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Francamente, não consigo entender como o que ocorreu a partir do Onze de Setembro nos Estados Unidos pôde permitir a um grupo de alucinados políticos pôr em execução planos há muito acalentados de uma atuação unilateral em busca da supremacia mundial.
Hoje, um regime de direita radical busca mobilizar os "verdadeiros americanos" contra alguma força externa malévola e contra um mundo que não reconhece a singularidade, a superioridade e o destino manifesto dos Estados Unidos. Com efeito, o perigo de guerra mais óbvio que existe hoje deriva das ambições globais do governo incontrolável e aparentemente irracional que está em Washington.
Como haveremos de viver neste mundo perigoso, desequilibrado e explosivo, em meio a grandes deslizamentos das placas tectônicas nacionais e internacionais, sociais e políticas? Quanto aos governos, o melhor que podem fazer é demonstrar o isolamento e, por conseguinte, os limites do atual poder mundial dos Estados Unidos, recusando-se, firme e polidamente, a somar-se a novas iniciativas propostas por Washington que possam levar a ações militares, particularmente no Oriente Médio e na Ásia oriental.
Dar aos Estados Unidos a chance de voltar da megalomania para uma política externa racional é a tarefa mais imediata e urgente da política internacional. Pois, queiramos ou não, eles continuarão a ser uma superpotência, na verdade uma potência imperial, mesmo em uma era que indica seu evidente declínio econômico relativo. Esperamos, contudo, que seja uma superpotência menos perigosa."
*Adaptação
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Eric J. Hobsbawm (Globalisation, Democracy and Terrorism)