Caveira Quotes

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Meu estandarte estava atrás de mim, e atrairia homens ambiciosos. Eles queriam minha caveira como uma taça para beber, meu nome como troféu. Olhavam-me enquanto eu os olhava, e viam não um homem coberto de lama, mas sim um senhor de guerra com um elmo que tinha um lobo na crista, braceletes de ouro, malha de elos apertados e um manto azul-escuro com bainha de fios dourados e uma espada famosa por toda a Britânia. Bafo de Serpente era famosa, mas mesmo assim eu voltei a embainhá-la, porque uma espada longa não ajuda no abraço da parede de escudos. Em vez disso peguei Ferrão de Vespa, curta e mortal. Beijei sua lâmina e em seguida gritei meu desafio ao vento de inverno. – Venham me matar! Venham me matar! E eles vieram.
Bernard Cornwell (Crônicas Saxônicas 5 Volumes Box (O Último Reino, O Cavaleiro da Morte, Os Senhores do Norte, A Canção da Espada, Em Terra em Chamas))
Experimentava um prazer maligno em desmoronar este gênero de bichos; a passagem instantânea do deslumbramento ao horror desfigurava-os, revelhando-lhes a caveira escamosa de crocodilos interplanetários. Tornamo-nos profissionais deste jogo da verdade, para o qual recolhêramos inspiração no They Live do John Carpenter, um dos muitos filmes que nos caçaram juntos. A princípio, declaravas que se tratava de uma obra menor, tão simpática quanto primária. Mas à medida que se alagavas na estrumeira da política, apanhavas o rigor exato da fita. De fato, ele vivem, e só com os especialíssimos óculos escuros alguns de nós conseguem vê-los. Outros, como tu, tentam mesmo eliminá-los, para que o mundo seja esse lugar humano que ainda não chegou a ser. O problema, queridíssima, é que os que mais tentam parecem destinados a finar-se num fósforo.
Inês Pedrosa (Fazes-me Falta)
A morte olha o violoncelista. Por princípio, não distingue entre gente feia e gente bonita, se calhar porque, não conhecendo de si mesmo senão a caveira que é, tem a irresistível tendência de fazer aparecer a nossa desenhada por baixo da cara que nos serve de mostruário. No fundo, no fundo, manda a verdade que se diga, aos olhos da morte todos somos da mesma maneira feios, inclusive no tempo que havíamos sido rainhas de beleza ou reis do que masculinamente lhe equivalia.
José Saramago (Death with Interruptions)
Somos junkies da intensidade para tentarmos não ver as órbitas vazias da caveira.
Rosa Montero (El peligro de estar cuerda)
Sorris? eu sou um louco. As utopias, Os sonhos da ciência nada valem, A vida é um escárnio sem sentido, Comédia infame que ensangüenta o lodo. Há talvez um segredo que ela esconde Mas esse a morte o sabe e o não revela, Os túmulos são mudos como o vácuo. Desde a primeira dor sobre um cadáver, Quando a primeira mãe entre soluços Do filho morto os membros apertava Ao ofegante seio, o peito humano Caiu tremendo interrogando o túmulo E a terra sepulcral não respondia.   Levanta‑me do chão essa caveira! Vou cantar‑te uma página da vida De uma alma que penou, e já descansa.
Álvares de Azevedo (Obras Completas de Álvares de Azevedo: Edição Revista (Literatura Nacional) (Portuguese Edition))
Sagres é o cabo do mundo. Levo os pés magoados de caminhar sobre pedregulhos azulados, num carreirinho, por entre lava atormentada. Do passado restam cacos, o presente é uma coisa fora da realidade, grande extensão deserta e encapelada, com pedraria a aflorar entre tufos lutuosos; vasto ossário abandonado onde as pedras são caveiras, as ervas cardos negros e os tojos só espinhos e algumas folhas de zinco. O mar - é verdade, esquecia-o - mas o mar como imensidade e tragédia, e ao lado a gigantesca ponta de São Vicentte, só negrume e sombra. Mar e céu, céu e mar, terra reduzida a torresmos, e o sentimento do ilimitado. Esta grandeza esmaga-me. Grande sítio para ser devorado por uma ideia! Isto devia chamar-se Sagres ou a ideia fixa... Só agora entrevejo o vulto do Infante. Cerca-o e aperta-o a solidão de ferro. Pedra e mar - torna-se de pedra. Está só no mundo e contrariado por todos. Obstina-se durante doze anos! contra o clamor geral. - Perdição! Perdição! - agoura toda a gente, e Ele não ouve os gritos da plebe ou a murmuração das pessoas «de mais qualidade» (Barros). Aqui não se ouve nada... Nem um sinal de assentimento encontra. Não importa, Só e o sonho, na gigantesca penedia que com dois dedos inexoráveis aponta o caminho marítimo para as Índias pela direcção da ponta de Sagres, e a descoberta do Brasil pela direcção da ponta de São Vicente. Lágrimas, orfandades, mortes... Mas o homem de pedra está diante deste infinito amargo e só vê o sonho que o devora. Rodeia-o a imensidão. Os mais príncipes contentam-se «com a terra que ora temos, a qual Deus deu por termo e habitação dos homens». Este Príncipe não. Este Príncipe pertence a outra raça e a outra categoria de homens. Não lhe basta um grande sonho - há-de por força realizá-lo e «levar os Portugueses a povoar terras ermas por tantos perigos de mar, de fome e de sede». Não é egoísmo, mas só vive para o pensamento que se apoderou de todo o seu ser. Um pensamento e o ermo. E este é óptimo para forjar uma alma à luz do céu ou do inferno. Os dias neste sítio magnético pesam como chumbo. Uma pobre mulher do povo dizia-me ontem: —Isto aqui é tão nu e tão só que a gente ou se agarra a um trabalho e não o larga, ou morre. É a realidade que nos mata. Este panorama é na verdade trágico. Não cessa dia e noite o lamento eterno da ventania e das águas. E os cabos, que são de ferro e escorrem sangue, obstinam-se em apontar o seu destino de dor a esta terra de pescadores.
Raul Brandão (Os Pescadores)