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Deixa-se cair para trás, como um peso morto. O cabelo vermelho solta-se do elástico e espalha-se na superfície colorida das almofadas, o corpo branco fica em contraste evidente, o brilho nos seus olhos avermelhados torna-se intenso e resplandece. A minha tia, assim deitada, parece uma deusa num orgasmo, só que, por dentro, ela está a sofrer. Fecho os olhos e inspiro profundamente. Está a acontecer-nos o mesmo, estamos a desaparecer. Penso na matéria dos nossos corpos, mutável, a extinguir-se nas partículas do ar, enquanto respiramos. Nesta sala, por todo o lado, estamos impressos nas paredes, no ar que se fixa nas coisas. Eu respiro e olho para ela. Estou preso nela.
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