Rio Lobo Quotes

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e não existe um só pilar de granito a impedir-me de partir.
António Lobo Antunes (Sôbolos Rios Que Vão)
o dono da fábrica de botas de verniz cansadas de baloiçarem a meio metro do chão - Nasceste séculos depois de mim curioso de verificar o que a espécie humana evoluiu e não evoluiu nem isto (...)
António Lobo Antunes (Sôbolos Rios Que Vão)
o pai de manta nos joelhos à cata de um - Sabes? entre meia dúzia de palavras que tinha, não meia dúzia, duas ou três, não duas ou três, nenhuma, bolhinhas de cuspo que rebentavam mudas (...)
António Lobo Antunes (Sôbolos Rios Que Vão)
(...) o afinador chegava na camioneta da carreira para consertar a harpa da dona Irene e horas num só acorde a aparafusar com o alicatezito melancolias erradas até que a vida no timbre que lhe pertencia e o tio emocionado - É exactamente o que eu sinto
António Lobo Antunes (Sôbolos Rios Que Vão)
- Já não és de cá destas pedras, deste mato, destas árvores que nos devoram numa pressa cruel conforme os arbustos e o granito nos devoram, somos búzios que nenhum eco habita, cascas de caracol tornadas pó se as tocamos, a humidade feita de líquenes do Mondego que não termina de nascer numa falha de penhascos, faleci da mesma doença que ele não em Lisboa, na vila, dando pelas solas a estremecerem o mundo e esperando na almofada que as velhas entrassem, o sino não a dobrar, tocando a incêndio e camponeses de feições inacabadas, como sucede aos pobres a quem a fome impediu de se completarem, a galgarem travessas carregando selhas, o dono do hotel dos ingleses a indicar o meu neto - Talvez uns meses ainda
António Lobo Antunes (Sôbolos Rios Que Vão)
- Quando cresceres compreendes confiante - Quando cresceres compreendes e os castanheiros toda a noite a discursarem acerca do modo como a terra nos despreza acabando por expulsar-nos (...)
António Lobo Antunes (Sôbolos Rios Que Vão)
(...) de loucura que é afinal a nossa e da qual nos protegemos a etiquetá-la, a comprimi-la de grades, a alimentá-la de pastilhas e de gotas para que continue existindo, a conceder-lhe licença de saída ao fim-de-semana e a encaminhá-la na direcção de uma «normalidade» que provavelmente consiste apenas no empalhar em vida. Quando se diz, considerou ele de mãos nos bolsos a observar os serafins do bagaço, que os psiquiatras são malucos está se tocando sem saber o centro da verdade: em nenhuma especialidade como nesta se topam seres de crânio tão em saca-rolhas, tratando-se a si mesmos através das curas de sono impingidas por persuasão ou à força aos que os procuram para se procurarem e arrastam de consultório em consultório a ansiedade da sua tristeza, como um coxo transporta a perna manca de endireita em endireita, em busca de um milagre impossível. Vestir as pessoas de diagnósticos, ouvi-las sem as escutar, ficar de fora delas como à beira de um rio de que se desconhecem
António Lobo Antunes (Memoria de elefante)
(...) de loucura que é afinal a nossa e da qual nos protegemos a etiquetá-la, a comprimi-la de grades, a alimentá-la de pastilhas e de gotas para que continue existindo, a conceder-lhe licença de saída ao fim-de-semana e a encaminhá-la na direcção de uma «normalidade» que provavelmente consiste apenas no empalhar em vida. Quando se diz, considerou ele de mãos nos bolsos a observar os serafins do bagaço, que os psiquiatras são malucos está se tocando sem saber o centro da verdade: em nenhuma especialidade como nesta se topam seres de crânio tão em saca-rolhas, tratando-se a si mesmos através das curas de sono impingidas por persuasão ou à força aos que os procuram para se procurarem e arrastam de consultório em consultório a ansiedade da sua tristeza, como um coxo transporta a perna manca de endireita em endireita, em busca de um milagre impossível. Vestir as pessoas de diagnósticos, ouvi-las sem as escutar, ficar de fora delas como à beira de um rio de que se desconhecem as correntes, os peixes e o côncavo de rocha de que nasce, assistir ao torvelinho da enchente sem molhar os pés, recomendar um comprimido depois de cada refeição e uma pílula à noite e ficar saciado com esse feito de escuteiro: o que me faz pertencer a este clube sinistro, meditou, e sofrer quotidianamente remorsos pela debilidade dos meus protestos e pelo meu inconformismo conformado, e até que ponto a certeza de que a revolução se faz do interior não funciona em mim como desculpa, autoviático para prosseguir cedendo?
António Lobo Antunes (Memoria de elefante)
Twice, Storm Crow sang his death song, loud and unabashed in the presence of his enemies.  Twice, the great Comanche warrior survived and walked over the corpses of the men who’d tried to kill him.  His name rang with power, spoken with pride in the buffalo-skin lodges of the People.  Stories of his raids lit flames in the eyes of young men in camps from the Llano Estacado to the banks of the Rio Grande.  Warriors from many bands answered his calls to the war trail.  Young men wanted to follow him, fight with him, be like him—the great war chief who painted himself in the colors of death and mourning, the warrior who dared follow the Owl and mark its sign on his shield. 
D.A. Vega (Like Wolves: Como Lobos)
Pela minha parte, sabe como é, não peço tanto à vida: as minhas filhas crescem numa casa de que cada vez menos me recordo, de móveis bebidos pelas águas de sombra do passado, as mulheres que encontrei depois abandonei-as ou abandonaram-me numa tranquila decepção mútua em que não houve sequer lugar para esse tipo de ressentimento que é como que o sinal retrospectivo de uma espécie de amor, e envelheço sem graça num andar demasiado grande grande para mim, observando à noite, da secretária vazia, as palpitações do rio, através da varanda fechada cujo vidro me devolve o reflexo de um homem imóvel, de queixo nas mãos, em que me recuso a reconhecer-me, e que teima em fitar-me numa obstinação resignada.
António Lobo Antunes (Os Cus de Judas)
Éramos peixes, somos peixes, fomos sempre peixes, equilibrados entre duas águas na busca de um compromisso impossível entre a inconformidade e a resignação, nascidos sob o signo da Mocidade Portuguesa e do seu patriotismo veemente e estúpido de pacotilha, alimentados culturalmente pelo ramal da Beira Baixa, os rios de Moçambique e as serras do sistema Galaico-Duriense, espiados pelos mil olhos ferozes da Pide, condenados ao consumo de jornais que a censura reduzia a louvores melancólicos ao relento de sacristia de província do Estado Novo, e jogados por fim na violência paranóica da guerra, ao som de marchas guerreiras e dos discursos heróicos dos que ficavam em Lisboa, combatendo, combatendo corajosamente o comunismo nos grupos de casais do prior, enquanto nós, os peixes, morríamos nos cus de Judas uns após outros, tocava-se um fio de tropeçar, uma granada pulava e dividia-nos ao meio, trás, o enfermeiro sentado na picada fitava estupefacto os próprios intestinos que segurava nas mãos, uma coisa amarela e gorda e repugnante quente nas mãos, o apontador de metralhadora de garganta furada continuava a disparar, chegava-se sem vontade de combater ninguém, tolhido de medo, e depois das primeiras baixas saía-se para a mata por raiva na ânsia de vingar a perna do Ferreira e o corpo mole e de repente sem ossos do Macaco, (...)
António Lobo Antunes (Os Cus de Judas)
somos búzios que nenhum eco habita
António Lobo Antunes (Sôbolos Rios Que Vão)
E La Loba ainda canta, com tanta intensidade que o chão do deserto estremece, e enquanto canta, o lobo abre os olhos, dá um salto e sai correndo pelo desfiladeiro. Em algum ponto da corrida, quer pela velocidade, por atravessar um rio respingando água, quer pela incidência de um raio de sol ou de luar sobre seu flanco, o lobo de repente é transformado numa mulher que ri e corre livre na direção do horizonte.
Clarissa Pinkola Estés (Women Who Run With the Wolves)