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Olhar para o shopping através dos olhos da adoração e da liturgia, prestando atenção às práticas materiais concretas que fazem parte dessa experiência, nos dá acesso a um ângulo tal dessa instituição cultural que nos permite ver que o shopping tem sua própria pedagogia, um interesse pela educação do desejo.
Portanto, podemos ver imediatamente que o shopping é uma instituição religiosa porque é uma instituição litúrgica, e que também é uma instituição pedagógica porque é uma instituição de formação.
A pedagogia do shopping não se introduz primeiro na cabeça, por assim dizer; seu objetivo é o coração, nossas entranhas, nosso kardia. É uma pedagogia do desejo que toma conta de nós por meio do corpo. O que seria preciso, portanto, para resistir à formação sedutora do nosso desejo — e, portanto, da nossa identidade — pelo mercado e pelo shopping? Se o shopping e suas extensões “pareclesiásticas”, a televisão e a publicidade, oferecem uma liturgia diária para a formação do coração, quais seriam as contramedidas da igreja? E se a igreja adotar, acidentalmente, as mesmas práticas litúrgicas que o mercado e o shopping? Ela será, de fato, um local de contraformação? Como deveriam ser as práticas da igreja para que ela nos forme de modo que sejamos o tipo de pessoa que quer algo totalmente diferente — que deseja o reino? Qual seria a forma de uma pedagogia alternativa do desejo?
Em Desejando o reino: Culto, cosmovisão e formação cultural
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James K.A. Smith