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Para ti, a vida tem de ser obrigatoriamente um cenário de mudança e distracção constante, caso contrário, o mundo Ă© uma masmorra: tens de ser admirada, tens de ser cortejada, tens de ser bajulada… tens de ter mĂşsica, tens de ter bailes, tens de ter companhia… caso contrário, definhas e morres. Será possĂvel que nĂŁo consigas arranjar maneira de te tornares independente de todas as iniciativas e de todas as vontades para alĂ©m das que provĂŞm de ti prĂłpria? Pega num dia, divide-o em partes, atribui a cada parte uma determinada tarefa; nĂŁo deixes nem um quarto de hora, nem dez, nem cinco minutos que sejam por preencher, ocupa a totalidade do tempo; desempenha cada tarefa com mĂ©todo, com uma regularidade inflexĂvel. O dia chegará ao fim quase sem dares por isso e nĂŁo ficarás em dĂvida para com ninguĂ©m por te ter ajudado a livrares-te dum momento de Ăłcio, nĂŁo te verás obrigada a procurar companhia, a conversa, a simpatia, a tolerância de ninguĂ©m; viveste, em resumo, como qualquer criatura independente deve viver. (p.309)
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