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Para todos aqueles que procuram uma Casa dentro de casa
em especial aos que procuram
desesperadamente.
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Aline Bei (Pequena Coreografia do Adeus)
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nas repetições é que se instalam os afetos cotidianos.
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Aline Bei (Pequena Coreografia do Adeus)
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quantas possibilidades de júlia eu perdi pelo
caminho para me transformar nesta Júlia que sou agora?
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Aline Bei (Pequena coreografia do adeus)
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Mandou eu limpar
para que eu compreendesse, enfim
que quebrar uma coisa
sempre tem as suas consequências
e eu pensei: Depende.
Depende
de quem você é.
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Aline Bei (Pequena Coreografia do Adeus)
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Madame, a senhora que já renasceu
tantas vezes, o que a senhora tem a dizer pra mim que sou apenas casca? veja,
dia desses gostaria de Ser uma presença por inteiro.
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Aline Bei (Pequena Coreografia do Adeus)
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O pó
em cima dos móveis
as camas
vazias de um asilo
acidentes
de automóvel
pernas
com varizes
a Morte nos circunda
de dentro pra fora e por todos os cantos, ainda assim, impressionantemente, o
medo não é o nosso estado natural.
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Aline Bei (Pequena Coreografia do Adeus)
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fui a criança mais velha do mundo
e estava me tornando
a jovem mais antiga
da rua
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Aline Bei (Pequena Coreografia do Adeus)
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é uma pena que a maioria das nossas avós vão embora antes de virarmos pessoas que sabem aproveitar uma conversa.
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Aline Bei (Pequena Coreografia do Adeus)
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Artista não é quem explode por dentro, isso pode acontecer com toda e qualquer pessoa; só é Artista quem Entrega a explosão aos pés do público com ritmo, poesia, beleza ainda que ele esteja dançando um crime.
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Aline Bei (Pequena Coreografia do Adeus)
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quando sou abordada assim, com algum afeto dá vontade de abrir o zíper da pele, derramar meus cacos, veja: esta sou
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Aline Bei (Pequena coreografia do adeus)
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sinto que o novo lugar favorito da minha mãe , é no Passado o dia de hoje serve apenas de apoio para os pés enquanto o resto do corpo não para de lembrar e lembrar.
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Aline Bei (Pequena coreografia do adeus)
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guardo dela o cheiro de um vestido que ela usava quando me pegou no colo certa vez. era de malha fria e aquele abraço me acolheu como só deitar na grama fez por mim anos depois. mais adiante, procurei o afago em algumas lojas de tecido mas nenhum tinha o pano tão fresco e em todos faltava a pele da minha vó.
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Aline Bei (Pequena Coreografia do Adeus)
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Quantas possibilidades de Júlia eu perdi pelo caminho para me transformar nesta Júlia que sou agora?
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Aline Bei (Pequena Coreografia do Adeus)
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porque em seu íntimo, ainda que a ferida quisesse
cicatrizar minha mãe tiraria a casca e tiraria a casca, seu corpo era uma espécie de museu da dor.
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Aline Bei (Pequena coreografia do adeus)
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por que será que os estranhos sempre nos pesam menos? talvez por serem terra desconhecida, é o que abre espaço para a nossa imaginação. fulano deve ser ótimo, pensamos e as respostas ficam em suspenso amamos a possibilidade de a pessoa ser exatamente aquilo que projetamos nela. os estranhos não nos doem porque ainda não nos
decepcionaram e se mantivermos tudo a uma boa distância: seguirão sendo essa doce incógnita.
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Aline Bei (Pequena coreografia do adeus)
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senti medo de perdê-la antes mesmo de tê-la.
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Aline Bei (Pequena Coreografia do Adeus)
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ora caminhando solenemente para a presença materna, ora fugindo de qualquer possibilidade de mãe.
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Aline Bei (Pequena Coreografia do Adeus)
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Sangrou, como sangram todas as perdas.
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Aline Bei (Pequena Coreografia do Adeus)
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ela era tão velha que parou de ter ruga, não havia mais espaço no rosto para o tanto de tempo que já passou.
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Aline Bei (Pequena coreografia do adeus)
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isso deve esvaziar a mente, deve ser como jogar um balde de água suja no ralo do quintal.
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Aline Bei (Pequena coreografia do adeus)
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Se eu pudesse escolher, gostaria de me transformar em uma música, porque além de bonita ela desaparece quando alguém desliga o rádio.
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Aline Bei (Pequena coreografia do adeus)
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esse negócio de sumir por um tempo deve ser o máximo.
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Aline Bei (Pequena coreografia do adeus)
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Queria ser mais parecida com o meu pai, ele não tem a raiva que a minha mãe tem nos olhos.
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Aline Bei (Pequena coreografia do adeus)
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mas comigo é pior, ele fica me abandonando devagar.
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Aline Bei (Pequena coreografia do adeus)
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com as roupas, elas ganham fibra, elegância se enlaçam e se soltam em uma pequena coreografia do adeus.
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Aline Bei (Pequena coreografia do adeus)
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lá somos três solitários irreversíveis gravemente feridos da guerra que travamos contra nós.
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Aline Bei (Pequena coreografia do adeus)
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nosso jeito de conversar, diretora, é nos machucando não por mal, não somos maus somos tristes e isso é o que fazemos com a nossa solidão.
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Aline Bei (Pequena coreografia do adeus)
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e um copo com flores que colho na rua, elas vivem por uns dias depois desistem de tudo, gosto de vê-las desistindo, não é rápido, elas vão tentando
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Aline Bei (Pequena coreografia do adeus)
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com as suas Ondas os destroços que a todo custo tento lançar ao longe e quando menos espero eles estão de volta aos pés da minha praia.
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Aline Bei (Pequena coreografia do adeus)
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Seu tio lhe bateu com o cabo da vassoura porque achou que ele não tinha limpado a varanda. Sua mãe preparava o jantar como se nada tivesse acontecido, o silêncio dela era cortante, frio. No entanto, e é importante observar esta mudança, durante a surra Ed não chorou. Agora, sozinho no quarto, ele percebeu que apanhar lhe doía cada dia menos, seu corpo estava ganhando resistência. Sorriu, orgulhoso, afinal não era pouco o que ele tinha que suportar. Ficou
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Aline Bei (Pequena coreografia do adeus)
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eu não sabia onde ele morava, como era a sua vida longe dali, se existia mesmo uma vida ou se o relógio simplesmente pingava as suas gotas de petróleo
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Aline Bei (Pequena coreografia do adeus)
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sabíamos que a vida ainda que fosse a nossa maior ruína era também a nossa única salvação.
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Aline Bei (Pequena coreografia do adeus)
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ela sorria na minha direção, mas não era para mim, era para o modo como estava se sentindo.
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Aline Bei (Pequena coreografia do adeus)
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Um belo dia as pessoas morrem, ninguém precisa estar doente ou velho para que isso aconteça, a morte se instala muitas vezes sem aviso, pois eu acho que seria mais educado se a senhora pudesse avisar.
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Aline Bei (Pequena Coreografia do Adeus)