Sem Defeitos Quotes

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Nunca tivera uma alegria de criança. Se fizera homem antes dos dez anos para lutar pela mais miserável das vidas: a vida de criança abandonada. Nunca conseguira amar a ninguém, a não ser a este cachorro que o segue. Quando os corações das demais crianças ainda estão puros de sentimentos, o do Sem-Pernas já estava cheio de ódio. Odiava a cidade, a vida, os homens. Amava unicamente o seu ódio, sentimento que o fazia forte e corajoso apesar do defeito físico.
Jorge Amado (Capitães da areia)
Ei! Sorria... Mas não se esconda atrás desse sorriso... Mostre aquilo que você é, sem medo. Existem pessoas que sonham com o seu sorriso, assim como eu. Viva! Tente! A vida não passa de uma tentativa. Ei! Ame acima de tudo, ame a tudo e a todos. Não feche os olhos para a sujeira do mundo, não ignore a fome! Esqueça a bomba, mas antes, faça algo para combatê-la, mesmo que se sinta incapaz. Procure o que há de bom em tudo e em todos. Não faça dos defeitos uma distancia, e sim, uma aproximação. Aceite! A vida, as pessoas, faça delas a sua razão de viver. Entenda! Entenda as pessoas que pensam diferente de você, não as reprove. Ei! Olhe... Olhe a sua volta, quantos amigos... Você já tornou alguém feliz hoje? Ou fez alguém sofrer com o seu egoísmo? Ei! Não corra. Para que tanta pressa? Corra apenas para dentro de você. Sonhe! Mas não prejudique ninguém e não transforme seu sonho em fuga. Acredite! Espere! Sempre haverá uma saída, sempre brilhará uma estrela. Chore! Lute! Faça aquilo que gosta, sinta o que há dentro de você. Ei! Ouça... Escute o que as outras pessoas têm a dizer, é importante. Suba... faça dos obstáculos degraus para aquilo que você acha supremo, Mas não esqueça daqueles que não conseguem subir a escada da vida. Ei! Descubra! Descubra aquilo que há de bom dentro de você. Procure acima de tudo ser gente, eu também vou tentar. Ei! Você... não vá embora. Eu preciso dizer-lhe que... te adoro, simplesmente porque você existe.
Charlie Chaplin
Vou fingindo que sou as expectativas que eu crio de mim, você vai fingindo que é o papel que você representa, e seguimos nos amando e nos dizendo o quanto somos maravilhosas fadas sem defeitos, tentando ignorar que somos esses animais de roupinha perdidos em um mundo que os nossos próprios mortos criaram, flutuando sem direção, meros receptáculos de palavras, enquanto caminhamos sem pressa e com muito medo em direção à morte.
Aline Valek
Querendo ou não, iremos todos envelhecer. As pernas irão pesar, a coluna doer, o colesterol aumentar. A imagem no espelho irá se alterar gradativamente e perderemos estatura, lábios e cabelos. A boa notícia é que a alma pode permanecer com o humor dos dez, o viço dos vinte e o erotismo dos trinta anos. Erótica é a alma que se diverte, que se perdoa, que ri de si mesma e faz as pazes com sua história. Que usa a espontaneidade pra ser sensual, que se despe de preconceitos, intolerâncias, desafetos. Erótica é a alma que aceita a passagem do tempo com leveza e conserva o bom humor apesar dos vincos em torno dos olhos e o código de barras acima dos lábios; erótica é a alma que não esconde seus defeitos, que não se culpa pela passagem do tempo. Erótica é a alma que aceita suas dores, atravessa seu deserto e ama sem pudores. #BOMDIA!!!! ["Erótica é a alma", por Fabíola Simões- blog "A soma de todos os afetos"]
Fabíola Simões
Para um escritor, o progresso em direcção ao desprendimento e à libertação é um desastre sem precedentes: ele, mais do que ninguém, precisa dos seus defeitos: se triunfa sobre eles, está perdido. Ele que se abstenha portanto de se tornar melhor, pois, se o conseguir, arrepender-se-à amargamente.
Emil M. Cioran
cada qual aprecia o odor de seu esterco": Nossos olhos não veem para trás. Cem vezes por dia zombanos de nós mesmos ao zombarmos de nossos vizinhos; os defeitos que detestamos em outrem são ainda mais visíveis em nós, e no entanto, os admiramos com maravilhosa imprudência sem perceber a contradição.
Michel de Montaigne (The Complete Essays)
Então me perguntei se, assim que ele começasse a gostar de mim, ele não se transformaria num sujeito comum aos meus olhos, e se quando começasse a me amar eu não acharia defeito atrás de defeito nele, do jeito que fiz com Buddy Willard e os outros garotos. Era sempre a mesma coisa: eu vislumbrava um homem sem defeitos à distância, mas assim que ele se aproximava eu percebia que não era bem assim. Essa é uma das razões por que nunca quis me casar. A última coisa que eu queria da vida era “segurança infinita” ou ser o “lugar de onde a flecha parte”. Eu queria mudança e agitação, queria ser uma flecha avançando em todas as direções, como as luzes coloridas de um rojão de Quatro de Julho.
Sylvia Plath (The Bell Jar)
Afinal, podiam estar separados durante séculos, ela e Peter, ela nunca escrevia uma carta e as dele eram muito secas; mas de súbito lhe ocorria: "Que diria Peter, se estivesse aqui comigo agora?" Alguns dias, certas cenas lho traziam de volta, suavemente, sem a antiga amargura; é talvez a recompensa de ter amado as criaturas; voltam em meio de St. James's Park por uma bela manhã - voltam mesmo. Mas Peter - por mais belo que fosse o dia, e as árvores, e a relva e aquela meninazinha cor-de-rosa, Peter nada veria disso tudo. Poria os óculos, se ela lho dissesse; e olharia. O que lhe interessava era a situação do mundo; Wagner, a poesia de Pope, os caracteres das pessoas, sempre e sempre, e os defeitos dela própria. Como a arreliava! Como discutiam! Ela ia casar-se com um primeiro-ministro e pararia no alto de uma escada; chamava-lhe a perfeita dona-de-casa (ela até havia chorado no quarto); era o tipo acabado da perfeita dona-de-casa, dissera ele.
Virginia Woolf (Mrs. Dalloway)
Para o orgulho, há uma espécie de prazer em zombar dos defeitos que se não tem, e essa satisfação é tão doce ao homem e particularmente aos néscios, que é muito raro vê-los renunciar a tal comportamento, este, por sinal, fomenta a malvadez, as frívolas palavras de espírito, os calembures vulgares, e, para a sociedade, isto é, para um grupo de seres que o tédio reúne e a estupidez modifica, é tão doce falar duas ou três horas sem nada dizer! tão delicioso brilhar às custas dos outros, e proclamar, estigmatizando um vício, que se está bem longe de o possuir... é uma espécie de elogio que se faz tacitamente a si mesmo; por esse preço é lícito inclusive associar-se aos outros, tracejar maquinações secretas a fim de pisar no indivíduo cujo grande erro é não pensar como a maioria dos mortais; e a pessoa volta para casa toda entufada devido à espirituosidade que não lhe faltou, embora com tal conduta só se tenha demonstrado, essencialmente, pedantismo e estupidez.
Marquis de Sade (Contos Libertinos)
A Verdade não tem rótulos. Ela não é budista, judaica, cristã, hindu ou muçulmana. Não é monopólio de quem quer que seja. Estes e outros rótulos sectários são obstáculos à Compreensão da Verdade, porque germinam no homem o individualismo, que é o espírito da separatividade e condicionamentos, como os preconceitos e outros, prejudiciais a sua mente. Isto é valido tanto em assuntos intelectuais, como em espirituais, e também nas relações humanas. Quando encontramos alguém, não o consideramos simplesmente um ser humano. Logo o identificamos com um rótulo: inglês, francês, alemão, japonês, judeu, branco ou preto, católico, protestante, budista etc. Imediatamente o julgamos com todos os preconceitos e atributos associados ao rótulo condicionado em nossa mente. E, não raro, acontece, na maioria das vezes, que o referido indivíduo está inteiramente isento dos atributos que lhe conferimos. Apaixonamo-nos de tal modo pelos rótulos discriminativos, que chegamos ao ponto de aplicá-los às qualidades e sentimentos humanos comuns a todos. Falamos de diferentes "tipos" de caridade como, por exemplo, a caridade budista, ou a caridade cristã e desprezamos os outros tipos de caridade. No entanto, a caridade não pode ser sectária, pois se o for, já não é mais caridade. A caridade é a caridade e nada mais; não é nem budista, nem cristã, hindu ou muçulmana. o amor de uma mãe para com seu filho é simplesmente o amor maternal, e este não é budista ou cristão, nem pode ter outras classificações. As qualidades, os defeitos e os sentimentos humanos como o amor, a caridade, a compaixão, a tolerância, a paciência, a amizade, o desejo, o ódio, a má vontade, o orgulho, a vaidade etc. não são rótulos sectários e não pertencem a uma religião em particular. O mérito ou demérito de uma qualidade, ou de uma falta, não se engrandece nem diminui pelo fato de ser encontrada num homem de uma determinada religião, ou mesmo sem nenhuma. Para quem procura a Verdade, não é importante saber de onde vem uma determinada idéia, ou qual a sua origem, nem é necessário saber se o ensinamento provém deste ou daquele mestre; o essencial é vê-la e compreendê-la. No Budismo não há dogmas; a dúvida cética é um dos impedimentos à clara compreensão da Verdade, do progresso espiritual, ou de qualquer outra forma de progresso. As raízes do mal estão na ignorância, causa das idéias errôneas. É um fato indiscutível que, enquanto houver do vida cética, perplexidade, incerteza, nenhum progresso é possível. Para progredir, precisamos libertarmo-nos da dúvida e para isso é necessário ver claramente, o que sé é possível quando a Verdade vem através da visão interior, adquirida pelo autoconhecimento.
Georges da Silva (Budismo: Psicologia do Autoconhecimento)
Você pode ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não se esqueça de que sua vida é a maior empresa do mundo. Só você pode evitar que ela vá à falência. Há muitas pessoas que precisam, admiram e torcem por você. É importante que você sempre se lembre de que ser feliz não é ter um céu sem tempestades, caminhos sem acidentes, trabalhos sem fadigas, relacionamentos sem decepções. Ser feliz é encontrar força no de perdão, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros. Augusto Cury @baratinholivros Baratinho Livros
Augusto Cury
Seu defeito fatal é a lealdade, Percy. Você não sabe a hora de recuar diante de uma situação sem saída. Para salvar um amigo, você sacrificaria o mundo. Para o herói da profecia, isso seria muito, muito perigoso. Cerrei os punhos. — Isso não é um defeito. Só porque quero ajudar meus amigos... — Os defeitos mais perigosos são aqueles que, com moderação, são qualidades — afirmou ela. — É fácil lutar contra o mal. A falta de sabedoria... esta, sim, é muito difícil
Rick Riordan (A Maldição do Titã (Percy Jackson e os Olimpianos, #3))
Verifiquei que o constante desdém de meus agnósticos mestres em relação ao Cristianismo era por ser ele a luz de um povo, enquanto deixava todos os outros morrerem nas trevas. No entanto, pude também observar que era para eles motivo especial de orgulho o fato de serem a ciência e o progresso a descoberta de um povo, enquanto todos os outros povos jaziam na escuridão. O seu principal insulto contra o Cristianismo era, efetivamente para eles, seu motivo de glória. Podíamos acreditar na ética de Epiteto porque a ética nunca tinha mudado, mas não devíamos acreditar na ética [cristã] de Bossuet porque a ética tinha mudado. Tudo isso começava a parecer alarmante. Não que o Cristianismo fosse suficientemente mau para agregar em si todos os defeitos, mas qualquer vara era suficientemente boa para açoitar a religião cristã. Alguns céticos escreveram que o grande crime do Cristianismo fora o seu ataque contra a família. O Cristianismo arrastava as mulheres para a solidão e para a vida contemplativa de um mosteiro, longe de seus lares e de seus filhos. Mas, logo, outros céticos vinham dizer que o grande crime do Cristianismo era forçar-nos ao casamento e à constituição da família, condenando as mulheres ao duro trabalho do lar e dos filhos, proibindo-lhes a solidão e a vida meditativa. As acusações eram, na verdade, contraditórias. Dizia-se, ainda, que algumas palavras das Epístolas ou do Rito do Matrimônio revelavam desprezo pelo intelecto das mulheres. No entanto, concluí que os próprios anticristãos sentiam desprezo pelo intelecto das mulheres, porque seu grande desdém pela Igreja no continente era devido ao fato de afirmarem que 'só as mulheres' a frequentavam. Outras vezes, o Cristianismo era censurado por seus trajes indigentes e pobres, por seu burel e suas ervilhas secas. Entretanto, no momento seguinte, o Cristianismo era censurado por sua pompa e ritualismo, seus relicários de pórfiro e suas vestes de ouro. Acusavam-no por ser demasiadamente humilde e por ser demasiadamente pomposo. O Cristianismo era acusado, ainda, de ter sempre reprimido em extremo a sexualidade, quando o malthusiano Bradlaugh descobrira que a religião cristã a reprimia muito pouco. De um só fôlego, lançavam-lhe ao rosto uma recatada respeitabilidade e uma religiosa extravagância. [...] Eu desejava ser absolutamente imparcial, como ainda o desejo ser agora, e não concluí que o ataque ao Cristianismo fosse de todo injusto. Concluí apenas que, se o Cristianismo estava errado, estava, sem dúvida, muito errado. Tão hostis terrores poderiam ser combinados em uma só coisa, mas tal coisa devia ser bem estranha e única. Há homens que são avarentos e, ao mesmo tempo, perdulários; porém, são raros. Há também homens lascivos e, ao mesmo tempo, ascetas, mas estes também são raros. Mas, se esta amálgama de loucas contradições realmente existisse, pacifista e sanguinário, suntuoso e maltrapilho, austero e lascivo, inimigo das mulheres e seu tolo refúgio, pessimista declarado e otimista ingênuo, se este mal existisse, então haveria nele algo de supremo e único. De fato, não encontrei nos meus mestres racionalistas explicação alguma para tão excepcional corrupção. O Cristianismo (teoricamente falando) era, a seus olhos, apenas um dos mitos ordinários e um dos erros dos mortais. Eles não me davam a chave para esta retorcida e desnatural maldade. Esse mal assumia as proporções do sobrenatural. Era, sem dúvida, tão sobrenatural quanto a infalibilidade do papa. Uma instituição histórica que nunca se mostrou acertada é um milagre tão grande quanto uma instituição que nunca pode errar. A única explicação que me ocorreu foi a de que o Cristianismo não viera do Céu, mas do Inferno. Na verdade, se Jesus de Nazaré não fosse Cristo, devia ter sido o anticristo.
G.K. Chesterton (Orthodoxy)
Quando li e reli todos os relatos não cristãos e anticristãos a respeito da Fé [...], logo uma lenta e horrível impressão gravou-se, gradual mas graficamente, sobre o meu espírito - a impressão de que o Cristianismo devia ser algo extraordinário. De fato, o Cristianismo parecia ter os mais violentos vícios, mas tinha também, aparentemente, o místico talento de conciliar defeitos incompatíveis entre si. Atacavam-no por todos os lados e pelas mais contraditórias razões. Assim que um racionalista acabava de demonstrar estar o Cristianismo demasiadamente longe para o leste, outro vinha demonstrar, com igual clareza, que ele estava muito mais longe para o oeste. [...] Provaram-me, no Capítulo I, que o Cristianismo era demasiadamente pessimista; mas, depois, no Capítulo II, provaram-me que ele era, em grande parte, otimista demais. Uma das acusações contra o Cristianismo era a de que ele impedia os homens, por meio de lágrimas e terrores mórbidos, de procurarem alegria e a liberdade no seio da Natureza. Outra acusação, porém, era que ele confortava os homens com uma fictícia providência e os colocava numa creche rosa e branca. [...] Quando um racionalista classificava o Cristianismo como um pesadelo, já outro começava a chamá-lo de paraíso dos tolos. Isso me intrigava, porque tais acusações pareciam-me incompatíveis. O Cristianismo não podia ser, ao mesmo tempo, uma máscara preta sobre um mundo branco e uma máscara branca sobre um mundo preto. [...] Se o Cristianismo deturpava a visão humana, devia deturpá-la de uma forma ou de outra: o cristão não poderia usar, ao mesmo tempo, óculos verdes e óculos cor-de-rosa. [...] O mesmo homem que acusava o Cristianismo de pessimismo era, ele próprio, um pessimista. Achei que devia haver algo errado. E, num momento de exaltação, veio-me à mente a ideia de que aqueles talvez não fossem os melhores juízes da relação entre a religião e a felicidade, pois não possuíam nem uma coisa nem outra. Deve-se compreender que não concluí, apressadamente, que as acusações eram falsas ou que os acusadores não passavam de loucos. Apenas deduzi que o Cristianismo deveria ser algo mais estranho e perverso do que se pretendia afirmar. Uma coisa podia ser ter esses dois defeitos opostos, mas era necessário que fosse bastante estranha para poder concentrar tais características. Um homem poderia ser muito gordo em uma parte do corpo e muito magro em outro, mas seria preciso que tivesse uma compleição deveras singular. Nesse ponto, todos os meus pensamentos centravam-se, apenas, na bizarra forma da religião cristã, sem atribuir qualquer forma bizarra ao pensamento racionalista. [...] O paradoxo do Evangelho acerca da outra face, o fato de os padres nunca lutarem em guerras, uma centena de coisas, enfim, tornava plausível a acusação de que o Cristianismo era uma tentativa de transformar o homem em um cordeiro. Li isso e acreditei, e, se não tivesse lido nada diferente, continuaria a acreditar. No entanto, li algo muito diferente depois. Virei a página seguinte do meu manual agnóstico, e, logo, meu cérebro ficou de pernas para o ar. Descobri, então, que tinha de odiar o Cristianismo não por combater pouco, mas por combater demais. A religião cristã parecia a mãe das guerras. O Cristianismo tinha inundado o mundo em sangue. Eu, que havia ficado zangado com o Cristianismo por ele nunca se zangar, tinha agora de zangar-me com ele porque sua fúria havia sido a coisa mais horrível e monstruosa da História da Humanidade. [...] As mesmas pessoas que criticavam o Cristianismo por sua mansidão e pela não-resistência dos mosteiros eram as que vinham agora acusá-lo pela violência e pela bravura das Cruzadas. O que tudo isso queria dizer? Que cristianismo era este que sempre proibia as guerras e sempre estava a provocá-las? Qual poderia ser a natureza de uma coisa que era insultada, primeiramente, por não combater e, depois, por estar sempre envolvida em lutas?[...]A forma do Cristianismo tornava-se mais estranha a cada instante.
G.K. Chesterton
O que é, afinal, poder amar? É dispor da integridade de si, de sua 'potência', não para o prazer ou por um excesso de narcisismo, mas muito pelo contrário para ser capaz de um dom, sem ausência, resto, nem falha, quiçá defeito. O que é então ser amado, senão ser capaz de ser aceito e reconhecido como livre em seus próprios dons, e que ele 'passem', encontrem sua via e caminho de dons, a fim de recebermos em troca outro dom desejado no fundo da alma: precisamente ser amado, trocar o livre dom de amor? Mas para ser o livre 'sujeito' e 'objeto' dessa troca, é preciso, como dizer, poder detoná-la, é preciso começar dando sem restrição caso se queira, em troca (um troca que é o extremo oposto de um cálculo contábil de utilidade), receber o mesmo dom, ou maior ainda do que aquele que se dá. Para isso é preciso, é claro e evidente, não estar limitado na liberdade de sua alma, é preciso, digamos-lo, não ser 'castrado', mas dispor de sua potência de ser (pensemos em Spinoza) sem ser amputado de nenhuma parte, sem ser destinado a compensá-lo no ilusório ou no vazio.
ALTHUSSER LOUIS
Nós temos o defeito daqueles provincianos que, nos círculos da capital, sufocam envergonhados, como coisa de mau gosto, uns restos de amor à terra, que ainda os punge, e deitam-se a exaltar, com afetação altamente cómica, os prazeres e as comoções da vida das grandes cidades, que ainda mal gozaram e ainda mal saboreiam; - falam dos teatros, dos bailes, da cantora da moda, do escândalo do dia, sem se atreverem a dizer uma palavra pelo menos das árvores, das paisagens, das tradições, dos costumes locais, do conchego doméstico da sua província, o que porventura os outros lhe escutariam com mais vontade; e no fim de tudo ficam mais ridiculamente provincianos do que nunca.
Júlio Dinis (Uma Família Inglesa)
Afanamo-nos em conquistar as coisas sem pensar, no afinco, que jamais estarão seguras, nunca nada está ganho eternamente; quantas vezes travamos batalhas ou urdimos maquinações ou contamos mentiras, incorremos em golpes baixos, cometemos traições ou propiciamos crimes em golpes baixos, cometemos traições ou propiciamos crimes sem nos lembrarmos de que aquilo que obtivermos pode não ser duradouro (trata-se de um velhíssimo defeito de todos, ver o presente como final e esquecer que é transitório, forçosa e desesperantemente), e que as batalhas e maquinações, as mentiras e as baixezas e traições e crimes nos aparecerão como fúteis uma vez anulado ou esgotado o seu efeito ou, ainda pior, como supérfluos; nada teria sido diferente se nos tivéssemos poupado a isso, quanto denodo inservível, que esbanjamento e desperdício.
Javier Marías (Así empieza lo malo)