“
The Portuguese call it saudade: a longing for something so indefinite as to be indefinable. Love affairs, miseries of life, the way things were, people already dead, those who left and the ocean that tossed them on the shores of a different land — all things born of the soul that can only be felt.
”
”
Anthony De Sa (Barnacle Love)
“
Mas a saudade é isto mesmo; é o passar e repassar das memórias antigas
”
”
Machado de Assis (Dom Casmurro)
“
O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesmo compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que se não sente bem onde está, que tem saudades... sei lá de quê!
”
”
Florbela Espanca
“
Saudade é amar um passado que ainda não passou. É recusar o presente que nos machuca. É não ver o futuro que nos convida...
”
”
Pablo Neruda
“
A saudade é uma tatuagem na alma: só nos livramos dela perdendo um pedaço de nós.
”
”
Mia Couto (O Outro Pé da Sereia)
“
Saudade de um tempo?
Tenho saudade é de não haver tempo.
”
”
Mia Couto (O Último Voo do Flamingo)
“
Saudade": a yearning for one's childhood, when the days would merge into one another and the passing of time was of no consequence. It is the sense of being loved in a way that will never come again. It is a unique experience of abandon. It is everything that words cannot capture.
”
”
Nina George (The Little Paris Bookshop)
“
O perfume da saudade é como o de certas flores, que só se percebe quando de longe o recebemos. Se, iludidos, as tentamos aspirar de perto, dissipa-se.
”
”
Júlio Dinis (A Morgadinha dos Canaviais)
“
Na terra há tristeza dentro das coisas bonitas. 'Isso é por causa da saudade', disse o rapaz. 'Mas o que é saudade?', perguntou a Menina do Mar. 'A saudade é a tristeza que fica em nós quando as coisas de que gostamos se vão embora'.
”
”
Sophia de Mello Breyner Andresen
“
Não sinto saudades do seu amor, ele nunca existiu, nem sei que cara ele teria, nem sei que cheiro ele teria. Não existiu morte para o que nunca nasceu.
”
”
Florbela Espanca
“
I can't pretend like it never happened" I told her.
"You shouldn't - you should never forget. But part of surviving is being able to move on. There's is this word: "nothing like it exists in the English language. It's Portuguese. SAUDADE. Do you know that one?"
"It's more ... there's no perfect definition. Its more of an expression of feeling-of terrible sadness. Its the felling you get when you realize something you once lost is lost forever, and you can never get it back again." It's true that you can't reclaim what you had, but you can lock it up behind you. Start fresh.
”
”
Alexandra Bracken (The Darkest Minds (The Darkest Minds, #1))
“
There's a word in Portuguese that my dad wrote about in one of his books: saudade.
It's the sadness you feel for something that isn't gone yet, but will be. The sadness of lost causes. The sadness of being alive.
”
”
Tommy Wallach (Thanks for the Trouble)
“
Às vezes me lembro dele. Sem rancor, sem saudade, sem tristeza. Sem nenhum sentimento especial a não ser a certeza de que, afinal, o tempo passou. Nunca mais o vi, depois que foi embora. Nunca nos escrevemos. Não havia mesmo o que dizer. Ou havia? Ah, como não sei responder as minhas próprias perguntas! É possível que, no fundo, sempre restem algumas coisas para serem ditas. É possível também que o afastamento total só aconteça quando não mais restam essas coisas e a gente continua a buscar, a investigar — e principalmente a fingir. Fingir que encontra. Acho que, se tornasse a vê-lo, custaria a reconhecê-lo.
”
”
Caio Fernando Abreu
“
A wave of saudade swept over me as I realized home never existed at all. The concept of home felt far from my reach, and I felt sick with longing.
”
”
M.B. Dallocchio (The Desert Warrior)
“
Eles se disseram, assim eles dois, coisas grandes em palavras pequenas, ti a mim, me a ti, e tanto. Contudo, e felizes, alguma outra coisa se agitava neles, confusa - assim rosa-amor-espinhos-saudade.
”
”
João Guimarães Rosa (Primeiras Estórias)
“
A saudade não é tristeza, é comoção.
A saudade é o que fica do amor quando perdemos todo o seu lado físico, deixámos de estar, deixámos de tocar, há uma barreira inultrapassável de espaço ou de tempo, mas o amor continua, permanece. A saudade é esse tipo de amor.
A saudade é o amor.
”
”
José Luís Peixoto
“
Nas despedidas acontece isso: a ternura toca a alegria, a alegria traz uma saudade quase triste, a saudade semeia a lágrimas, e nós, as crianças, não sabemos arrumar essas coisas dentro do nosso coração.
”
”
Ondjaki (Os da Minha Rua)
“
A saudade não está na distância das coisas, mas numa súbita fratura de nós, num quebrar de alma em que todas as coisas se afundam.
”
”
Vergílio Ferreira
“
oh, a medonha coragem dos que vão arrancando de si, dia a dia, a doçura da saudade do que passou, o encanto novo da esperança do que há-de vir, e que serenamente, desdenhosamente, sem saudades nem esperanças, partem um dia sem saber para onde, aventureiros da morte, emigrantes sem eira nem beira, audaciosos esquadrinhadores de abismos mais negros e mais misteriosos que todos os abismos escancarados do mundo
”
”
Florbela Espanca (As Máscaras do Destino)
“
Imagem vivaz do gênio e do louco: um fita o presente, com todas as suas lágrimas e saudades, outro devassa o futuro com todas as suas auroras.
”
”
Machado de Assis (O Alienista)
“
a saudade é isto mesmo; é o passar e repassar das memórias antigas.
”
”
Machado de Assis (Dom Casmurro)
“
Ouço-te ciciar amo-te pela primeira vez, e na ténue luminosidade que se recolhe ao horizonte acaba o corpo. Recolho o mel, guardo a alegria, e digo-te baixinho: Apaga as estrelas, vem dormir comigo no esplendor da noite do mundo que nos foge.
”
”
Al Berto (O Último Coração do Sonho)
“
Por que não escreveste nunca? Não é de te ler que mais tenho saudade. É o som da faca rasgando o envelope que trazia a tua carta. E sentir, de novo, uma caricia na alma, como se algures estivessem golpeando um cordão umbilical
”
”
Mia Couto (Jesusalém)
“
A lembrança dos teus beijos
Inda na minh’alma existe,
Como um perfume perdido,
Nas folhas dum livro triste.
Perfume tão esquisito
E de tal suavidade,
Que mesmo desaparecido
Revive numa saudade!
”
”
Florbela Espanca (Poesia Completa)
“
De Que São Feitos os Dias?
De que são feitos os dias?
- De pequenos desejos,
vagarosas saudades,
silenciosas lembranças.
Entre mágoas sombrias,
momentâneos lampejos:
vagas felicidades,
inactuais esperanças.
De loucuras, de crimes,
de pecados, de glórias
- do medo que encadeia
todas essas mudanças.
Dentro deles vivemos,
dentro deles choramos,
em duros desenlaces
e em sinistras alianças...
”
”
Cecília Meireles
“
Portugal. That's where I'd heard the word saudade before. It wasn't really translatable. A kind of longing, a nostalgia, a sense of incompleteness, not just romantic but existential, rooted in the very fabric of our people. (...) Portuguese was the language of melancholic dreamers, of lonely poets.
”
”
Laura/L.K. Steven (Our Infinite Fates)
“
There’s this word,” she continued, turning to study her fingers gripping the wheel. “Nothing like it exists in the English language. It’s Portuguese. Saudade. Do you know that one?” I shook my head. I didn’t know half of the words in my own language. “It’s more…there’s no perfect definition. It’s more of an expression of feeling—of terrible sadness. It’s the feeling you get when you realize something you once lost is lost forever, and you can never get it back again.
”
”
Alexandra Bracken (The Darkest Minds (The Darkest Minds, #1))
“
I feel anger and frustration when I think that one in ten Americans beyond the age of high school is on some kind of antidepressant, such as Prozac. Indeed, when you go through mood swings, you now have to justify why you are not on some medication. There may be a few good reasons to be on medication, in severely pathological cases, but my mood, my sadness, my bouts of anxiety, are a second source of intelligence--perhaps even the first source. I get mellow and lose physical energy when it rains, become more meditative, and tend to write more and more slowly then, with the raindrops hitting the window, what Verlaine called autumnal "sobs" (sanglots). Some days I enter poetic melancholic states, what the Portuguese call saudade or the Turks huzun (from the Arabic word for sadness). Other days I am more aggressive, have more energy--and will write less, walk more, do other things, argue with researchers, answer emails, draw graphs on blackboards. Should I be turned into a vegetable or a happy imbecile?
”
”
Nassim Nicholas Taleb (Antifragile: Things That Gain from Disorder)
“
There is a Portuguese word, saudade, that they say has no translation. It’s bigger than homesickness or missing someone. It’s a yearning that can be expressed in no other language. It is, as one Azorean friend puts it, “a strictly Portuguese word.
”
”
Diana Marcum (The Tenth Island: Finding Joy, Beauty, and Unexpected Love in the Azores)
“
Na vida, concluiria um dia, todos têm direito a um grande amor. Uns achá-lo-iam num cruzamento perdido e com ele seguiriam até ao fim do caminho, teimosos e abnegados, até que a morte desfizesse o que a vida fizera. Outros estavam destinados a desconhecê-lo, a procurarem sem o descobrirem, a cruzarem-se numa esquina sem jamais se olharem, a ignorarem a sua perda até desaparecerem na neblina que pairava sobre o soliário trilho para onde a vida os conduzira. E havia aqueles fadados para a tragédia, os amores que se encontravam e cedo percebiam que o encontro era afinal efémero, furtivo, um mero sopro na corrente do tempo, um cruel interlúdio antes da dolorosa separação, um beijo de despedida no caminho da solidão, a alma abalada pela sombria angústia de saberem que havia um outro percurso, uma outra existência, uma passagem alternativa que lhes fora para sempre vedada. Esses eram os infelizes, os dilacerados pela revolta até serem abatidos pela resignação, os que percorrem a estrada da vida vergados pela saudade do que podia ter sido, do futuro que não existiu, do trilho que nunca percorreriam a dois. Eram esses os que estavam indelevelmente marcados pela amarga e profunda nostalgia de um amor por viver.
”
”
José Rodrigues dos Santos (A Filha do Capitão)
“
Nós é que éramos os mesmos; ali ficamos, somando as nossas ilusões, os nossos temores, começamos já a somar as nossas saudades.
”
”
Machado de Assis (Dom Casmurro)
“
- Dantes, eras uma visão. Sentia uma luz acender-se na pele e eras tu. Hoje, preparo e bebo venenos para que o brilho daquilo que já não és venha ao de cima, se solte do sangue e estremeça, cintile, e não se apague.
”
”
Al Berto (O Anjo Mudo)
“
Não deve custar a morte a quem tiver o coração tranquilo. O pior é a saudade, saudade daquelas esperanças que tu achavas no meu coração.
”
”
Camilo Castelo Branco (Amor de Perdição)
“
Mas lembrar-se com saudade é como se despedir de novo.
”
”
Clarice Lispector (The Stream of Life)
“
There was a word for this feeling; a Portuguese word he’d once learned from Lucia: saudade. A vague longing for something that cannot exist again, or perhaps never existed.
”
”
Mira T. Lee (Everything Here Is Beautiful)
“
saudade – a yearning for a happiness that has passed, or perhaps never existed.
”
”
Joanna Glen (All My Mothers)
“
Vivemos conjugando o tempo passado (saudade, para os românticos) e o tempo futuro (esperança para os idealistas). Uma gangorra, como vês, cheia de altos e baixos - uma gangorra emocional. Isto acaba fundindo a cuca de poetas e sábios e maluquecendo de vez o Homo sapiens. Mais felizes os animais, que, na sua gramática imediata, apenas lhes sobra um tempo: o presente do indicativo. E que nem dá tempo para suspiros...
”
”
Mario Quintana
“
Se recordo quem fui, outrem me vejo,
E o passado é o presente na lembrança.
Quem fui é alguém que amo
Porém somente em sonho.
E a saudade que me aflige a mente
Não é de mim nem do passado visto,
Senão de quem habito
Por trás dos olhos cegos.
Nada, senão o instante, me conhece.
Minha mesma lembrança é nada, e sinto
Que quem sou e quem fui
São sonhos diferentes.
”
”
Ricardo Reis
“
- (...) As coisas da terra são esquisitas. São diferentes das coisas do mar. No mar há monstros e perigos, mas as coisas bonitas são alegres. Na terra há tristeza dentro das coisas bonitas.
- Isso é por causa da saudade - disse o rapaz.
- Mas o que é a saudade? - perguntou a Menina do Mar.
- A saudade é a tristeza que fica em nós quando as coisas de que gostamos se vão embora.
”
”
Sophia de Mello Breyner Andresen (A Menina do Mar)
“
They say saudade is unique to Portuguese, impossible to define in English. Nostalgia gets pretty close, but saudade is more complicated. It's the remnant of gratitude and bliss that something happened, but the simultaneous devastation that it has gone and will never happen again. It marries the feelings of happy wistfulness and poignant melancholy, anticipation, and hopelessness. it's universally understood by a cross-ocean culture with a constant feeling of absence, a yearning for the return of something now gone.
”
”
Mari Andrew (Am I There Yet? The Loop-de-Loop, Zigzagging Journey to Adulthood)
“
The Greek word for "return" is nostos. Algos means "suffering." So nostalgia is the suffering caused by an unappeased yearning to return. To express that fundamental notion most Europeans can utilize a word derived from the Greek (nostalgia, nostalgie) as well as other words with roots in their national languages: añoranza, say the Spaniards; saudade, say the Portuguese. In each language these words have a different semantic nuance. Often they mean only the sadness caused by the impossibility of returning to one's country: a longing for country, for home. What in English is called "homesickness." Or in German: Heimweh. In Dutch: heimwee. But this reduces that great notion to just its spatial element. One of the oldest European languages, Icelandic (like English) makes a distinction between two terms: söknuour: nostalgia in its general sense; and heimprá: longing for the homeland. Czechs have the Greek-derived nostalgie as well as their own noun, stesk, and their own verb; the most moving, Czech expression of love: styska se mi po tobe ("I yearn for you," "I'm nostalgic for you"; "I cannot bear the pain of your absence"). In Spanish añoranza comes from the verb añorar (to feel nostalgia), which comes from the Catalan enyorar, itself derived from the Latin word ignorare (to be unaware of, not know, not experience; to lack or miss), In that etymological light nostalgia seems something like the pain of ignorance, of not knowing. You are far away, and I don't know what has become of you. My country is far away, and I don't know what is happening there. Certain languages have problems with nostalgia: the French can only express it by the noun from the Greek root, and have no verb for it; they can say Je m'ennuie de toi (I miss you), but the word s'ennuyer is weak, cold -- anyhow too light for so grave a feeling. The Germans rarely use the Greek-derived term Nostalgie, and tend to say Sehnsucht in speaking of the desire for an absent thing. But Sehnsucht can refer both to something that has existed and to something that has never existed (a new adventure), and therefore it does not necessarily imply the nostos idea; to include in Sehnsucht the obsession with returning would require adding a complementary phrase: Sehnsucht nach der Vergangenheit, nach der verlorenen Kindheit, nach der ersten Liebe (longing for the past, for lost childhood, for a first love).
”
”
Milan Kundera (Ignorance)
“
Again, I've missed you by a minute
”
”
Zdravko Čurdinjaković
“
Em mim habita uma saudade do que não acontecerá.
”
”
Filipe Russo (Caro Jovem Adulto)
“
The Portuguese have a word with no equivalent in English, saudade, which indicates a longing, tinged with nostalgia, madness, and sickness over something you have lost.
”
”
Caitlin Doughty
“
Saudades, só portugueses
Conseguem senti-las bem.
Porque têm essa palavra
Para dizer que as têm.
”
”
Fernando Pessoa (Poems of Fernando Pessoa)
“
Vocês compreendem, um morto é um temível rival, um competidor seriíssimo que tem por si as mil vantagens que a ausência e a saudade lhe emprestam.
”
”
Florbela Espanca (As Máscaras do Destino)
“
Consolo a minha saudade com fotografias tuas. Mas sei que há muito se apagaram os sorrisos do teu rosto. Envelhecemos separados, tenho pena, agora já é tarde, estou cansado demais para as alegrias de um reencontro. Não acredito na reconciliação ainda menos no sorriso que fizeste para as fotografias...
”
”
Al Berto (Diários)
“
A maior parte de nós, os mortais, nunca chega a conhecer o seu verdadeiro destino. Somos apenas atropelados por ele. Quando erguemos a cabeça e o vemos afastar - se pela estrada já é tarde, e o resto do caminho temos de fazê -lo pela valeta daquilo a que os sonhadores chamam a maturidade. A esperança não é mais do que a fé em que esse momento não tenha ainda chegado, que consigamos ver o nosso verdadeiro destino quando se aproximar de nós e saltar para o bordo antes que a oportunidade de sermos nós mesmos se desvaneça para sempre e nos condene a viver de vazio, com saudades do que deveria ter sido e nunca foi.
”
”
Carlos Ruiz Zafón (El laberinto de los espíritus (El cementerio de los libros olvidados, #4))
“
En griego, «regreso» se dice nostos. Algos significa “sufrimiento”. La nostalgia es, pues, el sufrimiento causado por el deseo incumplido de regresar. La mayoría de los europeos puede emplear para esta noción fundamental una palabra de origen griego (nostalgia) y, además, otras palabras con raíces en la lengua nacional: en español decimos “añoranza”; en portugués, saudade. En cada lengua estas palabras poseen un matiz semántico distinto. Con frecuencia tan sólo significan la tristeza causada por la imposibilidad de regresar a la propia tierra. Morriña del terruño. Morriña del hogar. En inglés sería homesickness, o en alemán Heimweh, o en holandés heimwee. Pero es una reducción espacial de esa gran noción. El islandés, una de las lenguas europeas más antiguas, distingue claramente dos términos: söknudur: nostalgia en su sentido general; y heimfra: morriña del terruño. Los checos, al lado de la palabra “nostalgia” tomada del griego, tienen para la misma noción su propio sustantivo: stesk, y su propio verbo; una de las frases de amor checas más conmovedoras es styska se mi po tobe: “te añoro; ya no puedo soportar el dolor de tu ausencia”. En español, “añoranza” proviene del verbo “añorar”, que proviene a su vez del catalán enyorar, derivado del verbo latino ignorare (ignorar, no saber de algo). A la luz de esta etimología, la nostalgia se nos revela como el dolor de la ignorancia. Estás lejos, y no sé qué es de ti. Mi país queda lejos, y no sé qué ocurre en él. Algunas lenguas tienen alguna dificultad con la añoranza: los franceses sólo pueden expresarla mediante la palabra de origen griego (nostalgie) y no tienen verbo; pueden decir: je m?ennuie de toi (equivalente a «te echo de menos» o “en falta”), pero esta expresión es endeble, fría, en todo caso demasiado leve para un sentimiento tan grave. Los alemanes emplean pocas veces la palabra “nostalgia” en su forma griega y prefieren decir Sehnsucht: deseo de lo que está ausente; pero Sehnsucht puede aludir tanto a lo que fue como a lo que nunca ha sido (una nueva aventura), por lo que no implica necesariamente la idea de un nostos; para incluir en la Sehnsucht la obsesión del regreso, habría que añadir un complemento: Senhsucht nach der Vergangenheit, nach der verlorenen Kindheit, o nach der ersten Liebe (deseo del pasado, de la infancia perdida o del primer amor).
”
”
Milan Kundera (Ignorance)
“
O amor, porém, é contagioso, com especialidade na solidão, onde a alma tem necessidade de uma companheira, e quando de todo não a encontra, divide-se ela própria para ser duas: uma, esperança; outra, saudade
”
”
José de Alencar (TIL)
“
Quanto mais longe, mais perto me sinto de ti, como se os teus
passos estivessem aqui ao pé de mim e eu pudesse seguir-te e
falar-te e dizer-te quanto te amo e como te procuro, no meio de
uma destas ruas em que te vejo, zangado de saudade, no céu claro,
no dia frio. Devolve-me a minha vida e o meu tempo. Diz qualquer
coisa a este coração palerma que não sabe nada de nada, que julga
que andas aqui perto e chama sem parar por ti
”
”
Miguel Esteves Cardoso (O Amor é Fodido)
“
That strange sense of being different stays with you. You long to be with people who are more like you. Similarities are what bonds humans than differences, Beevitha.
”
”
Husna Mohammad (Saudade)
“
O ciúme é cego. E, por ser cego, quer ver mais do que aquilo que vê.
”
”
Daniel Oliveira (A Fórmula da Saudade)
“
i smile. things taken for granted have a way of catching you offguard when you least expect it, and then you're taken by what the portuguese calls saudade, a sense of longing for something, someone not there anymore.
”
”
Yeow Kai Chai (lost bodies: poems between portugal and home)
“
Mãe, que é que é o mar, Mãe?" - Mar era longe, muito longe dali, espécie duma lagôa enorme, um mundo d'água sem fim, Mãe mesma nunca tinha avistado o mar, suspirava. - "Pois, Mãe, então mar é o que a gente tem saudade?
”
”
João Guimarães Rosa
“
Como é que se matam saudades não é coisa que se explique de um modo claro. Ele não há ferro nem fogo, corda nem veneno, e todavia as saudades expiram, para a ressurreição, alguma vez antes do terceiro dia. Há quem creia que, ainda mortas, são doces, mais que doces. Esse ponto, no nosso caso, não pode ser ventilado, nem eu quero desenvolvê-lo, como aliás cumpria.
”
”
Machado de Assis
“
A pena que tenho sempre que me vou embora não está no momento da partida, mas em todas as mudanças que sou obrigada a fazer, quando retiro outra vez o meu pente e a escova de dentes da prateleira do lavatório. Aqueles espaços vazios significam mais do que saudade, dão-me a impressão de que alguma coisa acabou, e que eu tenho culpa de que isso acontecesse". Isto não era um diário, mas simplesmente uma carta para sua mãe. E acrescentaria, anos depois: "Mudar de hábitos e de lugar, que é senão uma fútil maneira de encarar a morte?
”
”
Agustina Bessa-Luís (A Sibila)
“
Anyway, she sings like a mad tropical bird, and it's just a fondue of molten wanting and grieving and the sadness of the large naked swinging breasts and soft olive skin and everything that you wish you could remember and feel and know.
”
”
Nicholson Baker (Traveling Sprinkler (The Paul Chowder Chronicles #2))
“
Nostalgia não é saudade.
sim, são sinonimas, mas "sinônimo" é o mismo que "semelhante" e não "idêntico"
"Idêntico" é cem por cento "igual", enquanto que em "semelhante há pelo menos um percentual minimo de "diferente", de cualquier maneira saudade não e nostalgia.
Nostalgia é a nausea que se encontra numa paisagem. num cheiro. numa música, num vento que nos carrega para tão proximo de reviver una história, porem se esvai num relance.
Saudade é a falta que se sente do que já se foi, saudade se afina, saudade não e provocada no lance de uma sensação. Saudade e a própia sensação constante, um sentimiento abstrato quase sólido a beira do palpável.
”
”
Juliano Ramos de Oliveira
“
Mas não era uma tristeza, era exatamente uma saudade de ter sofrido o que sofrera, o necessário para lhe ensinar a usufruir mais tarde, agora, a felicidade. Achava ele que se devia nutrir carinho por um sofrimento sobre o qual se soube construir a felicidade.
”
”
Valter Hugo Mãe (O Filho de Mil Homens)
“
Depois que Nate entrou em minha vida, eu só me pergunto pelo que não tem resposta. Quanto de tempo pode caber numa despedida? E quanto de saudade?
”
”
Lu Piras
“
As minhas grandes saudades
São do que nunca enlacei.
Ai, como eu tenho saudades
Dos sonhos que não sonhei!
”
”
Mário de Sá-Carneiro
“
Não tem juízo que interrompa quem adoece de saudade.
”
”
Carla Madeira (Tudo é Rio)
“
Sofria a insuportável saudade de ter um pai que nunca teve.
”
”
Carla Madeira (Tudo é Rio)
“
A pior parte de alguém morrer é as saudades e o sentimento de perda que deixa nos outros
”
”
Maria Capitão
“
acho que o sentir da gente volteia, mas em certos modos, rodando em si mas por regras. O prazer muito vira medo, o medo vai vira ódio, o ódio vira esses desesperos? — desespero é bom que vire a maior tristeza, constante então para o um amor — quanta saudade... —; aí, outra esperança já vem...
”
”
João Guimarães Rosa (Grande Sertão: Veredas)
“
Yo entendía a Diego. Desde que llegamos a España estábamos como amputados, pero sin diagnóstico. Como que nos faltaba algo, pero todos lo negaban. ¿Faltarnos algo? ¡Al contrario! ¡Si lo habíamos conseguido todo: casa, papeles, mamá! ¿Qué nos podían amputar? Pues México, pen-
saba yo. Nos amputan México. Pero México no como país, sino como lo que dicen que es saudade. Te da saudade, te enfermas, te mueres un poco.
”
”
Brenda Navarro (Ceniza en la boca)
“
The gap that was created during those transatlantic voyages hundreds of years ago.
That gap is the matrix of Saudade – The Longing, I think, that all Africans in the West have, that is at the root of the blues and jazz and soul and rap. If you listen you can hear it, elusive, fleeting, full of melancholy anger.
”
”
Bonnie Greer (A Parallel Life)
“
there's a word in Portuguese that my dad wrote about in one of his books: saudade. It's the sadness you feel for something that isn't gone yet, but will be. The sadness of lost causes. The sadness of being alive.
”
”
Tommy Wallach (Thanks for the Trouble)
“
La saudade no es homesickness ni es heimweh. El kaihomielisyss finlandés, aunque recuerde a home y a miel, expresa solo su dimensión más invernal. El sökundur islandés es seco, el tesknota polaco apenas la toca; al lack inglés le falta algo, el steak checo se encoje; y en el ihaldus estonio la “h” es helada. La morriña rueda hacia ella como una piedra de trayectoria asintótica. Los brazos largos del longing no la alcanzan. En Sehnsucht se demora demasiado una “e”. La saudade no es nostalgia y no es melancolía: quizá la saudade tampoco sea saudade.
”
”
Valeria Luiselli (Papeles falsos)
“
(...) o artista, quando olhava para a sua infância, sofria uma saudade tão grande, um enternecimento tão comovido... Só nessa época ele fora feliz - tivera tudo. E porquê? Percebera-o nitidamente nesse instante (...): É que, na infância, não possuímos ainda o sentido da impossibilidade; tanto podemos cavalgar um leão como uma abelha...
”
”
Mário de Sá-Carneiro (Céu Em Fogo)
“
There's is this word. Nothing like it exists in the English language. It's Portuguese. Saudade. Do you know that one? It's more ... there's no perfect definition. It's more of an expression of feeling-of terrible sadness. It's the feeling you get when you realize something you once lost is lost forever, and you can never get it back again.
”
”
Alexandra Bracken (The Darkest Minds (The Darkest Minds, #1))
“
O futuro acaba sempre por chegar. Mesmo quando chega tarde.
”
”
Daniel Oliveira (A Fórmula da Saudade)
“
SAUDADE
SAUDADE...-Que será...yo no sé...lo he buscado
en unos diccionarios empolvados y antiguos
y en otros libros que no han dado el significado
de esta dulce palabra de perfiles ambiguos.
Dicen que azules son las montañas como ella,
que en ella se obscurecen los amores lejanos,
y un nobre y buen amigo mío(y de las estrellas)
la nombra en un temblor de trenzas y de manos.
Y hoy en Eça de Queiroz sin mirar la adivino,
su secreto se evade, su dulzura me obsede
como una mariposa de cuerpo extraño y fino
siempre lejos - tan lejos! - de mis tranquilas redes.
Saudade...Oiga, vencido, sabe el significado
de esta palabra blanca que como un pez se evade?
No...Y me tiembla en la boca su temblor delicado...
Saudade...
”
”
Pablo Neruda (Crepusculario)
“
e uns tinham apenas gasto horas, outros a eternidade; e apagava-se o rasto convulso de uma consciência cujo segredo perdêramos havia muito sem disso darmos conta; e tudo era indiferença, talvez recordação da ausência, talvez; de uma maneira ou de outra todos temos cicatrizes: há umas que se não vêem.
”
”
Armando Baptista-Bastos (Um Homem Parado No Inverno)
“
O coração é a víscera, ferida de paralisia, a primeira que falece sufocada pelas rebeliões da alma que se identifica à natureza, e a quer, e se devora na ânsia dela, e se estorce nas agonias da amputação, para as quais a saudade da ventura extinta é um cautério em brasa; e o amor, que leva ao abismo pelo caminho da sonhada felicidade, não é sequer um refrigério.
”
”
Camilo Castelo Branco (Amor de Perdição)
“
It was like taking a hammer to the home I had built in the Arabic language word by word, over many years in Sudan and Saudi Arabia. My increasing strength in English correlated negatively with my Arabic. The more I felt at home in English, the less Arabic felt like one. So much so that learning a new language was to acquire a new wound. Multilingualism meant multi-wounding.
”
”
Sulaiman Addonia
“
.., um dia essa saudade vai ser benigna. a lembrança da sua esposa vai trazer-lhe um sorriso aos lábios porque é isso que a saudade faz, constrói uma memória que nos orgulhamos de guardar, como um troféu de vida.
(....)
esse era o segredo que só o tempo guardava. só o tempo revelaria tal milagre. o tempo, a sensibilidade de quem via o tempo diante dos olhos a acabar-se a cada dia.
”
”
Valter Hugo Mãe (A máquina de fazer espanhóis)
“
Es algo que suele suceder con los muertos: lamentar no haberles dicho a tiempo cuánto los amabas, lo necesarios que te eran. Cuando alguien imprescindible se va de tu lado, vuelves los ojos a tu interior y no encuentras más que banalidad, porque los vivos, comparados con los muertos, resultamos insoportablemente banales.
”
”
Miguel Delibes (Mujer de rojo sobre fondo gris)
“
Olá, guardador de rebanhos,
Aí à beira da estrada,
Que te diz o vento que passa?'
'Que é vento, e que passa,
E que já passou antes,
E que passará depois.
E a ti o que te diz?'
'Muita coisa mais do que isso,
Fala-me de muitas outras coisas.
De memórias e de saudades
E de coisas que nunca foram.'
'Nunca ouviste passar o vento.
O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentira,
E a mentira está em ti.
”
”
Alberto Caeiro (Poemas Completos de Alberto Caeiro)
“
(...)sentou-se para descansar e em breve fazia de conta que ela era uma mulher azul porque o crepúsculo mais tarde talvez fosse azul, faz de conta que fiava com fios de ouro as sensações. faz de conta que a infância era hoje e prateada de brinquedos, faz de conta que uma veia não se abrira e faz de conta que dela não estava em silêncio alvíssimo escorrendo sangue escarlate, e que ela não estivesse pálida de morte mas isso fazia de conta que estava mesmo de verdade, precisava no meio do faz de conta falar a verdade de pedra opaca para que contrastasse com o faz de conta verde-cintilante, faz de conta que amava e era amada, faz de conta que não precisava morrer de saudade, faz de conta que estava deitada na palma transparente de Deus, não Lóri mas o seu nome secreto que ela por enquanto ainda não podia usufruir, faz de conta que vivia e não que estivesse morrendo pois viver afinal não passava de se aproximar cada vez mais da morte, faz de conta que ela não ficava de braços caídos de perplexidade quando os fios de ouro que fiava se embaraçavam e ela não sabia desfazer o fino fio frio, faz de conta que ela era sábia bastante para desfazer os nós de corda de marinheiro que lhe atavam os pulsos, faz de conta que tinha um cesto de pérolas só para olhar a cor da lua pois ela era lunar, faz de conta que ela fechasse os olhos e seres amados surgissem quando abrisse os olhos úmidos de gratidão, faz de conta que tudo o que tinha não era faz de conta, faz de conta que se descontraía o peito e uma luz douradíssima e leve guiava por uma floresta de açudes mudos e de tranqüilas mortalidades, faz de conta que ela não era lunar, faz de conta que ela não estava chorando por dentro.
”
”
Clarice Lispector
“
There should be another word for this feeling - a sort of sorrowful happiness, or a happiness that only deepens someone's sorrow. The closest I can come to it is the Portuguese word saudade, which nears this feeling but tempers it with nostalgia, a wish for something that was and can never be again. A grieving person lives in a permanent state of saudade, but saudade does not incorporate joy. And grief might be simpler if joy never tried to intrude.
”
”
Lauren Grodstein (We Must Not Think of Ourselves)
“
She did not belong to the healthy group of widows and widowers who, after mourning, would nurture the seed of their grief into growing from loss—perhaps continuing the dreams of the lost, or learning to cherish alone the things they’d cherished together.
She belonged instead to the sad lot who clung to grief, who nurtured it by never moving beyond it. They’d shelter it deep inside where the years padded it in saudade layers like some malignant pearl.
”
”
Darrell Drake (A Star-Reckoner's Lot (A Star-Reckoner's Legacy, #1))
“
(...) não custa atribuir a obstinada melancolia dos portugueses ao uso desregrado da palavra saudade, no fado, na poesia, no discurso dos filósofos e dos políticos. Seria interessante estudar o quanto o culto à saudade contrariou, vem contrariando, o esforço para desenvolver Portugal. Já a famosa arrogância e optimismo dos angolanos poderia dever-se à insistência em termos como bué («Angola kuia bué!»), futuro, esperança ou vitória. No que respeita à alegria dos brasileiros, poderíamos talvez imputá-la a duas ou três palavras fortes que acompanham desde há muito a construção e o crescimento do país: mulato/mulata, bunda, carnaval.
”
”
José Eduardo Agualusa (Milagrário Pessoal)
“
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
”
”
Luís de Camões (Poesia Lírica)
“
(…) Senti saudades, não do passado, mas dum futuro qualquer, tão longe, tão lá no fundo, tão sonho, tecido apenas de pequenas coisas doces, num mundo menos pesado de cadáveres, sem outro heroísmo que não fosse o de vivermos teimosamente todos os dias e, sobretudo, sem a horrível morte colectiva a substituir a boa, a individual, a sagrada morte de cada um. (…)
Assim cogitei toda a tarde, no oitavo dia do mês de Maio de mil novecentos e quarenta e cinco, data em que findou a segunda guerra mundial, no meio de vivas e de bandeiras de triunfo, e em que tentei, em vão, resignar-me ao mundo dos outros e às montras de enchidos de porco, - sem estrelas reflectidas nos vidros.
”
”
José Gomes Ferreira (O Mundo dos Outros - Histórias de Vagabundagem)
“
On an impulse he cannot explain, he buys himself a one-way ticket - and the evening of that very same day finds him wandering the streets of the old colonial quarter of the Colombian town. Girls in love with boys on scooters, screeching birds, tropical flowers on winding vines, saudade, and solitude, One Hundred Years of it; and then, as the tropical dusk darkens the corners of the Plaza de la Adana, he sees a woman, her fingers toying with a necklace of lapis lazuli, and they stand still as the world eddies about them.
”
”
David Mitchell (The Bone Clocks)
“
Os sentimentos que mais doem, as emoções que mais pungem, são os que são absurdos — a ânsia de coisas impossíveis, precisamente porque são impossíveis, a saudade do que nunca houve, o desejo do que poderia ter sido, a mágoa de não ser outro, a insatisfação da existência do mundo. Todos estes meios-tons da consciência da alma criam em nós uma paisagem dolorida, um eterno sol-pôr do que somos. O sentirmo-nos é então um campo deserto a escurecer, triste de juncos ao pé de um rio sem barcos, négrejando claramente entre margens afastadas.
Não sei se estes sentimentos são uma loucura lenta do desconsolo, se são reminiscência de qualquer outro mundo em que houvéssemos estado — reminiscências cruzadas e misturadas, como coisas vistas em sonhos, absurdas na figura que vemos mas não na origem se a soubéssemos. Não sei se houve outros seres que fomos, cuja maior completidão sentimos hoje, na sombra que deles somos, de uma maneira incompleta — perdida a solidez e nós figurando-no-la mal nas só duas dimensões da sombra que vivemos.
Fernando Pessoa : Livro do Desassossego...p. 190
”
”
Fernando Pessoa
“
Estava o estômago no mais activo de sua chilificação. Havia uma insólita claridade no meu espírito. Nenhum devaneio dos que arrombam poetas em ermos e sombras me perturbava o cozimento das pingues substâncias em que abundara o jantar. As minhas meditações eram pachorrentas, terra a terra, sem enlevos que me deslocassem da felicidade do momento para que transportarem ao passado, onde estava a saudade, ou ao futuro donde me podia estar mentido a esperança
”
”
Camilo Castelo Branco (Coração, Cabeça e Estômago)
“
Passados dois meses de tantas histórias, comecei a pensar no sentido da solidão. Um estado interior que não depende da distância nem do isolamento, um vazio que invade as pessoas e que a simples companhia ou presença humana não podem preencher, solidão foi a única coisa que eu não senti, depois de partir. Nunca. Em momento algum. Estava, sim, atacado de uma voraz saudade. De tudo e de todos, de coisas e pessoas que há muito tempo não via. Mas a saudade às vezes faz bem ao coração. Valoriza os sentimentos, acende as esperanças e apaga as distâncias. Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão; poderá morrer de saudades, mas não estará só.
”
”
Amyr Klink (Cem Dias Entre Céu e Mar)
“
Por esta solidão, que não consente
Nem do sol, nem da lua a claridade,
Ralado o peito pela saudade
Dou mil gemidos a Marília ausente:
De seus crimes a mancha inda recente
Lava Amor, e triunfa da verdade;
A beleza, apesar da falsidade,
Me ocupa o coração, me ocupa a mente:
Lembram-me aqueles olhos tentadores,
Aquelas mãos, aquele riso, aquela
Boca suave, que respira amores...
Ah! Trazei-me, ilusões, a ingrata, a bela!
Pintai-me vós, oh sonhos, entre as flores
Suspirando outra vez nos braços dela!
”
”
Manuel Maria Barbosa du Bocage
“
When he stepped into the shower, the hot water scalded him. He let it run over his face, burning his eyelids. He put up with the pain, his jaw clenched and his muscles taut, suppressing the urge to howl with loneliness in the suffocating steam. For four years, one month, and twelve days, Nikon always got into the shower with him after they made love and soaped his back slowly, interminably. And often she put her arms around him, like a little girl in the rain. One day I'll leave without ever really knowing you. You'll remember my big, dark eyes. The reproachful silences. The moans of anxiety as I slept. The nightmares you couldn't save me from. You'll remember all this when I'm gone.
”
”
Arturo Pérez-Reverte (The Club Dumas)
“
Olavismo. 1. Estilo de pensamento filosófico muito peculiar, que substitui o argumento pelo xingamento e o conceito pelo palavrão. 2. Fruto da expansão dos meios tecnológicos de informação, que, utilizando selfies e vídeos autoproduzidos, deixam aparecer na rede pessoas como se fossem “professores” e “intelectuais”, posando nas telas ao terem no fundo estantes decoradas com livros mal lidos e mal compreendidos. 3. Nome de uma corrente de fake-pensamento. "4. Expressão oriunda da composição de “Olá” e “revanchismo”, combinando alguém que chega de repente para dar a ideia aos governantes sem ideias de en-direitar o país com rifles e rifas e quem se sentiu a vida toda complexado por nunca ter conseguido entender o que é uma ideia e muito menos uma filosofia. 5. Nome da corrente ideológica que seduz, encanta e lidera o bando de ressentidos do país. 6. Uma forma bem específica de saudosismo: saudades da era medieval, saudades da teocracia, saudades de D. Pedro, saudades dos bons costumes. 7. Modo borrágico de expressar opiniões que procuram, em tese, chocar o senso comum, mas que nada mais fazem além de corroborar o pior dos sensos (o qual, infelizmente, muitas vezes é comum e quase sempre predominou ao longo da história). 8. Movimento de desespero final de quem quer encontrar uma identidade para chamar de sua e um líder para chamar de seu. 9. Espécie de fanatismo religioso que cultua o ódio e a intolerância travestidos de intelectualismo. 10. Seita seguida por pessoas particularmente vulneráveis a uma retórica violenta e macabra, mas perigosamente sedutora. 11. Doutrina do ter-razão-em-tudo quando não se tem razão em nada. Atribuindo a base dessa doutrina do ter-razão-em-tudo ao filósofo alemão Arthur Schopenhauer, é fácil constatar como olavistas não possuem o menor conhecimento nem de alemão e nem de filosofia, tendo (mal) entendido o próprio nome de Schopenhauer como “chope raro”, que, bebido, gera mal-entendidos dos princípios básicos da erística e da dialética. Com bases em erros fundamentais, o olavismo derivado desse “chope raro” (confundido com Schopenhauer) desenvolveu uma errística dislética, que se vale de argumentos nefastos (do latim nefas que significa ilícito) para destruir as questões mais lícitas do pensamento, da sociedade e da cultura. 11. Tradução google para o português bolsonarista da tradução google para o inglês trumpista da tradução google russa do resumo dos clássicos da extrema direita europeia, assinada por Dugin, ideólogo de Putin.
”
”
Luisa Buarque (Desbolsonaro de Bolso)
“
Como é bom a gente ter tido infância para poder
lembrar-se dela.
E trazer uma saudade muito esquisita escondida no
coração.
Como é bom a gente ter deixado a pequena terra em
que nasceu
E ter fugido para uma cidade maior, para conhecer
outras vidas.
Com é bom chegar a este ponto de olhar em torno
E se sentir maior e mais orgulhoso porque já conhece
outras vidas...
Como é bom se lembrar da viagem, dos primeiros dias
na cidade,
Da primeira vez que olhou o mar, da impressão de
atordoamento.
Como é bom olhar para aquelas bandas e depois
comparar.
Ver que está tão diferente, e que já sabe tantas
novidades...
Como é bom ter vindo de tão longe, estar agora
caminhando
Pensando e respirando no meio de pessoas desconhecidas
Como é bom achar o mundo esquisito por isso,
muito esquisito mesmo
E depois sorrir levemente para ele com os seus
mistérios...
Que coisa maravilhosa, exclamar. Que mundo
maravilhoso, exclamar.
Como tudo é tão belo e tão cheio de encantos!
Olhar para todos os lados, olhar para as coisas mais
pequenas,
E descobrir em todas uma razão de beleza.
”
”
Manoel de Barros
“
Comportamo-nos como se as pessoas de quem gostamos fossem durar para sempre. Em vida não fazemos nunca o esforço consciente de olhar para elas como quem se prepara para lembrá-las. Quando elas desaparecem, não temos delas a memória que nos chegue. Para as lembrar, que é como quem diz, prolongá-las. A memória é o sopro com que os mortos vivem através de nós. Devemos cuidar dela como da vida.
Devemos tentar aprender de cor quem amamos. Tentar fixar. Armazená-las para o dia em que nos fizerem falta. São pobres as maneiras que temos para o fazer, é tão fraca a memória, que todo o esforço é pouco. Guardá-las é tão difícil. Eu tenho um pequeno truque. Quando estou com quem amo, quando tenho a sorte de estar à frente de quem adivinho a saudade de nunca mais a ver, faço de conta que ela morreu, mas voltou mais um único dia, para me dar uma última oportunidade de a rever, olhar de cima a baixo, fazer as perguntas que faltou fazer, reparar em tudo o que não vi; uma última oportunidade de a resguardar e de a reter. Funciona.
Miguel Esteves Cardoso, in 'As Minhas Aventuras na República Portuguesa
”
”
Miguel Esteves Cardoso (As Minhas Aventuras na República Portuguesa)
“
Na margem do rio Piedra...
Eu me sentei e chorei.
Conta a lenda que tudo que cai nas águas deste rio - as folhas, os insetos, as penas das aves - se transforma nas pedras do seu leito.
Ah, quem dera eu pudesse arrancar o coração do meu peito e atira-lo na correnteza, e então não haveria mais dor, nem saudade, nem lembranças.
Ás margens do rio Piedra eu me sentei e chorei.
O frio do inverno fez com que eu sentisse as lágrimas em meu rosto, e elas se misturaram com as aguas geladas que correm diante de mim.
Em algum lugar este rio se junta com outro, depois com outro, até que - distante dos meus olhos e do meu coração - todas estas águas se misturam com o mar.
Que as minhas lágrimas corram assim para bem longe, para que meu amor nunca saiba que um dia chorei por ele. Que minhas lágrimas corram para bem longe, e então eu esquecerei do rio Piedra, do mosteiro, da igreja nos Pirineus, da bruma, dos caminhos que percorremos juntos.
Eu esquecerei as estradas, as montanhas, e os campos de meus sonhos - sonhos que eram meus, e que eu não conhecia.
”
”
Paulo Coelho (A orillas del rio piedra me senté y lloré)
“
Mestre, meu mestre querido!
Coração do meu corpo intelectual e inteiro!
Vida da origem da minha inspiração!
Mestre, que é feito de ti nesta forma de vida?
Não cuidaste se morrerias, se viverias, nem de ti nem de nada,
Alma abstrata e visual até aos ossos,
Atenção maravilhosa ao mundo exterior sempre múltiplo,
Refúgio das saudades de todos os deuses antigos,
Espírito humano da terra materna,
Flor acima do dilúvio da inteligência subjetiva...
Mestre, meu mestre!
Na angústia sensacionista de todos os dias sentidos,
Na mágoa quotidiana das matemáticas de ser,
Eu, escravo de tudo como um pó de todos os ventos,
Ergo as mãos para ti, que estás longe, tão longe de mim!
Meu mestre e meu guia!
A quem nenhuma coisa feriu, nem doeu, nem perturbou,
Seguro como um sol fazendo o seu dia involuntariamente,
Natural como um dia mostrando tudo,
Meu mestre, meu coração não aprendeu a tua serenidade.
Meu coração não aprendeu nada.
Meu coração não é nada,
Meu coração está perdido.
Mestre, só seria como tu se tivesse sido tu.
Que triste a grande hora alegre em que primeiro te ouvi!
Depois tudo é cansaço neste mundo subjetivado,
Tudo é esforço neste mundo onde se querem coisas,
Tudo é mentira neste mundo onde se pensam coisas,
Tudo é outra coisa neste mundo onde tudo se sente.
Depois, tenho sido como um mendigo deixado ao relento
Pela indiferença de toda a vila.
Depois, tenho sido como as ervas arrancadas,
Deixadas aos molhos em alinhamentos sem sentido.
Depois, tenho sido eu, sim eu, por minha desgraça,
E eu, por minha desgraça, não sou eu nem outro nem ninguém.
Depois, mas por que é que ensinaste a clareza da vista,
Se não me podias ensinar a ter a alma com que a ver clara?
Por que é que me chamaste para o alto dos montes
Se eu, criança das cidades do vale, não sabia respirar?
Por que é que me deste a tua alma se eu não sabia que fazer dela
Como quem está carregado de ouro num deserto,
Ou canta com voz divina entre ruínas?
Por que é que me acordaste para a sensação e a nova alma,
Se eu não saberei sentir, se a minha alma é de sempre a minha?
Prouvera ao Deus ignoto que eu ficasse sempre aquele
Poeta decadente, estupidamente pretensioso,
Que poderia ao menos vir a agradar,
E não surgisse em mim a pavorosa ciência de ver.
Para que me tornaste eu? Deixasses-me ser humano!
Feliz o homem marçano
Que tem a sua tarefa quotidiana normal, tão leve ainda que pesada,
Que tem a sua vida usual,
Para quem o prazer é prazer e o recreio é recreio,
Que dorme sono,
Que come comida,
Que bebe bebida, e por isso tem alegria.
A calma que tinhas, deste-ma, e foi-me inquietação.
Libertaste-me, mas o destino humano é ser escravo.
Acordaste-me, mas o sentido de ser humano é dormir.
”
”
Fernando Pessoa (Poemas de Álvaro de Campos (Obra Poética IV))
“
Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?
As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e ações de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguém antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.
É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução.
Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injeção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.
Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume
”
”
Miguel Esteves Cardoso
“
Os amigos cada vez mais se vêem menos. Parece que era só quando éramos novos, trabalhávamos e bebíamos juntos que nos víamos as vezes que queríamos, sempre diariamente. E, no maior luxo de todos, há muito perdido: porque não tínhamos mais nada para fazer.
Nesta semana, tenho almoçado com amigos meus grandes, que, pela primeira vez nas nossas vidas, não vejo há muitos anos. Cada um começa a falar comigo como se não tivéssemos passado um único dia sem nos vermos.
Nada falha. Tudo dispara como se nos estivera – e está – na massa do sangue: a excitação de contar coisas e partilhar ninharias; as risotas por piadas de há muito repetidas; as promessas de esperanças que estão há que décadas por realizar.
Há grandes amigos que tenho a sorte de ter que insistem na importância da Presença com letra grande. Até agora nunca concordei, achando que a saudade faz pouco do tempo e que o coração é mais sensível à lembrança do que à repetição. Enganei-me. O melhor que os amigos e as amigas têm a fazer é verem-se cada vez que podem. É verdade que, mesmo tendo passado dez anos, sente-se o prazer inencontrável de reencontrar quem se pensava nunca mais encontrar. O tempo não passa pela amizade. Mas a amizade passa pelo tempo. É preciso segurá-la enquanto ela há. Somos amigos para sempre mas entre o dia de ficarmos amigos e o dia de morrermos vai uma distância tão grande como a vida.
Miguel Esteves Cardoso, in 'Jornal Público
”
”
Miguel Esteves Cardoso
“
Povratak se na grčkom kaže nostos. Algos znači patnja. Nostalgija je, znači, patnja izazvana neostvarenom željom za povratkom. Za to osnovno značenje većina Evropljana može da se posluži rečju grčkog porekla (nostalgia) i drugim izrazima koji svoj koren imaju u njihovom jeziku : anoranya, kažu Španci; saudade, kažu Portugalci. U svakom od jezika, ove reči nose drugačiju semantičku nijansu. Najčešće označavaju samo tugu izazvanu nemogućnošću povratka u domovinu. Tugovanje za domovinom. Tugovanje za zavičajem. To se na engleskom kaže : homesickness. Ili na nemačkom : Heimweh. A na holandskom : heimwee. Ali to je samo prostorno ograničenje jednog sveobuhvatnog značenja. Jedan od najstarijih evropskih jezika, islandski, dobro razlikuje ta dva izraza : soknudur : tugovanje u opštem značenju, heimfra : tugovanje za domovinom. Česi, pored reči nostalgija, pozajmljene iz grčkog, imaju za taj pojam i sopstvenu imenicu, stesk, i njoj odgovarajući glagol; najdirljivija rečenica na češkom glasi : stzska mi se po tobe : tugujem za tobom, ne mogu da podnesem bol zbog našeg rastanka. Na španskom, anoranza nastaje od glagola anorar (tugovati) koji dolazi od katalonskog glagola enjorar, koji je, pak, izveden od latinske reči ignorare. Pod tim semiotičkim osvetljenjem, nostalgija se javlja kao patnja zbog onoga što ne znamo. Ti si daleko i ne znam šta se dešava sa tobom. Moja je domovina daleko i ne znam šta se tamo događa. Neko jezici iamju poteškoća sa nostalgijom : Francuzi mogu jedino da je izraze imenicom grčkog porekla, a nemaju glagol; oni mogu da kažu : je m' ennuie de toi ali reč s' ennuzer je slaba, hladna, u svakom slučaju previše lagana za jedno tako ozbiljno osećanje. Nemci retko koriste reč nostalgija u njenoj grčkoj formi i više vole d akažu : Sensucht : tuga za odsutnim; ali Sehnsucht može da se tiče onoga što se zbilo kao i onoga što se još nije (nova pustolovina) i ne uključuje obavezno ideju nostosa; jer da bi se u reči Sehnsucht uključila ideja povratka, treba dodati neku od odredbi : Sehnsucht nach der Vergangenheit, nach der verloren Kindheit, nach der ersten Liebe (tuga za prošlošću, za izgubljenim detinjstvom, za prvom ljubavi).
Odiseja, epopeja koja je rodonačelnik priče o nostalgiji, rođena je u zoru antiučke grčke kulture. naglasimo i to : Odisej, najveća lutalica svih vremena, ujedno je i najveći nostalgičar. Otišao je (bez vidljivog zadovoljstva) u trojanski rat koji je potrajao deset godina. Potom je požurio da se vrati na svoju rodnu Itaku, međutim, svađe bogova produžiše njegovo stradanje najpre na tri godine ispunjene najčudnovatijim događajima, a potom na još narednih sedam kao talac i ljubavnik boginje Kalipso koja ga, zaljubljena, nije puštala da napusti njeno ostrvo.
Na kraju petog pevanja Odiseje, on joj kaže : "Stoga se, boginjo gospo, ne srdi na me, ja znadem veoma dobro da se Penelopa mudra i licem i veličinom na oči neznatnija čini; ona je smrtna, a ti si vekovita i vazda mlada; ali i takvu ja je žudim i jednako želim domu svojem da dođem i ugledam povratku danak!" I Homer nastavlja : "Tako Odisej reče, i spusti se mrak, jer sunce se već smiri, a njih oboje uđu u prostranu špilju pa se ležeć jedno kraj drugoga ljubiše slatko.
”
”
Milan Kundera (Ignorance)