Teto Quotes

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Ser mulher, explicavam, era como ter o trabalho todo do que respeita à humanidade. Que os homens era para tarefas avulsas, umas participações quase nenhumas. Serviam para quase nada. Como se fossem traves de madeira que se usavam momentaneamente para segurar um teto que ameaçasse cair. Se não valessem pela força, nunca valeriam por motivo algum, porque de coração estavam sempre mal feitos. Eram gulosos, pouco definidos, mudavam com facilidade os desejos, não conheciam a lealdade passional, concebiam apenas engenharias e mediam até os amores pelo lado prático da beleza, gostavam sempre de quem lhes parecesse dar mais jeito, como se procurassem empregadas ao invés de esposas, como se precisassem de precaver os seus próprios defeitos mais do que as virtudes livres das mulheres.
Valter Hugo Mãe (A Desumanização)
O Camilo começou a pensar que tantas coisas se aprendiam quando se ficava sozinho. Era importante que muita coisa fosse decidida nessa clausura da solidão, para que a natureza de cada um se pronunciasse livremente, sem estigmas. Pensou assim e achou que, não sendo um livro, era um pensamento capaz de eliminar o colesterol e segurar os tetos das casas todas.
Valter Hugo Mãe (O Filho de Mil Homens)
Saiba que um teto de palha abriga o homem tão bem quanto o de ouro.
Seneca (Aprendendo a Viver (Portuguese Edition))
Hoje entendo bem meu pai. Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver. Não há como não admirar um homem – Cousteau, ao comentar o sucesso do seu primeiro grande filme: “Não adianta, não serve para nada, é preciso ir ver.” Il faut aller voir. Pura verdade, o mundo na TV é lindo, mas serve para pouca coisa. É preciso questionar o que se aprendeu. É preciso ir tocá-lo.
Amyr Klink
Não sou eu que gosto de nascer Eles é que me botam para nascer todo dia E sempre que eu morro me ressuscitam Me encarnam me desencarnam me reencarnam Me formam em menos de um segundo Se eu sumir desaparecer eles me procuram onde eu estiver Pra estar olhando pro gás pras paredes pro teto Ou pra cabeça deles e pro corpo deles
Stella do Patrocínio
Pessoas com teto de vidro não deveriam jogar pedras.
Tillie Cole (Sweet Home (Sweet Home, #1))
Um escritor nunca esquece a primeira vez em que aceita algumas moedas ou um elogio em troca de uma história. Nunca esquece a primeira vez em que sente o doce veneno da vaidade no sangue e começa a acreditar que, se conseguir disfarçar a sua falta de talento, o sonho da literatura será capaz de garantir um teto sobre a sua cabeça, um prato quente no final do dia e aquilo que mais deseja: o seu nome impresso num miserável pedaço de papel que certamente lhe sobreviverá. Um escritor está condenado a recordar esse momento porque, a partir daí, ele está perdido e sua alma já tem um preço.
Carlos Ruiz Zafón (The Angel's Game (The Cemetery of Forgotten Books, #2))
– Você pode ouvir as confidências de uma pessoa, os medos dela, as carências, mas não se esqueça de uma coisa: tudo isso existe em meio aos medos e segredos de outras pessoas, as que dividem o mesmo teto com ela.
A.J. Finn (The Woman in the Window)
Fiquei absorta por essa visão por um tempo indeterminado. O velho silêncio que tanto nos unia, confirmando nossa proximidade, nossa vida cúmplice, mesmo que na maior parte do tempo nos comportássemos como frios inimigos debaixo de um teto recoberto de bolor.
Natércia Pontes (Os Tais Caquinhos)
Antes de ficar doente, ela era muito sozinha , daí algumas tardes minha mãe me enviava pra fazer companhia pra ela, mas na verdade eu fazia solidão. As duas ali no sofá, quase no escuro, competindo qual solidão conseguia alcançar o teto. Eu acho mesmo que as crianças podem ser mais sozinhas que as velhas.
Mariana Salomão Carrara (Se Deus me Chamar Não Vou)
A vida costuma ser simples, mas a gente não nota até que ela se torna absurdamente complicada,
Beth O'Leary (Teto para dois)
Existe um ritmo específico para se andar no mundo sozinha. Você descobre quais são as coisas sem as quais pode ou não pode viver, as necessidades mais básicas e as pequenas alegrias que definem a vida de uma pessoa. Não se trata da comida, do teto sobre a sua cabeça nem das coisas essenciais de que o corpo precisa para funcionar — o que, para ela, é apenas um luxo —, mas de tudo o que te mantém sã. Que te traz alegria. Que torna a vida suportável.
Victoria E. Schwab (The Invisible Life of Addie LaRue)
Durante anos foi povoado exclusivamente pelos ratos que ai atravessavam em corridas brincalhonas, que rolam a madeira das portas monumentais, que o habitavam como senhores exclusivos. Em certa época um cachorro vagabundo o procurou como refúgio contra o vento e contra a chuva. Na primeira noite não dormiu, ocupado em despedaçar ratos que passavam na sua frente. Dormiu depois de algumas noites, ladrando à lua pela madrugada, pois grande parte do teto já ruíra e os raios da lua penetravam livremente, iluminando o assoalho de tábuas grossas. Mas aquele era um cachorro sem pouso certo e cedo partiu em busca de outra pousada, o escuro de uma porta, o vão de urna ponte, o corpo quente de uma cadela. E os ratos voltaram a dominas até que os Capitães da Areia lançaram as suas vistas para o casarão abandonado.
Jorge Amado (Capitães da Areia)
Trago sempre nos olhos a imagem da minha primeira noite de voo na Argentina - uma noite escura onde apenas cintilavam, como estrelas, pequenas luzes perdidas na planície. Cada uma dessas luzes marcava, no oceano da escuridão, o milagre de uma consciência. Sob aquele teto alguém lia, ou meditava, ou fazia confidências. Naquela outra casa alguém sondava o espaço ou se consumia em cálculos sobre a nebulosa de Andrômeda, Mais além seria, talvez, a hora do amor. De longe brilhavam esses fogos no campo, como que pedindo sustento. Até os mais discretos: o do poeta, o do professor, o do carpinteiro. Mas entre essas estrelas vivas, tantas janelas fechadas, tantas estrelas extintas, tantos homens adormecidos. É preciso a gente tentar se reunir. É preciso a gente fazer um espaço para se comunicar com algumas dessas luzes que brilham, de longe em longe, ao longo da planura.
Antoine de Saint-Exupéry (Terre des hommes)
Ian permaneceria na aldeia por alguns dias, para se certificar de que Hiram e o povo de Pássaro estavam de comum acordo. No entanto, Jamie não estava absolutamente certo de que o senso de responsabilidade de Ian fosse sobrepujar seu senso de humor - de certa forma, o senso de humor de Ian tendia para o lado dos índios. Uma palavra da parte de Jamie poderia, portanto, vir a calhar, só por precaução. - Ele tem mulher - Jamie disse a Pássaro, indicando Hiram com um movimento da cabeça, o qual agora estava empenhado em uma conversa séria com dois dos índios mais velhos. - Acho que ele não gostaria de uma mulher em sua cama. Ele pode ser indelicado com ela, não compreendendo o gesto de cortesia. - Não se preocupe - Penstemon disse, ouvindo a conversa. Olhou para Hiram e seu lábio curvou-se com desdém. - Ninguém iria querer um filho DELE. Agora, um filho SEU, Matador-de-Urso... - Ela lhe lançou um longo olhar por baixo das pestanas e ele riu, saudando-a com um gesto de respeito. Era uma noite perfeita, fria e revigorante, e a porta foi deixada aberta para que o ar pudesse entrar. A fumaça da fogueira erguia-se reta e branca, fluindo na direção do buraco no teto, seus fantasmas móveis parecendo espíritos ascendendo de alegria. Todos haviam comido e bebido ao ponto de um agradável estupor, e houve um silêncio momentâneo e uma difusa sensação de paz e felicidade. - É bom para os homens comerem como irmãos - Hiram observou para Urso-em-Pé, em seu titubeante tsalagi. Ou melhor, tentou. E afinal, Jamie refletiu, sentindo suas costelas rangerem sob a tensão, era realmente uma diferença muito pequena entre "como irmãos" e "seus irmãos". Urso-em-Pé deu um olhar pensativo a Hiram e afastou-se disfarçadamente para longe dele. Pássaro observou isso e, após um momento de silêncio, virou-se para Jamie. - Você é um homem muito engraçado, Matador-de-Urso - ele repetiu, sacudindo a cabeça. - Você venceu.
Diana Gabaldon (A Breath of Snow and Ashes (Outlander, #6))
Usava uma camisola larga demais, de crepe cor-de-cereja, que surgia negra contra o lençol. Os cabelos soltos, agora penteados, pareciam negros. O rosto, pescoço e braços, sobre as cobertas, eram cinzentos. Depois que os outros saíram ela ficou durante algum tempo com a cabeça escondida sob o lençol. Assim continuou até ouvir fechar-se a porta, até se apagar o som dos passos que desciam a escada, da voz do médico que se exprimia com volubilidade, da respiração ofegante de Miss Reba. Sons que adquiriram, no sombrio saguão, a cor do luar, e desapareceram. Depois Temple pulou da cama e foi até a porta, fazendo correr o trinco. Voltou ao leito e cobriu-se, inclusive a cabeça, ali ficando encolhida até faltar-lhe o ar. Derradeiros reflexos cor-de-açafrão tingiam o teto e a parte das paredes onde viam-se as sombras de paliçada da avenida, que a oeste se erguia contra o céu. Ela viu-os desaparecer, consumidos pelos sucessivos bocejos da cortina. Viu também a última luz condensar-se na parte fronteira do relógio e o mostrador passar, no escuro, de orifício redondo a disco suspenso no nada, no primitivo caos, e mudar depois para bola de cristal que continha, na sua tranquila e misteriosa profundidade, o caos ordenado do mundo complicado e sombrio sobre cujos flancos, marcados de cicatrizes, as velhas feridas rolam vertiginosamente para a frente, mergulhando na escuridão onde se escondem novos desastres.
William Faulkner (Sanctuary)
O teto de vidro da felicidade é mantido no lugar por dois pilares sólidos, um psicológico e outro biológico. No nível psicológico, a felicidade depende mais de expectativas do que de condições objetivas. Não ficamos satisfeitos com uma existência pacífica e próspera. Em vez disso, nosso contentamento resulta de a realidade corresponder a nossas expectativas. A má notícia é que, à medida que as condições melhoram, nossas expectativas inflam. Melhoras dramáticas nas condições, como as que a humanidade vem experimentando em décadas recentes, se traduzem em expectativas maiores e não em mais contentamento. Se não fizermos alguma coisa quanto a isso, ficaremos insatisfeitos também com nossas conquistas futuras. No nível biológico, tanto nossas expectativas como nossa felicidade são determinadas mais pela bioquímica do que pela situação econômica, social ou política. Segundo Epicuro, ficamos felizes quando desfrutamos de sensações agradáveis e nos sentimos livres das desagradáveis. Jeremy Bentham, de modo semelhante, sustentava que a natureza deu o domínio sobre o homem a dois senhores — o prazer e a dor — e eles sozinhos determinam tudo o que fazemos, dizemos e pensamos. O sucessor de Bentham, John Stuart Mill, explicou que a felicidade nada é senão o prazer e a libertação da dor e que, para além de um e de outro, não há nem o bem nem o mal. Aquele que buscar deduzir o bem e o mal de algo diferente (como a palavra de Deus ou o interesse nacional) estará tentando enganá-lo, e talvez enganando a si mesmo também.35
Yuval Noah Harari (Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã)
A fragrância da vegetação, ainda humedecida p'las gotas de orvalho, penetra gentilmente meu quarto, pela janela entreaberta, em sublime comunhão com o vapor libertado p'la infusão de camomila sobre a ecrivaninha. Diante dela, estou eu. Ou o que considero ser "eu". Invadido pelos odores que o olfato deleitam, com igual doçura ao rouxinol que no parapeito pousa, e cujo canto efeitiça minha escuta. Ah! Uma orquestra que sensações- Uma sinfonia para os sentidos. Mas resisto. Resisto. Jamais nenhum destes estímulos, nenhum tilintar da natureza, aprisionará mais minha atenção do que corda que do teto pende. Jamais o natural alcançará a suntuosidade, a imponência, a magnificiência, da artifiial serpente que em meu lar acolhi. Materialização da descrença. Da esperança que em mim se diluiu e que lugar deu à tristeza. À melancolia que em mim não cabe. E que transborda a tudo aquilo em que toco, que vejo, que sinto, que ouço.
Anonymous
Já estava acostumado aos amputados, às vitimas do agente laranja, aos famintos, pobres, garotos de rua de seis anos de idade que você encontra às três da madrugada gritando "Feliz ano novo! Olá! Bye-Bye!" em inglês, e depois aponta para suas bocas e faz "bum bum?". Estou ficando quase indiferente aos garotos famintos, sem pernas, sem braços, cobertos de cicatrizes, desesperançados, dormindo no chão, em triciclos, na beirada do rio. Mas não estava preparado para o homem sem camisa, com um corte de cabelo a la forma de pudim, que me detém na saída do mercado, estendendo a mão. No passado ele sofreu queimaduras e tornou-se uma figura humana quase irreconhecível, a pele transformada numa imensa cicatriz sob a coroa de cabelos pretos. Da cintura para cima (e sabe Deus até onde), a pele é uma cicatriz só; ele não tem lábios, nem nariz, nem sobrancelha. Suas orelhas são como betume, como se tivesse mergulhado e moldado num alto-forno, sendo retirado pouco antes de derreter por completo. Mexe seus dentes como uma abóbora de Halloween, mas não emite um único som através do que foi um dia, uma boca. Sinto um murro no estômago. Minha animação exuberante dos dias e horas anteriores desmorona. Fico paralisado, piscando e pensando na palavra napalm, que oprime cada batida do meu coração. De repente nada mais é divertido. Sinto vergonha. Como pude vir até esta cidade, até este país por razões tão fúteis, cheio de entusiasmo por algo tão...sem sentido, como sabores, texturas, culinária? A famíla daquele homem deve ter sido pulverizada, ele mesmo transformado num boneco desgraçado, como um modelo de cera de madame Tussaud, a pele escorrendo como vela pingando. O que estou fazendo aqui? Escrevendo um livro de merda? Sobre comida? Fazendo um programinha leve e inútil de tevê, um showzinho de bosta? A ficha caiu de uma vez e fiquei me desprezando, odiando o que faço e o fato de estar ali. Imobilizado, piscando nervosamente e suando frio, sinto que todo mundo na rua está me observando, que irradio culpa e desconforto, que qualquer passante vai associar os ferimentos daquele homem a mim e ao meu país. Dou uma espiada nos outros turistas ocidentais que vagueiam por ali com suas bermudas da Banana Republic e suas camisas pólo da Land´s End, suas confortáveis sandálias Weejun e Bierkenstock, e sinto um desejo irracional de assassiná-los. Parecem malignos, comedores de carniça. O Zippo com a inscrição pesa no meu bolso, deixou de ser engraçado, virou uma coisa tão pouco divertida quanto a cabeça encolhida de um amigo morto. Tudo o que comer terá gosto de cinzas daqui pra frente. Fodam-se os livros. Foda-se a televisão. Nem mesmo consigo dar algum dinheiro ao coitado. Tenho as mãos trêmulas, estou inutilizado, tomado pela paranoia, Volto correndo ao quarto refrigerado do New World Hotel, me enrosco na cama ainda desfeita, fico olhando para o teto com os olhos cheios de lágrimas, incapaz de digerir ou entender o que presenciei e impotente para fazer qualquer coisa a respeito. Não saio nem como nada pelas 24 horas seguintes. A equipe de tevê acha que estou tendo um colapso nervoso. Saigon...Ainda em Saigon. O que vim fazer no Vietnã?
Anthony Bourdain (A Cook's Tour: Global Adventures in Extreme Cuisines)
— É só ligar 0800 amigas me salvem — Samanta completou, ainda deitada, observando com afinco a pintura do teto.
Victoria Guimarães (De Malas Prontas)
O que eu sei, sem dúvida alguma, é que os cachorros de quintal gritavam fino e provavelmente guardavam aquela mágoa, aquela tristeza, até o dia que morriam. Talvez se lembrassem de quando chegaram e receberam seus nomes, acreditando que aquilo era uma identidade, um contrato de cuidado e companhia. Um nome que viria com um sobrenome-teto, sobrenome-sala, sobrenome-convivência.
Jarid Arraes (Redemoinho em dia quente)
Antes de ficar doente, ela era muito sozinha, daí algumas tardes minha mãe me enviava pra fazer companhia pra ela, mas na verdade eu fazia solidão. As duas ali no sofá, quase no escuro, competindo qual solidão conseguia alcançar o teto. Eu acho mesmo que as crianças podem ser mais sozinhas que as velhas.
Mariana Salomão Carrara (Se Deus me Chamar Não Vou)
[...] enquanto viver sob o teto de papai, é difícil ir quando ele pede para você não ir, é fácil adiar por mais um ano, ate não restarem mais anos [...]
Tara Westover (Educated)
Em Um teto todo seu, Virginia Woolf usou a imagem alegórica do espelho para pensar a opressão patriarcal. Durante séculos, escreveu ela em 1929, as mulheres serviram “como espelhos que possuem o poder mágico e delicioso de refletir a figura do homem com o dobro de seu tamanho natural”. Sem essa lente de aumento, diz ela, ou seja, sem alguém em relação a quem se sentir superior, seria difícil para os homens conseguir desenvolver uma civilização, produzir arte e fazer descobertas científicas. Servimos, basicamente, como uma espécie de versão não literal, e mais insidiosa, dos espelhos do libidinoso romano Hostius Quadra. Woolf entendeu bem a velha história: nós mulheres gostamos de nos olhar no espelho; os homens gostam de ver a própria imagem refletida nos outros, seja em nós, na arte ou na sociedade.
Ligia Gonçalves Diniz (O homem não existe: Masculinidade, desejo e ficção)
Se meu marido tivesse em mim uma mulher, e se eu tivesse nele um marido, minha salvação era certa. Mas não era assim. Entramos no nosso lar nupcial como dois viajantes estranhos em uma hospedaria, e aos quais a calamidade do tempo e ahora avançada da noite obrigam a aceitar pousada sob o teto do mesmo aposento. (Confissões de uma viúva moça)
Machado de Assis (Contos Completos de Machado de Assis, Volume 1)
Numa manhã de abril, acordei meio fissurado. Fiquei ali deitado, observando as sombras no teto de estuque branco. Me lembrei de um tempo muito remoto, quando eu deitava ao lado da minha mãe e ficava olhando as luzes da rua deslizarem do teto pras paredes. Senti uma saudade aguda dos apitos de trem, do som de piano ecoando na rua, de folhas secas. Fissura de junk, quando moderada, sempre me traz de volta a magia da infância. “Nunca falha”, pensei. “É que nem um pico. Será que os outros junkies também curtem essa maravilha?” Fui ao banheiro tomar um pico. Há tempos andava espetando a mesma veia. A agulha entupiu duas vezes. O sangue escorria pelo meu braço. O junk se espalhou pelo meu corpo, uma injeção de morte. O sonho acabara. Fiquei olhando o sangue escorrer do cotovelo pro pulso. Senti uma súbita compaixão pelas veias e tecidos violados. Enxuguei com carinho o sangue do meu braço. — Vou cair fora disto — eu disse em voz alta.
Anonymous
Tumores tumultuavam o teto.
Filipe Russo (Asfixia)
Passando pelas galerias do esgoto de cabeça pra baixo, de trás pra frente, ao contrário, ao inverso, mas não; ao avesso, a entidade improcessável só podia ser convertida em enlouqueço, esqueço de mim e abandono a realidade do plausível, cordões umbilicais balançavam do teto e ao tocá-los agarraram a pobre criatura que me prometia dores incomensuráveis, drenando-a até restar apenas um saco seco de pele esturricada já sem sangue e com os órgãos semi-digeridos e já succionados para sabe demônios quais outros horrores ainda maiores.
Filipe Russo (Asfixia)
É impressionante a solidão que pode existir entre pessoas que vivem sob o mesmo teto.
Gabriela Leite (Filha, Mãe, Avó e Puta)
Como faço para preencher esse silêncio, que não é uma falta de som ou de ruído? Depois que você bateu a porta à jamais, foi como se os tijolos se descolassem uns dos outros, o concreto se esfarinhasse e eu estivesse em uma casa sem paredes e sem teto.
Eliane Marta Teixeira Lopes (Querido alguém,)
Schopenhauer é um dos raros pensadores que viraram essa hierarquia contra si mesma e afirmaram que apenas no sono pode-se encontrar “o verdadeiro cerne” da existência humana.” “Alguém poderia contestar que os seres humanos foram feitos para dormir à noite, que os nossos corpos estão alinhados com a rotação diária de nosso planeta e que comportamentos que reagem às estações e à luz do Sol existem na maioria dos organismos vivos. A resposta provavelmente seria: isso é uma bobagem “new age” perniciosa, ou pior, uma nefasta ânsia heideggeriana por alguma conexão com a Terra. No paradigma neoliberal globalista, dormir é, acima de tudo, para os fracos.” “A relação entre propriedade e o direito ou privilégio de um sono tranquilo tem suas origens no século XVII e permanece em vigor hoje nas cidades do século XXI. Os espaços públicos são agora totalmente planejados com o fim de impedir o sono, muitas vezes incluindo — com uma crueldade própria — o formato serrilhado de bancos e outras superfícies acima do chão que impedem que um corpo humano se deite sobre eles. O fenômeno disseminado, mas socialmente ignorado, dos sem-teto urbanos é sinal de inúmeras privações, mas poucas são mais agudas do que os riscos e inseguranças do sono desabrigado.” capítulo um
Jonathan Crary (24/7: Late Capitalism and the Ends of Sleep)
Entretanto, o que tornava essa sala tão incrível eram os livros. Estantes repletas que se estendiam do piso até o teto lotavam as paredes, com aquelas escadas de rodinhas para que se pudesse alcançar todos eles.
Jasmine Guillory (By the Book (Meant to Be, #2))
As estantes chegavam ao teto, e tive curiosidade de saber se as mandara construir à medida. Se ela quisesse, poderia abrir uma pequena livraria de segunda mão. De resto, era uma pessoa que, mal metia os pés na casa de outra pessoa, a primeira coisa que procurava era a biblioteca.
Satoshi Yagisawa (More Days at the Morisaki Bookshop (Days at the Morisaki Bookshop, #2))
O diálogo mais uma vez repetido e mais uma vez as risadinhas, a minha e a sua, no entendimento de que não se trata só de carona para o aeroporto, mas de trepada, um queijo, tomates, vinho, o braço em cima de mim pelo menos nos primeiros minutos depois da luz apagada, eu gostando do teu braço em cima de mim, o olho aberto adivinhando o teto por alguns minutos, talvez minutos, até que me viro, agora o olho aberto adivinhando a parede ao lado, umas apagadas rápidas num sono que nem parece sono. E a claridade da futura manhã. Você não fecha a persiana, então não me preocupo, chegam rápido as manhãs na tua casa. São insônias, confiantes essas.
Elvira Vigna (Por escrito)
Os livros empilhados iam quase até o teto, e por um momento cheguei a pensar que o assoalho poderia ceder; mas o prédio me parecia bastante sólido, e deixei essa preocupação de lado.
Satoshi Yagisawa, Days at the Morisaki Bookshop
- É perigoso precisar de alguém dessa maneira. Tu estás a tentar salvá-lo e ele tem esperança que consigas. Vocês os dois são um desastre. Olhei para o teto e sorri. - Não interessa a razão, Kara. O que interessa é que é maravilhoso.
Jamie McGuire (Beautiful Disaster (Beautiful, #1))
Ficou olhando o teto e pensando em por que, se queria aquilo por tanto tempo, estava se sentindo pior do que ontem. Ou tão mal quanto — era um sentimento familiar de incômodo, de que não havia sido suficiente, de que nunca seria, e de que precisava de algo mais claro.
Bernardo E. Lopes (Dona: um conto freudiano)
Tudo o que poderia fazer seria oferecer-lhes uma opinião acerca de um aspecto insignificante: a mulher precisa ter dinheiro e um teto todo seu se pretende mesmo escrever ficção.
Virginia Woolf
Quando construíres uma casa nova, farás um parapeito em volta do teto, para que não se derrame sangue sobre a tua casa, se viesse alguém a cair lá de cima.
Edição Claretiana Editora Ave-Maria (Bíblia de Estudos Ave-Maria: Edição revista e ampliada com índice de busca por capítulos e versículos (Portuguese Edition))
— Ai, meu Deus. — Meus olhos se arregalaram para o ventilador. Eu sabia, o ventilador sabia, nós dois sabíamos. Eu do chão do quarto. Ele do teto. — Eu sou lésbica.
Elayne Baeta (O Amor Não é Óbvio (Duologia Laranja-Forte, #1))
É preciso dizer uma coisa sobre o desespero: ele deixa a cabeça da gente muito mais aberta.
Beth O'Leary (Teto para dois)
Quem celebra essa visão cósmica da vida? Não o trabalhador rural migrante. Não o operário com péssimas condições de trabalho. Certamente não o sem-teto vasculhando o lixo em busca de comida. Você precisa do luxo do tempo não investido na própria sobrevivência. Você precisa viver em um país cujo governo valoriza o esforço para compreender o lugar da humanidade no universo. Você precisa de uma sociedade na qual o esforço intelectual pode levá-lo às fronteiras da descoberta e na qual as notícias de suas descobertas possam ser rotineiramente disseminadas. Segundo esses parâmetros, a maioria dos cidadãos dos paises industrializados se sai bastante bem.
Neil deGrasse Tyson (Astrophysics for People in a Hurry)
Os postes da rua projetavam um reflexo pálido no teto e na parte superior dos móveis, mas ali em baixo, no local onde se encontrava, estava escuro.
Franz Kafka (A Metamorfose)