“
Mas e o amor? O que é senão um monte de gostar? Gostar de falar, gostar de tocar, gostar de cheirar, gostar de ouvir, gostar de olhar. Gostar de se abandonar no outro. O amor não passa de um gostar de muitos verbos ao mesmo tempo.
”
”
Carla Madeira (Tudo é rio)
“
É sabido que na infância o tempo não passa, na adolescência demora-se, na idade adulta corre, na velhice precipita-se.
”
”
Rosa Lobato de Faria (A Trança de Inês)
“
Ela teria de morrer, mais cedo ou mais tarde. Morta. Mais tarde haveria um tempo para essa palavra. Amanhã, e amanhã, e ainda outro amanhã arrastam-se nessa passada trivial do dia para a noite, da noite para o dia, até a última sílaba do registro dos tempos. E todos os nossos ontens não fizeram mais que iluminar para os tolos o caminho que leva ao pó da morte. Apaga-te, apaga-te, chama breve! A vida não passa de uma sombra que caminha, um pobre ator que se pavoneia e se aflige sobre o palco - faz isso por uma hora e, depois, não se escuta mais sua voz. É uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria e vazia de significado.
”
”
William Shakespeare (Macbeth)
“
Já não há histórias de amor. No entanto, as mulheres desejam-nas e os homens também, quando não se envergonham de ser ternos e tristes como as mulheres. Uns e outros têm pressa de ganhar e de morrer. Apanham aviões, comboios suburbanos, rápidos de alta velocidade, ligações. Não têm tempo para olhar para aquela acácia cor-de-rosa que estende os ramos para as nuvens intervaladas de seda azul ensolarada (…) Bem se vê que não há tempo sem amor. O tempo é amor pelas pequenas coisas, pelos sonhos, pelos desejos. Não temos tempo porque não temos amor suficiente. Perdemos o nosso tempo quando não amamos. Esquecemos o tempo passado quando nada temos a dizer a ninguém. Ou então estamos prisioneiros de um tempo falso que não passa.
”
”
Julia Kristeva (Os samurais)
“
Deus vê nos corações e não precisa de que alguém absolva em seu nome, e se os pecados forem tão grandes que não devam passa sem castigo, este virá pelo caminho mais curto, querendo o mesmo Deus, ou serão julgados em lugar próprio,quando o fim dos tempos chegar, se, entretanto, as boas acções não compensarem por si mesmas as más
”
”
José Saramago (Baltasar and Blimunda)
“
Em tempos longínquos, fora o seu protetor, agora não passa de uma figura ausente, num retrato que deveria estar completo.
”
”
Andreia Rosa (A Sonhadora)
“
-Eu só queria que você percebesse que o tempo passa, ele nunca para, e que você pode se arrepender muito de não ter feito a escolha certa. – e com um beijo no rosto, sem nem encostar a mão em meu rosto, como o de costume, ele se virou em direção à porta de entrada e saiu.
”
”
Letícia Kartalian (O Diário Secreto de Melissa (Segredos, #1))
“
Tu precisas-te entreter... Para isso escrever; isto é, trabalhar. Mas, meu caro, «entreter» significa passar tempo. Ora o tempo passa acelerado em demasia; não necessita de impulsos. Os homens deviam procurar «entreter» o tempo, e não entreterem-se a si... Eu é isso que faço... Penso no passado, revivo os dias que passaram... Assim, levanto uma barreira entre o passado e o futuro. O futuro é porém um óptimo saltador... salta todas as barreiras, vai-se tornando no presente e eu pouco resultado alcanço... Escreves para não te aborreceres... Ah! como seria feliz se me conseguisse aborrecer!...
”
”
Mário de Sá-Carneiro (Loucura...)
“
E sempre o mesmo coro ressoa:
"Como o tempo passa e a vida voa!
”
”
Alexander Pushkin (Eugene Onegin)
“
- Corre. A toda a velocidade .... O tempo passa por ti como uma bala, e o medo dá-te as desculpas que desejas para não fazeres as coisas que sabes que deverias fazer. Não duvides de ti mesma, não penses duas vezes, não deixes que o medo te bloqueie, não sejas preguiçosa e não baseies decisões nas expetativas e na vontade dos outros. Limita-te a seguir em frente, okay?
”
”
Penelope Douglas (Birthday Girl)
“
Diz-se que o tempo cura tudo. Quem inventou o ditado esperava seguramente ser perdoado de muita coisa, e mesmo havendo séculos que a frase passa de boca em boca, nem por isso se tornou menos estúpida e falsa.
O tempo é como um tempero. Um tempero perfeito que aprimora o sabor do que é bom e transforma o que é mau em algo do Demo. Só quem nunca odiou ou foi odiado não sabe como o tempo é uma salgadeira que leveda dias após dia.
”
”
Luísa Castel-Branco, "Em Nome do Filho"
“
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
”
”
Eugénio de Andrade
“
O meu avô passa muito tempo no parque. Diz que o problema de envelhecer não é esquecermo-nos das coisas, é que tudo se esqueça de nós.
”
”
Afonso Cruz (O Livro Do Ano)
“
É admirável como o ciúme, que passa o tempo a fazer pequenas suposições do que é falso, tem pouca imaginação quando se trata de descobrir o que é verdadeiro.
”
”
Marcel Proust (La fugitiva)
“
Prima o poi nella vita passa tutto, credimi. Si guarisce sempre, anche se ci vuole del tempo.
”
”
Mathias Malzieu (La Mécanique du cœur)
“
Fino allora egli era avanzato per la spensierata età della prima giovinezza, una strada che da bambini sembra infinita, dove gli anni scorrono lenti e con passo lieve, così che nessuno nota la loro partenza. Si cammina placidamente, guardandosi con curiosità attorno, non c'è proprio bisogno di affrettarsi, nessuno preme dietro e nessuno ci aspetta, anche i compagni procedono senza pensieri, fermandosi spesso a scherzare. Dalle case, sulle porte, la gente grande saluta benigna, e fa cenno indicando l'orizzonte con sorrisi di intesa; così il cuore comincia a battere per eroici e teneri desideri, si assapora la vigilia delle cose meravigliose che si attendono più avanti; ancora non si vedono, no, ma è certo, assolutamente certo che un giorno ci arriveremo. Ancora molto? No, basta attraversare quel fiume laggiù in fondo, oltrepassare quelle verdi colline. O non si è per caso già arrivati? Non sono forse questi alberi, questi prati, questa bianca casa quello che cercavamo? Per qualche istante si ha l'impressione di sì e ci si vorrebbe fermare. Poi si sente dire che il meglio è più avanti e si riprende senza affanno la strada. Così continua il cammino in un'attesa fiduciosa e le giornate sono lunghe e tranquille, il sole risplende alto nel cielo e sembra non abbia mai voglia di calare al tramonto. Ma a un certo punto, quasi istintivamente, ci si volta indietro e si vede che un cancello è stato sprangato alle spalle nostre, chiudendo la via del ritorno. Allora si sente che qualcosa è cambiato, il sole non sembra più immobile ma si sposta rapidamente, ahimè, non si fa in tempo a fissarlo che già precipita verso il confine dell'orizzonte, ci si accorge che le nubi non ristagnano più nei golfi azzurri del cielo ma fuggono accavallandosi l'una all'altra, tanto è il loro affanno; si capisce che il tempo passa e che la strada un giorno dovrà pur finire. Chiudono a un certo punto alla nostre spalle un pesante cancello, lo rinserrano con velocità fulminea e non si fa in tempo a tornare.
”
”
Dino Buzzati (The Tartar Steppe)
“
É incrível, mas às vezes a gente não se dá conta de como o tempo passa rápido. Num instante eu era a criança viada mais linda do Brasil, com franjinha, pele perfeita e bochechas rechonchudas, e no outro não passava de um ex-espinhento jovem universitário, parcialmente barbado, pronto pra passar a noite enchendo a cara e, quem sabe, de quebra ainda abalar umas bocas.
”
”
Pedro Rhuas (Enquanto eu não te encontro)
“
Para viajar, basta ter dinheiro, basta ter tempo e também só basta querer ler! Escolha o livro pelo lugar que se passa, se você deseja estar incrívelmente em dois lugares ao mesmo tempo.
”
”
Bruna Abrantes
“
Che tempi maledetti sono i periodi di malattia nell'infanzia e nell'adolescenza! Il mondo esterno, il mondo del tempo libero in cortile o in giardino, oppure per strada, penetra nella stanza del malato solo mediante rumori ovattati. Dentro prolifera il mondo delle storie con i loro eroi, di cui il malato legge. La febbre, che indebolisce la percezione e acuisce la fantasia, trasforma la stanza del malato in uno spazio nuovo, familiare ed estraneo al contempo; dei mostri emergono con le loro smorfie dei disegni delle tendine della tappezzeria, e le sedie, il tavolo, gli scaffali e l'armadio si ergono come montagne, palazzi o navi, tanto vicini da poterli toccare, eppure così lontani. I rintocchi dell'orologio del campanile, il rombo di una macchina che passa e le luci riflesse dei fari, che perlustrano le pareti e soffitto della stanza, accompagnano il malato attraverso le lunghe ore della notte. Sono ore senza sonno, ma non ore insonni; non ore di carenza ma di pienezza. Desideri, ricordi, paure e voglie combinano dei labirinti in cui il malato si perde, si ritrova e si perde. Sono ore in cui tutto è possibile, sia nel bene che nel male.
”
”
Bernhard Schlink (The Reader)
“
- Corre. A toda a velocidade - diz-me ele.
(...)
- O tempo passa por ti como uma bala - explica - e o medo dá-te as desculpas que desejas para não fazeres as coisas que sabes que devias fazer. Não duvides de ti mesma, não penses duas vezes, não deixes que o medo te bloqueie, e não sejas preguiçosa e não baseies decisões nas expectativas e na vontade dos outros. Limita-te a seguir em frente, okasy?
”
”
Penelope Douglas (Birthday Girl)
“
[...] pensamos que o tempo “passa”, que flui por nós, mas e se formos nós que nos movemos para a frente, do passado para o futuro, sempre descobrindo o novo? Seria um pouco como ler um livro, entende? O livro está todo ali, todo de uma vez, entre as capas. Mas se você quer ler a história e entendê-la, deve começar na primeira página e avançar, sempre na ordem. Então o universo seria um grande livro, e nós, leitores muito pequenos.
”
”
Ursula K. Le Guin (The Dispossessed: An Ambiguous Utopia)
“
Hoje me dei conta de que as
pessoas vivem a esperar por algo
E quando surge uma oportunidade
Se dizem confusas e despreparadas
Sentem que não merecem
Que o tempo certo ainda não chegou
E a vida passa
E os momentos se acumulam
como papéis sobre uma mesa
Estamos nos preparando para qualquer coisa
Mas ainda não aprendemos a viver
A arriscar por aquilo que queremos
A sentir aquilo que sonhamos
E assim adiamos nossas
vidas por tempo indeterminado
Até que a vida se encarregue
de decidir por nós mesmos
E percebemos o quanto perdemos
E o tanto que poderíamos ter evitado
Como somos tolos em nossos
pensamentos limitados
Em nossas emoções contidas
Em nossas ações determinadas
O ser humano se prende em si mesmo
Por medo e desconfiança
Vive como coisa
Num mundo de coisas
O tempo esperado é o agora
Sua consciência lhe direciona
Seus sentidos lhe alertam
E suas emoções não
mais são desprezadas
Antes que tudo acabe
É preciso fazer iniciar
Mesmo com dor e sofrimento
Antes arriscar do que apenas sonhar.
”
”
Cecília Meireles
“
A partir do momento em que alguém especial para ti morre, passas a pensar em todos os momentos que passaste com ela e a desejar ter-lhe dito mais vezes o que ela significava ou ter passado mais tempo com essa pessoa. Mas já não vale a pena, ela já foi
”
”
Maria Capitão
“
Seria fácil demais dizer que me sinto invisível. Em vez disso, me sinto dolorosamente visível e totalmente ignorado. As pessoas falam com ela, mas é como se estivessem do lado de fora de uma casa, falando através das paredes. Ela tem amigos, mas são pessoas com quem passa o tempo, não com quem o divide.
”
”
David Levithan (Every Day (Every Day, #1))
“
Se tiver tempo.
O tempo é um atleta batoteiro, toma drogas proibidas, corre mais que todos. E quanto mais o quisermos apanhar, porque resta pouco, mais ele corre. Por isso são sábios os velhos dos kimbos, nunca querem agarrar o tempo, deixam-no passar por eles, as peles devem ser rugosas e o tempo entranha-se nelas, deslizando com mais dificuldade. Entranha-se mesmo nas peles das mulheres velhas tratadas diariamente com leite coalhado e óleos tirados de sementes especiais para ficarem macias. Se elas usam a sabedoria dos anciãos as peles lisas pelo leite e óleo têm no entanto, escarificações, travando a corrida do tempo. Nós achamos ser superiores, modernos, vivemos em cidades, porém não sabemos nada disto. O tempo goza com a nossa estúpida vaidade, passa por nós como um foguete, nos torna seus escravos. Os velhos dos kimbos não correm atrás, antes ficam parados contemplando as diferentes manchas de uma vaca, distinguindo uma de outra, assim conhecendo toda a sua manada, a sua e a dos seus vizinhos. Ficam a ver as formigas fazendo carreiros no solo seco ou os pássaros sulcando riscos no espaço. Tantos riscos desenham os pássaros no espaço! Só é preciso saber ver. Então, o tempo passa devagarinho, como uma solitária gota de chuva se desprendendo com dificuldade de uma folha de árvore mutiati.
”
”
Pepetela (O Planalto e a Estepe)
“
E eu continuava resistindo. E essa resistência me custava cada vez menos esforço, porque, por muito apego que se tenha ao veneno que nos está fazendo mal, quando por uma necessidade se passa algum tempo sem ingeri-lo, não é possível deixar de apreciar o descanso, que antes era coisa desconhecida, e a ausência de emoções e sofrimentos.
”
”
Marcel Proust (In the Shadow of Young Girls in Flower)
“
Quanto a Horácio Capitão, o Eu-Não-Vos-Disse, passa as tardes num bar decrépito, na Ilha, bebendo cerveja, e discutindo política, na companhia do poeta Vitorino Gavião, de Artur Quevedo e de mais duas ou três velhas carcaças dos tempos do caprandanda. Ainda hoje não reconhece a Independência de Angola. Acha que assim como o comunismo acabou, um dia a Independência também acabará. Continua a criar pombos.
”
”
José Eduardo Agualusa (A General Theory of Oblivion)
“
Questo ucciderà quello. Il libro ucciderà l’edificio.
L’invenzione della stampa è il più grande avvenimento della storia. E’ la rivoluzione madre. E’ il completo rinnovarsi del modo di espressione dell’umanità, è il pensiero umano che si spoglia di una forma e ne assume un’altra, è il completo e definitivo mutamento di pelle di quel serpente simbolico che, da Adamo in poi, rappresenta l’intelligenza.
Sotto forma di stampa, il pensiero è più che mai imperituro. E’ volatile, inafferrabile, indistruttibile. Si fonde con l’aria. Al tempo dell’architettura, diveniva montagna e si impadroniva con forza di un secolo e di un luogo. Ora diviene stormo di uccelli, si sparpaglia ai quattro venti e occupa contemporaneamente tutti i punti dell’aria e dello spazio..
Da solido che era, diventa vivo. Passa dalla durata all’ immortalità. Si può distruggere una mole, ma come estirpare l’ubiquità? Venga pure un diluvio, e anche quando la montagna sarà sparita sotto i flutti da molto tempo, gli uccelli voleranno ancora; e basterà che solo un’arca galleggi alla superficie del cataclisma, ed essi vi poseranno, sopravvivranno con quella, con quella assisteranno al decrescere delle acque, e il nuovo mondo che emergerà da questo caos svegliandosi vedrà planare su di sé, alato e vivente, il pensiero del mondo sommerso.
Bisogna ammirare e sfogliare incessantemente il libro scritto dall'architettura, ma non bisogna negare la grandezza dell'edificio che la stampa erige a sua volta.
Questo edificio è colossale. E’ il formicaio delle intelligenze. E’ l’alveare in cui tutte le immaginazioni, queste api dorate, arrivano con il loro miele. L’edificio ha mille piani. Sulle sue rampe si vedono sbucare qua e là delle caverne tenebrose della scienza intrecciantisi nelle sue viscere. Per tutta la sua superficie l’arte fa lussureggiare davanti allo sguardo arabeschi, rosoni, merletti. La stampa, questa macchina gigante che pompa senza tregua tutta la linfa intellettuale della società, vomita incessantemente nuovi materiali per l’opera sua. Tutto il genere umano è sull’ impalcatura. Ogni spirito è muratore. Il più umile tura il suo buco o posa la sua pietra. Certo, è anche questa una costruzione che cresce e si ammucchia in spirali senza fine, anche qui c’è confusione di lingue, attività incessante, lavoro infaticabile, concorso accanito dell’umanità intera, rifugio promesso all’ intelligenza contro un nuovo diluvio, contro un’invasione di barbari. E’ la seconda torre di Babele del genere umano."
- Notre-Dame de Paris, V. Hugo
”
”
Victor Hugo (The Hunchback of Notre-Dame)
“
Aprender a viver, aprender a não mais temer em vão as diferentes faces da morte, ou, simplesmente, a superar a banalidade da vida cotidiana, o tédio, o tempo que passa, já era o principal objetivo das escolas da Antiguidade grega. A mensagem delas merece ser ouvida, pois, diferentemente do que acontece na história das ciências, as filosofias do passado ainda nos falam. Eis um ponto importante que por si só merece reflexão. Quando
”
”
Luc Ferry (Aprender a viver: Filosofia para os novos tempos (Portuguese Edition))
“
O amor tem nome, mas não é nada que a gente possa reconhecer só de olhar. A dor a gente sabe o que é, tem lugar e intensidades que cabem na ciência. A raiva, o medo, o ódio entortam a cara com um jeito provável de se manifestar. Mas e o amor? O que é senão um monte de gostar? Gostar de falar, gostar de tocar, gostar de cheirar, gostar de ouvir, gostar de olhar. Gostar de se abandonar no outro. O amor não passa de um gostar de muitos verbos ao mesmo tempo.
”
”
Carla Madeira (Tudo é Rio)
“
Mi ha detto che secondo lui la gente vive per anni e anni, ma in realtà è solo in una piccola parte di quegli anni che vive davvero, e cioè negli anni in cui riesce a fare ciò per cui è nata. Allora, lì, è felice. Il resto del tempo, è tempo che passa ad aspettare o a ricordare. Quando aspetti o ricordi non sei né triste né felice. Sembri triste, ma è solo che stai aspettando, o ricordando. Non è triste la gente che aspetta, e nemmeno quella che ricorda. Semplicemente è lontana.
”
”
Alessandro Baricco
“
«Wow» disse Cash. «Incredibile.»
«Dai, non siamo creature magiche o roba del genere» disse Sam.
«No, intendo dire che tu sei incredibile» disse Cash. «La maggior parte delle persone passa decenni a cercare se stessa, mentre tu sai esattamente chi sei prima ancora del college. È di grande ispirazione.»
Sam aveva passato così tanto tempo a concentrarsi sui propri problemi che non si era mai reso conto che ci poteva essere anche qualche vantaggio nascosto tra tutti gli svantaggi.
«Grazie» disse. «Non ci ho mai pensato. È un mondo difficile in cui vivere, ma trovare se stessi spesso è ancora più difficile.»
«Il mondo non è mai stato un gran posto, ma questo non deve trattenerti dal diventare la persona migliore possibile» disse Cash. «Non sarà facile, ma non c’è niente di peggio che vivere una vita che non si sente propria. Prendi me, per esempio. Ho fatto incazzare tutti gli adolescenti patiti di fantascienza del mondo solo perché sono stato me stesso, ma non cambierei quello che ho fatto. Ora puoi anche essere spaventato, ma devi immaginare quanto bene ti sentirai una volta arrivato al traguardo. Lascia che sia questo a incoraggiarti, non le tue paure.»
Sam annuì e cercò di assumere un’espressione coraggiosa, ma era la prima volta che qualcuno lo ascoltava, senza cercare di formulare una diagnosi. Qualche altra lacrima gli rigò il viso, e Cash le asciugò con la manica della camicia. Sam non riusciva a credere di stare parlando con la stessa persona che aveva conosciuto quella domenica
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”
Chris Colfer (Stranger Than Fanfiction)
“
-- Não brinco, não. Digo apenas o que percebi. Os conhecimentos podem ser transmitidos, mas nunca a sabedoria. Podemos achá-la; podemos vivê-la; podemos consentir em que ela nos norteie; podemos fazer milagres através dela. Mas não nos é dado pronunciá-la e ensiná-la. (...) Uma percepção me veio, ó Govinda, que talvez te afigure novamente como uma brincadeira ou uma bobagem. Reza ela: "O oposto de cada verdade é igualmente verdade". Isso significa: uma verdade só poderá ser comunicada e formulada por meio de palavras, quando for unilateral. Ora, unilateral é tudo quanto possamos apanhar pelo pensamento e exprimir pela palavra. Tudo aquilo é apenas um lado das coisas, não passa de parte, carece de totalidade, está incompleto, não tem unidade. Sempre que o augusto Gautama nas suas aulas nos falava do mundo, era preciso que o subdividisse em Sansara e Nirvana, em ilusão e verdade, em sofrimento e redenção. Não se pode proceder de outra forma. Não há outro caminho para quem quiser ensinar. Mas o próprio mundo, o ser que nos rodeia e existe no nosso íntimo, não é nunca unilateral. Nenhuma criatura humana, nenhuma ação é inteiramente Sansara nem inteiramente Nirvana. Homem algum é totalmente santo ou totalmente pecador. Uma vez que facilmente nos equivocamos, temos a impressão de que o tempo seja algo real. Não, Govinda, o tempo não é real, como verifiquei em muitas ocasiões. E se o tempo não é real, não passa tampouco de ilusão aquele lapso que nos parece estender-se entre o mundo e a eternidade, entre o tormento e a bem-aventurança, entre o Bem e o Mal.
”
”
Hermann Hesse (Siddhartha)
“
Os romances nunca serão totalmente imaginários nem totalmente reais. Ler um romance é confrontar-se tanto com a imaginação do autor quanto com o mundo real cuja superfície arranhamos com uma curiosidade tão inquieta. Quando nos refugiamos num canto, nos deitamos numa cama, nos estendemos num divã com um romance nas mãos, nossa imaginação passa a trafegar o tempo entre o mundo daquele romance e o mundo no qual ainda vivemos. O romance em nossas mãos pode nos levar a um outro mundo onde nunca estivemos, que nunca vimos ou de que nunca tivemos notícia. Ou pode nos levar até as profundezas ocultas de um personagem que, na superfície, parece semelhante às pessoas que conhecemos melhor. Estou chamando atenção para cada uma dessas possibilidades isoladas porque há uma visão que acalento de tempos em tempos que abarca os dois extremos. Às vezes tento conjurar, um a um, uma multidão de leitores recolhidos num canto e aninhados em suas poltronas com um romance nas mãos; e também tento imaginar a geografia de sua vida cotidiana. E então, diante dos meus olhos, milhares, dezenas de milhares de leitores vão tomando forma, distribuídos por todas as ruas da cidade, enquanto eles lêem, sonham os sonhos do autor, imaginam a existência dos seus heróis e vêem o seu mundo. E então, agora, esses leitores, como o próprio autor, acabam tentando imaginar o outro; eles também se põem no lugar de outra pessoa. E são esses os momentos em que sentimos a presença da humanidade, da compaixão, da tolerância, da piedade e do amor no nosso coração: porque a grande literatura não se dirige à nossa capacidade de julgamento, e sim à nossa capacidade de nos colocarmos no lugar do outro.
”
”
Orhan Pamuk
“
– O que viver no presente significa para você? – pergunto.
– Apenas que ficar se prendendo e planejando é besteira – ele diz. – Se você fica se prendendo no passado, não consegue seguir em frente. Se passa muito tempo planejando o futuro, você se empurra pra trás ou fica estagnada no mesmo lugar a vida toda. – Seus olhos encontram os meus. – Viva o momento – ele diz, como se estivesse dizendo algo sério – aqui, onde tudo está certo, vá com calma e limite suas más lembranças e você chegará ao seu destino, seja qual for, muito mais rápido e com menos acidentes de percurso.
”
”
J.A. Redmerski (The Edge of Never (The Edge of Never, #1))
“
Os amigos cada vez mais se vêem menos. Parece que era só quando éramos novos, trabalhávamos e bebíamos juntos que nos víamos as vezes que queríamos, sempre diariamente. E, no maior luxo de todos, há muito perdido: porque não tínhamos mais nada para fazer.
Nesta semana, tenho almoçado com amigos meus grandes, que, pela primeira vez nas nossas vidas, não vejo há muitos anos. Cada um começa a falar comigo como se não tivéssemos passado um único dia sem nos vermos.
Nada falha. Tudo dispara como se nos estivera – e está – na massa do sangue: a excitação de contar coisas e partilhar ninharias; as risotas por piadas de há muito repetidas; as promessas de esperanças que estão há que décadas por realizar.
Há grandes amigos que tenho a sorte de ter que insistem na importância da Presença com letra grande. Até agora nunca concordei, achando que a saudade faz pouco do tempo e que o coração é mais sensível à lembrança do que à repetição. Enganei-me. O melhor que os amigos e as amigas têm a fazer é verem-se cada vez que podem. É verdade que, mesmo tendo passado dez anos, sente-se o prazer inencontrável de reencontrar quem se pensava nunca mais encontrar. O tempo não passa pela amizade. Mas a amizade passa pelo tempo. É preciso segurá-la enquanto ela há. Somos amigos para sempre mas entre o dia de ficarmos amigos e o dia de morrermos vai uma distância tão grande como a vida.
Miguel Esteves Cardoso, in 'Jornal Público
”
”
Miguel Esteves Cardoso
“
-Quello che valeva ai suoi tempi vale ancora e varrà sempre: in ogni tempo, il Bello è assai più redditizio del Bene.
- Rifletta. Il Bene non lascia alcuna traccia materiale, e dunque nessuna traccia, perché lei sa quanto valga la gratitudine degli uomini. Nulla si dimentica in fretta quanto il Bene. C'è di peggio: nulla passa tanto inosservato quanto il Bene, perché il vero Bene non pronuncia mai il suo nome e, se lo pronuncia, cessa di essere Bene per diventare propaganda. Il Bello invece può durare per sempre: in sè è la sua stessa traccia. Si parla di lui e di coloro che lo hanno servito. Il che dimostra che il Bello e il Bene sono retti da leggi opposte: più si parla del Bello, più diventa bello; più si parla del Bene, meno esso lo è. Insomma, un individuo responsabile che si voti alla causa del Bene fa un cattivo investimento.
-Del Male, però, se ne parla!
-Ah, certo: il Male è ancora più redditizio del Bello. Quelli che hanno puntato sul Male hanno fatto l' investimento migliore. I nomi dei benefattori del suo tempo sono stati dimenticati da un pezzo; quelli di Stalin o di Mussolini ci suonano ancora familiari.
-Già. Lei è di origine svedese. Se fosse stato di origine ebraica, forse il genocidio nazista le sarebbe sembrato una sfida più interessante.
- Non ne sarei così sicuro. I popoli ci tengono ai loro antenati martiri. E' la sola aristocrazia che non viene mai contestata.
- Sia gentile, parliamo d'altro. La mia capacità di cinismo ha fatto il pieno.
”
”
Amélie Nothomb (Péplum)
“
A amizade foi, por muito tempo, uma virtude moral, uma das maiores. Isso só mudou com o nascimento da sociedade capitalista e, com ela, do individualismo e da competição. “A sociedade capitalista considerava a amizade como manifestação de ‘sentimentalismo’; portanto, como uma fraqueza de espírito completamente inútil e até nociva para a realização das tarefas de classe burguesas”, diz Kollontai (1982) em seu texto.
O capitalismo e o patriarcado atribuíram ao amor o mesmo princípio de propriedade que regula o modo de vida em nossa sociedade até hoje. Amar, então, tornou-se sinônimo de posse: é preciso possuir o coração do ser amado. O amor nessa configuração perde sua amplitude e passa a ficar restrito às relações conjugais e familiares.
”
”
Ingrid Gerolimich (Para revolucionar o amor: A crise do amor romântico e o poder da amizade entre mulheres (Portuguese Edition))
“
Il Tempo, che invecchia i volti e i capelli, invecchia anche, ma ancora più rapidamente, gli affetti violenti. La maggior parte della gente, per la sua stupidità, riesce a non accorgersene, e crede di continuare ad amare perchè ha contratto abitudine a sentire se stessa che ama. Se non fosse così, non vi sarebbe al mondo gente felice. Le creature superiori, tuttavia, sono private della possibilità di codesta illusione, perchè non possono credere che l’amore sia duraturo, nè, quando sentono che esso è finito, si sbagliano interpretando come amore la stima, o la gratitudine, che esso ha lasciato.
Queste cose fanno soffrire, ma poi il dolore passa. Se la stessa vita, che è tutto, passa, perchè non dovrebbero passare l’amore, il dolore e tutte le cose che sono solo parti della vita?
”
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Fernando Pessoa (Cartas de amor de Ofélia a Fernando Pessoa)
“
Eu sei o que estão a pensar: como é que posso não saber o que está a acontecer se passo o dia inteiro, todos os dias, a ouvir todos os pensamentos dos dois homens que cuidam desta casa? Mas a questão é mesmo essa: o Ruído é apenas isso, ruído. É um zumbido, uma interferência e, a maior parte do tempo, uma grande confusão de sons, pensamentos e imagens, tão grande que não conseguimos entender nada. A mente dos homens é um lugar confuso e o Ruído é como se fosse o rosto vivo dessa confusão. No Ruído existe a verdade, mas também existem as fantasias dos homens e o que eles imaginam. O Ruído pode dizer uma coisa e o completo oposto ao mesmo tempo. A verdade está sempre ali, isso é certo, mas como podemos distinguir o que é verdade e o que não é quando vemos tudo?
O Ruído é o homem sem filtro e, sem filtro, o homem não passa de caos em movimento.
”
”
Patrick Ness (The Knife of Never Letting Go (Chaos Walking, #1))
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Compreendi que viver é ser livre… Que ter amigos é necessário… Que lutar é manter-se vivo… Que pra ser feliz basta querer… Aprendi que o tempo cura… Que magoa passa… Que decepção não mata… Que hoje é reflexo de ontem… Compreendi que podemos chorar sem derramar lagrimas… Que os verdadeiros amigos permanecem… Que dor fortalece… Que vencer engrandece… Aprendi que sonhar não é fantasiar… Que pra sorrir tem que fazer alguém sorrir…Que a beleza não está no que vemos, e sim no que sentimos… Que o valor está na força da conquista… Compreendi que as palavras tem força… Que fazer é melhor que falar… Que o olhar não mente… Que viver é aprender com os erros… Aprendi que tudo depende da vontade… Que o melhor é ser nós mesmos… Que o SEGREDO da vida é VIVER !!!”
“E umas das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi criadora de minha própria vida.
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Pedro Bial
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A eternidade é bem distinta da perpetuidade, da mera continuidade infinita no tempo. A perpetuidade é nada mais do que a realização de uma série infinita de momentos, cada um dos quais se perde assim que se realizam. A eternidade é a fruição real e perene de vida ilimitada. O tempo, mesmo o tempo infinito, não passa de uma imagem, quase uma paródia, daquela plenitude; uma tentativa desesperada de compensar a transitoriedade de seus "presentes", multiplicando-os infinitamente. Esse é o motivo por que a Lucrécia de Shakespeare o chama de "seu criado incessante por toda a eternidade" (Rapto, 967). E Deus é eterno, não perpétuo. Estritamente falando, Ele nunca prevê; Ele simplesmente vê. Seu "futuro" é apenas uma área, e apenas para nós uma área especial, do Seu Agora infinito. Ele vê ( em vez de lembrar) seus atos de ontem porque o ontem ainda "está aí" para Ele; Ele vê (em vez de prever) os seus atos futuros porque Ele já está no amanhã. Como um espectador humano, ao assistir aos meus atos presentes, não infringe sua liberdade, assim tampouco sou menos livre para agir como bem entendo no futuro, porque Deus, no futuro (o Seu presente) me vê agir.
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C.S. Lewis (The Discarded Image: An Introduction to Medieval and Renaissance Literature)
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Da economia do tempo - Sêneca saúda o amigo Lucílio
Comporta-te assim, meu Lucílio, reivindica o teu direito sobre ti mesmo e o tempo que até hoje foi levado embora, foi roubado ou fugiu, recolhe e aproveita esse tempo. Convence-te de que é assim como te escrevo: certos momentos nos são tomados, outros nos são furtados e outros ainda se perdem no vento. Mas a
coisa mais lamentável é perder tempo por negligência.
Se pensares bem, passamos grande parte da vida agindo mal, a maior parte sem fazer nada, ou fazendo algo diferente do que se deveria fazer.
Podes me indicar alguém que dê valor ao seu tempo, valorize o seu dia, entenda que se morre diariamente? Nisso, pois, falhamos: pensamos que a morte é coisa do futuro, mas parte dela já é coisa do passado.
Qualquer tempo que já passou pertence à morte.
Então, caro Lucílio, procura fazer aquilo que me escreves: aproveita todas as horas; serás menos dependente do amanhã se te lançares ao presente. Enquanto adiamos, a vida se vai. Todas as coisas, Lucílio, nos são alheias; só o tempo é nosso. A natureza deu-nos posse de uma única coisa fugaz e escorregadia, da qual qualquer um que queira pode nos privar. E é tanta a estupidez dos mortais que, por coisas insignificantes e desprezíveis, as quais certamente se podem recuperar,
concordam em contrair dívidas de bom grado, mas ninguém pensa que alguém lhe deva algo ao tomar o seu tempo, quando, na verdade, ele é único, e mesmo aquele que reconhece que o recebeu não pode devolver esse tempo de quem tirou.
Talvez me perguntes o que faço para te dar esses conselhos. Eu te direi francamente: tenho consciência de que vivo de modo requintado, porém cuidadoso. Não posso dizer que não perco nada, mas posso dizer o que perco, o porquê e como; e te darei as razões pelas quais me considero miserável. No entanto, a mim acontece o que ocorre com a maioria que está na miséria não por culpa própria: todos estão prontos a desculpar, ninguém a dar a mão.
E agora? A uma pessoa para a qual basta o pouco que lhe resta, não a considero pobre. Mas é melhor que tu conserves todos os teus pertences, e começarás em tempo hábil. Porque, como diz um sábio ditado, é tarde para poupar quando só resta o fundo da garrafa. E o que sobra é muito pouco, é o pior. Passa bem!
(Sêneca, em "Aprendendo a Viver - Cartas a Lucílio")
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Seneca (Letters from a Stoic)
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Les conhecia todas as histórias sobre as coisas que podiam acontecer na primeira vez, e agora ele está lá e não sente nada. Nada acontece. Todo mundo está lhe dizendo que vai ser bom, você vai conseguir segurar a barra, cada vez que você voltar vai ser um pouco melhor, até que um dia a gente leva você a Washington e você passa um lápis sobre um papel em cima do nome de Kenny, e isso vai ser realmente a cura espiritual — depois de tanta preparação, nada acontece. Nada. Swift ouviu o Muro chorar. Les não ouve nada. Não sente nada, não ouve nada, nem mesmo relembra nada. É como o dia em que ele viu os dois filhos mortos. Tanta expectativa, e nada. Ele, que tinha tanto medo de se emocionar demais, agora não sente nada, e isso é pior. Prova que apesar de tudo, apesar de Louie e das idas ao restaurante chinês, dos médicos, de ele ter largado a bebida, Les tinha razão desde o começo: ele já morreu. No restaurante chegou a sentir alguma coisa, e isso o enganou por um tempo. Mas agora ele não tem mais dúvida de que está morto, porque não consegue nem mesmo evocar a lembrança de Kenny. Antes essa lembrança o torturava, agora ele não consegue se ligar a ela de jeito nenhum.
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Philip Roth (The Human Stain (The American Trilogy, #3))
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Uma consideção que podemos fazer é a respeito da palavra "traição". De fato, examinada atentamente, ela se nos revela ambígua, não só etimológica mas também semanticamente. Sabemos que o latim tradere significava somente “entregar”. Sabemos também que os evangelhos, escolhendo esse verbo para designar o ato de Judas de entregar Jesus aos seus inimigos, carregavam-no de conotações éticas, obviamente negativas. Mas, com o tempo, o mal-entendido inicial originou outros mal-entendidos e ambiguidades: o itinerário semântico desse verbo “condenado” levou-o a significados diferentes, distantíssimos entre si e às vezes nas antípodas, literalmente opostos. “Traio” deriva do latino trado, que é composto de dois morfemas, trans e do (=dar). O prefixo trans implica passagem; de fato, todos os significados originais de trado contem a ideia de dar alguma coisa que passa de uma mão a outra. Assim, trado significa o ato de entregar nas mãos de alguém (para guarda, proteção, castigo) o ato de confiar para o governo ou o ensinamento, o dar em esposa, o vender, o confiar com palavras ou o transmitir, o narrar. Na forma reflexiva, tradere, o verbo significa abandonar-se a alguém, dedicar-se a uma atividade. O substantivo correspondente, traditio, significa “entrega”, “ensinamento”, “narração”, “transmissão de narrações”, “tradição”. Note-se que o “nomem agentis” (nome do agente) traditor significa tanto “traidor” como “quem ensina”. É bom lembrar esse duplo sentido porque provavelmente tenha algo a ensinar talvez unicamente aquele que traiu com plena e total consciência.
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Aldo Carotenuto (Amar Traicionar: Casi una Apología de la Traición [To Love, To Betray: Life as Betrayal])
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Durante as épocas “boas”, a busca pela verdade torna-se desconfortável porque revela fatos inconvenientes. É melhor pensar sobre coisas mais fáceis e mais agradáveis. A eliminação inconsciente de informações que são, ou aparentam ser, não recomendáveis, torna-se gradualmente um hábito, e a seguir transforma-se em um costume aceito pela sociedade em larga escala. O problema é que qualquer processo de pensamento baseado em informações truncadas, possivelmente não gerará conclusões corretas; ele leva, além disso, a uma substituição subconsciente de premissas inconvenientes por outras mais cômodas, aproximando-se dos limites da psicopatologia. Tais períodos de satisfação para um determinado grupo de pessoas – freqüentemente com raízes em alguma injustiça para outras pessoas ou nações – passa a estrangular a capacidade de consciência individual e da sociedade; fatores subconscientes acabam assumindo um papel decisivo na vida. Tal sociedade, já infectada pelo estado de histeria,[ 21 ] considera qualquer percepção de uma verdade desconfortável como um sinal de grosseria ou falta de educação. O iceberg de J. G. Herder[ 22 ] é mergulhado em um mar de informações inconscientes falsificadas; somente a ponta do iceberg é visível sobre as ondas da vida. A catástrofe fica à espera. Em momentos como esses, a capacidade para o pensamento lógico e disciplinado, nascido durante os tempos difíceis, começa a esvanecer. Quando as comunidades perdem sua capacidade psicológica da razão e de análise moral, os processos de geração do mal são intensificados em todas as escalas sociais, sejam elas individuais ou macrossociais, até que tudo se converta em épocas “ruins”.
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Andrew M. Lobaczewski (Ponerologia: Psicopatas no Poder)
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- Ora giudico più di quanto non fossi solita un tempo - diceva a Isabel - e mi sembra anche di essermene guadagnata il diritto. Non si può giudicare fino a quarant’anni; fino ad allora si è troppo impazienti, troppo duri, troppo crudeli, e per giunta davvero troppo ignoranti. Mi dispiace per voi; dovrà passare molto tempo prima che abbiate quarant’anni. Ma ogni guadagno è anche una perdita; penso sovente che dopo i quaranta non si sa più sentire davvero. Freschezza, immediatezza non ci sono più. Voi le conserverete più a lungo di molti altri; sarà una grande soddisfazione per me vedervi di qui a qualche anno. Voglio vedere che farà di voi la vita. Una cosa è certa: non vi potrà guastare. Potrà sbattervi orrendamente qua e là, ma la sfido a distruggervi. Isabel prese questa dichiarazione così come un giovane soldato, ansimante ancora dopo una leggera scaramuccia dalla quale è uscito con onore, potrebbe prendersi dal suo colonnello una manata sulla spalla.
Proprio come un riconoscimento di questo genere, essa sembrava provenire da persona d’autorità. Come poteva anche una parolina sola non fare questo effetto, venendo da una persona che, quasi a tutto quel che Isabel le diceva, era pronta a dire: «Oh, l’ho provato anch’io, mia cara; passa, come ogni altra cosa»? Su molti dei suoi interlocutori Madame Merle avrebbe potuto produrre un effetto irritante; farla stupire era di una difficoltà sconcertante. Ma Isabel, benché fosse tutt’altro che incapace di desiderare di far effetto, non aveva questa voglia per il momento. Era troppo sincera, troppo interessata alla sua sagace compagna. E inoltre Madame Merle non diceva mai tali cose in tono di trionfo o di millanteria; se le lasciava cadere dalle labbra come fredde confessioni.
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Henry James (The Portrait of a Lady)
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30 de Janeiro
Os troncos afundam-se na escadaria no declive sumptuoso da superfície branca. São fantasmas, de costas geladas, vejo o lugar inteiro recolhendo os passos vagarosos da neve.
A neve traz sucessivos dedos, figuras maiores como amantes fluídos que se concentram, se metem a caminho, para encontrarem fora dos astros a origem da fábula, da paródia, da tragédia do vaudeville.
A neve escuta, e olha, regressa das cadeias abstractas onde também havia corações e noites de Agosto e a infância dos nomes em transformação.
Na senda reclusa, o pinheiro argênteo feneceu. Dois homens hão-de chegar para cortá-lo. Desistiu, pensei. Cansou, atalhei remediando. Seria nas primeiras névoas de Novembro, foi nas branduras de Outubro. O pinheiro tornou-se num ramo de cabelos sem odor, irrompido de intrépida mudez. Mas agora, tão cândido por entre a cerração, grito de alvura, à despedida, sem nada já saber do apelo e da velocidade dos minutos, ainda os membros rendidos para o carambelo, asas púrpura de um cardeal a entrarem-lhe no corpo, ainda um pintarroxo a ver-se nos seus galhos, como em alcácer, como obra-prima no sítio de nascer.
É meio-dia, bateu meio-dia no velho relógio sobre o jardim dos Prosoros. À distância, o sonho, com Moscow e a estonteada floresta passam, passa o limite lôbrego do rio. Abalada e giratória a luz vinda de todos os lados, a luz acordará Nicolai Lvovitch Tusenbach: «Uma árvore secou, mas eis que balança, a par das outras, tocadas pela brisa. Isto me diz que farei parte da vida mesmo depois de morrer»[1].
O tempo caminhando, a flecha do tempo a consumar o fogo e a rebentar as trevas, tudo é terrível de ambíguo enojo, vamos decerto arder depois de florirmos íngremes de mensagens, voar na planície ignota, mas não seremos esquecidos, Olga Prosorov, o pintarroxo além, como em alcácer, a nossa ressurreição, vê.
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Olga Gonçalves (O livro de Olotolilisobi)
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La casa dove tua bis-bis-bisnonna e io andammo a stare appena sposati dava sulle cascatelle [...] Aveva pavimenti di legno e finestre magnifiche e spazio sufficiente per una famiglia numerosa. Era una bella casa. Una buona casa.
Ma l'acqua... diceva la tua bis-bis-bisnonna ... non riesco a sentirmi quando penso.
Tempo, io la incalzavo. Datti tempo.
E, lascia che te lo dica: anche se la casa era spaventosamente umida, e il prato davanti una fangaia perenne a causa degli spruzzi; anche se i muri ogni sei mesi necessitavano di riparazioni, e scaglie di pittura cadevano dal soffitto in tutte le stagioni come neve... ciò che si dice di chi abita vicino a una cascata è vero.
Che cosa, chiese mio nonno, cosa si dice?
Si dice che chi abita vicino a una cascata non senta l'acqua.
Questo, si dice?
Esatto. Naturalmente la tua bis-bis-bisnonna aveva ragione.
All'inizio fu terribile. Non sopportavamo di rimanere in casa per più di poche ore di fila. Le prime due settimane furono caratterizzate da notti di sonno intermittente, litigi soltanto per il gusto di farci sentiore sopra lo scroscio. Litigavamo al solo scopo di ricordarci a vicenda che eravamo innamorati e non in preda all'odio.
Però le settimane successive andò un po' meglio: era possibile dormire qualche buona oretta per notte e mangiare con un disagio sopportabile. la tua bis-bis-bisnonna ancora malediceva l'acqua [...], ma meno di frequente, e con minore furia. [...]
La vita continuò perchè la vita continua, e il tempo passò, perchè il tempo passa, e dopo poco più di due mesi: Hai sentito? le domandai, una delle rare mattine in cui eravamo seduti insieme a tavola. Hai sentito? Deposi il mio caffè e mi alazi dalla sedia. La senti quella cosa?
Quale? mi chiese lei.
Esatto! risposi, correndo fuori per salutare a pugno teso la cascata. Esattamente!
Ballammo, lanciando in aria manciate d'acqua, senza sentire proprio neinte. Alternavamo abbracci di perdono e urla di umano trionfo all'indirizzo dell'acqua. Chi vince la battaglia? Chi vince la battaglia, cascata? Noi! La vinciamo noi!
E questo vivere vicino a una cascata, Safran. [..] Il timbro si sbiadisce. La lama si smussa. Il dolore si affievolisce. Ogni amore è scolpito nella perdita. [...]
Ma questa non è tutta la storia, continuò la Meridiana. L'ho capito la prima volta che ho tentato di bisbigliare un segreto senza riuscirvi, o fischiettare una canzone senza insinuare la paura nei cuori di chi era nel raggio di centro metri, quando i miei colleghi della conceria mi hanno supplicato di abbassare la voce perché chi riesce a pensare se gridi in quel modo? Al che io ho domandato: STO DAVVERO GRIDANDO? * La storia della casa sulla cascata, la Meridiana
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Jonathan Safran Foer (Everything is Illuminated & Extremely Loud and Incredibly Close)
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Três coisas estão faltando. A primeira: você sabe por que livros como este são
tão importantes? Porque têm qualidade. E o que significa a palavra qualidade? Para mim
significa textura. Este livro tem poros. Tem feições. Este livro poderia passar pelo
microscópio. Você encontraria vida sob a lâmina, emanando em profusão infinita. Quanto
mais poros, quanto mais detalhes de vida fielmente gravados por centímetro quadrado você
conseguir captar numa folha de papel, mais “literário” você será. Pelo menos, esta é a minha
definição. Detalhes reveladores. Detalhes frescos. Os bons escritores quase sempre tocam a
vida. Os medíocres apenas passam rapidamente a mão sobre ela. Os ruins a estupram e a
deixam para as moscas. Entende agora por que os livros são odiados e temidos? Eles mostram
os poros no rosto da vida. Os que vivem no conforto querem apenas rostos com cara de lua
de cera, sem poros nem pelos, inexpressivos. Estamos vivendo num tempo em que as flores
tentam viver de flores, e não com a boa chuva e o húmus preto. Mesmo os fogos de artifício,
apesar de toda a sua beleza, derivam de produtos químicos da terra. No entanto, de algum
modo, achamos que podemos crescer alimentando-nos de flores e fogos de artifício, sem
completar o ciclo de volta à realidade. Você conhece a lenda de Hércules e Anteu, o
gigantesco lutador cuja força era invencível desde que ele ficasse firmemente plantado na
terra? Mas quando Hércules o ergueu no ar, deixando-o sem raízes, ele facilmente pereceu.
Se não existe nessa lenda nenhuma lição para nós hoje, nesta cidade, em nosso tempo, então
sou um completo demente. Bem, aí temos a primeira coisa de que precisamos. Qualidade,
textura da informação.
— E a segunda?
— Lazer.
— Ah, mas já temos muitas horas de folga.
— Horas de folga, sim. Mas e tempo para pensar? Quando você não está dirigindo a cento
e sessenta por hora, numa velocidade em que não consegue pensar em outra coisa senão no
perigo, está praticando algum jogo ou sentado em algum salão onde não pode discutir com o
televisor de quatro paredes. Por quê? O televisor é “real”. É imediato, tem dimensão. Diz o
que você deve pensar e o bombardeia com isso. Ele tem que ter razão. Ele parece ter muita
razão. Ele o leva tão depressa às conclusões que sua cabeça não tem tempo para protestar:
“Isso é bobagem!”.
— Somente a “família” é “gente”.
— Como disse?
— Minha mulher diz que os livros não são “reais”.
— Graças a Deus que não. Você pode fechá-los e dizer: “Espere um pouco aí”. Você faz
com eles o papel de Deus. Mas quem consegue se livrar das garras que se fecham em torno
de uma pessoa que joga uma semente num salão de tevê? Ele dá a você a forma que ele
quiser! É um ambiente tão real quanto o mundo. Ele se torna a verdade e é a verdade. Os
livros podem ser derrotados com a razão. Mas com todo o meu conhecimento e ceticismo,
nunca consegui discutir com uma orquestra sinfônica de cem instrumentos, em cores, três
dimensões, e ao mesmo tempo estar e participar desses incríveis salões. Como você vê, meu
salão não passa de quatro paredes de gesso. E veja. — Faber exibiu dois pequenos tampões de
borracha. — Para minhas orelhas, quando ando nos jatos subterrâneos.
— O Dentifrício Denham; eles não tecem, nem fiam — disse Montag, os olhos cerrados.
— E para onde vamos? Os livros nos ajudariam?
— Só se nos fosse dada a terceira coisa necessária. A primeira, como eu disse, é a
qualidade da informação. A segunda, o lazer para digeri-la. E a terceira, o direito de realizar
ações com base no que aprendemos da interação entre as duas primeiras.
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Ray Bradbury (Fahrenheit 451)
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Si tratta di pensare in maniera diversa l'esistenza concreta della specie. Non che il tempo passa e noi invecchiamo: noi siamo protagonisti del nostro tempo e costruiamo la nostra vita, giorno per giorno, settimana per settimana, mese per mese, anno per anno, idea per idea, sentimento per sentimento, apprendimento per apprendimento, riflessione per riflessione, espressione per espressione. Allora abbiamo una visione più chiara: quando parliamo di interrelazione universale (lo ha detto anche Engels cercando di realizzare Hegel) non ci riferiamo a una interrelazione universale fatidica e fatale, tutta negativa, che quindi potrà realizzarsi solo attraverso bagni di sangue. Di vittoria in vittoria nascerà una nuova sconfitta, o di sconfitta in sconfitta cerchiamo la vittoria? Questo è il punto, il punto di partenza. Ecco perché non partiamo dal conflitto, non partiamo dalla negazione e non partiamo dalla negazione della negazione.
Può sembrare una sfida eccessiva all'obbrobrio, all'oppressione, alla devastazione del sistema, ma è obbligatorio domandarsi: tutti coloro che sono partiti dal conflitto e lo hanno assolutizzato dove sono arrivati, a che conclusioni sono giunti, che strade ci hanno fornito, che chance ci hanno dato? Ci hanno insegnato molto, ma che obiettivo ci propongono? È possibile vincere continuando a partire dal conflitto? E il conflitto non è forse il terreno a cui l'avversario vuole costringerci, non è forse quello che dobbiamo rifiutare, che dobbiamo cercare di superare da tutti i punti di vista? Per esempio: il conflitto di genere c'è, addirittura abbiamo parlato di uno scontro necessario con il marxismo. Tuttavia questo è il punto di partenza o una conseguenza? Il vero punto di partenza è cercare di ricostruire a un livello più alto, nella logica dell'autosuperamento - che contiene profondamente opposizione, contrarietà, contrapposizione, conflitto, ma tende già a superarli -, l'unità della specie, la sua possibilità di sviluppo a un livello superiore. Su questo si gioca tutto. Cominciamo da un sì o cominciamo sui no? E dove andiamo a finire? Da che punto di vista partiamo e dove arriviamo, dove vogliamo arrivare? Questo è un problema filosoficamente molto profondo. Purtroppo Hegel ha fornito le ragioni maggiori di questa dialettica della negatività che dobbiamo cercare di superare d'entrata. Non è soltanto un desiderio (e se già lo fosse sarebbe una cosa molto grande), ha a che fare con tutto il modo in cui pensiamo alla nostra impresa, alla nostra causa, alla nostra vita.
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Dario Renzi (Per una logica affermativa della specie. Corso introduttivo alla logica)
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eu sei que é difícil
acredite
eu sei que parece
que o amanhã não vai chegar nunca
e que hoje vai ser o dia
mais difícil de aguentar
mas eu juro que você vai aguentar
a dor passa
como sempre
se você der tempo à dor e
deixar só deixar
pra lá
devagar
como uma promessa que se quebra
deixa pra lá
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Rupi Kaur (milk and honey)
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Ofelinha,
la ringrazio della sua lettera. Mi ha arrecato dolore e sollievo al medesimo tempo. Dolore, perché queste cose sono sempre dolorose; sollievo, perché, in verità, questa è l’unica soluzione - non prolunghiamo oltre una situazione che ormai non trova più la giustificazione dell’amore, né da una parte né dall’altra.
Da parte mia, per lo meno, rimane una stima profonda, un’amicizia inalterabile. Ofelinha non mi negherà altrettanto, vero?
Né Ofelinha, né io, abbiamo colpa in tutto questo. Solo il destino avrebbe colpa, se il destino fosse una persona a cui attribuire colpe.
Il Tempo, che invecchia volti e capelli, invecchia anche, ma ancora più in fretta, gli affetti più coinvolgenti. La maggior parte delle persone, perché è stupida, non se ne rende conto, e crede di continuare ad amare perché ha l’abitudine di sentire se stessa che ama.
Se così non fosse, al mondo non ci sarebbero persone felici.
Le creature superiori, tuttavia, sono prive della possibilità di questa illusione, perché non possono credere che l’amore sia durevole, né, quando sentono che è finito, si ingannano interpretando come amore la stima, o la gratitudine, che esso ha lasciato.
Queste cose fanno soffrire, ma la sofferenza passa.
Se la vita, che è tutto, infine passa, perché non dovrebbero passare l’amore e il dolore, e tutte le altre cose, che non sono altro che parti della vita? Nella sua lettera è ingiusta con me, ma la capisco e la scuso; di sicuro l’ha scritta con rabbia, forse persino con dolore, ma la maggior parte delle persone - uomini o donne - avrebbe scritto, nel suo caso, con un tono ancora più aspro, e in termini ancora più ingiusti.
Ma Ofelinha possiede un ottimo carattere, e anche la sua irritazione non riesce ad essere cattiva. Quando si sposerà, se non otterrà la felicità che merita, certamente non sarà per colpa sua.
Quanto a me... L’amore è passato. Ma conservo per lei un affetto inalterabile, e non dimenticherò mai - mai, mi creda - né la sua graziosa figurina e i suoi modi da ragazzina, né la sua dolcezza, la sua dedizione, la sua adorabile indole.
Può essere che m’inganni, e che queste qualità, che le attribuisco, fossero una mia illusione; ma neppure credo che lo fossero, né, se lo sono state, sarebbe scortese da parte mia attribuirgliele.
Non so cosa desidera che le restituisca - lettere o che altro. Io preferirei non restituirle nulla, e conservare le sue letterine come memoria viva di un passato morto, come ogni passato; come qualcosa di commovente in una vita, come la mia, in cui l’avanzare degli anni va di pari passo con l’avanzare dell’infelicità e della delusione.
Non faccia come la gente comune, che è sempre grossolana; non volti il capo dall’altra parte quando ci incontriamo, e non abbia di me un ricordo in cui entri il rancore. Rimaniamo, l’uno con l’altro, come due che si conoscono dall’infanzia, che si amarono un poco quando erano bambini, e ora, nella vita adulta, seguono altri affetti, e altre strade, e conservano sempre, in un angolino dell’anima, la memoria profonda del loro amore antico e inutile.
Ma questi ‘altri affetti’ e ‘altre strade’ riguardano lei, Ofelinha, non me. Il mio Destino appartiene ad altra Legge, della cui esistenza Ofelinha è all’oscuro, ed è subordinato ogni volta di più all’obbedienza a Maestri che non permettono e che non perdonano. Non è necessario che comprenda questo. E sufficiente che mi conservi con affetto nel suo ricordo, così come io, inalterabilmente, la conserverò nel mio.
Fernando
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Fernando Pessoa (Cartas de Amor)
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À medida que perspectiva do mundo se amplia, não diminui apenas a dor que ela causa, mas também o significado que tem. Compreender o mundo exige que se mantenha uma certa distância dele. Ampliamos coisas que são demasiado pequenas para serem vistas a olho nu, como moléculas e átomos. Reduzimos coisas que são demasiados grandes, como nuvens, deltas de rios e constelações. Só fixamos o mundo quando o temos ao alcance dos nossos sentidos. A essa fixação chamamos conhecimento. Durante a nossa infância e juventude lutamos para manter a distância correta das coisas e dos fenómenos. Lemos aprendemos, experimentamos, corrigimos. Então, um dia, chegamos ao ponto em que todas as distâncias necessárias foram determinadas, todos os sistemas necessários foram estabelecidos. É aí que o tempo começa a acelerar. Já não encontra qualquer obstáculo, está tudo determinado, o tempo passa rapidamente pelas nossas vidas, os dias sucedem-se num piscar de olhos, e , antes que nos apercebamos do que está a acontecer, temos quarenta, cinquenta, sessenta anos... O sentido requer conteúdo, o conteúdo requer tempo, o tempo requer resistência. O conhecimento é distância, o conhecimento é estagnação e inimigo do sentido.
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Karl Ove Knausgård (Min kamp 1 (Min kamp, #1))
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Hai visto che bella libertà?” Lui ha capito. Io poi mi sono messo a pensare a questa faccenda delle righe del campo da tennis, che danno claustrofobia. Il giocatore costretto a mettere la pallina sempre dentro la riga, ma non solo dentro la riga, ma più vicino possibile alla riga, ma più vicino vai alla riga più corri il rischio di mettere la pallina fuori dalla riga, cosa che è veramente angosciante e ossessiva e claustrofobica. E le righe sono sempre quelle e io lo so che i giocatori la notte vanno a dormire, chiudono gli occhi e vedono le righe, lo so che vedono righe ovunque e stanno attentissimi quando camminano a non calpestare le righe tra i blocchi di pietra dei marciapiedi, o del parquet, o delle mattonelle, che è difficilissimo. E non possono mai stare fermi a guardarle quelle righe: vanno su, vanno giù, ma non si fermano in mezzo al campo a guardare intorno perché c’è l’arbitro che gli dice “tempo!”, cosa che è ossessiva, claustrofobica e un pochino malvagia, secondo me. Tutto questo a mio figlio grande non l’avevo detto, gli avevo solo detto quella cosa sulla libertà. Il resto avrebbe dovuto capirlo da solo: che differenza c’è tra noi e i tennisti? Poca roba. Noi abbiamo le righe che ci siamo disegnati da soli e fatichiamo a non tirare fuori troppe palline. Se vuoi uscire dalle maledettissime righe – e dio solo sa se ci ho provato – arriva l’arbitro e fischia il fallo e ti porta dritto in galera. Poi ci sono quelli che dicono che quando ci si accorge che le righe sono troppo strette bisogna mettersi d’accordo tutti per spostarle. Oppure ci sono quelli che dicono che è inutile spostarle: è il concetto stesso di riga a essere sbagliato. E allora via, togliamo le righe. Ma io mi chiedo – e non è che io sia stato tanto a rispettarle quelle righe lì – una volta tolte, come si fa a giocare? Insomma io a mio figlio grande gliele direi queste cose, visto che è chiaro che passa giornate intere a discutere di quelle maledette righe coi suoi compagni dell’università: spostarle, cancellarle o che ne so io.
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Massimo Coppola (Un piccolo buio)
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O que tenho em mente é: deveríamos admitir que só nos realizamos no amor se cultivarmos uma multiplicidade de formas e tirarmos proveito de suas muitas fontes. Assim, deveríamos fomentar nossa philia com amizades profundas, fora de nosso relacionamento principal, e abrir espaço para que nosso amado faça o mesmo, sem nos ressentir do tempo que ele passa longe de nós. Podemos procurar as alegrias de ludus não apenas no sexo, mas em outras formas de divertimento, desde dançar tango e representar num teatro amador a rir com os filhos em volta da mesa de jantar. E devemos reconhecer que nos deixar tomar demais pelo amor-próprio, ou limitar nosso amor apenas a um pequeno círculo de pessoas, não será suficiente para satisfazer a necessidade interna de nos sentir parte de um todo mais amplo. Deveríamos todos, portanto, dar lugar para agape em nossa vida, e transformar o amor numa dádiva para estranhos. É assim que chegamos a um ponto no qual nossas vidas parecem abundantes de amor.
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Roman Krznaric (Sobre a arte de viver: Lições da história para uma vida melhor (Portuguese Edition))
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Che c’è?”
“Non ci avevo mai pensato.”
“Non lo fa quasi nessuno, non preoccuparti.”
Matteo arriccia le labbra, nervoso. “Ora vuoi solo farmi passare per stronzo.”
Davide alza istintivamente le mani in segno di resa. “Non era mia intenzione. Mi dispiace. Sono solo stanco e nervoso.”
“Mh.” L’altro non risponde per qualche istante mentre riprendono a camminare. “Perché sei nervoso?”
Sospira, afflitto. “Perché ti comporti… perché sembra che ti vergogni di avermi vicino. Io… non sono abituato, tutto qui. Sto bene. Starò bene.”
Matteo inchioda sulle piastrelline bianche del pavimento al centro della corsia. “Non mi vergogno di te. Non mi piace che la gente sappia i fatti miei.”
“La gente non sa proprio niente di quello che fai o facciamo.”
“Questo lo dici tu.” Inspira a fondo e si passa una mano tra i riccioli scuri che gli ricadono sulla fronte. “Senti… mi dispiace, okay? Andiamo a casa, per favore. Non voglio fare una piazzata qui in mezzo.”
Davide annuisce e rimane in silenzio per tutto il resto del tempo, a due passi di distanza da lui. A quanto pare negli anni ‘90 non è contemplato che due uomini possano fare la spesa insieme. Sarà un’altra cosa da femmine, per citare Matteo stesso.
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Daniela Barisone (Adrenalina)
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O empreendedorismo é a grande mágica do capitalismo, Marques. Funciona assim: junta um bom dinheiro, compra uns maquinário, chama alguns trabalhador, cobre tudo com um pano negro, diz as palavra mágica e, depois dum tempo, tira o pano, e tá lá: os trabalhador tão mais abatido, mais cansado, mais revoltado, mais infeliz; só que o teu dinheiro, ah!, o teu dinheiro se multiplicou dez vez, quinze vez, vinte vez, sem que tu tenha precisado mover uma palha! Bonito, né? — Pedro deu um riso seco. — Não, mano. Não é nada bonito. O que acontece por baixo do pano negro, a gente sabe melhor do que ninguém. E não é nada bonito. É medonho, isto sim. É desesperador. É terrível. É ou não é? Caralho, tu é um trabalhador: tu sabe muito bem do que eu tô falando. Por acaso eu tô dizendo alguma bobagem? A gente não se mata de tanto trabalhar? E pra quê? O que tu acha disso que a gente passa? O que tu acha desse derramamento de suor, lágrima e às vez até sangue, que a gente já conhece faz tempo, que os nossos coroa já conhecia antes de nós, que os coroa deles já conhecia antes deles e que só serve pra fazer crescer a fortuna dessa gente nojenta que passa metade do ano em Torres e metade em Gramado, sem preocupação nenhuma com nada, enquanto a gente fica aqui, desperdiçando a vida nesse vaivém entre a casa e o trabalho?
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José Falero (Os supridores (Portuguese Edition))
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Il veneziano sapeva che quando Kublai se la prendeva con lui era per seguire meglio il filo d’un suo ragionamento; e che le sue risposte e obiezioni trovavano il loro posto in un discorso che già si svolgeva per conto suo, nella testa del Gran Kan. Ossia, tra loro era indifferente che quesiti e soluzioni fossero enunciati ad alta voce o che ognuno dei due continuasse a rimuginarli in silenzio. Difatti stavano muti, a occhi socchiusi, adagiati su cuscini, dondolando su amache, fumando lunghe pipe d’ambra.
Marco Polo immaginava di rispondere (o Kublai immaginava la sua risposta) che più si perdeva in quartieri sconosciuti di città lontane, più capiva le altre città che aveva attraversato per giungere fin là, e ripercorreva le tappe dei suoi viaggi, e imparava a conoscere il porto da cui era salpato, e i luoghi familiari della sua giovinezza, e i dintorni di casa, e un campiello di Venezia dove correva da bambino.
A questo punto Kublai Kan l’interrompeva o immaginava d’interromperlo, o Marco Polo immmaginava d’essere interrotto, con una domanda come: – Avanzi col capo voltato sempre all’indietro? – oppure: – Ciò che vedi è sempre alle tue spalle? – o meglio: – Il tuo viaggio si svolge solo nel passato?
Tutto perché Marco Polo potesse spiegare o immaginare di spiegare o essere immaginato spiegare o riuscire finalmente a spiegare a se stesso che quello che lui cercava era sempre qualcosa davanti a sé, e anche se si trattava del passato era un passato che cambiava man mano egli avanzava nel suo viaggio, perchè il passato del viaggiatore cambia a seconda dell’itinerario compiuto, non diciamo il passato prossimo cui ogni giorno che passa aggiunge un giorno, ma il passato più remoto. Arrivando a ogni nuova città il viaggiatore ritrova un suo passato che non sapeva più d’avere: l’estraneità di ciò che non sei più o non possiedi più t’aspetta al varco nei luoghi estranei e non posseduti.
Marco entra in una città; vede qualcuno in una piazza vivere una vita o un istante che potevano essere suoi; al posto di quell’uomo ora avrebbe potuto esserci lui se si fosse fermato nel tempo tanto tempo prima, oppure se tanto tempo prima a un crocevia invece di prendere una strada avesse preso quella opposta e dopo un lungo giro fosse venuto a trovarsi al posto di quell’uomo in quella piazza. Ormai, da quel suo passato vero o ipotetico, lui è escluso; non può fermarsi; deve proseguire fino a un’altra città dove lo aspetta un altro suo passato, o qualcosa che forse era stato un suo possibile futuro e ora è il presente di qualcun altro. I futuri non realizzati sono solo rami del passato: rami secchi.
– Viaggi per rivivere il tuo passato? – era a questo punto la domanda del Kan, che poteva anche essere formulata così: – Viaggi per ritrovare il tuo futuro?
E la risposta di Marco: – L’altrove è uno specchio in negativo. Il viaggiatore riconosce il poco che è suo, scoprendo il molto che non ha avuto e non avrà.
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Italo Calvino
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O tempo, como todos sabemos, passa. Se ele volta exatamente da mesma maneira, é questionável.
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Leonora Carrington (The Hearing Trumpet)
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Em sua busca por uma ressignificação do mal fora do Cristianismo, Lestat não tenta, entretanto, posicionar-se como sendo necessariamente o oposto dele. Afinal, como afirma Rice, ainda que Lestat “seja um símbolo de formas de liberdade e domínio, eu nunca perco de vista o mal que tem em si”. Esse mal em si, todavia, não o limita ou tampouco o define; ele é reconhecido, aceito e passa a integrar um mosaico complexo que compõe a identidade em transfiguração do “vampiro deste tempo”.
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Thiago Sardenberg
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Nel fisico era cresciuto, dimagrito, le tempie ormai cominciavano a ingrigirsi, ma per il bambino di allora, o per l’uomo di oggi, tutte le cose che servono su questa terra non significavano nulla, così come non aveva ancora imparato a conciliare il corso immutabile dell’universo di cui lui stesso era parte (una parte molto effimera) con la nozione filosofica del tempo che passa: in pratica non sapeva bene cosa fosse il futuro. Assisteva agli eventi umani che scorrevano lenti intorno a lui senza mostrare passioni o coinvolgimento personale, le sue effettive difficoltà intellettive erano sempre venate da una malinconica tristezza, perché nonostante gli sforzi, non riusciva a capire, e di conseguenza a vivere, come i cari amici che conosceva: il suo cervello, preda di un meravigliato stupore, era scollegato dalle normali faccende terrene (con terribile vergogna della madre, e massimo divertimento della gente locale), sembrava vivere nell’invulnerabilità di un istante eterno, come in una bolla di sapone che non sarebbe mai scoppiata.
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László Krasznahorkai (The Melancholy of Resistance)
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Os fundamentalistas estão no congresso gastando nosso tempo e energia para discutir asneiras religiosas, como proibir casamento homoafetivo como se isso tivesse qualquer relação com o prato de comida na mesa do brasileiro que passa fome, e o governo deveria o ajudar.
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Jorge Guerra Pires (Seria a Bíblia um livro científico?: Por que a Bíblia Sagrada não deve ser levada a sério e como argumentar contra ela (Inteligência Artificial, Democracia, e Pensamento Crítico) (Portuguese Edition))
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Sempre que alguém me faz essa pergunta, Sharon, eu digo "Estou bem, obrigada", mas, para ser sincera, não estou. Será que essas pessoas realmente querem saber como alguém se sente quando fazem essa pergunta? Ou simplesmente estão tentando ser educadas? - Holly sorriu - Da próxima vez que a minha vizinha me perguntar: "Como você está?", vou dizer "Olha, não estou muito bem, obrigada. Ando me sentindo deprimida e sozinha. Irritada com o mundo. Sentindo inveja de você e sua família perfeita, mas não sinto inveja de seu marido, que tem que viver com você". E então contarei que comecei em um novo emprego e conheci um monte de gente, e que estou me esforçando muito para me reerguer, mas que agora estou perdida, sem saber o que fazer. Depois, direi que fico fula da vida sempre que me dizem que o tempo cura quando, ao mesmo tempo, também dizem que a ausência aumenta a saudade, o que me deixa muito confusa, porque quer dizer que quanto mais tempo se passa, mais eu sinto falta dele. Direi que nada está sendo curado e que todas as manhãs, quando acordo e vejo a cama vazia, parece que estão esfregando sal em minhas feridas abertas. - Holly suspirou fundo - Depois, vou dizer a ela que sinto saudade de meu marido é que minha vida parece sem sentido sem ele. E que estou me desinteressando em continuar a fazer as coisas sem ele, e explicarei que parece que estou esperando o mundo acabar para reencontrá-lo. Ela provavelmente dura apenas "Ah, que bom", como sempre faz, vai beijar o marido e pronto, enquanto eu ainda estarei tentando decidir que cor de camisa vestir para trabalhar.
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Cecelia Ahern
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Um bom jogador de xadrez está sinceramente convencido de que sua derrota decorre de um erro seu e então procura esse erro no início do jogo, mas esquece que a cada etapa, ao longo de toda partida, houve erros semelhantes e que nehum dos seus lances foi perfeito. O erro ao qual o jogador dirige sua atenção só lhe parece mais saliente porque o adversário tirou proveito dele. Bem mais complexo que isso é o jogo da guerra, que se passa em condições de tempo determinadas e onde não há uma vontade única que governa mecanismos inanimados, mas, ao contrário, tudo decorre de um conflito incalculável de vontades distintas.
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Leo Tolstoy (War and Peace)
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Jesus, o benfeitor amorável, convoca cooperadores para o saneamento das esferas sombrias do mundo espiritual. O Espiritismo inaugurou a era em que se abrem as portas para que o homem encarnado enxergue a extensão de sua família espiritual pelos sagrados laços da alma. Bem-aventurado o servidor do bem que acende uma tocha de luz nas furnas da escuridão. Bem-aventuradas as caravanas da bondade que se desprendem do corpo material durante a noite para secar as lágrimas dos atormentados pela solidão. Padecimentos mentais e dores da alma são aliviados nos espíritos sofridos quando os raios da oração alcançam os tenebrosos vales do desespero. Velhos grilhões da obsessão são rompidos ao propiciar aos vingadores enlouquecidos um momento de sossego. Que o manto luminoso de Maria de Nazaré recaia sobre os umbrais e transforme a dor em renascimento no berço carnal. Nossos laços afetivos têm raízes concretas com os abismos astrais, arquivados em nossa vida mental. Ampliemos nossos conceitos arraigados para entendermos as realidades que se desenrolam nas furnas da maldade organizada. Lá, onde reside nossa família espiritual, também é a casa de Deus. A regeneração planetária tão desejada é uma estrada luminosa que passa pelos desfiladeiros expiatórios. Um mundo melhor depende da canalização da misericórdia celestial para esses lugares de tanta carência e desorientação. Nesse momento, em que os tutores celestes lançam seus olhares e suas ações para que as trevas sejam iluminadas pela força do amor, os aprendizes do Evangelho são chamados para se alistarem nas frentes destemidas de trabalho e socorro. A inclusão espiritual dos umbrais é insubstituível medida de amor para os tempos novos da Terra. A luz raiou nas mais insensíveis organizações da maldade, anunciando os tempos novos até para aqueles que têm o coração voltado para a tirania e o ódio. “O povo que estava assentado em trevas viu uma grande luz;”. A mediunidade cristã, orientada pela caridade e pela abnegação, constitui-se numa ponte entre o céu e o inferno, unindo planos distintos da vida numa dinâmica de apoio e redenção. Que a coragem dos trabalhadores espíritas transponha o muro dos conceitos endurecidos e permita que muitas frentes de serviço e socorro estendam generosas oferendas de consolo, alívio, esperança e luz aos queridos irmãos paralisados nesses lugares sombrios. Se Jesus Se encontra nessa tarefa de purificar os pântanos astrais, na base da atual transição planetária, nós, que dizemos amá-Lo, devemos seguir Seus passos. Apressemo-nos em oferecer nossa humilde colaboração. Que o Mestre nos permita depositar sobre a mesa espiritual de muitos grupos mediúnicos, em sintonia com essa proposta de amor, o pergaminho que celebre a parceria na ampliação das frentes de serviço pela regeneração de nossa casa terrena. Muita paz aos meus filhos amados e que o Senhor da vinha lhes cubra de alegrias no esforço de cada dia.
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Wanderley Oliveira (O lado oculto da Transição Planetária)
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Forse diventare adulti è proprio questo: raggiungere l’inevitabile consapevolezza che il tempo passa, sia che tu abbia qualcosa da desiderare o da temere.
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Sophie Jaff (Love Is Red (Nightsong Trilogy #1))
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Olho ao redor e vejo que muitos — não todos, mas muitos — problemas que temos poderiam ser sanados, se nossa cultura simplesmente fomentasse o hábito da leitura. Ler livros de ciência, filosofia, história. Ler literatura de qualidade, do tipo que nos toque por uma razão mais profunda, como, por exemplo, por ter algo a dizer para além das futilidades e miudezas da vida, mesmo quando retrata o ordinário da vida, ao mesmo tempo em que o diz com estilo, de um modo ímpar, admirável. Original.
Porém, não somos um país de leitores. Somos o país do futebol transformado em culto, da malandragem elevada a virtude cardinal, do Carnaval tipo exportação. Um país onde há mais letras formando siglas partidárias do que em tudo o que muitos de nossos políticos já escreveram na vida. Um país onde ética se tornou mote para piadas. Onde a democracia não passa de um ridículo teatro de fantoches.
Sim. Olho a meu redor e vejo que muitos problemas que temos poderiam ser sanados, tivéssemos o hábito da leitura. Mas nem sei se alguém está lendo estas palavras.
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Camilo Gomes Jr.
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NADA FAZ SENTIDO. Não procure sentido nas coisas. Eles não estão lá. É você que os atribui àquilo de que toma conhecimento ou que vivencia. Uma derrota ou uma conquista não são um recado dos deuses ou um ardil do destino. Não querem dizer coisa alguma — e, se parecem dizer, isso não passa de uma interpretação que você mesmo lhes dá —, já que, em si, as coisas são apenas indiferença e silêncio. Não perca, pois, seu tempo precioso à procura de sinais em tudo a seu redor. Busque interpretar os acontecimentos, aqueles que sangram e os que fazem sorrir, como experiências amadurecedoras. Ah, sim! E o mais importante: viva!
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Camilo Gomes Jr.
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O tempo passa mas não apaga nossa historia.
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Humberto e Ronaldo
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(...) existe uma mentalidade Speedy González, toda «Hey gringo, my friend», que vê em cada ser humano um «amigo». Todos conhecemos o género — é o «gajo porreiro», que se «dá bem com toda a gente». E o «amigalhaço». E tem, naturalmente, dezenas de amigos e de amigas, centenas de amiguinhos, camaradas, compinchas, cúmplices, correligionários, colegas e outras coisas começadas por c.
Os amigalhaços são mais detestáveis que os piores inimigos. Os nossos inimigos, ao menos, não nos traem. Odeiam-nos lealmente. Mas um amigalhaço, que é amigo de muitos pares de inimigos e passa o tempo a tentar conciliar posições e personalidades irreconciliáveis, é sempre um traidor. Para mais, pífio e arrependido. Para se ser um bom amigo, têm de herdar-se, de coração inteiro, os amigos e os inimigos da outra pessoa. E fácil estar sempre do lado de quem se julga ter razão. O que distingue um amigo verdadeiro é ser capaz de estar ao nosso lado quando nós não temos razão. O amigalhaço, em contrapartida, é o modelo mais mole e vira-casacas da moderação. Diz: «Eu sou muito amigo dele, mas tenho de reconhecer que ele é um sacana.» Como se pode ser amigo de um sacana? Os amigos são, por definição, as melhores pessoas do mundo, as mais interessantes e as mais geniais. Os amigos não podem ser maus. A lealdade é a qualidade mais importante de uma amizade. E claro que é difícil ser inteiramente leal, mas tem de se ser.
Miguel Esteves Cardoso, in 'Os Meus Problemas
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Miguel Esteves Cardoso (Os Meus Problemas)
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-Você avança com a cabeça voltada para trás? - ou então: - O que você vê está sempre às suas costas? - ou melhor: - A sua viagem só se dá no passado?
Tudo isso para que Marco Polo pudesse explicar ou imaginar explicar ou ser imaginado explicando ou finalmente conseguir explicar a si mesmo que aquilo que ele procurava estava diante de si, e, mesmo que se tratasse do passado, era um passado que mudava à medida que ele prosseguia a sua viagem, porque o passado do viajante muda de acordo com o itinerário realizado, não o passado recente ao qual cada dia que passa acrescenta um dia, mas um passado mais remoto. Ao chegar a uma nova cidade, o viajante reencontra um passado que não lembrava existir: a surpresa daquilo que você deixou de ser ou deixou de possuir revela-se nos lugares estranhos, não nos conhecidos.
Marco entra numa cidade; vê alguém numa praça que vive uma vida ou um instante que poderiam ser seus; ele podia estar no lugar daquele homem se tivesse parado no tempo tanto tempo atrás, ou então se tanto tempo atrás numa encruzilhada tivesse tomado uma estrada em vez de outra e depois de uma longa viagem se encontrasse no lugar daquele homem e naquela praça. Agora, desse passado real ou hipotético, ele está excluído; não pode parar; deve prosseguir até uma outra cidade em que outro passado aguarda por ele, ou algo que talvez fosse um possível futuro e que agora é o presente de outra pessoa. Os futuros não realizados são apenas ramos do passado: ramos secos.
- Você viaja para reviver o seu passado? - era, a esta altura, a pergunta do Khan, que podia ser formulada da seguinte maneira: - você viaja para reencontrar o seu futuro?
E a resposta de Marco:
- Os outros lugares são espelhos em negativo. O viajante reconhece o pouco que é seu descobrindo o muito que não teve e o que não terá. (p. 31-32)
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Italo Calvino (Invisible Cities)
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O tempo passou rasteiro por entre meus dedos do pé. Deixou marcas vivas, que crescem a cada dia pelo meu corpo. Mudou meu olhar e meu modo de pensar. Levou embora pessoas queridas e trouxe outras pra eu amar. O tempo passa rasteiro, mas sempre se deixa notar!
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Estrela Santos
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A vida não é um brinquedo, mas escusa também de ser o fardo que muitos levam, curvados sob o peso com que não podem, escravizados a uma sina que não compreendem. Ela é, ela deve ser apenas uma coisa séria: para tanto tem que ter um conteúdo, ser realização tão perfeita quanto possível de um certo ideal. Neste sentido, cada vida deixa de ser tempo que passa, para ser obra que fica.
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António de Oliveira Salazar (Salazar : citações)
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Se um turista chega a um mundo estranho, onde nem o aspecto exterior, nem a língua, nem os costumes lhe conseguem despertar reminiscências, esse mundo exerce sobre ele um encanto delicioso. Não surge tudo isso que se oferece nos seus olhos - paisagem, costumes e fala - para o seu particular deleite? Não se lhe oferecem todas as características pitorescas para que ele se divirta e tire fotografias? Mas se o mesmo turista se vê, de repente, forçado a permanecer nesse mundo estranho para ganhar o seu pão, o pitoresco torna-se-lhe ambiente quotidiano, os habitantes passam a ser os seus vizinhos, amigos e inimigos e o caso muda inteiramente de figura. O que lhe parecera insólito e exótico ergue-se qual muro espesso entre ele e tudo o que constitui a sua vida, e por muito tempo não passa dum homem à parte, um observador sempre prestes a comparar com este mundo o seu de outrora: um comparsa que, não chegando a pisar o palco, permanece nos bastidores. Por isso o turista é para o estrangeiro domiciliado o que o campista é para um homem que se instalou, de vez, numa cabana.
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Ilse Losa (Sob Céus Estranhos)
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O tempo resolve tudo, porque o tempo não resolve nada. Ele passa e mostra que os problemas só mudam de origem, de endereço ou de dono, mas perduram, resistem, continuam por aí. Em meio a isso, se as pessoas passaram e ainda passam tanto tempo de suas vidas temendo ou cultuando o Mal, como fosse uma coisa real, de fato existente, é apenas porque é verdade. É preciso entender. Resignar-se. O Mal existe. Existe e persiste. Imutável, invencível, eterno enquanto dura — e nisto nunca haverá poesia, pois não há alternativa, e os versos são sempre o caminho outro. O equívoco (pois há sim um grande equívoco) está só em pensar que o Mal exista fora de nós. Pois ali fora, quando o avistamos, ele não passa de reflexo de nossas entranhas projetado no mundo.
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Camilo Gomes Jr. (Sombra)
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Pieter Botha, o ministro da Defesa da República da África do Sul, passa revista ao seu exército que regressa da guerra, na ponte fronteiriça sobre o rio Cunene. Embora os soldados atravessem a ponte em silêncio, há berros e gritaria nas proximidades, visto que, ao mesmo tempo, as unidades da FNLA e da UNITA que, até àquele momento, tinham acompanhado os soldados brancos sul-africanos, estão a atirar-se ao rio em massa, tentando chegar à Namíbia. Muitos deles morrem afogados. Mas a guerra terminou, a democracia da frente de combate acabou; e a lei da segregação volta a aplicar-se: a travessia pela ponte é só para brancos
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Ryszard Kapuściński (Another Day of Life (Penguin Modern Classics))
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Che fra Sette e Ottocento Alfieri e Manzoni guardassero a Firenze e alla Toscana, si spiega. Ma oggi, e da assai tempo in qua, la situazione è diversa. A nessuno è passato o passa per la testa che debbano essere risciacquati in Arno I Malavoglia e La coscienza di Zeno. E in fatto di lingua e letteratura italiana ieri l’altro si poteva da ogni parte d Italia guardare a Firenze perché ci vivevano e c’insegnavano uomini come Parodi e Rajna, senza preoccuparsi che l’uno (benché ligure) scrivesse bene e l’altro (non perché fosse di Sondrio) male, e ieri perché c’insegnava Barbi, e oggi perché c’insegnano uomini come Migliorini, ma chi mai, che in Italia avesse da dire o da scrivere qualcosa negli ultimi cento anni, è corso più a Firenze con la fede del D’Ovidio secondo cui «il fiorentino odierno si dovrà tener sempre come un vivo specchio d’ italianità sincera e fresca»? Senza dubbio, Firenze è stata nel nostro secolo, ed è, letterariamente ben viva, ma non mi sembra che questa sua vitalità sia stata caratterizzata da preoccupazioni linguistiche, di lingua intendo fiorentina o toscana piuttosto che italiana. Direi anzi che, per buoni motivi, se anche sui risultati si possa distinguendo discutere, a Firenze lo sforzo si sia nel nostro secolo esercitato in direzione diametralmente opposta a quella segnata dai linguaioli municipali del secolo scorso. A tal punto che poi venne giorno in cui ci piacque, con Pancrazi, ritrovare la freschezza semplice di quella vena sepolta. Mi pare ad ogni modo chiaro che la penultima, se non l’ultima, stagione della letteratura militante fiorentina si sia tutta sviluppata al segno, lontano, del Gabinetto Vieusseux, non a quello dell’Accademia della Crusca e neppure a quello dell’Istituto di studi superiori.
Insomma, «laissons-là, Bembo». D’accordo, e non da oggi. E Manzoni anche, fermo restando che al di là del manzonismo degli stenterelli, e proprio perché questo ci fu, tanto ancora dobbiamo imparare da lui. E anche, su altro piano, Croce, fermo restando che la lezione della sua prosa non è esausta, e che l'unico a tutt'oggi formidabile erede, fra Otto e Novecento, della grande erudizione italiana è stato, ed è, lui. Ma non possiamo permetterci il lusso di mettere da parte Ascoli, o per altro verso Comparetti, gli uomini della nuova Italia, duri come il macigno, senza retorica e senza poesia, alieni da ogni tesi conciliativa, fosse quella del D’Ovidio o la buona intesa del mio maestro V. Cian; non gli uomini che primi sulle macerie trite della questione della lingua e della congiunta «grammatica» fondarono la storia e la scienza della lingua italiana e inaugurarono il linguaggio europeo della filologia italiana.
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Carlo Dionisotti
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Não se anima a tocá-la, nem a dizer-lhe nada. Os corpos nus nem ao menos se roçam. A cada pequeno movimento, a cama protesta, range, geme. De qualquer maneira, se ela conhecesse a verdadeira história ou a loucura dos protestos, as coisas mudariam? Como? Já não há tempo para nada. Poderia dizer-lhe: 'Não é uma vingança pessoal, entende? Esta raiva coincide com a necessidade de vingança de milhões de homens, embora essa vingança não tenha ainda despertado. Entende?'. Poderia explicar-lhe que os companheiros caídos aparecem na sua frente o tempo todo. Poderia dizer-lhe que é preciso nadar para não se afogar, e que não existe outra maneira de fazê-lo nem de explicá-lo. Volto a lutar contra a corrente, poderia dizer isso, embora não veja ainda a costa. Embora nunca, nunca veja a costa. Há anos estou nisso, e devo a isso todos os anos que tenho pela frente. (...) Não vale a pena. Nem pedir a você que me espere, embora morra de vontade de pedir, voltarei para buscar você, não deixe de me esperar, nunca, logo, quando: voltarei e... chegarão outros homens, ela os amará: esta certeza passa por sua cabeça como uma sombra de asa de pássaro gigante, o mesmo com o qual havia sonhado. Passa por sua cabeça e dói. Calhorda - se acusa. Sente-se inútil. Tudo se faz tão difícil. Ir embora, é um dever ou um furto? Pensa: será difícil partir e duro viver sem você: matar você na memória, para que não doa. Poderei? E ela, como se tivesse escutado, pensa que sente ódio dele porque ele poderá.
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Eduardo Galeano (Vagamundo)
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A Morte Devagar
Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições.
Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo.
Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.
Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar.
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Martha Medeiros
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Se você começar a estalar os dedos agora e estalá-los 98.463.077 vezes sem parar, o sol irá subir e se por, e o céu ficará escuro e a noite vai avançar, e todos estarão dormindo enquanto você continuar estalando os dedos até que, finalmente, um pouco depois do amanhecer, depois de contar o seu 98.463.077º estalar de dedos, você vai experimentar a sensação verdadeiramente íntima de estar consciente e saber exatamente como passou cada momento de um dia de sua vida.' [...] O experimento hipotético que havia proposto era extravagante, mas a premissa era simples. Tudo no universo está em constante mudança, nada fica igual, e nós precisamos compreender a rapidez com que o tempo passa se quisermos despertar e começar a viver realmente as nossas vidas. 'É isso que significa ser um ser-tempo', a velha Jiko me disse, e depois estalou mais uma vez os dedos tortos. 'Até que isso basta e você morre.
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Ruth Ozeki (A Tale for the Time Being)
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Eu nunca entendi porque as pessoas se ofendem quando peço tempo para checar as informações que me passa em uma discussão, ou quando repasso para pessoa a checagem dos fatos usando chatGPT. As pessoas parecem achar ofensivo quando buscamos a verdade usando fontes alternativas. Querer se comparar com o chatGPT é totalmente irracional, uma IA que custa em torno de 2 milhões de dólares por dia, que consegue acessar toda a internet em segundos.
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Jorge Guerra Pires (Ciência para não cientistas: como ser mais racional em um mundo cada vez mais irracional (Vol. II: Religião) (Inteligência Artificial, Democracia, e Pensamento Crítico) (Portuguese Edition))
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Vamos ser honesto, não existe e nem vai existir uma teoria científica competível com as teorias da religião. Imagine, uma teoria que explica tudo que você aprende com 12 anos de idade, e usa pelo resto da vida. Einstein dizia que uma boa teoria é aquela que explica para sua vó. Nenhum cientista conseguiu fazer isso, e nem vai. A teoria mestre ocupa a mente de cientistas brilhantes e nada de achar a solução da equação de Deus. Não temos como competir com religião, e pronto. Nossas teorias demandam tempo para criar, e tempo para entender. Cada teoria passa por muitas mãos, e um único cientista não consegue entender todas as teorias. Dependemos um do outro, e estamos sempre melhorando. O trabalho do anterior forma o trabalho do novo, e confiamos nos nossos predecessores. Nossas teorias ficam mais complicadas, e precisamos de computadores e muitas cientistas para resolver e entender. Nenhuma teoria compete com o criacionismo, nenhuma teoria científica é entendível por uma pessoa de 12 anos, a não ser que tenha um QI de 200. Para nós mortais, cada teoria é uma vida de estudos
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Jorge Guerra Pires
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O amor tem nome, mas não é nada que a gente possa reconhecer só de olhar. [...]. Mas e o amor? O que é senão um monte de gostar? Gostar de falar, gostar de tocar, gostar de cheirar, gostar de ouvir, gostar de olhar. Gostar de se abandonar no outro. O amor não passa de um gostar de muitos verbos ao mesmo tempo.
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Carla Madeira (Tudo é Rio)
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Quello che lui cercava era sempre qualcosa davanti a sé, e anche se si trattava del passato era un passato che cambiava man mano egli avanzava nel suo viaggio, perché il passato del viaggiatore cambia a seconda dell’itinerario compiuto, non diciamo il passato prossimo cui ogni giorno che passa aggiunge un giorno, ma il passato più remoto. Arrivando a ogni nuova città il viaggiatore ritrova un suo passato che non sapeva più d’avere: l’estraneità di ciò che non sei più o non possiedi più t’aspetta al varco nei luoghi estranei e non posseduti.
Marco entra in una città; vede qualcuno in una piazza vivere una vita o un istante che potevano essere suoi; al posto di quell’uomo ora avrebbe potuto esserci lui se si fosse fermato nel tempo tanto tempo prima, oppure se tanto tempo prima a un crocevia invece di prendere una strada avesse preso quella opposta e dopo un lungo giro fosse venuto a trovarsi al posto di quell’uomo in quella piazza. Ormai, da quel suo passato vero o ipotetico, lui è escluso; non può fermarsi; deve proseguire fino a un’altra città dove lo aspetta un altro suo passato, o qualcosa che forse era stato un suo possibile futuro e ora è il presente di qualcun altro. I futuri non realizzati sono solo rami del passato: rami secchi.
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Italo Calvino (Invisible Cities)
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O amor nem sempre é bonito, Tate. Às vezes você passa o tempo inteiro desejando que um dia ele mude. Que melhore. E aí, antes que perceba, você já voltou para a estaca zero e perdeu seu coração no meio do caminho - p.172
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Colleen Hoover (Ugly Love)
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Até então ele passara pela despreocupada idade da primeira juventude, uma estrada que na meninice parece infinita, onde os anos escoam lentos e com passo leve, tanto que ninguém nota a sua passagem. Caminha-se placidamente, olhando com curiosidade ao redor, não há necessidade de se apressar, ninguém empurra por trás e ninguém espera, também os companheiros procedem sem preocupações, detendo-se frequentemente para brincar. Das casas, a porta, a gente grande cumprimenta-se benigna e aponta para o horizonte com sorrisos de cumplicidade; assim o coração começa a bater por heroicos e suaves desejos, saboreia-se a véspera das coisas maravilhosas que aguardam mais adiante; ainda não se veem, não, mas é certo, absolutamente certo, que um dia chegaremos a elas. Falta muito? Não, basta atravessar aquele rio lá longe, no fundo, ultrapassar aquelas verdes colinas. Ou já não se chegou, por acaso? Não são talvez estas árvores, estes prados, esta casa branca o que procurávamos? Por alguns instantes tem-se a impressão que sim, e quer-se parar ali. Depois ouve-se dizer que o melhor está mais adiante, e retoma-se despreocupadamente a estrada. Assim, continua-se o caminho numa espera confiante, e os dias são longos e tranquilos, o sol brilha alto no céu e parece não ter mais vontade de desaparecer no poente. Mas a uma certa altura, quase instintivamente, vira-se para trás e vê-se que uma porta foi trancada às nossas costas, fechando o caminho de volta. Então sente-se que alguma coisa mudou, o sol não parece mais imóvel, desloca-se rápido, infelizmente, não dá tempo de olhá-lo, pois já se precipita nos confins do horizonte, percebe-se que as nuvens não estão mais estagnadas nos golfos azuis do céu, fogem, amontoando-se umas sobre as outras, tamanha é sua afoiteza; compreende-se que o tempo passa e que a estrada, um dia, deverá inevitavelmente acabar. A um certo momento batem às nossas costas um pesado portão, fecham-no a uma velocidade fulminante, e não há tempo de voltar. Será então como um despertar. Olhará à sua volta, incrédulo; depois ouvirá um barulho de passos vindo de trás, verá as pessoas, despertadas antes dele, que correm afoitas e o ultrapassam para chegar primeiro. Ouvirá a batida do tempo escandir avidamente a vida. Nas janelas não mais aparecerão figuras risonhas, mas rostos imóveis e indiferentes. E se perguntar quanto falta do caminho, ainda lhe apontarão o horizonte, mas sem nenhuma bondade ou alegria. Entretanto, os companheiros se perderão de vista, um porque ficou para trás, esgotado, outro porque desapareceu antes e já não passa de um minúsculo ponto no horizonte. Além daquele rio — dirão as pessoas —, mais dez quilômetros, e terá chegado. Ao contrário, não termina nunca, os dias se tornam cada vez mais curtos, os companheiros de viagem, mais raros, nas janelas estão apáticas figuras pálidas que balançam a cabeça. Então já estará cansado, as casas, ao longo da rua, terão quase todas as janelas fechadas, e as raras pessoas visíveis lhe responderão com um gesto desconsolado: o que era bom ficou para trás, muito para trás, e ele passou adiante, sem dar por isso. Ah, é demasiado tarde para voltar, atrás dele aumenta o fragor da multidão que o segue, impelida pela mesma ilusão, mas ainda invisível, na branca estrada deserta. Ai, se pudesse ver a si mesmo, como estará um dia, lá onde a estrada termina, parado na praia do mar de chumbo, sob um céu cinzento e uniforme, sem nenhuma casa ao redor, nenhum homem, nenhuma árvore, nem mesmo um fio de erva, tudo assim desde um tempo imemorável.
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Dino Buzzati (Il Deserto dei Tartari e Dodici Racconti)
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Na Europa medieval, a Igreja ditou aquilo em que se deve acreditar, mas pelo menos permitiu manter as mesmas crenças desde o nascimento até a morte. Ela não lhe disse para acreditar numa coisa na segunda-feira e noutra na terça-feira. E o mesmo é mais ou menos verdadeiro para qualquer cristão ortodoxo, hinduísta, budista ou muçulmano de hoje. Em certo sentido, seus pensamentos são circunscritos, mas ele passa toda sua vida dentro da mesma estrutura de pensamento. Suas emoções não são adulteradas. Agora, com o totalitarismo é exatamente o oposto. A peculiaridade do estado totalitário é que, embora ele controle o pensamento, ele não o corrige. Ele estabelece dogmas inquestionáveis e os altera de um dia para o outro. Ele precisa dos dogmas, porque precisa da obediência absoluta de seus súditos, mas não pode evitar as mudanças, que são ditadas pelas necessidades da política de poder. Declara-se infalível e, ao mesmo tempo, ataca o próprio conceito de verdade objetiva. Para tomar um exemplo rude e óbvio, todo alemão até setembro de 1939 tinha que encarar o bolchevismo russo com horror e aversão, e desde setembro de 1939 ele tem que encará-lo com admiração e carinho.13 Se a Rússia e a Alemanha entrarem em guerra, como podem muito bem fazer dentro dos próximos anos, outra mudança igualmente violenta terá que ocorrer. Espera-se que a vida emocional do alemão, seus amores e ódios, quando necessário, se revertam da noite para o dia.
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George Orwell (Fascismo e Democracia (Portuguese Edition))
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O tempo que passa e vai faz a normalidade regressar à vida. E a recordação da tempestade foi-se esvanecendo.
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Olinda Pina Gil (Sudoeste)
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Tutto era più semplice quando mia madre aveva vent'anni: intanto il tempo sembrava infinito, così che i venti sarebbero scivolati nei trenta senza scossoni, perché c'era il piacere di perderlo, quel tempo, e non l'ansia di realizzare qualcosa a tutti i costi entro breve. Questo è quello che ci si chiede, o che noi chiediamo a noi stesse, anche se vivere così non ci piace del tutto: è come se i nostri genitori fossero riusciti a dominare il tempo, a tenderlo come un elastico e a lasciarlo andare senza farsi male, mentre le nostre dita sono piene di segni rossi, perché ogni minuto che passa ci lascia indietro, rabbiose e ferite, e manda avanti qualcun altro al nostro posto. A volte ci interroghiamo su questo, Tony, Marta e io, quando ci sediamo davanti allo spritz delle sette a guardare gli altri passare e a detestare quelli che hanno più di cinquant'anni perché sembrano aver ottenuto tutto, mentre noi no. Questo noi no è quello che ci inchioda e per questo ci scambiamo idee per afferrare il mondo per i capelli e strategie per spazzare via quelli che non capiscono quanto possa essere orribile la pressione che ci portiamo addosso, tutte quelle aspettative dei genitori e degli adulti, e nostre, e la difficoltà di realizzarle. A meno di non diventare carogne, che non è quello che vogliamo, noi tre. Almeno credo.
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Loredana Lipperini (Nome non ha)
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Era preciso avisar as pessoas dessas coisas. Informar que a imortalidade é mortal, que pode morrer, que aconteceu e ainda acontece. Que ela não se mostra enquanto tal, nunca, que ela é duplicidade absoluta. Que ela não existe no detalhe mas apenas como princípio. Que algumas pessoas podem acolher essa presença da imortalidade, desde de que não se dêem conta disso. Assim como algumas outras pessoas podem perceber essa presença nos demais, com a mesma condição, desde que não se dêem conta disso. Que a vida é imortal enquanto vive, enquanto se está em vida. Que a imortalidade não é uma questão de mais ou menos tempo, não é uma questão de imortalidade, é uma questão de alguma outra coisa que continua desconhecida. Que é tão falso dizer que ela não tem começo nem fim quanto dizer que ela começa e acaba com a vida do espírito, pois é do espírito que ela participa e da busca do vento. Olhem as areias mortas dos desertos, o corpo morto das crianças: a imortalidade não passa por ali, ela para e contorna.
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Marguerite Duras (O Amante)
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Se estudamos, discutimos, analisamos uma realidade, analisamo-la tal como aparece no nosso espírito, na nossa memória. Só conhecemos a realidade no tempo passado. Não a conhecemos tal como é no momento presente, no momento em que ela se passa, em que ela é. Ora o momento presente não se assemelha à sua recordação. A recordação não é a negação do esquecimento. A recordação é uma forma de esquecimento.
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Milan Kundera (Les testaments trahis)
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quando discutimos sustentabilidade, é necessário, sim, olhar para o consumo, principalmente o consumismo como ideologia dominante e o padrão de consumo de países abastados, que se baseia numa noção de qualidade de vida que mais se preocupa com a quantidade de coisas que alguém deve ter do que com a qualidade do tempo com a família e o acesso pleno à saúde.7 Isso exige pautar outra visão sobre o que de fato é, ou pode ser, uma vida abundante. Como são vários padrões de consumo diferentes distribuídos de forma desigual ao redor do mundo, não adianta fazer uma abordagem simplesmente focada no consumo. É necessário mexer na produção, em especial no sistema econômico que alimenta um ciclo de produção infinita, para consumo infinito, para acumulação infinita por parte dos donos dos meios de produção. Isso significa que, enquanto alteramos formas de consumir, a produção segue em parte como antes e em parte se adapta a novas demandas de mercado. A produção como um todo não passa a ser sustentável com essa mudança na demanda, mas cria um nicho de produção “verde” desde que seja, na maioria, atrelada a lucro. A contradição do sistema é mantida e, se a contradição sistêmica persevera, não há como fugir, individualmente, da contradição formal e simbólica de ser contra a ordem vigente enquanto ela vigora.
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Sabrina Fernandes (Se quiser mudar o mundo: Um guia político para quem se importa)
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Oh, sim, uma pessoa nunca é o que é - não de todo, não exactamente quando está só e vive no estrangeiro e fala sem cessar uma língua que não é a a sua ou aquela com que começou a falar. Por muito que o tempo de ausência se prolongue e não se vislumbre o seu termo porque não foi fixado desde o início ou se diluiu e não está já previsto, e além disso não haja razões para pensar que um dia possa haver ou divisar-se esse termo e o consequente regresso (o regresso ao antes que não terá esperado), e assim a palavra «ausência» perca sentido e enraizamento e força a cada hora que passa e que se passa longe e então também esta mesma outra palavra, «longe», os perde, esse tempo da nossa ausência vai-se-nos acumulando como um estranho parênteses que no fundo não conta nem nos alberga a não ser como fantasmas comutáveis sem marca, e do qual portanto tão-pouco temos de prestar contas a alguém, nem sequer a nós (ou pelo menos não pormenorizadas, nunca completas). Uma pessoa sente-se até certo ponto irresponsável pelo que faz ou presencia, como se tudo pertencesse a uma existência provisória, paralela, alheia ou emprestada, fictícia ou quase sonhada - ou talvez seja teórica como toda a minha vida, segundo a informação sem assinatura do velho ficheiro que me dizia respeito; como se tudo pudesse ser relegado para a esfera do apenas imaginado e nunca ocorrido, e decerto do involuntário; tudo metido no saco das figurações e das suspeitas e hipóteses, e até no dos meros e desatinados sonhos, acerca dos quais houve um insólito e quase permanente e universal consenso ao longo de todos os séculos de que há memória, conjecturada ou histórica, fabulada ou certa: não dependem da intenção daquele que sonha e este nunca é culpado do seu conteúdo.
(...)
A ideia que surgiu do onírico fica amiúde descartada ou invalidada por isso mesmo, pela sua proveniência titubeante e obscura, pela sua nublada origem nos fumos, mas nem sempre desaparece quando a consciência regressa, pelo contrário esta recolhe-a e por vezes até a nutre, e assim também convive com aquilo que não foi ela a gerar; admite-o no seu seio e nele cria-o, dá-lhe figura e até nome, e integra-o no seu mundo controlado e diurno mesmo rebaixando-o de categoria, atribuindo-lhe um carácter venial e encarando-o com paternalismo, como se todo o sonho sobrevivente na luz tivesse por força de ser acompanhado pelo comentário irónico de Sir Peter Wheeler quando se retirou por fim, escadas acima e para a esquerda, na noite de sábado do seu jantar buffet: «Que disparate» (...)
Mas com toda essa condescendência em relação aos disparates, aprendi a temer não só tudo o que ocorre ao pensamento como o que o pensamento ainda ignora, porque vi quase sempre que tudo já estava ali, num sítio qualquer, antes de chegar a este ou cruzá-lo. Aprendi a temer, portanto, não só o que se concebe, a ideia, como o que a antecede ou lhe é prévio.
De um modo semelhante aos simulacros e sonhos, percebemos e vivemos esse tempo entre parênteses da nossa ausência e tudo quanto nele está envolvido: as nossas façanhas ou crimes e todos os actos próprios e alheios; não só os que cometemos ou sofremos, também os que presenciamos ou provocamos, sem querer ou querendo; e nele nunca nada é demasiado sério, é o que pensamos.
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Javier Marías (Dance and Dream (Your Face Tomorrow, #2))
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I sovrani sono soltanto gli schiavi del trono, e ad essi è interdetto assecondare gli impulsi del cuore. Ho sempre desiderato morire nubile perchè un giorno si potesse leggere sulla mia tomba questa iscrizione: "Qui giace la regina vergine". Ma i miei sudditi hanno espresso parere contrario, e pensano a quando non ci sarò più. Non basta che il mio paese adesso sia prospero e lieto, io devo sacrificarmi in vista della sua futura felicità e rinunciare alla mia libertà di donna nubile, il bene più prezioso che possiedo, e accettare che mi venga imposto un padrone. In questo modo il mio popolo mi notifica che sono soltanto una donna, quando credevo di aver governato come un uomo e come un re.
[...]
Ma una regina, che non passa il suo tempo dedita all'ozio o ad una sterile contemplazione, e che si assume i compiti più gravosi senza mai tradire il minimo sforzo dovrebbe poter evitare quella legge che rende metà del genere umano soggetta all'altra metà...
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Schiller Friedrich
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A arquitetura do universo de Ptolomeu é tão amplamente conhecida agora, que tratarei dela com a maior brevidade possível. A Terra central (e esférica) é rodeada por uma série de globos ocos e transparentes, uns sobre os outros, e cada qual, é claro, maior do que os que estão abaixo. Essas são as "esferas celestes", os "céus", ou (às vezes) os "elementos". Há um corpo luminoso afixado a cada sete esferas celestes. A começar pela Terra, a ordem é Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno; os "sete planetas". Para além da esfera celeste de Saturno, encontra-se o Stellatum, ao qual pertencem todas aquelas estrelas que ainda são chamadas de "fixas", porque o seu posicionamento relativo às outras é invariável, em contraste àqueles dos planetas. Para além do Stellatum, há uma esfera celeste chamada Primeiro Motor ou Primum Mobile. Isso porque ela não carrega nenhum corpo luminoso, não fornece nenhuma prova em si para os nossos sentidos; sua existência foi inferida por conta dos movimentos de todas as demais esferas. E o que tem para além do Primum Mobile? A resposta a essa questão inevitável foi dada em primeira instância por Aristóteles. "Do lado de fora do céu não há nem lugar, nem vácuo, nem tempo. Então, o que quer que esteja lá é de um tipo que não ocupa espaço, nem é afetado pelo tempo." 12 A timidez, a voz sussurrante, é uma característica do melhor paganismo. Adotada pelo cristianismo, a doutrina fala alto e de forma jubilosa. O que, em certo sentido, é "do lado de fora do céu" é agora, em outro sentido, "o próprio Céu", caelum ipsum, e repleto de Deus, como diz Bernardo. 13 As- sim, quando Dante passa pela última fronteira que lhe é proposta, ele diz: "Chegamos ao lado de fora do maior corpo [dei maggior corpo] existente dentro daquele Céu que é luz pura, luz intelectual, plena de amor ("Paraíso", XXX, 38). Em outras palavras, como deveremos ver com maior clareza mais adiante, nessa fronteira, toda forma de pensamento espacial sucumbe.
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C.S. Lewis
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O tempo não passa de memórias sendo escritas.
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Vladimir Nabokov
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Il concetto di tempo è inseparabile dalla nostra cultura. Nella lingua inglese, per esempio, la parola time (tempo) è la più usata. Nelle culture occidentali e capitaliste è qualcosa che abbiamo o non abbiamo, che risparmiamo o perdiamo, che passa, che ci trascina, che sembra non passare mai, che sembra fermarsi e poi volare. Il tempo scorre costantemente durante ogni nostra azione. È lo sfondo e il contesto della nostra esistenza e del nostro posto in quello che oggi è un mondo meccanizzato all’estremo.
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Rebecca Struthers (Hands of Time: A Watchmaker's History)
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Ver a alegria estampada no rosto da outra pessoa. Essa é a emoção natural de quem oferece um presente. O tempo passa rápido quando se escolhe algo com a intenção de alegrar a outra pessoa, imaginando sua reação ao recebê-lo. A
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Toshikazu Kawaguchi (Antes que o café esfrie 2: Novas e emocionantes viagens no tempo (Antes que o café esfrie, #2))
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A dor a gente sabe o que é, tem lugar e intensidade que cabem na ciência. A raiva, o medo, o ódio entortam a cara com um jeito provável de se manifestar. Mas e o amor? O que é senão um monte de gostar? Gostar de falar, gostar de tocar, gostar de cheirar, gostar de ouvir, gostar de olhar. Gostar de se abandonar no outro. O amor não passa de um gostar de muitos verbos ao mesmo tempo.
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Carla Madeira (Tudo é Rio)