Voar Quotes

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Para uns, a raiz é a parte invisível que permite a árvore crescer. Para mim, a raiz é a parte invisível que a impede de voar como os pássaros. Na verdade, uma árvore é um pássaro falhado.
Afonso Cruz (Os Livros Que Devoraram o Meu Pai)
Não é segurando nas asas que se ajuda um pássaro a voar. O pássaro voa simplesmente porque o deixam ser pássaro.
Mia Couto (Jesusalém)
O livro é um pássaro com mais de cem asas para voar.
Ramón Gómez de la Serna
voar é uma coisa simples comparando com Blimunda
José Saramago (Baltasar and Blimunda)
Talvez Dumbo, depois de voar, pudesse perceber que ninguém domina ninguém; quem nos domina, por dentro, é o medo.
Eduardo Sá (Más Maneiras de Sermos Bons Pais)
O voar não vem da asa. O beija-flor, tão abreviadinho de asa, não é o que voa mais perfeito?
Mia Couto (A Varanda do Frangipani)
Sim, mas as palavras também crescem, como as árvores, e vão mudando de significado ao longo da vida, começam por querer dizer uma coisa e acabam por dizer outra. Ninguém quer manter-se igual para sempre e até as lagartas começam a voar, um dia.
Afonso Cruz (Assim, Mas Sem Ser Assim)
Somos assim: sonhamos o voo mas tememos a altura. Para voar é preciso ter coragem para enfrentar o terror do vazio. Porque é só no vazio que o voo acontece. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Por isso trocamos o voo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram.
Fiodor Dostoïevski (Os Irmãos Karamazov)
A leitura é para uma pessoa o mesmo que voar é para um pássaro. Primeiro, aprende-se a bater as asas, com a ajuda dos pássaros mais velhos, depois voa-se sozinho...
Rui Zink (Os Surfistas)
- Porque é que já não sabe voar, mãe? -Porque já sou crescida, meu amor. Quando as pessoas crescem esquecem-se de como se faz. - Porque é que se esquecem? - Porque já não são alegres, inocentes e cruéis. Só quem for alegre, inocente e cruel é que consegue voar.
J.M. Barrie
Os homens querem fugir - e fazem mal. As mulheres querem confiar - e fazem mal. É nesse desequilíbrio, igualado pelo facto de ambos os sexos se darem mal, que se encontra a grande electricidade que nos junta e dá pica e desconjunta. A maior parte dos homens - sobretudo os mulherengos - morre sem saber o que é receber o que uma mulher pode dar. Uma mulher inteira - alma e tudo - pesa mais do que dois homens. É mais profunda e, ao mesmo tempo, mais volúvel. Não tem a obsessão pela escolha e pela definição que têm os homens. É volátil. Quer voar. Quer evaporar-se. Quer sair dali para fora e ser outra coisa.
Miguel Esteves Cardoso (Como é Linda a Puta da Vida)
- É por essa janela que costuma voar? Joana Ofélia sorriu. - Qualquer janela serve. Foi Demérita que me ensinou. Basta olharmos através dos vidros, e somos mais livres do que pássaros. As pessoas podem continuar a ver-nos, mas só nós sabemos que há muito que ali não estamos, que voámos com as aves, com o vento, com a poeira da estrada, com a água da chuva.
Alice Vieira (Se Perguntarem Por Mim Digam Que Voei)
O verão passava por nós a voar como uma canção nova que não conseguimos parar de ouvir, aquela obsessão de chegar ao fim e voltar a tocar.
Helena Magalhães (Raparigas Como Nós)
Pássaros criados em gaiola acreditam que voar é uma doença
A. Jodorowsky
Se eu ordenasse a meu general voar de uma flor a outra como borboleta, ou escrever uma tragédia, ou transformar-se numa gaivota, e o general não executasse a ordem recebida, quem, ele ou eu, estaria errado?
Antoine de Saint-Exupéry (O Pequeno Príncipe)
Abdicamos da vida para podermos vivê-la, abdicamos dela a toda a hora, a todos os minutos, em cada gesto, é esta a crueldade contra a qual justamente nos revoltamos, uma luta desde sempre perdida, capitulada.
João Tordo (Ensina-me a Voar Sobre os Telhados)
Ser ilhéu era isso mesmo: poder voar sem ter asas, só por vislumbrar o oceano; poder respirar fundo sem esforço, só por sentir o cheiro das criptomérias por perto. Mas ser ilhéu naquelas ínsulas dos Açores era bem mais que isso. Era também poder pisar a areia fina e cinzenta das praias e abrir os braços para as montanhas que a cuspiram, virar-lhes as costas e agora abraçar o mar imenso, bom e mau, calmo e tempestuoso, límpido e espumoso, dependendo da sua fúria ou da sua serenidade, dependendo do que a Mãe – aquela Natureza – lhe fazia sentir, tal qual um ser vivo, com o mesmo sentir de um animal. Tudo é vivo, tudo respira!
Pedro Almeida Maia (Bom Tempo no Canal: A Conspiração da Energia (John Mello, #1))
Letras, palavras, frases, páginas, folhas, livros, vinde, que bem-vindos sois, pois este é o vosso reino e mundo, cantaria alguém, se ali estivesse. O mundo estremecera num abrir de páginas que fugiam às lombadas castradoras. E então, estando por ali mesmo sem estar, poderá o leitor ufanar-se de ter visto a vida voar.
João Rebocho Pais
Temos de rir. Senão a tragédia vai nos fazer voar pela janela.
Jean Genet (Les Bonnes)
Tive a impressão de que voar submetesse todas as coisas a um processo de simplificação e suspirei, tentei me abandonar.
Elena Ferrante (Those Who Leave and Those Who Stay (Neapolitan Novels, #3))
Gostas quando o pai te proíbe de ir brincar com os rapazes? Ou quando a mãe diz que, um dia, terás de obedecer sempre ao teu marido? Então não digas a um pássaro que não pode voar.
André Ouro Verde (Palestina Sobre uma Tela)
Ele precisa voar para longe para se sentir livre, mas sempre vai voltar para onde você estiver — ela repetiu, prendendo o meu olhar. — Já não vive sem mim
Lettie S.J. (A Única Esposa do Sheik (Livro Único) - Saga da Dinastia de Tamrah (Portuguese Edition))
Para voar alto, é preciso leveza e pensamento flexível.
Marcos Lacerda (Amar-se: uma viagem em busca de si mesmo (Portuguese Edition))
se você fizer isso por tempo o suficiente, pode se tornar impossível dizer a diferença entre voar e cair.
Fredrik Backman (Gente ansiosa (Portuguese Edition))
Se não puder voar, corra. Se não puder correr, ande. Se não puder andar, rasteje; mas continue em frente de qualquer jeito.
Martin Luther King Jr.
O menino apenas olhava para o chão, dando a impressão de que tentava convencer sua alma a não mais habitar o pequeno corpo e a fugir pela janela e voar bem alto até o céu, indo o mais longe possível.
John Boyne (The Boy in the Striped Pajamas)
Dizer não basta. Não é suficiente, não tem valor algum. O próprio Igor deixou claro. Palavras desaparecem, as ações, os gestos é que realmente contam. Você também acredita nisso, e me disse isso uma vez, lembra? Que era preciso mais que um amontoado de palavras para te convencer. Então eu te disse de outro jeito. Não se deu conta de todas as vezes em que me declarei pra você? Eu não disse que te amava quando encontrei você chorando naquelas escadas e te emprestei meu ombro? Ou quando seu irmão estava mal no hospital e fiquei ali do seu lado? Não disse que te amava quando levei você pra voar ou quando ficamos no meio daquele lago? Tem certeza que eu não disse que te amava todas as vezes em que rimos juntos, em que impliquei com você, todas as vezes em que fizemos amor? Tem certeza que eu nunca disse, Luna?
Carina Rissi (No Mundo da Luna)
Meu caro amigo (...), a vida é infinitamente mais estranha que qualquer coisa que a mente do homem possa inventar. Não nos atreveríamos a conceber coisas que são, afinal, lugares-comuns da existência. Se pudéssemos sair a voar de mão dada por aquela janela, pairar sobre esta cidade, tirar cuidadosamente os telhados e espreitar as coisas esquisitas que estão a passar-se , as estranhas coincidências, as maquinações, os objectivos cruzados, as maravilhosas cadeias de acontecimentos que vão funcionando durante gerações e levam aos resultados mais outrés, a ficção tornar-se-ia, com os seus convencionalismos e conclusões previstas, muito cediça e sem interesse.
Arthur Conan Doyle (The Adventures of Sherlock Holmes (Sherlock Holmes, #3))
Posso acreditar em coisas que são verdade e posso acreditar em coisas que não são verdade. E posso acreditar em coisas que ninguém sabe se são verdade ou não. Posso acreditar no Papai Noel, no coelhinho da Páscoa, na Marilyn Monroe, nos Beatles, no Elvis e no Mister Ed. Ouça bem... Eu acredito que as pessoas evoluem, que o saber é infinito, que o mundo é comandado por cartéis secretos de banqueiros e que é visitado por alienígenas regularmente -uns legais, que se parecem com lêmures enrugados, e uns maldosos, que mutilam gado e querem nossa água e nossas mulheres. Acredito que o futuro é um saco e que é demais, e acredito que um dia a Mulher Búfalo Branco vai ficar preta e chutar o traseiro de todo mundo. Também acho que todos homens não passam de meninos crescidos com profundos problemas de comunicação e que o declínio da qualidade do sexo nos Estados Unidos coincide com o declínio dos cinemas drive-in de um Estado ao outro. Acredito que todos os políticos são canalhas sem princípios, mas ainda assim melhores do que as outras alternativas. Acho que a Califórnia vai afundar no mar quando o grande terremoto vier, ao mesmo tempo em que a Flórida vai se dissolver em loucura, em jacarés, em lixo tóxico. Acredito que sabonetes antibactericidas estão destruindo nossa resistência à sujeira e às doenças, de modo que algum dia todos seremos dizimados por uma gripe comum, como aconteceu com os marcianos em Guerra dos Mundos. Acredito que os melhores poetas do século passado foram Edith Sitwell e Don Marquis, que o jade é esperma de dragão seco, e que há milhares de anos em uma vida passada eu era uma xamã siberiana de um braço só. Acho que o destino da humanidade está escrito nas estrelas, que o gosto dos doces era mesmo melhor quando eu era criança, que aerodinamicamente é impossível pra uma abelha grande voar, que a luz é uma onda e uma partícula, que tem um gato em uma caixa em algum lugar que está vivo e que está morto ao mesmo tempo (apesar de que, se não abrirem a caixa algum dia e alimentarem o bicho, ele no fim vai ficar só morto de dois jeitos), e que existem estrelas no universo bilhões de anos mais velhas do que o próprio universo. Acredito em um deus pessoal que cuida de mim e se preocupa comigo e que supervisiona tudo que eu faço, em uma deusa impessoal que botou o universo em movimento e saiu fora pra ficar com as amigas dela e nem sabe que estou viva. Eu acredito em um universo vazio e sem deus, um universo com caos causal, um passado tumultuado e pura sorte cega. Acredito que qualquer pessoa que diz que o sexo é supervalorizado nunca fez direito, que qualquer um que diz saber o que está acontecendo pode mentir a respeito de coisas pequenas. Acredito na honestidade absoluta e em mentiras sociais sensatas. Acredito no direito das mulheres à escolha, no direito dos bebês de viver, que, ao mesmo tempo em que toda vida humana é sagrada, não tem nada de errado com a pena de morte se for possível confiar no sistema legal sem restrições, e que ninguém, a não ser um imbecil, confiaria no sistema legal. Acredito que a vida é um jogo, uma piada cruel e que a vida é o que acontece quando se está vivo e o melhor é relaxar e aproveitar.
Neil Gaiman (American Gods (American Gods, #1))
Sempre olhamos os seres alados com alguma inveja. Falta-nos a arte do voo. Desconhecemos, porém, que existem outros métodos para voar. E um deles, o mais simples e acessível, é deixarmo-nos encantar pelas suas histórias secretas.
Mia Couto (Pensageiro Frequente)
Voa ou fecha os olhos. Fecha-os, chora e dorme. Quando a alvorada nascer e acordares entorpecido de sonhos, verás os pesadelos que a realidade esconde dentro das suas portas, e voltarás a voar. Nunca pares. Se parares, não voltarás a andar.
Diogo Lopes (Baluartes: Episódios de Uma Vida com Banda Sonora)
- Vai um pássaro a voar baixinho, tia, é lindo e vai perdido a voar. Aqui não é céu de pássaros. Tenho muito calor dentro de mim, tia, tenho calor e falta-me o ar. Leve o pássaro para a rua, lá para onde puder voar. No meu peito não cabem pássaros.
Nuno Camarneiro (No Meu Peito Não Cabem Pássaros)
O vulto da casa,enorme,escuro, o escuro castelo dos seus sonhos, pensou como seria transformar-se num anjo negro e voar da varanda da torre para o mar, e seguir a lua, e mergulhar nas águas,deus,porque é que o mar já não tinha piratas e passagens subterrâneas e arcas com tesouros, de onde é que tinham vindo os monstros...
Ana Teresa Pereira (A Linguagem dos Pássaros)
Às vezes, as pessoas são golpes em nossa pele, a ferida que sangra para aprendermos a fazer uma pele nova.
João Tordo (Ensina-me a Voar Sobre os Telhados)
Um dia que Deus estava a dormir E o Espírito Santo andava a voar, Ele foi à caixa dos milagres e roubou três. Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido. Com o segundo criou-se eternamente humano e menino. Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz E deixou-o pregado na cruz que há no céu E serve de modelo às outras. Depois fugiu para o sol E desceu pelo primeiro raio que apanhou.   Hoje
Fernando Pessoa (Fernando Pessoa - Poesia Completa de Alberto Caeiro (Portuguese Edition))
[O piloto] Orr era louco e podia ser dado por incapaz. Bastava-lhe pedir, e a partir do momento em que o fizesse deixaria de ser louco e teria de participar em novas missões. Seria louco se participasse em novas missões e mentalmente são se não o fizesse, mas neste último caso teria de voltar a voar. Se o fizesse, seria louco e não teria de o fazer, mas se não quisesse, estaria em plena posse das faculdades mentais e deveria fazê-lo.
Joseph Heller (Catch-22)
Ser ou não ser, eis a questão. O que é mais nobre para a alma? Sofrer as pedradas e as setas da fortuna ultrajosa ou tomar armas contra um mar de tribulações e, fazendo-lhes rosto, dar-lhes fim? Morrer... dormir... mais nada. Dizer que, por meio de um sono, acabamos com as angústias e com os mil embates naturais de que é herdeira a carne é um desfecho que se deve ardentemente desejar. Morrer... dormir... dormir! Sonhar talvez! Ah! Aqui é que está o embaraço. Pois que sonhos podem sobrevir naquele sono da morte depois de nos termos libertado deste bulício mortal? Eis o que nos obriga a fazer pausa; eis a reflexão de que procede a calamidade de uma vida tão longa. Com efeito, quem suportaria os açoites e os escárnios desta época, a injustiça do opressor, a contumélia do orgulhoso, os tormentos do amor desprezado, as dilações da lei, a insolência do poder e os maus tratos que o mérito paciente recebe de criaturas indignas, podendo com um simples punhal outorgar a si mesmo tranquilidade? Quem quereria sopesar o fardo, gemer e suar debaixo de uma vida pesadíssima, se o temor dalguma coisa depois da morte - o desconhecido país de cujas raias nenhum viajante ainda voltou - não enleasse a vontade e não fizesse antes padecer os males que temos, do que voar para outros que ignoramos? Assim, a consciência torna-nos a todos covardes; assim o fulgor natural da resolução é amortecido pelo pálido clarão do pensamento; e, assim, empresas enérgicas e de grande alcance torcem o caminho, e perdem o nome de ação.
William Shakespeare (Hamlet)
Numa vida curta e incerta, parece cruel fazer qualquer coisa que possa privar as pessoas do consolo da fé, quando a ciência não pode remediar a sua angústia. Aqueles que não conseguem suportar o peso da ciência têm a liberdade de ignorar os seus preceitos. Mas não podemos fazer ciência aos pedacinhos, aplicando-a quando nos sentimentos seguros e ignorando-a quando nos sentimos ameaçados - mais uma vez, porque não temos sabedoria para tanto. A não ser dividindo a mente em compartimentos herméticos separados, como é possível voar em aeroplanos, escutar rádio ou tomar antibióticos, sustentando ao mesmo tempo que a Terra tem cerca de 10 mil anos ou que todos os sagitarianos são gregários e afáveis?
Carl Sagan (The Demon-Haunted World: Science as a Candle in the Dark)
Era uma vez um pássaro. Adornado com um par de asas perfeitas e plumas reluzentes, coloridas e maravilhosas. Enfim, um animal feito para voar livre e solto no céu, e alegrar quem o observasse. Um dia, uma mulher viu o pássaro e apaixonou-se por ele. Ficou a olhar o seu voo com a boca aberta de espanto, o coração batendo mais rapidamente, os olhos brilhando de emoção. Convidou-o para voar com ela, e os dois viajaram pelo céu em completa harmonia. Ela admirava, venerava, celebrava o pássaro. Mas então pensou: talvez ele queira conhecer algumas montanhas distantes! E a mulher sentiu medo. Medo de nunca mais sentir aquilo com outro pássaro. E sentiu inveja, inveja da capacidade de voar do pássaro. E sentiu-se sozinha. E pensou: “vou montar uma armadilha. Da próxima vez que o pássaro surgir, ele não partirá mais.” O pássaro, que também estava apaixonado, voltou no dia seguinte, caiu na armadilha, e foi preso na gaiola. Todos os dias ela olhava o pássaro. Ali estava o objecto da sua paixão, e ela mostrava-o ás suas amigas, que comentavam: “Mas tu és uma pessoa que tem tudo.” Entretanto, uma estranha transformação começou a processar-se: como tinha o pássaro, e já não precisava de o conquistar, foi perdendo o interesse. O pássaro sem puder voar e exprimir o sentido da sua vida, foi definhando, perdendo o brilho, ficou feio – e a mulher já não lhe prestava atenção, apenas prestava atenção á maneira como o alimentava e como cuidava da sua gaiola. Um belo dia o pássaro morreu. Ela ficou profundamente triste, e passava a vida a pensar nele. Mas não se lembrava da gaiola, recordava apenas o dia em que o vira pela primeira vez, voando contente entre as nuvens. Se ela se observasse a si mesma, descobriria que aquilo que a emocionava tanto no pássaro era a sua liberdade, a energia das asas em movimento, não o seu corpo físico. Sem o pássaro a sua vida também perdeu o sentido, e a morte veio bater á sua porta. “Por que vieste?” perguntou á morte. “Para que possas voar de novo com ele nos céus”, respondeu a morte. “Se o tivesses deixado partir e voltar sempre, amá-lo-ias e admirá-lo-ias ainda mais; porém, agora precisas de mim para puderes encontrá-lo de novo.
Paulo Coelho (Eleven Minutes)
Portanto - disse a Srta. Tilney -, a senhorita crê que os historiadores não são felizes ao deixar sua imaginação voar. Eles demonstram possuí-la, mas não conseguem despertar o interesse. Eu gosto de História, e não me importo de aceitar o que é falso junto com o que é verdadeiro. Para descrever os fatos principais, eles buscam informações em registros e em outros livros que são tão confiáveis, creio eu, quanto qualquer coisa que não se passe diante de nossos próprios olhos. E quanto aos pequenos adornos aos quais se refere, são apenas adornos, e gosto deles como tal. Se um discurso for bem escrito, eu o lerei com prazer, não importa quem seja o autor. E leio com mais prazer ainda se tiverem sido produzidos pelo Sr. Hume e pelo Sr. Robertson do que se fossem as palavras genuínas de Caractacus, Júlio Agrícola ou ALfredo, o Grande.
Jane Austen (Northanger Abbey)
Lembro-me de estar destroçada, de te ter arrancado de dentro de mim a ferros e, ainda assim, um braço teu ficou para trás. Lembro-me de abrir o meu diário em papel, furiosa porque tinha jurado que não escreveria nem mais uma linha a teu propósito, e escrever «durante o dia, bano-te do meu pensamento, mas todas as noites, é a teu lado que me deito, e nos teus braços que adormeço, e é a minha mão que agarro, fingindo que é a tua». (… ) Mas não é de ontem, quando abro a cama, peço-te que te chegues para lá. Deito-me e imagino que estás lá, cansado, extenuado de um dia de trabalho, quase sinto a tua respiração na minha nuca. Imagino que me dizes tudo aquilo que eu queria ouvir, mas não me alongo nisso, é mais íntimo ainda, o que queres ouvir de alguém é mais do que o que esperas dessa pessoa: é o segredo de quem és, de como és e do que queres da vida, na sua voz (…) Encho o peito de ar, subo, subo, subo, amo-te amo-te amo-te, sei-o tão bem, sei até que é para sempre, embora faça figas para que não seja (…) Não posso não posso não posso imaginar que o ar me vai fugir outra vez, que a qualquer momento os meios de informação vão trazer até mim aquele género de notícia que quase me mata - foram ao cinema, saíram juntos, comeram-se, foderam-se, falaram-se - eu disse quase, porque não matou. É verdade que foram muitas lágrimas, muitas reformulações de planos de vida e castelos de cartas a vir por aí abaixo, o jogo virou, e eu perdi. Uma vez mais, e os escritos pararam: o meu diário ficou a branco, o espaço virtual onde nos escrevia acabou com uma nota lúgubre na qual anunciei a minha morte. Estive de luto por mim mesma, estive sim. Doía-me o peito como me dói agora, ao recordar, a falta de ar, o choro compulsivo, os pensamentos sombrios, desesperados, como se nunca mais o sol nascesse no oriente e eu nunca mais o provasse, o sentisse nas costas, como se o mundo tivesse acabado ali, pelo menos o meu tinha, o assombro, os sentimentos, todos baralhados, como se me devesses alguma coisa quando não devias, como se me tivesses dado motivos para te amar tanto quando não me deste, como se quisesses o meu amor e depois o tivesses rejeitado, quando nunca o quiseste. E eu fechei as portas do meu recinto, pus panos negros nas janelas, anunciei que não estava. As pessoas bateram-me à porta, esconderam-me verdades que teriam acabado comigo naquele momento, compraram-me chocolates, secaram-me lágrimas com rosas. morri ali, é a verdade. (…) Mas a fé, a minha maldita fé de quem não acredita em deus e canalizou toda a sua crença nas causas impossíveis, deu-me ar, e mais ar, e subi a montanha, talvez nunca a tivesse subido tanto, julguei que via tudo lá de cima, tudo: falavam em auras, ao nosso redor, falavam na nossa perfeição, enquanto dupla, diziam que «não podia ser de outra forma», que «não se pode estar assim tão enganado», que me amas, imagina só a dimensão da loucura geral, que me amas mas que não tens espaço para mim, e eu, com o peito de cheio de ar, cheguei ao topo e comecei a voar (…) Já sonhaste alguma vez que caías? Eu já, é uma dor na boca do estômago, como se tudo te fugisse, como se o teu corpo se desmantelasse, como se o mundo inteiro implodisse para dentro de ti e soubesses que ias rebentar, ao mínimo toque de um objecto, de um elemento que não o ar, vais rebentar. Estou à espera que venham as abelhas, as orquídeas, os pés descalços na terra húmida, um livro, uns óculos, um copo vazio na mesa-de-cabeceira, e me faça explodir. Entretanto (…) vou imaginar que não estou a cair, que tal? Ao invés (…) vou deitar-me na minha caminha quentinha e imaginar que as tuas pernas se entrelaçam nas minhas e me aquecem os pés gelados e a tua voz, sonolenta, diz: “boa noite, dorme bem”, para eu poder responder-te também – “dorme bem, meu amor”.»
Célia Correia Loureiro
Nascer não é, afinal, produto do livre-arbítrio, mas de uma outra liberdade, biológica ou celestial, como lhe queiram chamar, a liberdade mais arrogante de todas porque é promotora de escravidão, obrigando-nos a estar aqui, encurralados. Em suma: não tivemos escolha neste “estar”. Como tudo aquilo que não depende de nós, é uma dádiva, e uma ferida. Entender que uma não existe sem a outra é a tarefa da eternidade, e podemos decidir que essa dádiva é demasiado onerosa, que a ferida nos rasga demasiado a carne.
João Tordo (Ensina-me a Voar Sobre os Telhados)
A fragilidade e a pequenez assumem dimensões infinitas conforme a sua raridade, subtileza ou efemeridade. Exercitar este olhar sobre o mundo é um trabalho poético que não só lhe imprime beleza como também glorifica a mortalidade como um dom. Perec, no seu livro "L'ínfra-ordinaire", fala precisamente da importância das pequenas coisas, da atenção que lhes devemos. Noticiam-se grandes desgraças, mas quando vemos o sol a pôr-se num cemitério de Samarcanda, é o poeta que o descreve, não é o jornalista. Os poetas vêem as intermitência da vida, os beijos que demos antes de os darmos, as garças a voar (tão intensas a pincelar o chão com as suas sombras), a chuva a bater na janela, um título esquecido de um romance imperdível, um esgar de maldade, um golo de vinho. Nenhum jornal noticia a chuva a bater na janela, isso é trabalho de um poeta. Não imaginamos a quantidade de coisas, consideradas lixo, que se podem contar ao mundo com uma beleza absurda. Aquilo que não cabe num jornal pode ser precisamente a matéria mais poética.
Afonso Cruz (Jalan Jalan - Uma Leitura do Mundo)
Não tinhas a mínima noção do que é o amor, Mayya? Não sentiste nada do que eu passei enquanto andava à volta da tua casa como um peregrino em volta da Caaba, uma, duas, sete vezes? Como pôde a casa ter espaço suficiente para abrigar toda a minha paixão? Como é que a sua única varanda aguentou comigo, ali parado, sozinho, sob o peso de tanto amor, sem se partir ou cair na rua de terra batida, para ser levada pela brisa para os céus de Deus? Como é que aquele quartinho suportou as toneladas de nuvens que eu aí guardava, só para poder caminhar sobre elas? Como é que as paredes se mantiveram imóveis e inabaláveis, sem tremer uma única vez com o tormento da minha insustentável felicidade? Mas tudo ficou no seu lugar, apesar de eu não ter lugar. As portas não saíram dos seus gonzos, apesar de o meu corpo abatido estar crivado pelas balas vivas do amor desesperado. As janelas não se partiram, ainda que as minhas asas batessem violentamente contra o vidro, com força suficiente para voar da janela da frente até à mancha mais distante no horizonte. A casa foi suficientemente grande para me conter, para sufocar o grito de desejo que ecoava dentro de mim. Como foi então possível, Mayya, que os teus olhos, fixos na tua máquina de costura, nunca conseguissem ver a dimensão imensa e tortuosa do meu amor, e o meu eu aprisionado?
Jokha Alharthi جوخة الحارثي (Celestial Bodies)
— Arranquei do calendário os dias de Maio e de Junho, disse Susan, e vinte e dois dias de Julho. Arranquei-os e amarfanhei-os, e por isso já só existem como um peso no meu coração. São dias mutilados, como borboletas nocturnas com as asas arrancadas, incapazes de voar. Já só faltam oito dias. Dentro de oito dias, descerei do comboio e ficarei parada no cais às seis e vinte e cinco. A minha liberdade vai então desabrochar, fazendo estalar todas as obrigações que me tolhem e diminuem — os horários, a ordem, a disciplina, o ter de estar aqui e ali a horas certas. O dia explodirá de brilho quando eu abrir a porta e vir o meu pai com o seu velho chapéu e as polainas. Vou tremer. Romper em lágrimas. Depois, na manhã seguinte, levanto-me de madrugada. Saio pela porta da cozinha. Irei pelo paul, ouvindo trovejar atrás de mim os grandes cavalos montados por fantasmas que de súbito se detêm. Verei a andorinha roçando a erva. Vou atirar-me para um banco junto ao rio e ficar a ver os peixes deslizando entre os juncos. Terei nas palmas das mãos as marcas das agulhas dos pinheiros. Então poderei desdobrar e examinar com atenção tudo o que aqui nasceu em mim, qualquer coisa de duro. Porque alguma coisa cresceu dentro de mim, através do Inverno e do Verão, dos dormitórios e escadarias. Ao contrário de Jinny não quero ser admirada. Não quero que as pessoas ergam os olhos de admiração quando entro. Quero dar e receber e quero a solidão onde possa desdobrar em paz tudo o que possuo.
Virginia Woolf (The Waves)
30 de Janeiro Os troncos afundam-se na escadaria no declive sumptuoso da superfície branca. São fantasmas, de costas geladas, vejo o lugar inteiro recolhendo os passos vagarosos da neve. A neve traz sucessivos dedos, figuras maiores como amantes fluídos que se concentram, se metem a caminho, para encontrarem fora dos astros a origem da fábula, da paródia, da tragédia do vaudeville. A neve escuta, e olha, regressa das cadeias abstractas onde também havia corações e noites de Agosto e a infância dos nomes em transformação. Na senda reclusa, o pinheiro argênteo feneceu. Dois homens hão-de chegar para cortá-lo. Desistiu, pensei. Cansou, atalhei remediando. Seria nas primeiras névoas de Novembro, foi nas branduras de Outubro. O pinheiro tornou-se num ramo de cabelos sem odor, irrompido de intrépida mudez. Mas agora, tão cândido por entre a cerração, grito de alvura, à despedida, sem nada já saber do apelo e da velocidade dos minutos, ainda os membros rendidos para o carambelo, asas púrpura de um cardeal a entrarem-lhe no corpo, ainda um pintarroxo a ver-se nos seus galhos, como em alcácer, como obra-prima no sítio de nascer. É meio-dia, bateu meio-dia no velho relógio sobre o jardim dos Prosoros. À distância, o sonho, com Moscow e a estonteada floresta passam, passa o limite lôbrego do rio. Abalada e giratória a luz vinda de todos os lados, a luz acordará Nicolai Lvovitch Tusenbach: «Uma árvore secou, mas eis que balança, a par das outras, tocadas pela brisa. Isto me diz que farei parte da vida mesmo depois de morrer»[1]. O tempo caminhando, a flecha do tempo a consumar o fogo e a rebentar as trevas, tudo é terrível de ambíguo enojo, vamos decerto arder depois de florirmos íngremes de mensagens, voar na planície ignota, mas não seremos esquecidos, Olga Prosorov, o pintarroxo além, como em alcácer, a nossa ressurreição, vê.
Olga Gonçalves (O livro de Olotolilisobi)
Quem tem medo de que algo vá acontecer e age de uma forma milimetricamente preparada para que tal não aconteça, verá a segurança ao seu redor, mas as surpresas a voar, com asas de ouro, do outro lado da gaiola, suficientemente perto para se saber que estão ali, mas apenas suficientemente longe para não se poderem tocar e agarrar.
António Pedro Moreira (Daqui Ali - De Portugal a Singapura Por Terra)
Ninguém é puro nesse mundo. Nunca somos só negros ou só brancos. Somos o fruto de um encontro e de um afrontamento. Somos uma encruzilhada, pontos de passagem, pontes. Somos móveis. E podemos voar com as asas escondidas nas dobras das nossas almas celestiais.
Igiaba Scego (La mia casa è dove sono)
Ato consumado, fato rarefeito. Tu és, ó minha, a voar, a arpoar. Como adentras em meu ser, como acalmas o meu mar.
Rove Monteux
Fato consumado, ato rarefeito.
 Tu és, ó minha, a voar, a arpoar.
 Como adentras em meu ser,
 como acalmas o meu mar.
Rove Monteux
Fato consumado, ato rarefeito, Tu és, ó minha, a voar, a arpoar. Como adentras em meu ser, como acalmas o meu mar.
Rove Monteux
Fato consumado, ato rarefeito. Tu és, ó minha, a voar, a arpoar. Como adentras em meu ser, como acalmas o meu mar.
Rove Monteux
O que ela havia feito afinal? Se estava mesmo seguindo o que desejava, por que não se sentia feliz, ou ao menos aliviada? Por que se sentia tão sem chão, como se alguém houvesse aberto a porta da gaiola onde ela vivera por tanto tempo e agora ela fosse um pássaro indefeso, sem saber voar, com medo, arrependimento e dúvidas? Tantas dúvidas.
M. Sardini (As vozes sombrias de Irena (Portuguese Edition))
Como saltar de um penhasco e descobrir que eu sabia voar.
Jennifer Lynn Barnes (The Final Gambit (The Inheritance Games, #3))
Dúvida Dizer que sonhou com alguém e nunca saber se isso será interpretado como mau presságio sinal de grande estima ou de inveja obsessiva como um flerte ou como deslize do qual se arrependerá no instante seguinte ao perceber que por distração escancarou as portas de seu id envenenado Dizer que sonhou com alguém que por exemplo nadou com D. entre águas-vivas na praia imersa em cerração que se enervou com J. ao ver os papéis queimando num hangar sombrio que estava com A. no ventre da baleia e por alguns minutos com C., que deixou marcas de dente e tufos empapados de sangue nos lençóis Mas sobretudo nunca dizer — jamais — que no fundo tudo o que sonhou tem a ver sempre com aqueles nós cegos que florescem na passagem das noites a nos amestrar com dor a nos amestrar para a necessidade da fuga e, logo, para o voo, para voar desesperadamente voar e fazer força para não cair voar e não olhar para baixo voar e evitar a todo custo encarar aqueles que ficaram ao rés do chão tremeluzindo anônimos e amigos, decepcionados sabendo que fujo porque lhes tomei algo tal como eva devorando desdenhosa desde 2 milhões de anos atrás
Juliana Krapp (Uma volta pela lagoa)
Estou convencido de que o medo é a raiz de toda má escrita. Se você escreve por prazer, o medo pode ser moderado — timidez é a palavra que usei aqui. Se, no entanto, estiver trabalhando sob pressão, com um prazo apertado — um trabalho escolar, um artigo de jornal, uma redação do vestibular —, o medo pode ser grande. Dumbo aprendeu a voar com a ajuda da pena mágica; você pode precisar usar a voz passiva ou algum desses lamentáveis advérbios pela mesma razão. Lembre-se, porém, antes de recorrer a esses artifícios, de que Dumbo não precisava da pena, a mágica estava nele.
Anonymous
Se a era dos dinossauros tinha sido o momento de maior orgulho na história da Terra até então, a sua sequência imediata foi, sem dúvida, o mais constrangedor. Depois que os dinossauros foram exterminados pelo gigantesco meteorito, a Terra foi dominada durante algum tempo por – veja só – grandes pássaros que não voavam. Com a maioria dos assustadores répteis mortos, os cientistas acreditam que os pássaros propriamente ditos – isto é, aqueles que podiam de fato voar – tenham descoberto que a comida passou a ser tão abundante e fácil de obter que eles podiam simplesmente saltar de um lado para o outro no chão até encontrá-la. Fartando-se de comida e se tornando cada dia mais burros, esses grandes pássaros, com o tempo, ficaram tão gordos e preguiçosos que literalmente não conseguiam mais se erguer do chão. A coisa permaneceu assim durante 20 milhões de anos, até que, finalmente, eles foram obrigados a dar lugar a criaturas que efetivamente faziam alguma coisa para viver. Esses novos e poderosos animais eram os mamíferos, cuja dominância tem permanecido insuperável até hoje.
Anonymous
É mais fácil voar alto do que baixo (...) é mais fácil voar depressa do que devagar.
Selma Lagerlöf (The Wonderful Adventures of Nils)
Poderia dar-lhe um pensamento qualquer e então criaria uma nova relação entre ambos. Isso é o que mais lhe agradava, junto das pessoas. Ela não era obrigada a seguir o passado, e com uma palavra podia inventar um caminho de vida. Se dissesse: estou no terceiro mês de gravidez, pronto! entre ambos viveria alguma coisa. Se bem que Otávio não fosse particularmente estimulante. Com ele a possibilidade, mais próxima era a de ligar-se ao que já acontecera. Mesmo assim, sob o seu olhar "me poupe, me poupe", ela abria a mão de quando em quando e deixava um passarinho subitamente voar. Às vezes, no entanto, talvez pela qualidade do que dizia, nenhuma ponte se criava entre eles e, pelo contrário, nascia um intervalo.
Clarice Lispector (Near to the Wild Heart)
Quando uma pessoa leva a vida inteira à espera de uma coisa e depois a encontra, é como se tivesse havido um milagre. Todas as partes de nós ficam à espera, abrem-se e começam a voar. Antes podia-se estar bem, podia ser bom. Tinha-se um objetivo e um rumo e estava tudo bem. Mas depois passa a ser mais do que isso. E a pessoa não consegue explicar o que mudou, mas sabe que, se o perder, nunca mais conseguirá preencher da mesma maneira os espaços que ficaram vazios.
Nora Roberts (Key of Light (Key Trilogy, #1))
As pessoas querem te derrubar. Para ser miserável como eles ou a ser menor do que são. Mas você deve libertar-se desta gravidade que sempre quer mantê-lo no chão. Sempre que você quer voar, você é puxado para baixo pelos opositores, que têm medo que você vai voar para fora e vencer. Eles querem um amigo miserável que eles podem mandar sempre. Eles te seguram, porque eles viram suas asas a crescer, eles sabem que você é um pássaro e pode voar e ir para onde eles não podem. Porque "os pássaros têm asas; eles estão livres; eles podem voar onde eles querem, quando quiserem. Eles têm o tipo de mobilidade muitas pessoas inveja ", como disse Roger Tory Peterson
Bangambiki Habyarimana (A Grande Pérola da Sabedoria)
Joana Ofélia sorria: —Não ligue, é feitio dela. —Não ligo. Só ligo à cor dos seus olhos, que ainda não consegui descobrir qual é. —Verdes. Os meus olhos são verdes — dizia Joana Ofélia. —Depende. —De muitas coisas — respondia Pedro Ruiz. — Da luz do dia. Da cortina a balançar na janela. Das palavras que disser. Das palavras que imaginar. Dos sonhos que tiver. Uma tarde estava Joana Ofélia a olhar pela janela, perguntou Pedro Ruiz: — É por essa janela que costuma voar? Joana Ofélia sorriu. — Qualquer janela serve. Foi Demétria quem me ensinou. Basta olharmos através dos vidros, e somos mais livres do que pássaros. As pessoas podem continuar a ver-nos, mas só nós sabemos que há muito que ali não estamos, que voámos com as aves, com o vento, com a poeira da estrada, com a água da chuva. —Palavras sábias lhe ensina Demétria — murmurou Pedro Ruiz, mudando de novo a cor dos seus olhos. («Verdes, definitivamente verdes.») —Demétria diz que o meu coração só sabe gostar de palavras... — continuou Joana Ofélia. Pedro Ruiz mudou de tinta, mudou de pincéis, olhou várias vezes para o rosto que tinha na sua frente. —...que o meu coração está fechado para as pessoas.. Uma brisa ligeira fazia dançar a cortina de renda. No parapeito da janela, bagas da erva-das-sete-sangrias secavam há muito, num velho boião de vidro. —Um dia — disse Pedro Ruiz, quase num sopro de voz — alguém vai chegar para a levar daqui, porque é esse o destino das pessoas. —...que o meu coração não nasceu para ser ligado, e que tudo está no 'Livro de São Cipriano'... Eram dois murmúrios na tarde a cair, duas estradas paralelas para lá da janela, duas sombras na parede da sala. —E há de procurar a cor certa dos seus olhos... (azuis, definitivamente azuis) —... e não há-de encontrá-la, nem aos seus olhos. Porque os seus olhos nasceram com asas, e os olhos que nascem com asas ninguém consegue aprisionar. —...e que um dia hão-de ir à minha procura e eu já terei voado. —Não têm poiso certo, não pertencem a ninguém. Pedro Ruiz estremeceu de repente. Como se acordasse. —Gosto das suas palavras. Lembram as palavras de Demétria — disse Joana Ofélia. —Eu não estava a dizer nada — murmurou Pedro Ruiz — Procurava apenas o tom certo dos seus olhos. —Verde. —Vioeta. Definitivamente violeta.
Alice Vieira (Se Perguntarem Por Mim Digam Que Voei)
Só consigo voar tão alto porque você foi o vento que impulsionou as minhas asas.
Arvel Aëvon (O Colecionador de Cometas (Portuguese Edition))
A chave é sonhar. E cagar nos profetas da impossibilidade. Naqueles que dizem “sim, mas”, naqueles que dizem “não é possível”, naqueles que dizem “não vamos ser capazes”, naqueles que antes de dar um passo têm de saber o que vão pisar. Coitados. Não sabem que só o que é surpresa nos surpreende, e que só o que nos surpreende nos mantém vivos. A chave é sonhar. E escolher para estar contigo quem saiba sonhar contigo. Quem não te corte as asas pela raiz. Quem não te impeça o voo antes de haver pelo menos uma tentativa de voar. Quem não te feche uma entrada que ainda nem sequer tentaste abrir. A chave é sonhar. E trabalhar. Trabalhar. Sempre trabalhar. Trabalhar para esse sonho. Trabalhar para todos os sonhos. E ir à procura do que ninguém tem – pois se alguém tivesse já não poderia ser o teu sonho, o teu tão especial sonho. E chegar onde ninguém chegou, tocar onde ninguém tocou, arriscar o que ninguém arriscou – pois se alguém já tivesse chegado, tocado ou arriscado já não seria a tua chegada, o teu toque, o teu risco. Trabalhar. Sempre trabalhar. A chave é sonhar. E ter medo. Ter muito medo. Ter sempre medo de que desta vez seja de vez, de que desta vez não dê. E continuar a tentar que dê. A demencialmente tentar que dê. A ir por um lado, depois por outro, depois pelo meio, até que por vezes tens mesmo de ir por um lado que ainda não existe, por uma porta que tu vais ter de inventar, por uma direcção que tu vais ter de encontrar. Ter medo. Sempre medo. Orgulhosamente medo. E continuar. A chave é sonhar. E ir até ao fim dos dias assim. Nem que haja uma doença, nem que haja uma perda, nem que haja uma ausência, nem que haja uma dor, nem que haja uma precisão, nem que o emprego acabe, nem que o dinheiro se vá, nem que a fé se evapore. Sonhar. Sempre sonhar. E o pobre sonha como sonha o milionário, e o doente sonha como sonha o saudável, e o que precisa sonha como sonha o que tudo tem e que mesmo assim de tudo precisa. Sonhar. Sempre sonhar. Com a cura para doença, com o abraço final, com a verdade total, e até com a casa perfeita no lugar perfeito com a companhia perfeita. Sonhar. Sempre sonhar. A chave é sonhar. E começar. Começar todos os dias. Como se fosse a primeira vez. E porque é mesmo a primeira vez. Começar. O projecto, a relação, a ideia, o caminho, a aprendizagem. Começar. Sempre começar. Mesmo o que já acabou. Mesmo o que está quase a acabar. Começar. Sempre começar. A chave é sonhar. E ter coragem. Ter a puta da coragem de ir contra o que assusta. Ter a puta da coragem de ir contra o que toda a gente pensa que é o mais certo. Ter a puta da coragem de não abdicar do que vês, de não tapares o que olhas, de não eliminares o que queres. Ter coragem. Sempre coragem. A absoluta coragem. A chave é sonhar. Sempre sonhar. E amar. Vem. Quero sonhar contigo para sempre.
Pedro Chagas Freitas (Prometo Perder)
Ave Seria um pássaro No sono das asas ondulava toda a solidão do céu Terrestre, só a fugitiva sombra Paisagem nenhuma lhe dava abrigo Pousado, o corpo de si mesmo se exilava Nos ensinava a deslumbrância da viagem a nós que só na morte olharemos os céus de frente
Mia Couto (Raiz de Orvalho e Outros Poemas / O Fio das Missangas)
VICENTE fumava, à janela. Onze horas, meia-noite, sabia lá? Quem pensa e fuma, depressa esquece o mundo, as horas e até o céu todo cheio de estrelas que brilham à toa, sem se preocuparem com o tempo que corre e com a manhã próxima que lhes virá apagar o lume e as arrancar da cisma... Uma multidão de coisas tumultuosas, desconhecidas, o alvoroçava — confusas recordações, uma espécie de doce saudade. Uma vontade obscura e incerta de ascender, de voar! Um desejo de se introduzir a grandes passos na imensa treva da noite, e a atravessar, e a romper, esquecido das lutas e trabalhos, e penetrar num vasto campo luminoso onde tudo fosse beleza, e harmonia, e sossego. Desejo de se integrar numa natureza diferente daquela que o cercava, de crescer, de subir, de bracejar num emaranhado de ramos, de se sentir envolto em grandes flores macias, de derramar seiva, a seiva viva e forte que o incandescia e tonteava.
Rachel de Queiroz (O Quinze)
No charco onde a noite se espelha, o sapo acredita voar entre as estrelas.
Mia Couto
a princesa pulou da torre & ela aprendeu que podia voar desde o começo. – ela nunca precisou daquelas asas.
Amanda Lovelace (The Princess Saves Herself in This One (Women Are Some Kind of Magic, #1))
Quem sou?/De onde venho?/Eu sou o Antonin Artaud,/e se o disser/como sei dizê-lo,/imediatamente/vereis o meu corpo actual/voar em estilhaços/e refazer/com dez mil aspectos/notórios/um corpo novo/onde não podereis/nunca mais/esquecer-me.
Antonin Artaud
Estou só como no dia anterior àquele em que nasci, ainda na barriga da mamã, mas sem a conhecer e ignorando absurdamente a jornada que me esperava. Eu, mistério de carne insatisfeito. Eu, tempestade sobre as quatro estações. Eu, forte e fraca de tudo. Já não me espera a obrigação de vencer, de voar acima da miséria, da desordem e da aparência. Nada me espera, mas lembro-me de que ainda estou na vida. Obrigo-me a comer a sopa de feijão-verde repetindo esta ideia: tens anos para cumprir. Aguenta-te. Isto ainda vai melhorar. E agora? A mesma pergunta, ciclo após ciclo. E agora? O que me resta sem eles, sem nada por que esperar, a que obedecer, respeitar, cuidar?! Sem amarras, sem âncora, sem desejo de fuga? Como é que se vive?!
Isabela Figueiredo (A Gorda)
-O gato quer voar, mas é como os homens que, para entender as coisas, matam-nas, abrem-nas. Querem voar e para isso engolem coisas. Andamos todos errados, somos como os gatos, a comer pássaros para voar. Em vez de arranjarmos maneira de ser como eles, de compreender os pássaros. De abrir os braços em vez de abrir a boca. É preciso compreender o outro. -Anda tudo a comer tudo. É mesmo assim -Mas não devia ser. -Se fosse como diz, tal como o gato deveria abrir as patas e voar, o pombo deveria aprender a ter dentes e a devorar os gatos. É preciso compreender o outro.
Afonso Cruz (Jesus Cristo Bebia Cerveja)
No entanto, naquela época, eu era de fato como uma crisálida, esperando pacientemente para me transformar em uma borboleta. Enquanto virava as páginas dos livros, eu estava esperando por uma oportunidade para voar.
Satoshi Yagisawa (Days at the Morisaki Bookshop (Days at the Morisaki Bookshop, #1))
A palavra de ir-a-pique que lemos. Os anos, as palavras desde então. Ainda o somos. Sabes, o espaço é infinito, sabes, não precisas de voar, sabes, o que em teu olho se gravou aprofunda-nos a profundeza.
Paul Celan (Poems of Paul Celan)
É, mas a vida seguiu, o tempo passou, o mundo deu voltas. O Universo simplesmente grita te mostrando que não dá para ficar parado, mesmo que o amor que mora aí dentro continue te deixando preso. O outro voou, tá na hora de você voar também. Ou você abre a gaiola ou abre a gaiola. São suas únicas opções agora. Chorar faz parte. Chore voando.
Victor Fernandes (Pra você que sente demais)
O meu companheiro não me avisou de que, quando um homem se rende, é como se entregasse o corpo para ser esquartejado numa arena.
João Tordo (Ensina-me a Voar Sobre os Telhados)
As faíscas vêm diretamente da fonte de luz e são feitas de uma pura claridade, é o que dizem as lendas mais antigas. Quando um ser humano está para nascer, a faísca começa a cair. Primeiro passa pela escuridão do espaço sideral, depois pelas galáxias e enfim, antes de cair aqui, na Terra, é rebatida, coitada, pelas órbitas dos planetas. Cada um deles contamina a faísca com alguns atributos, e ela escurece e vai se apagando. Primeiro, Plutão traça os marcos dessa experiência cósmica e revela suas regras básicas — a vida é um acontecimento instantâneo, seguido pela morte, que um dia permitirá que a faísca se liberte da armadilha; não há outra saída. A vida é uma espécie de campo de manobras experimentais muito exigente. A partir desse momento, tudo o que você fizer contará, cada pensamento e cada ato. No entanto, eles não servirão para te castigar ou premiar depois, mas porque constituirão seu mundo. Assim funciona essa máquina. Mais tarde, ao cair, a faísca atravessa a faixa de Netuno e se perde em seus vapores nebulosos. Netuno lhe dá, como uma espécie de consolação, todas as ilusões, a sonâmbula memória da saída, sonhos de voar, fantasias, narcóticos e livros. Urano dota da capacidade de se rebelar, e a partir de então será a prova da memória das origens da faísca. Quando ela passa pelos anéis de Saturno, se torna claro que, no fundo, a prisão espera por ela. Um campo de trabalho, hospital, regras e formulários, um corpo doente, uma doença letal, a morte de uma pessoa querida. No entanto, Júpiter lhe oferece consolo, dignidade e otimismo, um belo presente: tudo-dará-certo. Marte acrescenta força e agressividade, que certamente serão úteis. Passando junto do Sol, fica ofuscada, de sua vasta e antiga consciência, resta apenas um pequeno e minúsculo Eu, separado de tudo. E assim será a partir de então. Imagino isso da seguinte maneira: um pequeno dorso, um ser aleijado com as asas arrancadas, uma mosca atormentada por crianças cruéis; quem sabe como ela sobreviverá nas trevas. Glória às deusas, graças a elas agora Vênus barra o caminho da queda. A faísca recebe dela o dom do amor, de uma pura compaixão, a única coisa que pode salvar a ela mesma e às outras faíscas; graças aos dons de Vênus poderão se apoiar e se unir. Um pouco antes da queda, passa ainda por um planeta estranho e pequeno que lembra um coelho hipnotizado, que não gira em torno de seu próprio eixo, mas se move velozmente, encarando o Sol — é Mercúrio. Ele lhe dá a língua, a capacidade de se comunicar. Passando pela Lua, recebe dela algo tão intangível como a alma. Só então é que cai na Terra e imediatamente se reveste de um corpo. Humano, animal ou vegetal. É assim que as coisas funcionam.
Olga Tokarczuk (Drive Your Plow Over the Bones of the Dead)
Já não sou um pássaro, mas agora consigo voar.
Ingrid Chabbert (The Day I Became a Bird)
Palavras. Somente palavras. Mas como podem ser devastadoras! Will Carleton acrescentou a seu poema: “Os garotos ao fazerem voar suas pipas as controlam como pássaros de brancas asas; é impossível fazer o mesmo quando se põem a voar as palavras.
Alberto R. Timm (Meditações Diárias 2018 - Um Dia Inesquecível (Portuguese Edition))
Hasaba tinha um enorme mocho numa gaiola. Não o queria soltar, não o queria perder, mas tinha pena de ele estar confinado àquele espaço. Por isso, construiu uma gaiola maior. Olhou para o mocho e sentiu que não chegava. Ele já podia abrir as asas, saltar para outro poleiro, mas era pouco. Decidiu então construir uma gaiola ainda maior, uma em que o mocho pudesse voar. A nova gaiola era tão grande que dentro dela cabiam duas árvores: um abeto e uma bétula. Quando Hasaba viu o mocho em cima do ramo de uma das árvores, concluiu que não era suficientemente grande para a ave. O mocho precisava de voar pelo céu. Decidiu então construir uma gaiola que incluísse nuvens e florestas. E mais: que incluísse cidades e países distantes. E estrelas. Hasaba ainda hoje está a construir essa gaiola onde todos vivemos.
Afonso Cruz (Mil Anos de Esquecimento)
Há quem diga que o suicídio é a forma suprema de egoísmo; que o suicida deixa, na sua esteira, um rasto indelével de dor. A verdade é que, para os que partem, as perguntas cessam. Não se prefiguram mais dramas nem angústias; igualmente nenhuma alegria ou exaltação. O Reino dos Céus é deveras silencioso. Para os que ficam, nem tanto.
João Tordo (Ensina-me a Voar Sobre os Telhados)
Porque nos fazem isto?, lamentou-se. Porque tratam os homens desta maneira? Porque temos de sofrer enquanto eles se deliciam com os repastos da eternidade? Porque somos tão frágeis, tão incapazes? Porque invejamos o que os outros têm e desprezamos aquilo que temos, porque sabemos o valor das coisas apenas quando elas nos são arrancadas das mãos, porque temos fome e sede, porque somos tão pequenos e há um universo tão grande que parece fazer troça de nós? Olha para mim, hachidori, sou o fim de qualquer coisa que já nasceu enviesada, todo eu sou dor e ausência, todo eu sou escassez, não há nada em mim que faça lembrar os deuses, nenhuma semelhança, porque se importam eles connosco, o que querem de nós?
João Tordo (Ensina-me a Voar Sobre os Telhados)
Temos de ser fortes, é o que dizem. Resistir à tristeza, à melancolia. Construir diques para nos protegermos dos sentimentos. Esconder os doentes da cabeça nos manicómios. É preciso andarmos em filinha, caladinhos, a toque de caixa, ao ritmo que eles querem. Para terem a certeza de que nunca nos ergueremos acima desta vulgaridade.
João Tordo (Ensina-me a Voar Sobre os Telhados)
O medo impede-nos de acreditar naquilo que o medo nos diz que é impossível.
João Tordo (Ensina-me a Voar Sobre os Telhados)
Não sei, mas sei que não é isto, não sou eu, nem o meu pai, nem o pai do meu pai, nem o pai do meu avô, nem o pai do meu bisavô, nem o pai do meu trisavô, nem o pai do meu tetravô, o destino é alguma coisa maior do que todos nós, ainda por realizar, alguma coisa de que nos fomos esquecendo, porque as gerações são tantas. Quanto estive nos ilhéus, aprendi que não somos apenas aquilo que somos, mas também as limitações que nos ensinaram a ser.
João Tordo (Ensina-me a Voar Sobre os Telhados)
A qualquer altura, e de maneiras tão cruéis, tão ridículas. Morrer a sangrar dos ouvidos. Morrer de bêbedo. Morrer por saltar de um prédio. Morrer de tristeza. Morrer, morrer. Não havia Ferrabrás para tal sorte, nenhum de nós escapava. E, contudo, existíamos como se a morte fosse um evento distante, anódino, que pertencia aos corredores dos hospitais, aos soturnos enfiamentos dos cemitérios. Vivíamos como se a vida tivesse sentido sem a morte, que nos aguardava a todos, sem excepção. Vivíamos imortais, e depois morríamos, sem apelo nem recurso.
João Tordo (Ensina-me a Voar Sobre os Telhados)
Infelizmente muitas de nós, mulheres, agimos assim. Subimos ao alto do monte e só quando estamos no ar compreendemos que não temos asas para voar. Atiramo-nos do alto do céu para um poço sem luz nem fundo e quebramos o coração como um vaso de porcelana.
Paulina Chiziane (The First Wife: A Tale of Polygamy)
Saber voar não adiantava de nada. Porcaria nenhuma. Zero. (...) Saber voar era uma insurreição, uma subversão. (...) De que adianta voar quando se quer ter filhos?
Guilherme Trucco
Os livros poderiam ensiná-la tanto sobre este mundo e outros lugares distantes, sobre animais e plantas, sobre estrelas! Podiam ser janelas e portas, asas de papel par ajudá-la a voar para bem longe.
Cornelia Funke (Pan's Labyrinth: The Labyrinth of the Faun)
Os livros poderiam ensiná-la tanto sobre este mundo e outros lugares distantes, sobre animais e plantas, sobre estrelas! Podiam ser janelas e portas, asas de papel para ajudá-la a voar para bem longe.
Cornelia Funke (Pan's Labyrinth: The Labyrinth of the Faun)
Emília, tu és um pássaro que um dia quebrou as asas, e eu uma árvore que te deu abrigo. Apoiaste-te e eu confortei-te porque é isso que gosto de fazer, ser protector, mas os meus troncos também começaram a prender-te, impedindo-te de voares. Quero que voes sozinha, com a certeza de que estarei sempre aqui à tua espera, de braços abertos.
Sofia Silva (Corações Quebrados (Quebrados))
Nos dias sombrios de sua vida, você vai precisar das asas da esperança para continuar a voar.
Mehmet Murat ildan
O mundo só vai prestar Para nele se viver No dia em que a gente ver Um gato maltês casar Com uma alegre andorinha Saindo os dois a voar O noivo e sua noivinha Dom Gato e Dona Andorinha
Jorge Amado (O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá: Uma História de Amor)
Não poderíamos comparar os "celibatários da arte" ou os "aparelhos" demasiadamente pesados para voar a estudantes e pesquisadores que querem ler tudo antes de começar uma reflexão pessoal ou uma tese e que evidentemente nunca começam porque há sempre a produção alheia a ser lida? Se a arte divide os amantes em duas categorias, aqueles que admiram porque "presos a uma bulimia que nunca os satisfaz" e "aqueles que produzem", a mesma separação poderia ser estabelecida entre os que querem só acumular o saber e os que têm a coragem, a perseverança e a paciência de ultrapassar essa etapa e escrever.
Philippe Willemart (Proust, Poeta e Psicanalista)
Os pássaros não voam porque tenham o direito de voar, mas porque têm asas.
Yuval Noah Harari (Sapiens: História Breve da Humanidade)
Passarão estes dias como passam todos os dias maus desta vida Amainarão os ventos que te arrasam Estancará o sangue da tua ferida Voltará a alma errante ao ninho querido O que ontem se perdeu será encontrado O Sol será sem mancha concebido e nascerá de novo em teu costado E ao mar dirás: como me foi permitido alagado, sem bússola e perdido chegar a porto com as velas rotas? E uma voz te responderá: não sabes? O vento que quebrou as tuas naves é o mesmo que faz voar as gaivotas.
Óscar Hahn