. Chorava, assoava o nariz sem saber mais por que chorava. Não chorava por causa da vida que levava: porque, não tendo conhecido outros modos de viver, aceitara que com ela era "assim". Mas também creio que chorava porque, através da música, adivinhava talvez que havia outros modos de sentir, havia existências mais delicadas e até com um certo luxo de alma.
Clarice Lispector (The Hour of the Star)
é que você realmente quer? Ele respondeu: “Quero que meu filho acorde feliz, seco e orgulhoso de si, não envergonhado.” Acrescentamos: Ótimo. Tendo esse tipo de pensamento, o que está vindo de você estará em harmonia com o que quer, não em desarmonia. E você também estará influenciando seu filho de forma mais positiva e poderosa. Assim, você dirá coisas como “Ah, isso faz parte do crescimento. Todos nós passamos por essa fase. Você está crescendo e logo vai resolver isso. Agora saia da cama e entre no banho”. O jovem pai nos telefonou poucas semanas depois dizendo que o filho não molhava mais a cama. Como vê, é simples. Quando você se sente mal, está no processo de atrair algo que o desagrada, porque está concentrado na falta daquilo que deseja. O processo de Colocar nos Eixos é a decisão consciente de identificar o que você deseja. A emoção negativa é útil, porque pode alertar para o fato de você estar atraindo o negativo. É como uma sirene. É parte do
Esther Hicks (Peça e será atendido: Aprendendo a manifestar seus desejos)
Significa alguma coisa para um humano ter saído de outro corpo humano? Ou posso ser humano tendo brotado de um saco de gosma, de um amontoado de ovas, de um aglomerado de ovos na margem de um lago, ou no meio de cereais ou ervas daninhas? Vivo no centro do mundo e tenho alguma relevância? Ou sou apenas mais um daqueles ovos moles amontoados uns sobre os outros?
Olga Ravn (The Employees)
Atualmente Glória Costa dedica-se à pintura, ao artesanato e à escrita. Quanto à escrita, em 2009 participou na coletânea de textos poéticos intitulada “ A traição da Psiquê ”e em 2011 editou o seu primeiro livro de poesia “A essência do amor”, tendo atingido a segunda edição no final desse mesmo ano. Inserido no mesmo género literário, publicou no início de 2012, o seu segundo livro “Raio de luz”. No final de 2012 participou na coletânea “Lugares e Palavras” de Contos e Poemas de Natal com o Conto “O Menino Carlos”. Em 2013 participou nas coletâneas de prosa e poesia “A arte pela escrita seis”. Lugares e Palavras de Natal 2013 com o conto “Os filhos do coração “, na Antologia Audácia dos sentidos, em 2014 nas coletâneas Lugares e Palavras do Porto, na Coletânea " A Arte Pela Escrita Sete" e na Coletânea “Lugares e Palavras de Natal.
Glória Costa
(...) Porque se antes eu também queria enormemente estar no Brasil de um modo geral, agora fiquei indiferente quanto ao lugar onde viver - foi esse o resultado do isolamento na Suiça. Aprendi a não querer ninguém. Não era exatamente isso o que eu estava precisando para o meu carácter, bem ao contrário. Mas no começo eu sofria muito por não ter com quem falar. E agora, mesmo tendo com quem falar e conhecendo mais gente - não sinto falta e até as pessoas interessantes me chateiam. Para mim basta ir ao cinema.
Clarice Lispector (Minhas Queridas (Portuguese Edition))
And then Shin started to make gentle love to me. Every touch drove me wild and I began to moan and beg him to do it harder. Suddenly he stopped and looked at me. "Shoko! You're high right now, aren't you?" "What?" "I can tell when you are. Your reactions aren't the same at all." His words made me feel dirty. The innocent version of me, the girl who had walked happily hand in hand with Shin, no longer existed.
Shōko Tendō (Yakuza Moon: Memoirs of a Gangster's Daughter)