“
Jamais haverá anos novos, se continuar a repetir os mesmos erros dos anos velhos
”
”
Luís de Camões
“
On nema snage da se otme svemu oko sebe i da otpočne nešto novo sa sobom i sa životom oko sebe.
”
”
Miroslav Krleža (The Return of Philip Latinowicz (European Classics))
“
De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro.
”
”
Fernando Sabino (O Encontro Marcado)
“
O disco tá tocando de novo, já ouvi esse pedaço.
- É que ele parece assim todo igual.
Que nem chuva.
”
”
Caio Fernando Abreu (Morangos Mofados)
“
Dizem que o tempo sara todas as feridas. Talvez seja verdade. Mas há feridas que parecem não sarar. Sangram, vertem pus, voltam a sangrar, surpreendem-nos a magoar a alma quando esta já deveria estar habituada e imune a tanta dor. É certo que, às vezes, essas feridas acalmam, como as marés que recolhem a água e recuam para o mar alto; mas, tal como as marés, regressam depois, revigoradas, pujantes, invadindo de novo a praia e fazendo sentir o fulgor da sua presença, o ímpeto do seu regresso.
”
”
José Saramago
“
Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.
”
”
Francisco Cândido Xavier
“
...do you like to write?"
"No. No writer really likes to write. I like to make love and drink wine. At my age I shouldn't lose time with anything else, but I can't stop writing. It's a disease.
”
”
Rubem Fonseca (Feliz Ano Novo)
“
Óóó. É sempre bom abandonar alguém que diz que gostaria de ver você de novo, porque inevitavelmente chegaria o dia em que você ia ter que abandonar essa pessoa porque ela não quer ver você de novo.
”
”
Irvine Welsh (Porno (Mark Renton, #3))
“
Ser novo é não ser velho. Ser velho é ter opiniões. Ser novo é não querer saber de opiniões para nada.
”
”
Fernando Pessoa (Os Portugueses)
“
oh, a medonha coragem dos que vão arrancando de si, dia a dia, a doçura da saudade do que passou, o encanto novo da esperança do que há-de vir, e que serenamente, desdenhosamente, sem saudades nem esperanças, partem um dia sem saber para onde, aventureiros da morte, emigrantes sem eira nem beira, audaciosos esquadrinhadores de abismos mais negros e mais misteriosos que todos os abismos escancarados do mundo
”
”
Florbela Espanca (As Máscaras do Destino)
“
Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito.
”
”
Machado de Assis (Papéis Avulsos)
“
Não perturbes a paz que me foi dada. Ouvir de novo a tua voz seria matar a sede com água salgada.
”
”
Miguel Torga
“
Cities have often been compared to language: you can read a city, it’s said, as you read a book. But the metaphor can be inverted. The journeys we make during the reading of a book trace out, in some way, the private spaces we inhabit. There are texts that will always be our dead-end streets; fragments that will be bridges; words that will be like the scaffolding that protects fragile constructions. T.S. Eliot: a plant growing in the debris of a ruined building; Salvador Novo: a tree-lined street transformed into an expressway; Tomas Segovia: a boulevard, a breath of air; Roberto Bolano: a rooftop terrace; Isabel Allende: a (magically real) shopping mall; Gilles Deleuze: a summit; and Jacques Derrida: a pothole. Robert Walser: a chink in the wall, for looking through to the other side; Charles Baudelaire: a waiting room; Hannah Arendt: a tower, an Archimedean point; Martin Heidegger: a cul-de-sac; Walter Benjamin: a one-way street walked down against the flow.
”
”
Valeria Luiselli
“
A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o visitante sentou na areia da praia e disse:
“Não há mais o que ver”, saiba que não era assim. O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre.
”
”
José Saramago
“
A vida é cruel por ter inventado a memória. Como os velhos que recobram em matizes suas lembranças mais antigas, à beira da morte minha memória gravita em torno do sol, e como ele clareia tudo! Tudo é presente, nada está perdido. É como uma força oculta que nos impele para nos estimular de novo: diante da evidência de que não mais haverá futuro, o passado se amplifica, suas raízes engrossam, tudo em mim é rizosfera, as cores se cristalizam sobre cada estrato, a mais insignificante imagem toca o seu absoluto, o coração bate em crescendo.
”
”
Frida Kahlo
“
Há quem confunda a alegria com a felicidade. A alegria não se parece com a felicidade, a não ser na medida em que um mar agitado se parece com um mar plácido. A água é a mesma, apenas isso. A alegria resulta de um entorpecimento do espírito, a felicidade de uma iluminação momentânea. O álcool pode levar-nos à alegria - ou um cigarro de liamba, ou um novo amor - porque nos obscurece temporariamente a inteligência. A alegria pode, pois, ser burra. A felicidade é outra coisa. Não ri às gargalhadas. Não se anuncia com fogo de artifício. Não faz estremecer estádios. Raras são as vezes em que nos apercebemos da felicidade no instante em que somos felizes.
”
”
José Eduardo Agualusa (Barroco Tropical)
“
Hoje eu sei que os filmes não são melhores ou piores, apenas diferentes da vida real. Ao contrário de Hollywood, onde as películas são produzidas, revisadas, ensaiadas até que fiquem perfeitas, a nossa existência é feita de improviso. E, se erramos uma fala, não tem como dizer "Corta!" e gravar de novo.
”
”
Paula Pimenta (O roteiro inesperado de Fani (Fazendo meu filme, #3))
“
A superstição perniciosa generalizada é que é preciso deletar o anterior, para aceitar o novo. Que pobreza, que pobreza, que pobreza, que atraso! Se a memória aceita, se o perfil confere, se a senha foi dada, roda os dois programas ao mesmo tempo, roda os três, roda os vinte, porra!
”
”
João Ubaldo Ribeiro (A Casa dos Budas Ditosos)
“
I dalje verujem da Sunce izlazi svakoga dana i da svako novo Sunce najavljuje novi dan;dan koji je juče bio budućnost. I dalje verujem da će današnji dan, u trenutku zatvaranja jedne stranice vremena, obećati sutra – ranije nepredvidivo, kasnije neponovljivo
”
”
Carlos Fuentes
“
Por que não escreveste nunca? Não é de te ler que mais tenho saudade. É o som da faca rasgando o envelope que trazia a tua carta. E sentir, de novo, uma caricia na alma, como se algures estivessem golpeando um cordão umbilical
”
”
Mia Couto (Jesusalém)
“
a conclusão de que não há abismo, e que a infância não pára de desenvolver-se e crescer,
é um novo princípio de realidade, de morte, de velhice: eu não deixo de viver no mundo interior e exterior das metamorfoses flutuantes; é já dia, mas a noite que conduz a esperança no pensamento, e sobre si própria, não acabou.
”
”
Maria Gabriela Llansol (O Raio Sobre o Lápis)
“
Quando somos novos somos eternos e, em vez de envelhecermos, crescemos. Depois é que começamos a, em vez de crescer, envelhecer.
”
”
Afonso Cruz (A Queda De Um Anjo)
“
Não há nada novo sob o Sol, e a eterna repetição das coisas é a eterna repetição dos males. Quanto mais se sabe mais se pena. E o justo como o perverso, nascidos do pó, em pó se tornam.
”
”
Eça de Queirós
“
Te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o quê, como aquela fé que a gente teve um dia, me deseja também uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo de novo, que nos faça acreditar em tudo outra vez, que leve para longe da minha boca este gosto podre de fracasso, este travo de derrota sem nobreza.
”
”
Caio Fernando Abreu (Morangos Mofados)
“
Mas lembrar-se com saudade é como se despedir de novo.
”
”
Clarice Lispector (The Stream of Life)
“
Nos unimos para mostrar que estamos determinadas a criar uma nova consciência, na qual a violência será combatida até se tornar impensável. Nos unimos para imaginar e criar um novo mundo.
”
”
V (formerly Eve Ensler) (The Vagina Monologues)
“
Um homem não pode regressar. Ele pensa que sim, mas outras coisas se passaram na sua vida. Tem novas ideias, novos amigos e novas ligações. Não pertence ao seu passado, excepto pelo facto de que o passado terá deixado, talvez, marcas nele.
”
”
Charlie Chaplin (A Minha Viagem Pela Europa)
“
reflectido nas pedras do passeio. Lisboa é a nitidez através do ar. Lisboa é a cor manchada dos muros. Lisboa é o musgo novo a nascer sobre o musgo seco. Lisboa é o desenho de fendas, como relâmpagos, a escorrerem pela superfície dos muros. Lisboa é a imperfeição criteriosa. Lisboa é o céu reflectido
”
”
José Luís Peixoto (Cemitério de Pianos)
“
Os homens nunca hão-de perceber as mulheres. Esperar anos e anos por uma mala? Como quem espera um filho? Porque é que as mulheres gostam tanto de objectos novos? Porque é que os homens gostam tanto de mulheres novas?
”
”
Clara Ferreira Alves (Mala de Senhora e Outras Histórias)
“
Se eu me confirmar e me considerar verdadeira, estarei perdida porque não saberei onde engastar meu novo modo de ser - se eu for adiante nas minhas visões fragmentárias, o mundo inteiro terá que se transformar para eu caber nele.
”
”
Clarice Lispector (The Passion According to G.H.)
“
Toquei Bafo de Serpente de novo e me pareceu que ela teve um tremor. Algumas vezes eu achava que a espada cantava. Era um canto fino, apenas entreouvido, um som penetrante, a canção da espada que desejava sangue; a canção da espada.
”
”
Bernard Cornwell (Sword Song (The Saxon Stories, #4))
“
Para mí, gana quien vive su vida sin miedo, quien sabe que tarde o temprano todo se acaba y todo puede volver a empezar y que eso está bien.
”
”
Ignacio Novo
“
Fase pós-moderna da socialização, o processo de personalização é um novo tipo de controlo social desembaraçado dos processos pesados de massificação-reificação-repressão.
”
”
Gilles Lipovetsky
“
eu estava com um amigo muito próximo, a cumprir a penitência imposta pelo amor ________ que é ascender de novo;
”
”
Maria Gabriela Llansol
“
Não consigo dormir esta noite. Encontro-me perante algo novo, algo pleno de expectativas. O futuro imediato é demasiado tentador para poder dormir.
”
”
Charlie Chaplin (A Minha Viagem Pela Europa)
“
quem soube de mim em outros tempos
já não sabe de mim agora
pois quando me quebraram
meus pedaços foram arrumando novos lugares
mais lindos e mais fortes
pra se encaixar nessa mulher que hoje escreve
com punhos firmes e nenhuma culpa
de existir como bem quer
”
”
Ryane Leão (Tudo nela brilha e queima)
“
Ave! Duci novo, similis duci seneci”,’ murmured Mr Slant, drily as only a zombie can manage. ‘Or, as we used to say at school, “Ave! Bossa nova, similis bossa seneca!”’ He gave a little schoolmasterly laugh. He felt at home with dead languages. ‘Of course, grammatically that is completely—’ ‘And that means . . . ?’ said Madam. ‘Here comes the new boss, same as the old boss,’ muttered Dr Follett.
”
”
Terry Pratchett (Night Watch (Discworld, #29))
“
Odjebi, JNA...
Dao sam ti jednu dobru godinu života...
Najbolju, možda?
Veliki Vračevi Medicine rascepe grudi kao narandžu i spuste novo srce u njih (pažljivo, zatvorenih šaka, kao da vraćaju vrapčića u gnezdo), razdvoje skalpelom svetlo od tame u mutnom jezgru zenice, bajaju, pokretnu nepokretno, čudotvore na ljudima, pa opet, ni oni ne mogu da mi vrate moju otrgnutu devetnaestu....
Nikad više...
Ali...
Proklet da sam...
Ja sam bar imao dvadesetu. Dvadeset prvu. I još neke dvadeset-tridesete...
Za razliku od dečaka na čije crno uokvirene fotografije svakodnevno nailazim na predzadnjim stranicama štampe...
Oni ostadoše negde u devetnaestoj...
Zaljubljeni...
Zaigrani...
Zbunjeni...
Ne dospevši da svoje olovne vojnike razdvoje od olovnih zrna, koje su im Zli Starci tako bezbožnički podmetnuli u džepove...
Ne, Brate Kaine, ne zovi me u polje...
Ne mami me, zalud, da prošetamo minskim poljem, moj grešni sivomaslinasti brate...
Poturi nekog drugog Dobrovoljca na branike svoje nesposobnosti...
Okači drugu metu na svoje kartonske bedeme...
Nema Mojih u ovom Ratu Naših...
Ma znam...
Ne može to tek tako...
Čičak Izdaje se kači na sve strane. I meni će ga već neki mangup prilepiti na leđa, onako u prolazu, tapšući me po ramenu, tobož prijateljski...
Razmišljao sam o tome...
Koga izdati kad mi ostane da biram između nas dvoje?
I, žalim...
Ali prestar sam da bih izdao sebe, još jednom...
Zato odjebi, JNA...
Dosta je bilo...
”
”
Đorđe Balašević (Jedan od onih života)
“
«Creio que vai ser impossível organizar agora, tão tarde, um novo cenário. Estava habituada a este, era cómodo. Nesta altura não sei onde estou nem quem sou. Devo estar esfacelada, deve haver pedaços de mim por todos os cantos.»
”
”
Maria Judite de Carvalho (Paisagem sem Barcos / Os Armários Vazios / O seu Amor por Etel (Obras Completas de Maria Judite de Carvalho, #2))
“
Kad god se nasmiješiš, radost se oko tebe širi poput kolobara u bari, i kad god si tužan, nitko nigdje ne može biti stvarno sretan. A isto ti je tako i sa znanjem, jer kad god naučiš nešto novo, čitav svijet postaje mnogo bogatiji.
”
”
Norton Juster (The Phantom Tollbooth)
“
O novo hipócrita social pensa que não esconde nenhum monstro dentro de si. Quando um idiota politicamente correto fala de si mesmo, pensa em si mesmo como um anjo que, por conta do domínio dos malvados (os "outros" que são os cruéis dominadores do mundo), não consegue viver o bem que ele carrega dentro de si.
”
”
Luiz Felipe Pondé (Guia Politicamente Incorreto da Filosofia)
“
- Menti, pois é verdade – desabafou, sem no entanto se dar ares de vítima – um homem pode conquistar o mundo, começar uma guerra, defrontar outras nações, estabelecer-se em novos continentes. Mas uma mulher está destinada a ser a sua sombra e a gerar-lhe outras sombras e eu nem isso parecia talhada para fazer.
”
”
Célia Correia Loureiro (A Filha do Barão)
“
O mundo está apodrecendo. A Igreja é corrupta e os reis são fracos. Cabe a nós fazer um mundo novo, amado por Deus, mas para fazê-lo temos de destruir o velho. Temos de tomar o poder e depois dar o poder a Deus. É por isso que estamos lutando.
”
”
Bernard Cornwell (The Archer's Tale (The Grail Quest, #1))
“
A vida toda achei que a história terminava quando o herói e a heroína ficavam noivos - afinal, o que é bom para Jane Austen tem de ser bom para todo mundo. Mas é mentira. A história está começando e todo dia vai ser um novo pedacinho da trama.
”
”
Mary Ann Shaffer (The Guernsey Literary and Potato Peel Pie Society)
“
E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre.
”
”
Miguel Sousa Tavares (Não Te Deixarei Morrer, David Crockett)
“
Deda me je opomenuo: „Ti nikada nećeš da odrasteš!“ Ja sam mu odgovorio: „Šta mogu!“ Mama me je branila: „On nema vremena za to!“ Ja sam stalno pokušavao da odrastem kao i ostali ljudi, ali se odmah desilo nešto novo i mi smo ponovo ostali ono što smo bili.
”
”
Bora Ćosić (My Family's Role in the World Revolution: and Other Prose (Writings From An Unbound Europe))
“
(...)
e nunca me disseram o nome daquele oceano
esperei sentada à porta... dantes escrevia cartas
punha-me a olhar a risca do mar ao fundo da rua
assim envelheci... acreditando que algum homem ao passar
se espantasse com a minha solidão.
(anos mais tarde, recordo agora, cresceu-me uma pérola no coração. mas estou só, muito só, não tenho a quem a deixar.)
um dia houve
que nunca mais avistei cidades crepusculares
e os barcos deixaram de fazer escala à minha porta
inclino-me de novo para o pano deste século
recomeço a bordar ou a dormir
tanto faz
sempre tive dúvidas que alguma vez me visite a felicidade
”
”
Al Berto (O Último Coração do Sonho)
“
O que foi nunca vai deixar de ser então levanto as velas rumo a novos horizontes.
”
”
Filipe Russo (Caro Jovem Adulto)
“
Devolva-se a humanidade à forja que a criou e utilizem-se martelos semelhantes para tornar a esculpi-la e ela se contorcerá na mesma imagem torturada. Cultivem-se de novo as mesmas sementes de desordem e opressão rapaces e certamente serão colhidos os mesmos frutos amargos.
”
”
Charles Dickens (A Tale of Two Cities)
“
(...) Eu queria que ele agisse? Ou eu preferia uma vida de desejo não realizado desde que seguíssemos com esse joguinho de pingue-e-pongue: não saber, saber, não saber, saber? Fique quieto, não diga nada, e se não puder dizer "sim", não diga "não", diga "depois". É por isso que as pessoas dizem "talvez" quando querem dizer "sim", mas esperam que você pense que é "não" quando o que realmente querem dizer é Por favor, pergunte de novo, e depois mais uma vez?
”
”
André Aciman
“
Desejava uma verdadeira livraria tal como um viciado deseja uma dose. Não havia mesmo nada melhor do que aquele maravilhoso cheiro a livros novos, tocar nas capas e folhear um livro, cujas páginas, se calhar, nunca tinham sido folheadas.
(...)
Há pessoas obececadas e apaixonadas por sapatos. Os sapatos eram bonitos, mas não se podia ficar a noite toda acordade a ler um par, pois não?
”
”
Jill Mansell (An Offer You Can't Refuse)
“
Quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora. A única maneira de sermos idosos sem envelhecer é não nos opormos a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas.
”
”
Martha Medeiros (Doidas e santas)
“
Nunca, porém, o tinham amado pelo que ele era, menino abandonado, aleijado e triste. Muita gente o tinha odiado. E ele odiara a todos. Apanhara na polícia, um homem ria quando o surravam. Para ele é este homem que corre em sua perseguição na figura dos guardas. Se o levarem, o homem rirá de novo. Não o levarão. Vêm em seus calcanhares, mas não o levarão. Pensam que ele vai parar junto ao grande elevador. Mas Sem-Pernas não para. Sobe para o pequeno muro, volve o rosto para os guardas que ainda correm, ri com toda a força do seu ódio, cospe na cara de um que se aproxima estendendo os braços, se atira de costas no espaço como se fosse um trapezista de circo.
”
”
Jorge Amado (Capitães da Areia)
“
Era quase Natal e eu não agüentei ver você naquele quase deserto, num universo à parte, incompatível com a quase euforia com que recebemos as viradas, as mudanças, a esperança de olhos mais secos. Faz uma semana, lembra? E agora falta quase nada pra gente abraçar a ilusão de que tudo vai ser novo. Que seja mesmo, especialmente pra você.
”
”
Martha Medeiros (Doidas e santas)
“
...é como tentar agarrar a Lua, quando penso que a vou apanhar, ela desaparece no horizonte. Fico desgostosa e tento seguir em frente, mas depois a malvada regressa na noite seguinte, dando-me de novo esperança de a conseguir agarrar.
”
”
Sarah Addison Allen (The Girl Who Chased the Moon)
“
Lewis had said that there is no creativity de novo in us—that we are all sub-creators pirating and rearranging portions of reality. I agreed. But it was only an idea. And then it took on flesh. I began to see the world more like a cook than a writer. There were boundless ingredients out there, combinations waiting to be discovered and simmered and served. There were truths and stories and characters and quirks that could clash badly, and some that could marry and birth sequels. I began to feel a lot more comfortable. It wasn't all on me to create. It was on me to find. To catch. To arrange.
”
”
N.D. Wilson (Death by Living: Life Is Meant to Be Spent)
“
Não sabíamos que a ordem nas ruas, nas estradas, nas pontes e nas esquadras tinha de ser comprada por tão alto preço - o da venda a retalho da alma portuguesa.
”
”
Fernando Pessoa
“
O mundo agora é uma sala cheia de fumo.
”
”
Rafael Loureiro (Cinzas de um Novo Mundo)
“
Cuando te amas a ti mismo, te respetas a ti mismo y te valoras a ti mismo, invitas a los demás a que te traten del mismo modo. ¿Comprendes?
”
”
Ignacio Novo
“
Cuando te amas a ti mismo, tomas mejores decisiones. Si no te quieres bien te vale cualquier cosa. El amor propio es esencial para la vida.
”
”
Ignacio Novo
“
Aprender a dejar ir a los demás es la primera regla de los que se aman a sí mismos. No tiene sentido retener a quien no quiere estar.
”
”
Ignacio Novo
“
In her library, she sat in the middle of infinity.
”
”
Alicia J. Novo (Unwritten (The Zweeshen Chronicles, #1))
“
TA LJUBAV
Ta ljubav
Tako žestoka
Tako krhka
Tako nežna
Tako beznadežna
Ta ljubav lepa kao dan
I ružna kao vreme
Kad je vreme ružno
Ta ljubav tako istinita
Ta ljubav tako lepa
Tako srećna
Tako radosna
I tako nejasna
Što drhti od straha ko dete od mraka
Tako sigurna u svoje moći
Ko smiren čovek u mrkloj noći
Ta ljubav koja je plašila druge
Koja ih je terala da govore
Koja ih je terala da blede
Ta vrebana ljubav
Jer smo ih vrebali
Gonjena ranjena zgažena dotučena odbačena zaboravljena
Jer smo je gonili ranili zgazili dotukli odbacili zaboravili
Sva ta ljubav
Još tako živa
I tako osunčana
Ljubav je tvoja
Ljubav je moja
Ono što je bilo
Ono uvek novo
Što se nije promenilo
Istinito kao biljka
Ustreptalo kao ptica
Toplo živo kao leto
Možemo oboje
Otići vratiti se
Možemo zaboraviti
I posle opet zaspati
Probuditi se patiti
Ostariti opet zaspati
O smrti snevati
Probuditi se smešiti smejati
Podmladiti se pevati
Naša ljubav ostaje tu
Tvrdoglava kao mazga
Živa kao želja
Svirepa kao pamćenje
Glupa kao kajanje
Nežna kao uspomena
Hladna kao mermer
Lepa kao dan
Kao dete slabašna
Smeši nam se nestašno
Govori a ništa ne kaže
Slušam je drhteći strašno
I vičem
Vičem zbog tebe
Vičem zbog sebe
Preklinjem te
Zbog tebe zbog sebe zbog svih što se vole
I što su se voleli
Da vičem joj
Zbog tebe zbog sebe i zbog svih ostalih
Koje ne poznajem
Ostani tu
Ostani gde si
Tu gde si nekad bila
Ostani tu
Ne miči se
Ne odlazi
Mi što smo voljeni
Mi smo te zaboravili
A ti nas ne zaboravi
Samo smo tebe na zemlji imali
Ne dozvoli da postanemo hladni
Mnogo dalje uvek
I bilo gde
Javi nam se da si živa
Mnogo kasnije u nekom šumarku
U šumi pamćenja iskrsni
I nama se pridruži
Ruku nam pruži
I spasi nas
”
”
Jacques Prévert
“
Kakav rad!" mislim u sebi. "Tako bih voleo jednom da stvaram, skupljajući ono što je najbolje u bogaststvima oko mene, da preradim to zatim u jednu jedinstvenu homogenost. Na kraju rada pčelinog je med koji sadrži u sebi srž svih cvetova a nije čak ni skup onoga što su oni, već nešto novo i izvanredno. To nije ni ovaj, ni onaj cvet, to je med; i osobine su toliko drugačije da to čak nije ni miris pre svega, već ukus. Doći jednog dana na jedno jezero kao ovo, pristupiti svemu, svakome, slušati sve i gledati sve i posle, ne to opisati, već, iz toga načiniti nešto što će imati svoju boju, svoj ukus, svoj ton, svoj parfem, svoju sudbinsku patetičnost. Ne, ne, ne mislim to, već nešto što otprilike odgovara toj ideji. U svakom slučaju, trebalo bi napisati nešto imitujući pčele, nešto strahovito savremeno, a što ipak ne bi bilo: kao pčele!
”
”
Rastko Petrović (Ljudi govore)
“
No scientist ever begins his work de novo; while he works with the methodological questioning of what he has already known he builds on knowledge already achieved and engages in a movement of advance. But it is one of the worst characteristics of theological study, whether in biblical interpretation or in dogmatic formulation, that every scholar nowadays thinks he must start all over again, and too many give the impression that no one ever understood this or that until they came along.
”
”
Thomas F. Torrance
“
Odrasla sam u lijepom razdoblju koje je, nažalost, već prošlo. Bilo je u njemu velike spremnosti na promjene i sposobnosti snivanja revolucionarnih vizija. Danas više nitko nema hrabrosti izmisliti nešto novo. Neprekidno se govori kako jest i razvijaju stare ideje. Stvarnos se postarala, postala čangrizavom, jer i ona odlučno podliježe istim zakonima kao i svaki živi organizam - stari. Njezini najsitniji sastavni dijelovi - smislovi, podliježu apoptozi kao i stanice tijela. Apoptoza je prirodna smrt, uzrokovana umorom i iscrpljivanjem materije. Na grčkom ta riječ znači "opadanje lišća". Svijetu je opalo lišće.
”
”
Olga Tokarczuk (Prowadź swój pług przez kości umarłych)
“
Mais tarde, também eu arrancarei o coração do peito para o secar como um trapo e usar limpando apenas as coisas mais estúpidas.
Quando empedernir, esquecido de toda a humanidade da vida, ficará entre as loiças, como inútil souvenir ou peça de mesa para uma festa que nunca acontecerá.
Terei sempre pena dele. Estará como um animal antigo que perdeu a qualidade dos novos dias. Sem visitas. Será apenas a humilhação entristecedora de todos os afectos.
Poderei, nas arrumações, preparando alguma partida, aligeirando os fardos, deixá-lo no lixo para que a natureza o recicle com as suas ganas aturadas de recomeçar tudo. Até lá, a minha coragem assume apenas a evidência de que somos matéria morrendo. Começarei morrendo pelo coração.
Gostarei sempre dele, como se gosta do que está extinto, sejam os dragões, os anjos ou as distâncias. Histórias de coisas que não voltam.
O meu coração sem visitas perderá a memória e, quando nos separarmos de vez, certamente será mais feliz.
Se me perguntarem, direi que nasci sem ele. Jurarei e mentirei sempre.
”
”
Valter Hugo Mãe (A Desumanização)
“
Por onde andas, meu amor maior? Porque me tens aqui cativa neste lugar onde a culpa e os fantasmas me perseguem? Quero de novo sentar-me junto da Fonte Nova, ouvir as águas que nela correm cantando o nosso amor a uma só voz, esconder-me deste mundo horrível e carrasco que teima em ver-me como uma maldição, esquecer-me de tanta perfídia e de toda a maldade que nos cerca e ser tua mais uma vez; sentir os teus dedos pelo meu corpo ainda fresco, saborear a força dos teus pulsos guerreiros em volta da minha cintura que a maternidade não roubou, respirar o teu ar enquanto encostas a tua cara nos meus cabelos loiros que tanto amas, sentir-te todo dentro de mim como um caudal de paixão e de força que nunca se cansa nem morre, na esperança de me dares ainda mais filhos saudáveis como os que Deus nos enviou.
”
”
Margarida Rebelo Pinto
“
Negative energy can be a positive motivating force devoid human emo-tion, isolation, and extinction.”
“Be careful of the company that you keep, for everyone who smiles in your face is not your friend.”
(Thought or Idea) ….. “That’s how the game is told, and that’s how the game is sold.”
“For every action there is a reaction, however for every action there is also completely separate action that negates the first action.”
“Life’s journey deals you friends in both high places ( + ), and low places ( - ), one can always mate the other.”
“Every ending in one’s Life Series, constitutes a beginning De novo, al-ways every time.”
“It’s not about your past, it’s about your future …… everyday.
”
”
T'adaram Alasadro Maradas
“
I love you, Beatrice De Novo. I fell in love with the girl I met six years ago, and I love the woman in front of me even more.”
“Gio--”
“So you make the decision, Tesoro mio … It’s your choice. I want eternity with you, and I’m not leaving again.” He gave her a sad smile. “You can’t make me.
”
”
Elizabeth Hunter
“
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o Nada a sós comigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que o Nada retome a cor do Infinito
”
”
David Mourão-Ferreira (Cancioneiro de Natal)
“
O BEIJO E A LÁGRIMA
Quero um beijo, pediu ela.
Um sismo
abalou o peito dele.
E devotou o calor
de lava dos seus lábios,
entontecida água na cascata.
Entusiamado,
ele se preparou para, de novo,
duplicar o corpo e regressar à vertigem do beijo.
Mas ela o fez parar.
Só queria um beijo.
Um único beijo para chorar.
Há anos que não pranteava.
E a sua alma se convertia
em areia do deserto.
Encantada,
ela no dedo recolheu a lágrima.
E se repetiu o gesto
com que Deus criou o Oceano.
”
”
Mia Couto (Idades Cidades Divindades)
“
Foi a bordo do Elevador da Bica que Edward me disse pela primeira vez que Iris era católica.
- Desconfio que a sua infância foi passada do seguinte modo - disse ele. - Com as freiras a darem-lhe pequenas penitências para cumprir. Mas, mal cumpria a primeira volta, já tinha cometido novo pecado. E assim para todo o sempre.
- Ela ainda é praticante?
- Já não. Desistiu quando casou comigo. Dos dogmas da fé, ainda que não dos terrores. Os terrores, esses são mais difíceis de nos vermos livres deles.
”
”
David Leavitt
“
Libertà vai sognando, e servo a un tempo
Vuoi di novo il pensiero,
Sol per cui risorgemmo
Della barbarie in parte, e per cui solo
Si cresce in civiltà, che sola in meglio
Guida i pubblici fati.
Così ti spiacque il vero
Dell'aspra sorte e del depresso loco
Che natura ci diè. Per questo il tergo
Vigliaccamente rivolgesti al lume
Che il fe palese: e, fuggitivo, appelli
Vil chi lui segue, e solo
Magnanimo colui
Che se schernendo o gli altri, astuto o folle,
Fin sopra gli astri il mortal grado estolle.
”
”
Giacomo Leopardi
“
A História dita que, quando se eleva um mal, gera-se no mesmo instante algo de bom. O equilíbrio desperta soldados que, com chamas nos corações, o querem derrotar. Eles vêm ao mundo apenas com essa missão, erguendo-se mesmo da morte, se assim o destino o ditar.
”
”
Rafael Loureiro (Cinzas de um Novo Mundo)
“
Primeiro você precisa saber a sua própria língua de uma maneira absoluta. Depois, esquecer que sabe a língua e começar tudo de novo, para dar aquele passo novo na língua. Do contrário, você seria uma pessoa formal, escrevendo muito bem, mas uma coisa chatérrima. Portanto, é todo um processo de construir e destruir. Isso leva anos e, quando você está velhinho, parece que aí você consegue escrever mais ou menos bem. Quando se está com aquelas manchas nas mãos, que aparecem com os anos e que eu chamo de "as flores do sepulcro".
”
”
Hilda Hilst (Fico Besta Quando Me Entendem: Entrevistas com Hilda Hilst)
“
Each drop of my blood will be an immortal flame in your conscience and will uphold the sacred will to resist. To hatred I reply with pardon, and to those who think they have defeated me, I reply with my victory. I was a slave to the Brazilian people, and today I am freeing myself for eternal life. But this people, whose slave I was, will no longer be slave to anyone. My sacrifice will remain forever in their souls and my blood will be the price for their ransom. I fought against the exploitation of Brazil. I fought against the exploitation of her people. I have fought with my whole heart. Hatred, infamy and slander have not conquered my spirit.I have given you my life. Now I offer you my death. I fear nothing. Serenely I take my first step towards eternity and leave life to enter history.
”
”
Getúlio Vargas
“
La poesía, prostituida hasta su empleo más degradante, se desposaría con la música más banal para engendrar los jingles.
”
”
Salvador Novo
“
El respeto es un lujo que solo pueden permitirse aquellos que conocen la palabra educación. El respeto es inteligente y civilizado.
”
”
Ignacio Novo
“
Si alguien es lo suficientemente bobo como para alejarse de ti con todo lo que ofreces, sé inteligente como para dejarlo ir sin dolor.
”
”
Ignacio Novo
“
Recuerda que debes pasar toda tu vida contigo mismo. Satisface tus deseos, perdona los errores, agradece el pasado y ámate más incluso de lo creas merecer en un momento concreto. Tienes que durarte.
”
”
Ignacio Novo
“
Mas era primavera. Até o leão lambeu a testa glabra da leoa. (…) ‘Mas isso é amor, é amor de novo’, revoltou-se a mulher tentando encontrar-se com o próprio ódio mas era primavera e os dois leões se tinham amado. (…) Mas era primavera, e, apertando o punho no bolso do casaco, ela mataria aqueles macacos em levitação pela jaula, macacos felizes como ervas, macacos se entrepulando suaves, a macaca com olhar resignado de amor, e a outra macaca dando de mamar. (…) Ela mataria a nudez dos macacos. Um macaco também a olhou, o peito pelado exposto sem orgulho. Mas não era no peito que ela mataria, era entre aqueles olhos. De repente a mulher desviou o rosto, trancando entre os dentes um sentimento que ela não viera buscar, apressou os passos, ainda voltou a cabeça espantada para o macaco de braços abertos: ele continuava a olhar para a frente. ‘Oh não, não isso’, pensou. E enquanto fugia, disse: ‘Deus, me ensine somente a odiar’.
‘Eu te odeio’, disse ela para um homem cujo crime único era o de não amá-la. ‘Eu te odeio’, disse muito apressada. (…) ‘Eu te amo’, disse ela então com ódio para o homem cujo grande crime impunível era o de não querê-la. ‘Eu te odeio’, disse, implorando amor.
”
”
Clarice Lispector
“
Sonhamos com o amanhã mas esse dia não chega;
Sonhamos com a glória que de facto não queremos.
Sonhamos com um novo dia quando já amanheceu.
Fugimos da batalha que sabemos ter de travar.
Todd parou e fez sinal aos outros, que leram: «E ainda assim dormimos». Todd continuou:
Esperamos o chamamento mas não estamos atentos, Esperamos um futuro que não passa de planos. ,
Sonhando com o conhecimento que cada dia evitamos, Rezamos por um salvador quando a redenção está nas nossas mãos.
E ainda assim dormimos.
E ainda assim dormimos. E ainda assim rezamos. E ainda assim tememos...
Fez uma pausa e acrescentou, tristemente: «E ainda assim dormimos»
”
”
Todd Clube dos Poetas Mortos
“
Mas permanece também a verdade de que todo fim na história constitui necessariamente um novo começo; esse começo é a promessa, a única 'mensagem' que o fim pode produzir. O começo, antes de tornar-se evento histórico, é a suprema capacidade do homem; politicamente, equivale à liberdade do homem. Initium ut esset homo creatus est - 'o homem foi criado para que houvesse um começo', disse Agostinho. Cada novo nascimento garante esse começo; ele é, na verdade, cada um de nós.
”
”
Hannah Arendt (The Origins of Totalitarianism)
“
A tako kakor mi nekoč iz strahu niso dovolili mojega strahu, me zdaj spet iz strahu ne upajo pustiti v moji bolečini. Ko rečejo, da moram živeti naprej, hočejo, da grem na morje, da berem, da si kupim novo krilo. Ker edino to bi pomenilo, da so mi dali sebe dovolj, da me niso zapustili, ker edino to bi pomenilo, da niso ostali razoroženi v skrbi zame. A to rečejo tudi, ker vem, da je žalost, tako kot bolezen, moteča, in da je ni primerno brez kontrole preglasno in predolgo kazati naokrog; malo da, malo, ravno prav, tiho, umaknjeno, preveč pa ne. Vsaj ne tam, kjer jo lahko vidijo vsi. Vsaj ne tam, kjer med neobremenjene zanaša nemir. In vsaj ne tam, kjer pomeni poraz. Poraz pred utvaro, da je kljub vsemu vse dobro in prav, in poraz pred smrtjo samo. Ker ko žalujemo za tistimi, ki so že šli, smrt prav enako kakor takrat, ko se reče "rak", udari v nas z vso močjo. In ko udari, vsa upanja, da je za nas mogoče pa le ni, ugasnejo v temi, skozi katero ne seže naš pogled.
”
”
Bronja Žakelj (Belo se pere na devetdeset)
“
Não me digas que não tu não podes dizer-me que não porque é tanto o alívio de amar de novo e deitar na cama e ser abraçado e tocado e beijado e teu coração saltará quando ouvires a minha voz e vires o meu sorriso e sentires a minha respiração no teu pescoço e teu coração vai disparar quando eu te quiser ver e eu irei mentir-te desde o primeiro momento e irei usar-te e irei penetrar-te e partirei o teu coração porque tu partiste o meu primeiro e tu me amarás mais a cada dia até que o peso desse amor seja insuportável e a tua vida seja minha e tu morrerás sozinha porque eu levarei o que eu quero e irei embora sem te deixar nada está sempre lá sempre esteve e não podes negar a vida que tu achas que é foda foda-se a vida foda-se a vida foda-se a vida agora que eu te perdi
”
”
Sarah Kane (Crave)
“
- Minha filha, vens da água e a água fala. Vens do tempo e estarás no tempo e a tua palavra estará no vento e será espalhada pela terra. A tua palavra será o fogo que transforma todas as coisas. A tua palavra estará na água be será espelho da língua. A tua palavra terá olhos e verá, terá ouvidos e ouvirá, terá tacto para mentir com a verdade e dirá verdades que parecerão mentiras. E com a tua palavra poderás regressar à quietude, ao princípio onde nada é, onde nada está, onde tudo o que foi criado regressa ao silêncio, mas a tua palavra despertá-lo-á e terás de nomear os deuses e terás de dar vozes às árvores e farás com que a natureza tenha língua e falará por ti o que é invisível. E a tua língua será palavra de luz e a tua palavra, pincel de flores, palavra de cores que, com a tua voz, pintará novos códices.
”
”
Laura Esquivel (Malinche)
“
Seja forte. Seja aplicada.
Seja conscienciosa. E isso nunca se consegue escolhendo o caminho fácil. Exceto claro, quando o caminho já seja fácil por si. Às vezes, acontece. Em tal caso, não busque um novo mais complicado. Só os mártires vão procurar os problemas de maneira deliberada.
(…)
Ria. Ria muito e com vontade. E, quando as circunstâncias pedirem silêncio, converta a risada em sorriso.
Não se conforme. Descubra o que quer e persegue-o. E se não souber o que quer, tenha paciência. Todas as respostas chegarão ao seu devido tempo e verá que seus desejos estiveram diante de você todo o tempo.
”
”
Julia Quinn (To Sir Phillip, With Love (Bridgertons, #5))
“
Por que lê tanto ? (...)
- Olhe-me e diga o que vê.
O rapaz olhou-o com suspeita
- Isto é algum truque ? Vejo você. Tyrion Lannister
Tyrion suspirou.
- Você é notavelmente gentil para um bastardo, Snow. O que vê é um anão. Você tem o que ? Doze anos ?
- Catorze - disse o rapaz.
- Catorze, e é mais alto que alguma vez serei. Minhas pernas são curtas e tortas, e caminho com dificuldade. Necessito de uma sela especial para não cair do cavalo. Uma cela de minha própria concepção, talvez te interesse saber. Era isso ou montar um pônei. Meus braços são suficientemente fortes mas, uma vez mais, demasiado curtos. Nunca serei um espadachim. Se tivesse nascido camponês, provavelmente me teriam me expulsado para que morresse, ou vendido para a coleção de aberrações de algum negociante de escravos. Mas, ai de mim ! Nasci um Lannister de Rochedo Casterly, e as coleções de aberrações são das mais pobres. Esperam-se coisas de mim. Meu pai foi mão do rei durante vinte anos. Aconteceu que, mais tarde, meu irmão matou esse mesmo rei, mas minha vida está cheia dessas pequenas ironias. Minha irmã casou-se com o novo rei e o meu repugnante sobrinho será rei depois dele. Devo cumprir minha parte pela honra da minha casa, não concorda ? Mas como ? Bem, poderei ter as pernas pequenas demais para o corpo, mas minha cabeça é grande demais, embora eu prefira pensar que tem o tamanho certo para minha mente. Possuo um entendimento realista das minha forças e fraquezas. A mente é minha arma. Meu irmão tem a sua espada, O Rei Robert, o seu martelo de guerra, e eu tenho a minha mente... e uma mente necessita de livros da mesma forma que uma espada necessita de uma pedra de amolar se quisermos que se mantenha afiada - Tyrion deu uma palmada na capa de coura do livro - É por isso que leio tanto, Jon Snow.
”
”
George R.R. Martin (A Game of Thrones (A Song of Ice and Fire, #1))
“
Interminável é assim o ciúme, pois mesmo se o ente amado, tendo morrido por exemplo, não o pode mais provocar pelos seus atos, acontece que reminiscências posteriores a qualquer fato se comportam de repente em nossa memória como outros tantos fatos, reminiscências que não havíamos esclarecido até então, que nos tinham parecido insignificantes e às quais basta que reflitamos sobre elas, sem nenhum evento exterior, para lhes darmos um sentido novo e terrível. Não é preciso sermos dois, basta estarmos só no quarto, a pensar, para que novas traições de nossa amante aconteçam, embora ela esteja morta. Por isso não se deve temer no amor, como na vida habitual, tão somente o futuro, mas também o passado, o qual não se realiza para nós muitas vezes senão depois do futuro, e não falamos apenas do passado que só se nos revela mais tarde, mas daquele que conservamos há muito tempo em nós e que de repente aprendemos a ler.
”
”
Marcel Proust (La Prisonnière)
“
Carlos esses três dias viveu? Eu não sei se alcançar a felicidade máxima, extasiar
se aí, e sentir que ela, apesar de superlativa, inda cresce, e reparar que inda pode crescer
mais... isso é viver? A felicidade é tão oposta à vida que, estando nela, a gente esquece que vive. Depois quando acaba, dure pouco, dure muito, fica apenas aquela impressão do
segundo. Nem isso, impressão de hiato, de defeito de sintaxe logo corrigido, vertigem
em que ninguém dá tento de si. E fica mais essa ideia que retomasse de novo a vida, que
das portas do Paraíso Terrestre em diante é sofrer e impedimento só. Estou convencido:
Carlos não viveu esses três dias.
”
”
Mário de Andrade (Amar, Verbo Intransitivo)
“
Era o último dia do ano e para muitos, o único que realmente importava. Tudo o que não fora feito durante o ano, transformar-se -ia num novo desejo, quando a meia-noite fosse anunciada e as passas consumidas de forma pensativa.
Brindavam ao ano e à vida que deixavam para trás, dando as boas novas a um ano diferente, com novos conhecimentos, novos projectos e novas aventuras. E por um motivo que ainda não sabia descodificar, ninguém queria estar sozinho na última noite do ano. Era um dia como tantos outros, apenas com a diferença de um número no final do calendário, mas estar sozinho naquela noite era como um mau presságio para
o ano que se avizinhava.
”
”
Carina Rosa (As Gotas de um Beijo)
“
Passamos a sentir que somente uma mudança em nós mesmos pode mudar a rotina das docas. Por exemplo, se desistirmos de tomar clarete, ou passarmos a usar borracha em vez de lã nos nossos cobertores, toda a maquinaria de produção e distribuição estremeceria, hesitaria e buscaria adaptar-se de novo. Somos nós - nossos gostos, modas, necessidades - que fazemos os guindastes mergulhar e oscilar, que chamamos os navios do mar. Nosso corpo é o senhor deles. Exigimos sapatos, peles, bolsas, fogões, óleo, pudim de arroz, velas - e estes são trazidos até nós. O comércio nos observa ansiosamente para ver quais novos desejos começamos a desenvolver, que novas aversões.
”
”
Virginia Woolf (The London Scene: Six Essays on London Life)
“
Já reparou naquilo a que chamo a agonia do trabalho? Toda a nossa vida gira em função do trabalho. Quando se pergunta a alguém o que é, nunca temos a resposta: sou homem ou sou mulher. Diz-se: sou engenheiro, electricista, médico. Só se é gente em referência ao trabalho. Um desempregado sente-se um pária e, todavia, ele é gente, a coisa mais extraordinária que se pode ser. Espero que as máquinas venham restituir às pessoas, aliviando-as do trabalho, a capacidade criativa, aquilo que nelas se oculta. Mas a transição parece-me estar a ser difícil porque as pessoas demoram muito tempo a render-se ao novo. Exigem provas seguras, entram com cautela no desconhecido.
”
”
Agostinho da Silva
“
"Você nasceu no lar que precisava nascer, vestiu o corpo físico que merecia, mora onde melhor Deus te proporcionou, de acordo com o teu adiantamento. Você possui os recursos financeiros coerentes com tuas necessidades… nem mais, nem menos, mas o justo para as tuas lutas terrenas. Seu ambiente de trabalho é o que você elegeu espontaneamente para a sua realização. Teus parentes e amigos são as almas que você mesmo atraiu, com tua própria afinidade. Portanto, teu destino está constantemente sob teu controle. Você escolhe, recolhe, elege, atrai, busca, expulsa, modifica tudo aquilo que te rodeia a existência. Teus pensamentos e vontades são a chave de teus atos e atitudes. São as fontes de atração e repulsão na jornada da tua vivência. Não reclame, nem se faça de vítima. Antes de tudo, analisa e observa. A mudança está em tuas mãos. Reprograma tua meta, busca o bem e você viverá melhor. Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.
”
”
Francisco Cândido Xavier
“
Serenado um pouco, abriu o livro e retomou a leitura. Esqueceu-se de si próprio por completo e bem podia então dizer que morrera. Sonhava no outro, ou melhor, o outro era um sonho que nele se sonhava, uma criatura da sua infinita solidão. Até que despertou com uma terrível pontada no peito. A personagem do livro acabara de lhe dizer de novo: «Devo repetir ao leitor que comigo morrerá.». E desta vez o efeito foi espantoso. O trágico leitor perdeu o conhecimento naquele seu leito de sofrimento espiritual; deixou de sonhar no outro e deixou de sonhar-se a si mesmo. E quando voltou a si, lançou fora o livro, apagou a luz e procurou adormecer, deixar de sonhar. Impossível! De quando em quando tinha de levantar-se para beber água; ocorreu-lhe que bebia no Sena, no espelho. «Estarei louco? - repetia -. Certamente que não, porque quando uma pessoa se pergunta se está louca é porque não está...». Levantou-se, pegou-lhe o fogo na lareira e queimou o livro, voltando em seguida a deitar-se. E conseguiu finalmente adormecer.
”
”
Miguel de Unamuno (Cómo se hace una novela)
“
Borbom protiv sanjara koji sanja ružnoću, bili oni ljudi ili bogovi, ne možemo a da ne ispunjavamo istovremeno i volju Bezimenog. U toj borbi biće i patnje, čime čovek ujedno olakšava svoj karmički teret, što bi mu se, doduše, desilo i kada bi jednostavno trpeo rugobnost; ali ova patnja doprinosi višem cilju, a u svetlosti večitih vrednosti o kojima mudraci tako često govore.
Prvo, čovek može da bude na izvestan način superioran u odnosu na svoje bližnje, pa ipak da im služi. Ako svi zajedno služe zajedničkoj stvari koja je po svome značaju iznad ma kog pojedinca.
Ne zamišljaj, o Sidarta, da se sad krećeš neprepoznat zato što nosiš novo telo. Ja gledam one tokove energije koji sačinjavaju tvoje stvarno biće - ne gledam meso koje ih maskira.
Čovekov intelekt sa emocijama njegovim često ratuje, a volja njegova sa željama njegovim... ideali njegovi često su neusklađeni sa njegovom okolinom, pa ako krene za njima, oseti bol što je napustio novi, uzvišeni san. Što god on radio, istovremeno i dobija i gubi, stiže ali se i udaljava. Uvek tuguje zbog stvari prošlih, i zazire od nekih stvari budućih. Razum se tradiciji protivi. Emocije se protive ograničenjima koja drugi ljudi čoveku nameću. Često u tim sudarima nastaje ono što si nazvao prokletstvom čovekai ismevao - krivica!
Biti bog, to nije samo prazna titula. To je jedno stanje bića. Da bi se to postiglo nije dovoljno samo biti besmrtan, jer i najbedniji težak na njivama mogao bi da obezbedi sebi ujednačen opstanak.
Biti bog sastoji se u tome da samog sebe ispoljiš do takve mere da se tvoje strasti podudare sa silama univerzuma, tako dobro da to odmah shvati svako ko te pogleda, iako nije čuo da se tvoje ime izgovara.
Biti bog, to znači biti u stanju u sebi spoznati ono što je važno, a onda se osposobiti da osdsviraš onu jednu notu koja će dovesti te sile u tebi u savršeni sklad sa celokupnošću svih stvari koje postoje. Onda više nema diskusije o moralu, logici ili estetici, nego jednostavno jesi vetar, jesi vatra, ili more, planine, kiša, sunce, zvezde, jesi let strele, smiraj dana, zagrljaj ljubavi. Vladaš pomoću onih istih strasti koje vladaju tobom.
Bilo bi lepo kad bi u univerzumu postojala bar jedna stvar konstantna, nepromenljiva. Ako takva stvar postoji, onda je sigurno od ljubavi jača, i sigurno je nešto meni nepoznato.
Kako može čovek da ubije nešto što niti stvarno živi niti stvarno umire, nego postoji; samo kao refleksija Apsolutnoga?
Bez obzira na skakutanje iz tela u telo, iz mozga u mozak, svaka ličnost zadržava svoj sopstveni umni otisak, svoje jedinstvene, neponovljive obrasce mišljenja.
Smrt i svetlost su svuda, uvek, i opet, u svetom snu Bezimenog, počinju i okončavaju, bore se, prate, ulaze u san i iznad sna su, vatrene reči urezuju u Samsaru, da tamo možda stvore nešto što će biti lepo kao umetničko delo.
”
”
Roger Zelazny (Gospodar svetlosti)
“
U Parizu sam proveo nedelje u Nacionalnoj biblioteci čitajući knjige davno željene, ali beleške koje sam tada pravio, ničemu mi ne služe, jer tokom mog čitanja sve mi je izgledalo izvanredno novo i važno, i osećao sam silno iskušenje da prepišem celu knjigu, pošto nisam mogao da je ponesem sa sobom. U stvari, zbog svog neiskustva lutam po knjigama sa stalnim i priglupim divljenjem primitivca, pa iz njih izlatim dezorijentisan, obuzet najpovršnijim odblescima. A takav sam i kad je reč o događajima koji dolaze i prolaze – lišen sam dara da biram i sposobnosti da ih vedro saberem, ogledalom okrenutim u svim smerovima, i pohvatam sve slike.
A šta me staje da se vežem za značajne stvari! Ništa, sem da tada uleću svakakve trice i kučine svakodnevnog života, brige zbog novca, koještarije i nepredvidivosti, lupanje vratima, zadasi, časovi koji otkucavaju i ne prestaju da vas podsećaju na red – sve se to oglašava ne libeći se preda mnom, trivijalno brblja iz dana u dan. Tako je bilo nekad i oduvek, ali je postalo još moćnije tokom ovih godina bez zaštite i prožetim brigama : sve prolazi kroz mene ludom brzinom, podjednako suštinsko i najuzgrednije, i nikakvo jezgro, nijedna čvrsta tačka ne može da se obrazuje u meni – postao sam mesto čitavog niza unutrašnjih susreta, ulični prelaz, a ne kuća ! A ovako ili onako, voleo bih da se dublje povučem u sebe, u manastir koji je u meni i u čijem zvoniku su okačena velika zvona.
”
”
Rainer Maria Rilke
“
Era uma vez um pássaro. Adornado com um par de asas perfeitas e plumas reluzentes, coloridas e maravilhosas. Enfim, um animal feito para voar livre e solto no céu, e alegrar quem o observasse.
Um dia, uma mulher viu o pássaro e apaixonou-se por ele. Ficou a olhar o seu voo com a boca aberta de espanto, o coração batendo mais rapidamente, os olhos brilhando de emoção. Convidou-o para voar com ela, e os dois viajaram pelo céu em completa harmonia. Ela admirava, venerava, celebrava o pássaro.
Mas então pensou: talvez ele queira conhecer algumas montanhas distantes! E a mulher sentiu medo. Medo de nunca mais sentir aquilo com outro pássaro. E sentiu inveja, inveja da capacidade de voar do pássaro.
E sentiu-se sozinha.
E pensou: “vou montar uma armadilha. Da próxima vez que o pássaro surgir, ele não partirá mais.”
O pássaro, que também estava apaixonado, voltou no dia seguinte, caiu na armadilha, e foi preso na gaiola.
Todos os dias ela olhava o pássaro. Ali estava o objecto da sua paixão, e ela mostrava-o ás suas amigas, que comentavam: “Mas tu és uma pessoa que tem tudo.” Entretanto, uma estranha transformação começou a processar-se: como tinha o pássaro, e já não precisava de o conquistar, foi perdendo o interesse. O pássaro sem puder voar e exprimir o sentido da sua vida, foi definhando, perdendo o brilho, ficou feio – e a mulher já não lhe prestava atenção, apenas prestava atenção á maneira como o alimentava e como cuidava da sua gaiola.
Um belo dia o pássaro morreu. Ela ficou profundamente triste, e passava a vida a pensar nele. Mas não se lembrava da gaiola, recordava apenas o dia em que o vira pela primeira vez, voando contente entre as nuvens.
Se ela se observasse a si mesma, descobriria que aquilo que a emocionava tanto no pássaro era a sua liberdade, a energia das asas em movimento, não o seu corpo físico.
Sem o pássaro a sua vida também perdeu o sentido, e a morte veio bater á sua porta. “Por que vieste?” perguntou á morte. “Para que possas voar de novo com ele nos céus”, respondeu a morte. “Se o tivesses deixado partir e voltar sempre, amá-lo-ias e admirá-lo-ias ainda mais; porém, agora precisas de mim para puderes encontrá-lo de novo.
”
”
Paulo Coelho (Eleven Minutes)
“
Pela noite fechada de silêncio, escrevo. É uma noite de Inverno, limpa, definitiva, uma evidência brilha na sua linearidade, no diagrama das estrelas… Olho-a, ouço-a. Todas as vozes obscuras, como bichos nocturnos, sobem ao limite do meu espanto, da minha vigília. (…)
Um homem novo recria-se-me na transparência do seu ser. Sinto-o leve e lúcido, instantâneo e incandescente, por entre cinzas que o fogo deixou. (…) o homem primordial que em mim sobe tem a face atónita de uma primeira interrogação. E não é isso uma imagem, uma figuração com que procuremos, contra um hábito endurecido, abrir os olhos a um novo modo de ver. (…) Sou eu só, diante de mim e da noite, irredutível e inútil na minha lucidez.
E no entanto, nenhuma desculpa me tranquiliza o remorso da urgência de um mundo a repovoar. É um remorso que se agrava à certeza de que os outros se reconhecem na mesma urgência e vazio. (…)
A invenção de um novo mundo não é uma invenção de ninguém. Não está na nossa mão criá-lo; está só, quando muito, ajudar no seu parto. E todavia – sabemo-lo bem – é em nós que ele se gera; mas tão longe de onde estamos, que só já quando irrevogável o sabemos. Um mundo acontece na escolha interminável de nós. Assim pois, testemunhas apenas à superfície desse acto de criação, (…), nós cumprimos sempre as ordens que ninguém deu e não as pudemos pois discutir. (…) A última justificação de todas as justificações escapa sempre ao homem e dela chega apenas até ele o seu eco pluralizado. (…)
E todo o problema do mundo de hoje está aí. Regresso a mim, ao meu corpo distinto e classificável onde todo o milagre aconteceu. E pergunto-me, suspenso, como foi possível, como é que uma breve semente abriu assim até essa Voz, até ao silêncio donde essa Voz falou. Frente ao grande sono dos homens que o esqueceram, na atenção inexorável ao sem limite de mim, a minha vigília arde como um fogo assassino. É um fogo alto e poderoso. Lume breve na minha intimidade, na brevidade de um pequeno ser, eu, anónimo e avulso, ocasional e frágil – eu. E todavia, esse lume vibra de vigor, brilha único e intenso contra o assalto da noite. Trago em mim a força monstruosa de interrogar, mais força que a força de uma pergunta. (…) o que eu trago em mim é o anúncio do fim do mundo, ou mais longe, e decerto, o da sua recriação.
”
”
Vergílio Ferreira (Invocação ao meu corpo)