Nessa Quotes

We've searched our database for all the quotes and captions related to Nessa. Here they are! All 100 of them:

Undo it, take it back, make every day the previous one until I am returned to the day before the one that made you gone. Or set me on an airplane traveling west, crossing the date line again and again, losing this day, then that, until the day of loss still lies ahead, and you are here instead of sorrow.
Nessa Rapoport
It's just life, so keep dancing through.
Stephen Schwartz (Wicked: The Complete Book and Lyrics of the Broadway Musical)
I think we're very similar, Nessa," he whispers. "From the way you write, I can tell you're a dark romantic like me. You like dark things.
Kate Elizabeth Russell (My Dark Vanessa)
Tu és Sete-Sóis porque vês às claras, tu serás Sete-Luas porque vês às escuras, e, assim, Blimunda, que até aí só se chamava, como sua mãe, de Jesus, ficou sendo Sete-Luas, e bem batizada estava, que o batismo foi de padre, não alcunha de qualquer um. Dormiram nessa noite os sóis e as luas abraçados, enquanto as estrelas giravam devagar no céu, Lua onde estás, Sol aonde vais.
José Saramago (Baltasar and Blimunda)
You don’t know my wife. It’s like a toy store for her. Our pen drawer at home is organized by color, and she has an entire basket full of washi tape.” “What’s washi tape?” “It’s, like, pretty tape for decorating. I don’t know. She loves that shit, though.” Del nodded. “Nessa has two full drawers of it. Sometimes I catch her staring at them with this weird smile on her face.
Lyssa Kay Adams (The Bromance Book Club (Bromance Book Club, #1))
Não tenho dormido. Entre a ação de um ato terrível e o primeiro gesto, todo esse intervalo é como um fantasma ou um sonho odioso: O Génio e os instrumentos mortais estão nessa altura reunidos; e a condição do homem, equiparável a um pequeno reino, sofre então a natureza de uma insurreição.
William Shakespeare (Julius Caesar)
Sometimes the greatest scientific breakthroughs happen because someone ignores the prevailing pessimism.
Nessa Carey (The Epigenetics Revolution: How Modern Biology is Rewriting our Understanding of Genetics, Disease and Inheritance)
É, o mundo moderno tem um tipo de seleção natural e não tem jeito de eu me encaixar nessa história não. Os bichano tipo eu acabam tudo extinto.
Irvine Welsh (Porno (Mark Renton, #3))
E por aí vão, metidos nessa batalha, testando forças e afirmando um ao outro que não discordam fundamentalmente mesmo quando há um abismo entre seus posicionamentos, ou ainda discutindo violentamente em cima de diferenças de ênfase mínimas e pedantes. Em outras palavras, estão agindo com o perfeitos estudantes de merda.
Irvine Welsh (Porno (Mark Renton, #3))
-Significa que nos pertenecemos, Nessa. Significa que soy tuyo… y tú eres mía.
Adri G.M. (La elevación (Los dominios del Ónix Negro, #1))
It's a weapon we have, and we need all the weapons we can get
Sara Raasch (Ice Like Fire (Snow Like Ashes, #2))
O que estamos fazendo aqui, essa é a questão. E nessa imensa confusão Uma coisa é clara: Estamos esperando Godot!
Samuel Beckett (Waiting for Godot)
Vês! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão - esta pantera - Foi tua companheira inseparável! Acostuma-te à lama que te espera! O Homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera. Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja. Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija!
Augusto dos Anjos (Eu e Outras Poesias)
[Nessa] didn’t know how to disagree with a preacher, or if she was even allowed to, so she merely wrote, “Thank you, anyway, kind sir, but I am not going to marry you.
Kristiana Gregory (Journey of Faith)
Na hora em que ela acreditou na minha morte, nessa hora morri
Almeida Garrett (Frei Luís de Sousa (Classicos Da Literatura Portuguesa))
Ela teria de morrer, mais cedo ou mais tarde. Morta. Mais tarde haveria um tempo para essa palavra. Amanhã, e amanhã, e ainda outro amanhã arrastam-se nessa passada trivial do dia para a noite, da noite para o dia, até a última sílaba do registro dos tempos. E todos os nossos ontens não fizeram mais que iluminar para os tolos o caminho que leva ao pó da morte. Apaga-te, apaga-te, chama breve! A vida não passa de uma sombra que caminha, um pobre ator que se pavoneia e se aflige sobre o palco - faz isso por uma hora e, depois, não se escuta mais sua voz. É uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria e vazia de significado.
William Shakespeare (Macbeth)
Querem muitos que o tempo passe, depressa, depressa, e um dia descobrem que o tempo os devorou, sorna e galanteador, nessa luta desigual entre o finito de cada um e o infinito do mundo onde temos a ilusão de mandar no tempo, talvez porque damos corda aos relógios e decidimos se a hora atrasa ou adianta.
Alves Redol (O Muro Branco)
Kesabaran adalah inti cinta. Dan inti cinta adalah ketidakpastian
Dian Nafi (Segitiga: Setiap Sudutnya Ada Cerita)
The O'Kanes fucked freely and gleefully, but that wasn't why they fell in love. They found the people who carried them through the fuckups and cherished them even though they were flawed, fallible humans. Nessa
Kit Rocha (Beyond Surrender (Beyond, #9))
Our brains contain one hundred billion nerve cells (neurons). Each neuron makes links with ten thousand other neurons to form an incredible three dimensional grid. This grid therefore contains a thousand trillion connections - that's 1,000,000,000,000,000 (a quadrillion). It's hard to imagine this, so let's visualise each connection as a disc that's 1mm thick. Stack up the quadrillion discs on top of each other and they will reach the sun (which is ninety-three million miles from the earth) and back, three times over.
Nessa Carey (The Epigenetics Revolution)
Nessa, lo único que te puedo prometer en este momento es que yo no me marcho a ningún lado sin ti.
Adri G.M. (La elevación (Los dominios del Ónix Negro, #1))
quem soube de mim em outros tempos já não sabe de mim agora pois quando me quebraram meus pedaços foram arrumando novos lugares mais lindos e mais fortes pra se encaixar nessa mulher que hoje escreve com punhos firmes e nenhuma culpa de existir como bem quer
Ryane Leão (Tudo nela brilha e queima)
Amar é, sempre, ser vulnerável. Para que nunca se sofra com isso, aconselha-se não se amar algo, ou mesmo, alguém. Se sugere proteger a si mesmo nos próprios hobbies, mimos e zelos, evitar qualquer envolvimento com as pessoas, guardar o coração na segurança do caixão do próprio ego. Dessa forma, nessa tumba segura e tenaz, sem movimento ou ar, o seu coração provavelmente mudará para melhor. Sim, sim, ele não se partirá, antes se tornará indestrutível, impenetrável, invencível ou inalienável!: ele nunca precisará de algum perdão. Mas essa comprável alternativa sistemática de proteção de tragédias, é preciso que se diga, é condenatória. Isso, porque o único lugar que existe além do céu, onde se pode estar perfeitamente a salvo de todos os acidentes e perturbações do amor, é o inferno
C.S. Lewis (The Four Loves)
But DNA isn’t really like that. It’s more like a script. Think of Romeo and Juliet, for example. In 1936 George Cukor directed Leslie Howard and Norma Shearer in a film version. Sixty years later Baz Luhrmann directed Leonardo DiCaprio and Claire Danes in another movie version of this play. Both productions used Shakespeare’s script, yet the two movies are entirely different. Identical starting points, different outcomes.
Nessa Carey (The Epigenetics Revolution)
O Camilo começou a pensar que tantas coisas se aprendiam quando se ficava sozinho. Era importante que muita coisa fosse decidida nessa clausura da solidão, para que a natureza de cada um se pronunciasse livremente, sem estigmas. Pensou assim e achou que, não sendo um livro, era um pensamento capaz de eliminar o colesterol e segurar os tetos das casas todas.
Valter Hugo Mãe (O Filho de Mil Homens)
If you want me to battle your demons, I will fight until I can’t fight anymore, because that’s what you do for the person you love.
Nessa Morgan (Perfectly Flawed (Flawed, #1))
I was a corpse when I met you, Nessa,” he says. “No breath. No heart. No life. I felt nothing. I cared about nothing. Then I saw you, and you woke me up inside. I was such a fool at first. I was so numb that I thought that spark must be hatred. If I was a normal person, I would have realized it was love. Love at first sight. From the second I laid eyes on you.
Sophie Lark (Stolen Heir (Brutal Birthright, #2))
Nessa noite em que a ventania soprara com um pouco menos de sanha e o nascer do sol espalhava finalmente uma luz dourada sobre os móveis, ainda pálida, anunciando o fim do vendaval lá fora, começava a tempestade na sua vida.
Carla M. Soares (Alma Rebelde)
Há duas maneiras de fazer política. Ou se vive 'para' a política ou se vive 'da' política. Nessa oposição não há nada de exclusivo. Muito ao contrário, em geral se fazem uma e outra coisa ao mesmo tempo, tanto idealmente quanto na prática
Max Weber
She’s a piece of music that gets stuck in your head, repeating over and over. The more you hear it, the more it lodges in your brain. Most people become predictable, the longer you watch them. Nessa Griffin is the opposite. I thought I knew exactly who she was—a sheltered little princess. A dancer living in a fantasy world. But she’s much cleverer than I gave her credit for. She’s creative, perceptive. And genuinely kind.
Sophie Lark (Stolen Heir (Brutal Birthright, #2))
-Que en realidad no te puedo perder porque hace días me aferré a que dejaras de ser mía. Y lo peor de todo, yo dejé de ser tuyo. Y quiero ser tuyo, Nessa, más que nada en el mundo, quiero ser tuyo. Ya te pertenezco, ahora sólo es cuestión de que tú me aceptes...
Adri G.M. (La conexión (Los dominios del Ónix Negro, #2))
-Matheo intentará soportar cualquier cosa, Nessa, con tal de no lastimarte... -¿Cómo puedes estar tan seguro? -Porque es lo que yo haría.
Adri G.M. (La conexión (Los dominios del Ónix Negro, #2))
The redhead shrugs. She doesn't care. And neither should Nessa. Not if she wants to live.
Peadar Ó Guilín (The Call (The Call, #1))
But you and Nessa are perfect.” “Things are always different behind closed doors, aren’t they?
Lyssa Kay Adams (The Bromance Book Club (Bromance Book Club, #1))
É cansativo viver nessa montanha-russa que sobe e desce o tempo inteiro. Eu não aguento mais. Quero andar em linha reta, na montanha-russa mais sem graça de todos os tempos.
Vitor Martins (Um Milhão de Finais Felizes)
eu estou bem, dizia-lhe, estou bem. e ele queria saber se estar bem era andar de trombas. eu respondi que o tempo não era linear. preparem-se sofredores do mundo, o tempo não é linear. o tempo vicia-se em ciclos que obedecem a lógicas distintas e que se vão sucedendo uns aos outros repondo o sofredor, e qualquer outro indivíduo, novamente num certo ponto de partida. é fácil de entender. quando queremos que o tempo nos faça fugir de alguma coisa, de um acontecimento, inicialmente contamos os dias, às vezes até as horas, e depois chegam as semanas triunfais e os largos meses e depois os didáticos anos. mas para chegarmos aí temos de sentir o tempo também de outro modo. perdemos alguém, e temos de superar o primeiro inverno a sós, e a primeira primavera e depois o primeiro verão, e o primeiro outono. e dentro disso, é preciso que superemos os nossos aniversário, tudo quanto dá direito a parabéns a você, as datas da relação, o natal, a mudança dos anos, até a época dos morangos, o magusto, as chuvas de molha-tolos, o primeiro passo de um neto, o regresso de um satélite à terra, a queda de mais um avião, as notícias sobre o brasil, enfim, tudo. e também é preciso superar a primeira saída de carro a sós. o primeiro telefonema que não pode ser feito para aquela pessoa. a primeira viagem que fazemos sem a sua companhia. os lençóis que mudamos pela primeira vez. as janelas que abrimos. a sopa que preparamos para comermos sem mais ninguém. o telejornal que já não comentamos. um livro que se lê em absoluto silêncio. o tempo guarda cápsulas indestrutíveis porque, por mais dias que se sucedam, sempre chegamos a um ponto onde voltamos atrás, a um início qualquer, para fazer pela primeira vez alguma coisa que nos vai dilacerar impiedosamente porque nessa cápsula se injeta também a nitidez do quanto amávamos quem perdemos, a nitidez do seu rosto, que por vezes se perde mas ressurge sempre nessas alturas, até o timbre da sua voz, chamando o nosso nome, ou mais cruel ainda, dizendo que nos ama com um riso incrível pelo qual nos havíamos justificado em mil ocasiões no mundo.
Valter Hugo Mãe (A máquina de fazer espanhóis)
Love she did not deserve, had never once deserved, but there it was. Just as it had been there from the instant they'd met. What was the value of the world, compared to him? To this?
Sarah J. Maas
Os homens têm experiência de séculos a mais que as mulheres em: malsentir, antever e precaver. Quando levadas ao mundo do trabalho "masculino", as mulheres aceleram seu desenvolvimento nessa mesma direção e, dessa forma, as crianças estão deixando de aprender a amar, ou, ao menos, se afeiçoar.
Carlos Messa (O Poder dos Pais no desenvolvimento emocional e cognitivo dos filhos)
O que mais existe no mundo são pessoas que nunca se vão conhecer. Nasceram num lugar distante, e o acaso não fará com que se cruzem. Um desperdício. Muitos desses encontros destinados a não acontecer poderiam ter sido arrebatadores. Por afinidade, por atração que não se explica, por força das circunstâncias, por químicas ocultas, quem pode saber? Quanto amor se perde nessa falta de sincronia. Não é preciso ir longe, alguém pode passar pela esquerda enquanto olhamos distraídos para a direita. Por um triz o paralelo obriga-nos ao desencontro eterno. É preciso uma coincidência qualquer para que o amor se instale. Existe um certo milagre nos encontros. Não é tolo dizer que o amor é sagrado.
Carla Madeira (Tudo é Rio)
Nessa hora de escrever é preciso matar certas doçuras, é preciso matar também o desejo de contemplar, de alegrar-se com as próprias palavras, de alegrar o olhar. É preciso dosar virilidade e compaixão.
Hilda Hilst (Fluxo-Floema)
Aliás, nessa noite não conseguia pensar longa e fixamente em nada, concentrar o pensamento em coisa alguma, tampouco conseguiria resolver, então, conscientemente, o que quer que fosse; a única coisa que fazia era sentir. Em vez da dialética surgia a vida, e na sua consciência devia se elaborar algo totalmente distinto.
Fyodor Dostoevsky
Ah!, a imaginação das crianças... onde achar outra mais bela, mais inquietadora, que melhor saiba frisar o impossível? ... (...) Porque nessa época ondulante da vida é-se apenas fantasia, crédula fantasia. Vem depois o raciocínio, a lucidez, a desconfiança - e tudo se esvai... Só nos resta a certeza - a desilusão sem remédio...
Mário de Sá-Carneiro (Céu Em Fogo)
fazia-mos coisas muito simples, como atirar estrelas-do.mar ao mar ou partilhar um hambúrguer, e já nessa altura eu sabia que era uma afortunada. Eras o primeiro tipo que não estava sempre a tentar impressionar-me. Aceitaras-te como eras, mas, mais do que isso, aceitavas-me por aquilo que eu era. O que importava era só nós os dois.
Nicholas Sparks (The Best of Me)
(...) o artista, quando olhava para a sua infância, sofria uma saudade tão grande, um enternecimento tão comovido... Só nessa época ele fora feliz - tivera tudo. E porquê? Percebera-o nitidamente nesse instante (...): É que, na infância, não possuímos ainda o sentido da impossibilidade; tanto podemos cavalgar um leão como uma abelha...
Mário de Sá-Carneiro (Céu Em Fogo)
O Camilo começou a pensar que tantas coisas se aprendiam quando se ficava sozinho. Era importante que muita coisa fosse decidida nessa clausura da solidão, para que a natureza de cada um se pronunciasse livremente, sem estigmas.
Valter Hugo Mãe (O Filho de Mil Homens)
Jaraklah yang mempertemukan kita. Bukan memisahkan. Bila tak ada jarak, tiada kita. Hanya aku. Kamu.
Dian Nafi - Nessa K
Bagiku cinta tanpa keberadaan takkan bermakna
Dian Nafi (Segitiga: Setiap Sudutnya Ada Cerita)
E com uma letra bem pequena, lá estava escrito no seu epitáfio: Tentou ser, não conseguiu; tentou ter, não possuiu; tentou continuar, não prosseguiu; e nessa vida de expectativas frustradas tentou até amar… Pois bem, não conseguiu, e aqui está.
Machado de Assis (Dom Casmurro)
It was long past time to change the subject. “The boy playing the bagpipes is really good,” Prudie said. If only she’d said it in French! Trey made a delighted noise. “Nessa Trussler. A girl. Or something.” Prudie looked at Nessa again. There was, she could see now, a certain plump ambiguity. Maybe Trey wouldn’t tell anyone what she’d said. Maybe Nessa was perfectly comfortable with who she was. Maybe she was admired throughout the school for her musical ability. Maybe pigs could jig.
Karen Joy Fowler (The Jane Austen Book Club)
But no matter which path we take, Nessa, there will always be trying times. Faith is believing that God has a plan for our lives even when things seem to be falling apart. Trust Him with all your heart, dear. Trust yourself. Your faith is bigger than you realize.
Kristiana Gregory (A Journey of Faith (Prairie River, #1))
De todas as pessoas que conheci, Federico vem em primeiro lugar. Não falo nem de seu teatro nem de sua poesia, falo dele. A obra-prima era ele. Parece inclusive difícil imaginar alguém comparável. Quer ao piano imitando Chopin, quer improvisando uma pantomima, um esquete teatral, era irresistível. Podia ler qualquer coisa, a beleza sempre jorrava de seus lábios. Ele tinha a paixão, a alegria, a juventude. Era uma labareda. Quando o conheci, na Residência dos Estudantes, eu era um atleta provinciano bem tacanho. Pela força da nossa amizade, ele me transformou, me fez conhecer outro mundo. Devo a ele mais do que consigo dizer. Seus restos mortais nunca foram encontrados. Lendas circularam sobre sua morte, e Dalí – de um jeito bem ignóbil – chegou a falar em crime homossexual, o que é totalmente absurdo. Na realidade, Federico morreu porque era poeta. Nessa época, do outro lado, ouvia-se gritar: “Morte à inteligência!
Luis Buñuel (Mi último suspiro (Spanish Edition))
She had rules, good ones. No men with brains. No men with power. No men who might find themselves on the opposite side of the O'Kanes for any reason that mattered. And, most especially, no men who made her feel things that might make her forget the reasons she needed those rules. Nessa
Kit Rocha (Beyond Ecstasy (Beyond, #8))
The familiar (if loud) churn of the engine made it hard to talk, especially with the windows open (the air-conditioning didn’t work), but the day was warm and they blasted the music and sang along. Nessa loved singing at full volume. She couldn’t carry a tune, but with Bree it didn’t matter.
C.D. Bell (Weregirl (Weregirl Trilogy))
- Seu José, mestre carpina, e que interesse, me diga, há nessa vida a retalho que é cada dia adquirida? espera poder um dia comprá-la em grandes partidas? - Severino, retirante, não sei bem o que lhe diga: não é que espere comprar em grosso de tais partidas, mas o que compro a retalho é, de qualquer forma, vida.
João Cabral de Melo Neto (Morte e Vida Severina e Outros Poemas Para Vozes)
E não sou muito boa nessa história de consolar, especialmente quando tenho as mãos frias e a cama é quente. Carreguei-o com delicadeza pela rua destroçada, com sal nos olhos e o coração mortalmente pesado. Observei por um instante o conteúdo de sua alma, e vi um menino pintado de preto, gritando o nome de Jesse Owens ao cruzar uma fita de chegada imaginária. Vi-o afundado até os quadris em água gelada, perseguindo um livro, e vi um garoto deitado na cama, imaginando que gosto teria um beijo de sua gloriosa vizinha do lado. Ele mexe comigo, esse garoto. Sempre. É sua única desvantagem. Ele pisoteia meu coração. Ele me faz chorar.
Markus Zusak (The Book Thief)
Both of you be safe," Nessa said, looking to Turner. "Welcome to my messed up home, by the way." "Messed up?" Turner asked. "They seem like a loving bunch, all willing to kill each other off. What's family if there isn't any drama?" Turner winked at Nessa, and she nodded in reply. Drama was what the sidhe were all about.
B. Kristin McMichael (The Day Human King (Day Human Trilogy #2))
Mungkin ia memang penikmat kesendirian. Bahkan mungkin persepsi sepi hanya ada dalam kamusku, sementara ia merasa ramai ditemani oleh novel-novel tebalnya.
Nessa Theo (Affectum)
Bukankah itu lucu? Hanya satu meter dengan sebuah nama, tanpa saling menyapa. Zoe, kapan satu meter yang terasa jauh ini bisa sangat dekat untuk kita?
Nessa Theo (Affectum)
E a única coisa pior do que receber toda a informação de apenas uma fonte é acreditar piamente nessa fonte.
Josh Malerman (Inspection)
Quem busca um momento de conforto, espero que encontre aqui nessas páginas.   Aos amigos. Não importa se estão perto, longe, ou apenas dentro do coração
Enna Souza (Sem Segredos (Nossas Histórias #1))
Vocês vão descobrir, na carne, que sentir, nessa vida, é sentir o tempo indo embora.
Rodrigo Lacerda (O Fazedor de Velhos)
(...) saltei as quimeras românticas tão normais nessa idade, pois não havia rapazes que as inspirassem.
Isabel Allende (Violeta)
Ela olhou-me nos olhos e fez-me sentir arrebatada e, nessa noite, ao dar-se a si mesma, deu-me um bebé.
Taylor Jenkins Reid (The Seven Husbands of Evelyn Hugo)
Não há salvação. Nem mesmo a embriagez do desespero e a resolução cega, porque tu estás aí, nessa cama, na luz selvagem da tua morte.
Simone de Beauvoir (The Blood of Others)
How resilient I am; and how fatalistic now; and how little I mind and how much; and how good my novel is; and how tired I am this morning; and how I like praise; and how full of ideas I am; and Tom and Stephen came to tea, and Ray and William dine; and I forgot to describe my interesting talk with Nessa about my criticizing her children; and I left out—I forget what.
Virginia Woolf (A Writer's Diary)
Nessa had never really felt truly beautiful before, but tonight she not only understood that she was beautiful, she understood that everyone was. That for all the competition and fear and knowing that the next runner was coming up behind you, she had been missing out on how beautiful life could be. She should have been watching and appreciating others instead of waiting inside herself for the right time to shine. The time was now.
C.D. Bell (Weregirl (Weregirl Trilogy))
Esse amor sem fim, onde andará? Que eu busco tanto e nunca está E não me sai do pensamento Sempre, sempre longe Esse amor tão lindo que se esconde Nos confins do não sei onde Vive em mim além do tempo Longe, longe, onde? Por que não me surges nessa hora Como um sol Como o sol no mar Quando vem a aurora Esse amor que o amor me prometeu E que até hoje não me deu Por que não está ao lado meu? Esse amor sem fim, onde andará? Esse amor, meu amor, Onde andará?
Vinicius de Moraes
-Acho que adoro a ideia de os problemas terem soluções. Acho que é esse o atrativo das histórias de mistério, sejam de Holmes ou de qualquer outro. Nessas histórias vivemos num mundo compreensível. Vivemos num local onde para cada problema há uma solução, e, se formos suficientemente inteligentes, conseguimos resolve-los. -Em oposição a...? -Em oposição a um mundo aleatório. Onde a violência e a morte são acontecimentos fortuitos...imprevisíveis e imparáveis...
Graham Moore (The Sherlockian)
Os fantasmas do mar, dos navios e das viagens oceânicas existiam apenas nessa gota verde brilhante. Mas, por cada dia que passava, mais os odores abomináveis da vida em terra se colavam ao marinheiro: o cheiro da família, o cheiro dos vizinhos, o cheiro da paz, do peixe frito, das piadas e das mobílias sempre imóveis, o cheiro dos livros de contas da casa e dos passeios de fim-de-semana... todos os cheiros pútridos que os homens de terra deitam, o fedor da morte.
Yukio Mishima
Sou o vazio, sou tudo aquilo que existe, estou em cada folha do bosque, em cada gota de orvalho, em cada partícula de cinza levada pelas águas, sou Paula e sou eu mesma, nada sou e sou tudo que mais existe nessa vida e noutras vidas, imortal.
Isabel Allende (Paula)
Mas creio que é preciso evitar ver, nessas leis necessárias que nos permitem viver juntos, uma necessidade fundamental, primordial. Parece-me, na realidade, que não é necessário que este mundo exista, que não é necessário que estejamos aqui vivendo e morrendo. Já que somos apenas os filhos do acaso, a terra e o universo poderiam ter continuado sem nós, até à consumação dos séculos. Imagem inimaginável, a de um universo vazio e infinito, teoricamente inútil, que nenhuma inteligência poderia contemplar, que existiria sozinho, caos duradouro, abismo inexplicavelmente privado de vida. Talvez outros mundos, que não conhecemos, sigam assim seu curso inconcebível. Atração pelo caos que às vezes sentimos profundamente em nós mesmos.
Luis Buñuel (My Last Sigh)
Na verdade, o nosso amado é apenas outro ser humano, sendo a sua essência igual à das multidões que ignoramos todos os dias no comboio e no supermercado; mas, para nós, ele ou ela parece infinito, e é de bom grado que nos perdemos nessa infinitude.
Yuval Noah Harari (21 lições para o século 21 (Portuguese Edition))
It’s not just humans who have trisomies of the sex chromosomes. One day you may be happily amazing your friends with your confident statement that their tortoiseshell cat is female when they deflate you by telling you that their pet has been sexed by the vet and is actually a Tom. At this point, smile smugly and then say ‘Oh, in that case he’s karyotypically abnormal. He has an XXY karyotype, rather than XY’. And if you’re feeling particularly mean, you can tell them that Tom is infertile. That should shut them up.
Nessa Carey (The Epigenetics Revolution: How Modern Biology is Rewriting our Understanding of Genetics, Disease and Inheritance)
Mas quem poderá dizer os piedosos pensamentos que isso despertou em Orlando, ou que malvadas paixões adormeceu, visto que de todas as comunhões, a mais inescrutável é com a divindidade? Novelistas, poetas, historiadores, todos vacilam ao tocar nessa porta (...)
Virginia Woolf (Orlando)
Cada promessa é uma ameaça; cada perda um encontro. Dos medos nascem as coragens; e das dúvidas, as certezas. Os sonhos anunciam outra realidade possível e os delírios, outra razão. Somos, enfim, o que fazemos para transformar o que somos. A identidade não é uma peça de museu, quietinha na vitrine, mas a sempre assombrosa síntese das contradições nossas de cada dia. Nessa fé, fugitiva, ou creio. Para mim, é a única fé digna de confiança, porque é parecida com o bicho humano, fodido mas sagrado, e à louca aventura de viver no mundo.
Eduardo Galeano (The Book of Embraces)
Parece intelectualmente frívolo se preocupar com pessoas ficcionais se casando. Mas é isso: a literatura o comove. Um de seus professores chama essa sensação de “o prazer de ser tocado pela grande arte”. Nessas palavras, parece quase sexual. E de certo modo, o que Connell sente quando o sr. Knightley beija a mão de Emma não é totalmente assexual, embora sua relação com a sexualidade seja indireta. Isso sugere a Connell que a mesma imaginação que ele usa como leitor é também necessária para entender as pessoas de verdade, e para se tornar íntimo delas.
Sally Rooney (Normal People)
A nossa burguesia republicana é a mais inepta de todas as burguesias. Não tem gosto, não tem arte, não possui o mais elementar sentimento da natureza. Há nela pressa em tudo: no galgar posições, no construir, no amor, no ganhar dinheiro, etc. Vai, nessa carreira, atropelando, vai matando, vai empurrando tudo e todos; e, como não tenha educação, cultura e instrução, quando se apossa do dinheiro, ganho bem ou mal, não sabe refletir como aplicá-lo, num gesto próprio e seu; então, intimida o idiota que procura em comprar o que for caro, porque será decerto o mais belo.
Lima Barreto (Lima Barreto: Cronista do Rio (Portuguese Edition))
Children who eat breakfast are statistically more likely to do well at school than children who skip breakfast.
Nessa Carey (The Epigenetics Revolution: How Modern Biology Is Rewriting Our Understanding of Genetics, Disease, and Inheritance)
Fokus kepada hal yang tidak kaumiliki membunuhmu. Sedangkan perhatian kepada apa yang ada menggenapi.
Nessa Theo (Affectum)
Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar oq ue me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu. A noite ultrapassou a si mesma, encontrou a madrugada, se desfez em manhã, em dia claro, em tarde verde, em anoitecer e em noite outra vez. Fiquei. Você sabe que eu fiquei. E que ficaria até o fim, até o fundo. Que aceitei a queda, que aceitei a morte. Que nessa aceitação, caí. Que nessa queda, morri. Tenho me carregado tão perdido e pesado pelos dias afora. E ninguém vê que estou morto.
Caio Fernando Abreu (Inventário do ir-remediável)
Preciso agir, mas o que devo fazer para conhecer a mim mesma? Não vejo sentido na minha autocrítica. Eu me critico, mas, quando descubro algum defeito, qualquer coisa que me desagrade, sou indulgente, condescendente, acabo achando melhor deixar tudo como está e, no final, minha autocrítica torna-se inútil. Parar de pensar nessas coisas talvez seja a melhor saída.
Osamu Dazai (Mulheres)
- Sim, é talvez tudo uma ilusão... E a Cidade a maior ilusão! Tão facilmente vitorioso redobrei de facúndia. Certamente, meu Príncipe, uma ilusão! E a mais amarga, porque o Homem pensa ter na Cidade a base de toda a sua grandeza e só nela tem a fonte de toda a sua miséria. (...) Na Cidade perdeu ele a força e beleza harmoniosa do corpo, e se tornou esse ser ressequido e escanifrado ou obeso e afogado em unto, de ossos moles como trapos, de nervos trémulos como arames, com cangalhas, com chinós, com dentaduras de chumbo, sem sangue, sem febra, sem viço, torto, corcunda - esse ser em que Deus, espantado, mal pode reconhecer o seu esbelto e rijo e nobre Adão! Na Cidade findou a sua liberdade moral: cada manhã ela lhe impõe uma necessidade, e cada necessidade o arremessa para uma dependência: pobre e subalterno, a sua vida é um constante solicitar, adular, vergar, rastejar, aturar; e rico e superior como um Jacinto, a Sociedade logo o enreda em tradições, preceitos, etiquetas, cerimónias, praxes, ritos, serviços mais disciplinares que os de um cárcere ou de um quartel... A sua tranquilidade (bem tão alto que Deus com ela recompensa os santos ) onde está, meu Jacinto? Sumida para sempre, nessa batalha desesperada pelo pão, ou pela fama, ou pelo poder, ou pelo gozo, ou pela fugidia rodela de ouro! Alegria como a haverá na Cidade para esses milhões de seres que tumultuam na arquejante ocupação de desejar - e que, nunca fartando o desejo, incessantemente padecem de desilusão, desesperança ou derrota? Os sentimentos mais genuinamente humanos logo na Cidade se desumanizam! Vê, meu Jacinto! São como luzes que o áspero vento do viver social não deixa arder com serenidade e limpidez; e aqui abala e faz tremer; e além brutamente apaga; e adiante obriga a flamejar com desnaturada violência. As amizades nunca passam de alianças que o interesse, na hora inquieta da defesa ou na hora sôfrega do assalto, ata apressadamente com um cordel apressado, e que estalam ao menor embate da rivalidade ou do orgulho. E o Amor, na Cidade, meu gentil Jacinto? Considera esses vastos armazéns com espelhos, onde a nobre carne de Eva se vende, tarifada ao arratel, como a de vaca! Contempla esse velho Deus do Himeneu, que circula trazendo em vez do ondeante facho da Paixão a apertada carteira do Dote! Espreita essa turba que foge dos largos caminhos assoalhados em que os Faunos amam as Ninfas na boa lei natural, e busca tristemente os recantos lôbregos de Sodoma ou de Lesbos!... Mas o que a cidade mais deteriora no homem é a Inteligência, porque ou lha arregimenta dentro da banalidade ou lha empurra para a extravagância. Nesta densa e pairante camada de Idéias e Fórmulas que constitui a atmosfera mental das Cidades, o homem que a respira, nela envolto, só pensa todos os pensamentos já pensados, só exprime todas as expressões já exprimidas: - ou então, para se destacar na pardacenta e chata rotina e trepar ao frágil andaime da gloríola, inventa num gemente esforço, inchando o crânio, uma novidade disforme que espante e que detenha a multidão como um monstrengo numa feira. Todos, intelectualmente, são carneiros, trilhando o mesmo trilho, balando o mesmo balido, com o focinho pendido para a poeira onde pisam, em fila, as pegadas pisadas; - e alguns são macacos, saltando no topo de mastros vistosos, com esgares e cabriolas. Assim, meu Jacinto, na Cidade, nesta criação tão antinatural onde o solo é de pau e feltro e alcatrão, e o carvão tapa o céu, e a gente vive acamada nos prédios como o paninho nas lojas, e a claridade vem pelos canos, e as mentiras se murmuram através de arames - o homem aparece como uma criatura anti-humana, sem beleza, sem força, sem liberdade, sem riso, sem sentimento, e trazendo em si um espírito que é passivo como um escravo ou impudente como um Histrião... E aqui tem o belo Jacinto o que é a bela Cidade! (...) -Sim, com efeito, a Cidade... É talvez uma ilusão perversa!
Eça de Queirós (A Cidade e as Serras)
E num domingo de repouso, depois do almoço, quando o vinho já estiver dizendo coisas mornas em nossas cabeças, e o sol lá fora já estiver tombando para o outro lado, eu e você sairemos de casa para fruir a plenitude de um passeio; cortando o bosque, andando depois pela alameda de ciprestes, e deixando logo para trás, em torno da capela, a elegia das casuarinas, responderemos aos apelos das palmas dos coqueiros que nos chamam para os pastos despojados, nos convidando com insistência a deitar no ventre fofo das campinas; e, quando já tivermos, debaixo de um céu arcaico, tingido nossos dentes com o sangue das amoras colhidas no caminho, só então nos entregaremos ao silêncio, vasto e circunspecto, habitado nessa hora por insetos misteriosos, pássaros de vôo alto e os sinos distantes dos cincerros [...] Tantas coisas nos esperam, me estenda a tua mão, é tudo o que te peço
Raduan Nassar (Lavoura Arcaica)
– A minha mãe, Sr. Elahi, interrogava-se para onde vão os guarda-chuvas. Sempre que ela saía à rua, perdia um. E durante toda a sua vida nunca encontrou nenhum. Para onde iriam os guarda-chuvas? Eu ouvia-a interrogar-se tantas vezes, que aquele mistério, tão insondável, teria de ser explicado. Quando era jovem pensei que haveria um país, talvez um monte sagrado, para onde iam os guarda-chuvas todos. E os pares perdidos de meias e de luvas. E a nossa infância e os nossos antepassados. E também os brinquedos de lata com que brincávamos. E os nossos amigos que desapareceram debaixo das bombas. Haveriam de estar todos num país distante, cheio de objectos perdidos. Então, nessa altura da minha vida, era ainda um adolescente, decidi ser padre. Precisava de saber para onde vão os guarda-chuvas. – E já sabe? – perguntou Fazal Elahi. – Não faço a mais pequena ideia, mas tenho fé de encontrar um dia a minha mãe, cheia de guarda-chuvas à sua volta.
Afonso Cruz (Para Onde Vão Os Guarda-Chuvas)
Nessa ausência de luz precisava de lhe dizer a verdade pela primeira vez. Despejar o saco da frieza e do ressentimnto. Eu era uma miséria de mulher, um torpor, uma dor que já nem dói. Um farrapo de lã que já não aquece. Já não pretendia esconder-me do que tinha sido e fingir uma perfeição que não me assentava. Quebrava-me de novo fragmentos, com se quebra o vidro e as pessoas. E de cada vez que me quebrava não era possível voltar ao que tinha sido antes. E era asim há muito tempo.
Isabela Figueiredo (A Gorda)
Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até entorno me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas as duas pernas. Sei que momento com duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira perna me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar. Estou desorganizada porque perdi o que não precisava? (…) É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo. Até agora achar-me era já ter uma ideia de pessoa e nela me engastar: nessa pessoa organizada eu me encarnava, e nem mesmo sentia o grande esfoço de construção que era viver. (…) Mas e agora? estarei mais livre? (…) Se tiver coragem, eu me deixarei continuar perdida. Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo - quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação (…) Talvez desilusão seja o medo de não pertencer mais a um sistema. No entanto se deveria dizer assim: ela está muito feliz porque finalmente foi desiludido. O que eu era antes não era bom. Mas era desse não-bom que eu havia organizado o melhor - a esperança.
Clarice Lispector (The Passion According to G.H.)
Mas nessa época eles dançavam pelas ruas como piões frenéticos e eu me arrastava na mesma direção como tenho feito toda minha vida, sempre rastejando atrás de pessoas que me interessam, porque, para mim, pessoas mesmo são os loucos, os que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, que querem tudo ao mesmo tempo agora, aqueles que nunca bocejam e jamais falam chavões, mas queimam, queimam, queimam como fabulosos fogos de artifício, explodindo como constelações.
Jack Kerouac (On the Road)
A avaliação inicial feita por Connell a respeito da leitura não foi refutada. Era cultura como representação de classe, literatura fetichizada por sua capacidade de levar pessoas instruídas em falsas jornadas emocionais para que depois se sintam superiores a pessoas sem instrução cujas jornadas emocionais gostaram de ler. Ainda que o escritor fosse uma boa pessoa, e embora seu livro fosse realmente perspicaz, todos os livros eram, no final das contas, vendidos como símbolos de status, e todos os escritores participavam em alguma medida desse marketing. Supunha-se que era assim que a indústria ganhava dinheiro. A literatura, como aparecia nessas leituras públicas, não tinha potencial como forma de resistência nem nada disso. Porém, Connell foi para casa naquela noite e releu algumas anotações que andava fazendo para um novo conto, e sentiu a velha batida de prazer dentro do corpo, como assistir a um gol perfeito, como o movimento rumorejante da luz através das folhagens, um fraseado musical da janela de um carro que passa. A vida propicia esses momentos de alegria, apesar de tudo.
Sally Rooney (Normal People)
O major está no interior da casa que serve de quartel, lendo. O seu estudo predileto é agora artilharia. Comprou compêndios; mas, como sua instrução é insuficiente, da artilharia vai à balística, da balística à mecânica, da mecânica ao cálculo e à geometria analítica; desce mais a escada; vai à trigonometria, à geometria e à álgebra e à aritmética. Ele percorre essa cadeia de ciências entrelaçadas com uma fé de inventor. Aprende uma noção elementaríssima após um rosário de consultas, de compêndio em compêndio; e leva assim aqueles dias de ócio guerreiro enfronhado na matemática, nessa matemática rebarbativa e hostil aos cérebros que já não são moços.
Lima Barreto (O Triste Fim de Policarpo Quaresma)
Now is life very solid, or very shifting? I am haunted by the two contradictions. This has gone on for ever: will last forever; goes down to the bottom of the world—this moment I stand on. Also it is transitory, flying, diaphanous. I shall pass like a cloud on the waves. Perhaps it may be that though we change; one flying after another, so quick so quick, yet we are somehow successive, & continuous—we human beings; & show the light through. But what is the light? I am impressed by the transitoriness of human life to such an extent that I am often saying a farewell—after dining with Roger for instance; or reckoning how many more times I shall see Nessa.
Virginia Woolf (The Complete Works of Virginia Woolf (Illustrated, Inline Footnotes))
- Haverá momentos na sua vida em que você vai se perguntar se fez alguma coisa certa na vida - ele disse. - Isso é muito normal. Também é uma pergunta difícil. Por volta de cento e oitenta quilos, acho. Mas é uma que tem resposta. Ela em geral aparece tarde na vida da gente. Não sei se Selma e eu estaremos vivos nessa época. Por isso te digo agora: quando for a hora, quando essa pergunta aparecer e você não souber o que dizer na hora, então lembre que você deu muita alegria à sua vó e a mim, alegria suficiente para dar e vender. Quanto mais velho fico, mais acredito que fomos inventados apenas para você. E se houver um bom motivo para ser inventado, então esse motivo é você.
Mariana Leky (Was man von hier aus sehen kann)
É pra você”, diz A.J. “É…” Ele se apoia sobre um joelho, segura a mão dela entre as suas e tenta não se sentir um impostor, como um ator numa peça. “Vamos nos casar?”, ele diz com uma expressão quase dolorosa. “Sei que estou preso nessa ilha, que sou pobre, pai solteiro e tenho um negócio pouco lucrativo. Eu sei que sua mãe me odeia, e que sou uma porcaria de anfitrião pra eventos com autores.” “Que pedido estranho”, ela diz. “Comece com as qualidades, A.J.” “Tudo que posso dizer é… Tudo que posso dizer é que vamos dar um jeito, juro. Quando leio um livro, quero que leia ao mesmo tempo. Quero saber o que Amelia acharia dele. Quero que seja minha. Posso prometer livros e conversas e todo o meu coração, Amy.
Gabrielle Zevin (The Storied Life of A.J. Fikry)
A amizade foi, por muito tempo, uma virtude moral, uma das maiores. Isso só mudou com o nascimento da sociedade capitalista e, com ela, do individualismo e da competição. “A sociedade capitalista considerava a amizade como manifestação de ‘sentimentalismo’; portanto, como uma fraqueza de espírito completamente inútil e até nociva para a realização das tarefas de classe burguesas”, diz Kollontai (1982) em seu texto. O capitalismo e o patriarcado atribuíram ao amor o mesmo princípio de propriedade que regula o modo de vida em nossa sociedade até hoje. Amar, então, tornou-se sinônimo de posse: é preciso possuir o coração do ser amado. O amor nessa configuração perde sua amplitude e passa a ficar restrito às relações conjugais e familiares.
Ingrid Gerolimich (Para revolucionar o amor: A crise do amor romântico e o poder da amizade entre mulheres)
E no entanto, mesmo aqui, escrevendo para você, o fato físico do teu corpo resiste a meus movimentos. Mesmo nessas frases, coloco minhas mãos em tuas costas e vejo como elas são escuras na comparação com o pano de fundo de brancura imutável da tua pele. Mesmo agora, vejo as dobras da tua cintura e dos teus quadris enquanto massageio os pontos de tensão, os pequenos ossos ao longo da tua coluna, uma série de elipses que nenhum silêncio traduz. Mesmo depois de todos esses anos, o contraste entre nossas peles me surpreende – do modo como uma página em branco me surpreende quando, ao pegar uma caneta, ela começa a se mover por um campo espacial, tentando agir sobre aquela vida sem desfigurá-la. Mas ao escrever, eu desfiguro. Mudo, embelezo e preservo você, tudo ao mesmo tempo.
Ocean Vuong (On Earth We're Briefly Gorgeous)
Nessa altura, vários mitos eram criados pelos jovens das carrinhas de fumo e das florestas de cogumelos alucinogénios, os famintos pela sede do ácido lisérgico, que estavam demasiado cansados do sofrimento em que cresceram e que precisavam de se refugiar nos sonhos. No universo destas crianças, corriam histórias inacreditáveis sobre os locais nas montanhas que as mulheres procuravam para se refugiar, sítios onde as pessoas se uniam pela música e pelo amor, para um crescimento espiritual mútuo. Para a tia Jeanine, que já tinha crescido com a imagem do pai sem um pé devido à guerra, alimentar-se dessas histórias parecia um refúgio, que ela mais tarde tentaria transformar em casa. E uma dessas histórias, particularmente uma, ficou-lhe na memória até à última fase da sua vida, quando veio a falecer aos oitenta e um anos, queimada pelo fogo. (...) Naquela altura, miúdo, diziam que, se procurássemos bem, íamos encontrar um sítio onde o mundo não acabaria. Os homens nunca iriam saber que raio de sítio era aquele, totalmente indomável! Um sítio onde as mãos porcas dos homens não chegariam. Um sítio sobre o qual os homens nunca saberiam nada. Não achas que consegui? Ter o meu corpo a desaparecer na floresta, como vi acontecer aos miúdos no Japão, na floresta Aokighara que os engole para o seu âmago. A carne reduzida a pó, a minha essência a desaparecer no meio da vida. Eles diziam que, quando morres num sítio, ficas nesse sítio para sempre. Era por isso que toda a gente tinha medo de ir para a guerra. Não era de morrer que eles tinham medo, miúdo, era de morrer lá.
Pat R (Os Homens Nunca Saberão Nada Disto)
A natureza observadora e emocionalmente determinada do espírito lunar é designada em alemão pelas palavras pertencentes à raiz Sinn, que significa meditar, ter em mente, ponderar, considerar e ser contemplativo; e também contemplação, inclinação mental, assim, como sentidos e sensual; por último, mas não menos importante, o Eigen-Sinn (vontade própria, obstinação) que os homens em geral atribuem às mulheres. A consciência matriarcal age através da circum-ambulação e da meditação. Falta-lhe o propósito do pensamento dirigido, da conclusão lógica e do juízo. Sua Ação característica é um movimento em torno de um círculo, uma contemplação (Betrachtung, uma vez interpretada por Jung como trachtigmachen, engravidar) . Não tem o objetivo direto da consciência masculina, nem o fio aguçado de sua análise. Interessa-se mais pelo significativo do que por fatos e datas, e é orientada teleologicamente mais ao crescimento orgânico do que à causalidade mecânica ou lógica. Uma vez que o processo de cognição nessa “consciência lunar“ é uma gravidez e seu produto um nascimento, um processo em que toda a personalidade participa, seu “conhecimento “não pode ser partilhado, relatado ou provado. É uma posse interior, realizada e assimilada pela personalidade, mas não facilmente discutida, porque a experiência interna que está por trás dela não se presta a uma exploração verbal adequada, e dificilmente pode ser transmitida a alguém que não tenha passado pela mesma experiência. Por essa razão, uma consciência masculina pura e simples considera o “conhecimento” da consciência matriarcal não verificável, caprichoso e místico por excelência. Esse é, de fato, no sentido positivo, o cerne da questão. É a mesma espécie de conhecimento revelado nos mistérios e no misticismo. Consiste não de verdades partilhadas mas de transformações experimentadas, portanto necessariamente só tem validade para as pessoas que passaram pela mesma experiência. Para estas, o conselho de Goethe ainda vale: Sagt es niemand, nur den Weisen, Weil die Menge gleich verhohnet (Não conte a ninguém, apenas aos sábios, porque a multidão não tarda em zombar) Isto quer dizer que as percepções de consciência matriarcal são condicionadas pela personalidade que as realiza. Não são abstratas nem desemocionalizadas, pois a consciência matriarcal conserva o vínculo com o reino do inconsciente do qual seu conhecimento brota. Suas descobertas interiores, estão, em conseqüência, em oposição direta às da consciência masculina, que consiste idealmente de conteúdos conscientes abstratos, livres de emocionalismo e possuidores de uma validade universal não afetada por fatores pessoais.
Erich Neumann (The Fear of the Feminine and Other Essays on Feminine Psychology)
Abrandou o passo de corrida até parar por completo, escondendo-se na penumbra da noite com a respiração entrecortada de cansaço, uma réstia de fúria e um súbito pânico que ela lhe provocou. Também Mariana estava escondida na escuridão, mas ele sabia que se veriam, mesmo antes de se verem. Já se tocavam, sem se tocarem, e o seu olhar já se cruzava, mesmo sem se ter encontrado. Era como uma linha de comboio, dolorosamente perigosa, mas estranhamente sedutora. Sabia que pôr os pés nessa linha seria um risco de morte, mas não havia forma de saltar para fora, quando ela estava parada, à sua frente, a implorar-lhe que se aproximasse. E num segundo de luz e de vida, o comboio iluminou a linha férrea e ele viu-lhe os olhos claros a encontrarem os seus. E sorriu, verdadeiramente, pela primeira vez em muitos dias, mesmo sabendo que esse encontro, no meio da linha, seria morte na certa".
Carina Rosa (O Escultor)
Sem dúvida, nessas coincidências tão perfeitas, quando a realidade se aplica sobre o que nós tanto tempo sonhamos, ela oculta inteiramente o nosso sonho, confunde-se com ele, como duas figuras iguais e superpostas que não formam mais do que uma, quando, pelo contrário, para dar à nossa alegria toda a sua significação, desejaríamos manter em todos esses nossos desejos - e para estar mais certos de que são eles mesmos - o prestígio da sua intangibilidade. E o pensamento nem ao menos pode reconstituir o estado antigo para confrontá-lo com o novo, pois já não tem o campo livre: a amizade que travamos, a recordação dos primeiros minutos inesperados, as frases que ouvimos, ali estão a obstruir a entrada de nossa consciência, e dominam muito mais as embocaduras de nossa memória que as de nossa imaginação, retroagindo sobre o nosso passado, que já não somos senhores de ver sem os levar em conta, mais do que sobre a forma, ainda livre, do nosso futuro.
Marcel Proust (In the Shadow of Young Girls in Flower)
Aí desaparece o desinteresse e divisa-se o vago esboço do demónio; cada qual para si. O eu sem olhos uiva, procura, apalpa e rói. Existe nesse golfão o Ugolino social. As figuras ferozes que giram nessa cova, quase animais, quase fantasmas, não se ocupam do progresso universal, cuja ideia ignoram; só cuidam de saciar-se cada uma a si mesma. Quase lhes falta a consciência, e parece haver uma espécie de amputação terrível dentro delas. São duas as suas mães, ambas madrastas: a ignorância e a miséria. O seu guia é a necessidade; e para todos as formas de satisfação, o apetite. São brutalmente vorazes, quer dizer, ferozes; não à maneira do tirano, mas à maneira do tigre. Do sofrimento passam estas larvas ao crime; filiação fatal, geração aterradora, lógica das trevas. O que roja pelo entressolo social não é a reclamação sufocada do absoluto; é o protesto da matéria. Torna-se aí dragão o homem. Ter fome e sede é o ponto de partida; ser Satanás é o ponto de chegada. Esta cova produz Lacenaire. Acima viu o leitor, no livro quarto, um dos compartimentos da mina superior, da grande cova política, revolucionária e filosófica, onde, como acabou de ver, é tudo pobre, puro, digno e honesto; onde, sem dúvida, é possível um engano, e efectivamente os enganos se dão; mas onde o erro se torna digno de respeito, tão grande é o heroísmo a que anda ligado. O complexo do trabalho que aí se opera chama-se Progresso. Chegada é, porém, a ocasião de mostrarmos ao leitor outras funduras, as profunduras medonhas. Por baixo da sociedade, insistimos, existirá sempre a grande sopa do mal, enquanto não chegar o dia da dissipação da ignorância. Esta sopa fica por baixo de todas e é inimiga de todas. É o ódio sem excepção. Não conhece filósofos; o seu punhal nunca aparou penas. A sua negrura não tem nenhuma relação com a sublime negrura da escrita. Nunca os negros dedos que se crispam debaixo desse tecto asfixiante folhearam um livro ou abriram um jornal. Para Cartouche, Babeuf é um especulador; para Schinderhannes, Marat é um aristocrata. O objetivo desta sopa consiste em abismar tudo. Tudo, inclusive as sapas superiores que esta aborrece de morte. No seu medonho formigar, não se mina somente a ordem social actual: mina-se a filosofia, a ciência, o direito, o pensamento humano, a civilização, a revolução, o progresso. Tem simplesmente o nome de roubo, prostituição, homicídio e assassinato. As trevas querem o caos. A sua abóbada é formada de ignorância. Todas as outras, as de cima, têm por único alvo suprimi-la, alvo para o qual tendem a filosofia e o progresso, por todos os seus órgãos, tanto pelo melhoramento do real, como pela contemplação do absoluto. Destruí a sapa Ignorância, e teres destruído a toupeira do Crime. Humanidade quer dizer identidade. Os homens são todos do mesmo barro. Na predestinação não há diferença nenhuma, pelo menos neste mundo. A mesma sombra antes, a mesma carne agora, a mesma cinza depois. Mas a ignorância misturada com a massa humana enegrece-a. Essa negrura comunica-se ao interior do homem, e converte-se no Mal.
Victor Hugo (Les Misérables: Marius (Les Misérables, #3))
Coleman passara quase toda a sua carreira acadêmica na Athena; homem extrovertido, arguto, urbano, terrivelmente sedutor, com um toque de guerreiro e charlatão, em nada se parecia com a figura pedante do professor de latim e grego (assim, por exemplo, quando ainda era um jovem instrutor, cometeu a heresia de criar um clube de conversação em grego e latim). Seu venerável curso introdutório de literatura grega clássica em tradução — conhecido pela sigla DHM, ou seja, deuses, heróis e mitos — era popular entre os alunos precisamente por tudo o que havia nele de direito, franco, enfático e pouco acadêmico. "Vocês sabem como começa a literatura europeia?", perguntava ele, após fazer a chamada na primeira aula. "Com uma briga. Toda a literatura europeia nasce de uma briga." Então pegava sua Ilíada e lia para os alunos os primeiros versos. "'Musa divina, canta a cólera desastrosa de Aquiles... Começa com o motivo do conflito entre os dois, Agamenon, rei dos homens, e o grande Aquiles', E por que é que eles estão brigando, esses dois grandes espíritos violentos e poderosos? Por um motivo tão simples quanto qualquer briga de botequim. Estão brigando por causa de uma mulher. Uma menina, na verdade. Uma menina roubada do pai. Capturada numa guerra. Ora, Agamenon gosta muito mais dessa menina do que de sua esposa, Clitemnestra. 'Clitemnestra não é tão boa quanto ela', diz ele, 'nem de rosto, nem de corpo'. É uma explicação bastante direta do motivo pelo qual ele não quer abrir mão da tal moça, não é? Quando Aquiles exige que Agamenon a devolva ao pai a fim de apaziguar Apolo, o deus cuja ira assassina foi despertada pelas circunstâncias em que a moça fora raptada, Agamenon se recusa: diz que só abre mão da namorada se Aquiles lhe der a dele em troca. Com isso, Aquiles fica ainda mais enfurecido. Aquiles, o adrenalina: o sujeito mais inflamável e explosivo de todos os que já foram imaginados pelos escritores; especialmente quando seu prestígio e seu apetite estão em jogo, ele é a máquina de matar mais hipersensível da história da guerra. Aquiles, o célebre: apartado e alijado por causa de uma ofensa à sua honra. Aquiles, o grande herói, tão enraivecido por um insulto — o insulto de não poder ficar com a garota — acaba se isolando e se excluindo, numa atitude desafiadora, da sociedade que precisa muitíssimo dele, pois ele é justamente seu glorioso protetor. Assim, uma briga, uma briga brutal por causa de uma menina, de seu corpo jovem e das delícias da rapacidade sexual: é assim, nessa ofensa ao direito fálico, à *dignidade* fálica, de um poderosíssimo príncipe guerreiro, que tem início, bem ou mal, a grande literatura de ficção europeia, e é por isso que, quase três mil anos depois, vamos começar nosso estudo aqui...
Philip Roth (The Human Stain (The American Trilogy, #3))