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Há um excesso terrível de coisas pequenas demais em nosso dia-a-dia. Preciso escovar os dentes, uma gravata suja me tira o sono, que fazer de um carburador entupido num feriado, por que diabo Fulano não me cumprimentou, onde merda enfiei a conta de luz? Não há um remédio cem por cento seguro contra frieiras. Vivo perdendo pentes e abotoaduras na hora errada. Irrita-me esta paciência minuciosa, tolerante, diabólica, este cérebro de formiga contando os passos do tempo, esta absurda necessidade de compreender os outros, de não mijar - nunca! - fora do penico. A humanidade inteira está olhando para mim. Pagaram ingresso, exigem o espetáculo, estão prestes a me vaiar estrepitosamente.
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