Jogo Quotes

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Quando se ama desesperadamente uma pessoa, nunca se aceita a sua perda. E acabamos por procurar em outras pessoas bocados daquela, como se fosse possível acabar um puzzle com peças de diferentes jogos.
Margarida Rebelo Pinto (Pessoas como Nós)
Ser ou estar. Não, não é ser ou não ser, essa já existe, não confundir com a minha que acabei de inventar agora. Originalíssima. Se eu sou, não estou porque para que eu seja é preciso que eu não esteja. Mas não esteja onde? Muito boa a pergunta, não esteja onde. Fora de mim, é lógico. Para que eu seja assim inteira (essencial e essência) é preciso que não esteja em outro lugar senão em mim. Não me desintegro na natureza porque ela me toma e me devolve na íntegra: não há competição mas identificação dos elementos. Apenas isso. Na cidade me desintegro porque na cidade eu não sou, eu estou: estou competindo e como dentro das regras do jogo (milhares de regras) preciso competir bem, tenho consequentemente de estar bem para competir o melhor possível. Para competir o melhor possível acabo sacrificando o ser (próprio ou alheio, o que vem a dar no mesmo). Ora, se sacrifico o ser para apenas estar, acabo me desintegrando (essencial e essência) até a pulverização total.
Lygia Fagundes Telles (As Meninas)
O segredo que não contei a meu pai foi o segredo que escondi a mim mesma. Minha mãe sabia. O único medo que ele tinha era que ela descobrisse. Assim, esse foi o dia em que nosso jogo começou.
Toni Maguire (Don’t Tell Mummy: A True Story of the Ultimate Betrayal)
Internet, jogos de video, computadores, são úteis, mas tâm destruído algo inviolável: a infância. Onde está o prazer do silência? Onde está a arte da observação? Onde está a inocência? Angustia-me que o sistema esteja a gerar crianças insatisfeitas e ansiosas. Fortes candidatas a serem doentes psiquiátricos e não seres humanos felizes e livres.
Augusto Cury (O vendedor de sonhos: o chamado)
Os amigos que nos agarram a mão e nunca mais nos largam aparecem afinal nos mais imprevistos sítios e tempos. Em situações corriqueiras pelas quais não dávamos muito. Em eventos aonde não queríamos ir.
Rodrigo Guedes de Carvalho (Jogos de Raiva)
Os calculistas, aqueles que vêem a vida como um jogo de astúcia que depende de uma cuidadosa avaliação de modos e meios, sempre sabem para onde estão indo e conseguem chegar lá. (...) Mas quando se trata de forças dinâmicas da vida e daqueles que personificam essas forças, tudo se torna mais difícil. As pessoas que desejam apenas atingir a auto-realização jamais sabem para onde estão indo. Nem podem sabê-lo.
Oscar Wilde
Quase todos os homens vivem inconscientemente no tédio. O tédio é o fundo da vida, foi o tédio que inventou os jogos, as distracções, os romances e o amor.
Miguel de Unamuno (Niebla)
O futuro é um jogo. O tempo, uma das regras.
James Frey
Fazes-me falta. Mas a vida não é mais do que essa sucessão de faltas que nos animam. A tua morte alivia-me o medo de morrer. Contigo fora de jogo, diminui o interesse da parada. E se tu morreste, também eu serei capaz de morrer, sem que as ondas nem o céu nem o silêncio se transtornem. Cair em ti, cada vez mais longe da mísera ficção de mim.
Inês Pedrosa (Fazes-me Falta)
Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros, mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me. Quantos minutos gastamos naquele jogo? Só os relógios do céu terão marcado esse tempo infinito e breve. A eternidade tem as suas pêndulas; nem por não acabar nunca deixa de querer saber a duração das felicidades e dos suplícios. Há de dobrar o gozo aos bem-aventurados do céu conhecer a soma dos tormentos que já terão padecido no inferno os seus inimigos; assim também a quantidade das delícias que terão gozado no céu os seus desafetos aumentará as dores aos condenados do inferno. Este outro suplício escapou ao divino Dante; mas eu não estou aqui para emendar poetas. Estou para contar que, ao cabo de um tempo não marcado, agarrei-me definitivamente aos cabelos de Capitou, mas então com as mãos, e disse-lhe, – para dizer alguma cousa, – que era capaz de os pentear, se quisesse. – Você? – Eu mesmo. – Vai embaraçar-me o cabelo todo, isso sim. – Se embaraçar, você desembaraça depois. – Vamos ver.
Machado de Assis (Dom Casmurro)
Só falou nisso de a Vida ser um jogo e assim. Sabe como é. - A Vida é um jogo, meu rapaz. A Vida é um jogo que se joga seguindo as regras. - Pois é, senhor professor. Eu sei que é. Eu sei. Um jogo, uma ova. Raio de jogo. Se calhamos do lado onde estão todos os craques, está bem que é um jogo... Concordo que é. Mas se calhamos do outro lado, onde não há craques nenhuns, então onde é que está o jogo? Nada. Jogo coisa nenhuma.
J.D. Salinger (The Catcher in the Rye)
A vida inteira ele viveu perambulando, mandado embora de um lugar, assim que a "gente fina" comprava toda a maconha ou haxixe que quisesse, assim que houvesse perdido na roda da fortuna todas as moedas que queria. A vida inteira ele se ouviu sendo chamado de cigano sujo. A "gente fina" cria raízes; ele não tem nenhuma. Esse sujeito, Halleck, viu tendas de lona serem incendiadas por brincadeira, nos anos 30 e 40, e talvez houvesse bebês e velhos incendiados em algumas daquelas tendas. Ele viu suas filhas ou as filhas dos amigos serem atacadas, talvez violentadas, porque toda aquela "gente fina" sabe que ciganos trepam como coelhos e que um pouco mais não fará diferença — mas mesmo que faça, quem se importa? Ele talvez tenha visto seus filhos ou os filhos dos amigos serem surrados até quase a morte... e por quê? Porque os pais dos garotos que os surraram perderam algum dinheiro nos jogos de azar. É sempre a mesma coisa: você chega na cidade, a "gente fina" fica com o que quer e depois o manda embora. Às vezes, essa "gente fina" o condena a uma semana de trabalho na fazenda local de ervilhas ou um mês entre os trabalhadores da estrada local, como medida de ensinamento. E então, Halleck, para o cúmulo das coisas, vem o estalo final do chicote. O importante advogado de três queixos e bochechas de buldogue atropela e mata sua esposa na rua. Ela tem 70, 75 anos, é meio cega, talvez apenas se aventure no meio da rua depressa demais por querer voltar para sua gente antes de se mijar nas roupas — e ossos velhos quebram fácil, ossos velhos são como vidro, e você fica por ali, pensando que desta vez, apenas desta vez, haverá um pouco de justiça... um instante de justiça, como indenização por toda uma vida de miséria e...
Richard Bachman (Thinner)
A realidade muda, às vezes muito devagar, outras, a uma velocidade vertiginosa. Não estava preparada para isto. A vida é mesmo assim: nunca muda quando pensamos, mas um dia muda mesmo e, quando damos por isso, o jogo virou e perdemos o que tínhamos. Ganhar e perder fazem parte da vida e da morte, tal como a glória e a tristeza, a luz e as sombras.
Margarida Rebelo Pinto (O Amor é Outra Coisa)
Será sempre um mistério. Mesmo que alguém descubra a origem das galáxias, ou se há ou não deuses verdadeiros, é um mistério a violência de que são capazes as pessoas que se amam.
Rodrigo Guedes de Carvalho (Jogos de Raiva)
Bem colocado no pódio, no ranking, na prateleira eu me jogo do sétimo andar da linha de produção.
Filipe Russo (Caro Jovem Adulto)
De olhos fechados me jogo no mundo esfregando minha pele nua no que existe, o que se incrusta através de meu toque magnético passa a compor meu exoesqueleto cosmogeopsicológico.
Filipe Russo (Caro Jovem Adulto)
Eu gosto de decodificar um jogo mais do que jogá-lo.
Filipe Russo (Caro Jovem Adulto)
O mundo real é o terreno em que todo e qualquer grupo formula ou revoga leis como num grande jogo.
Ray Bradbury (Fahrenheit 451)
Nascemos com certas cartas, e com elas jogamos nosso jogo; alguns recebem cartas ruins e perdem tudo, mas outros jogam magistralmente com essas mesmas cartas e triunfam.
Isabel Allende (Violeta)
Eu lia detonados como único meio de experienciar jogos de vídeo game inacessíveis.
Filipe Russo (Caro Jovem Adulto)
Agora estou pronta para agir como uma peça desse jogo de xadrez. O que não imaginam é que posso virar o tabuleiro a qualquer momento.
Pamela Gonçalves (Uma História de Verão)
Sem escritor não há livro porque não há texto; sem editor não há livro porque não há publicação. É um jogo de poder.
João Tordo (Manual de Sobrevivência de Um Escritor ou o Pouco que Sei Sobre Aquilo Que Faço)
But you know... This was actually fun while it lasted. Humans, Jujutsu Sorcerers, Cursed Spirits... You're not bad compared to those I fought over the last thousand years. Stand proud. You're strong.
Gege Akutami (呪術廻戦 13 [Jujutsu Kaisen 13])
Como num daqueles jogos que se jogam nas festas. Diz a palavra ao ouvido do seguinte. Por isso, sejamos parcimoniosos. Aquilo que alteramos nas recordações também em a sua realidade, conhecida ou não.
Cormac McCarthy (The Road)
Digo-lhe, porém, que o homem que toda a sua existência arriscou e perdeu no jogo do amor e, quando assim aconteceu, relaxou-se de tal modo que se tornou incapaz de coisa alguma, esse homem não é homem e sim um macho apenas.
Ivan Turgenev (Fathers and Sons)
Posso acreditar em coisas que são verdade e posso acreditar em coisas que não são verdade. E posso acreditar em coisas que ninguém sabe se são verdade ou não. Posso acreditar no Papai Noel, no coelhinho da Páscoa, na Marilyn Monroe, nos Beatles, no Elvis e no Mister Ed. Ouça bem... Eu acredito que as pessoas evoluem, que o saber é infinito, que o mundo é comandado por cartéis secretos de banqueiros e que é visitado por alienígenas regularmente -uns legais, que se parecem com lêmures enrugados, e uns maldosos, que mutilam gado e querem nossa água e nossas mulheres. Acredito que o futuro é um saco e que é demais, e acredito que um dia a Mulher Búfalo Branco vai ficar preta e chutar o traseiro de todo mundo. Também acho que todos homens não passam de meninos crescidos com profundos problemas de comunicação e que o declínio da qualidade do sexo nos Estados Unidos coincide com o declínio dos cinemas drive-in de um Estado ao outro. Acredito que todos os políticos são canalhas sem princípios, mas ainda assim melhores do que as outras alternativas. Acho que a Califórnia vai afundar no mar quando o grande terremoto vier, ao mesmo tempo em que a Flórida vai se dissolver em loucura, em jacarés, em lixo tóxico. Acredito que sabonetes antibactericidas estão destruindo nossa resistência à sujeira e às doenças, de modo que algum dia todos seremos dizimados por uma gripe comum, como aconteceu com os marcianos em Guerra dos Mundos. Acredito que os melhores poetas do século passado foram Edith Sitwell e Don Marquis, que o jade é esperma de dragão seco, e que há milhares de anos em uma vida passada eu era uma xamã siberiana de um braço só. Acho que o destino da humanidade está escrito nas estrelas, que o gosto dos doces era mesmo melhor quando eu era criança, que aerodinamicamente é impossível pra uma abelha grande voar, que a luz é uma onda e uma partícula, que tem um gato em uma caixa em algum lugar que está vivo e que está morto ao mesmo tempo (apesar de que, se não abrirem a caixa algum dia e alimentarem o bicho, ele no fim vai ficar só morto de dois jeitos), e que existem estrelas no universo bilhões de anos mais velhas do que o próprio universo. Acredito em um deus pessoal que cuida de mim e se preocupa comigo e que supervisiona tudo que eu faço, em uma deusa impessoal que botou o universo em movimento e saiu fora pra ficar com as amigas dela e nem sabe que estou viva. Eu acredito em um universo vazio e sem deus, um universo com caos causal, um passado tumultuado e pura sorte cega. Acredito que qualquer pessoa que diz que o sexo é supervalorizado nunca fez direito, que qualquer um que diz saber o que está acontecendo pode mentir a respeito de coisas pequenas. Acredito na honestidade absoluta e em mentiras sociais sensatas. Acredito no direito das mulheres à escolha, no direito dos bebês de viver, que, ao mesmo tempo em que toda vida humana é sagrada, não tem nada de errado com a pena de morte se for possível confiar no sistema legal sem restrições, e que ninguém, a não ser um imbecil, confiaria no sistema legal. Acredito que a vida é um jogo, uma piada cruel e que a vida é o que acontece quando se está vivo e o melhor é relaxar e aproveitar.
Neil Gaiman (American Gods (American Gods, #1))
A biblioteca foi um meio para eu me desenvolver pela constância do estudo que me consumia de uma a duas horas por dia. [...] A leitura era a única diversão que eu me permitia. Não perdia tempo em tabernas, com jogos ou qualquer outro tipo de futilidade.
Benjamin Franklin (The Autobiography of Benjamin Franklin)
A lélek nagysága nem annyira a felfelé kapaszkodásban és az előrenyomulásban van, mint abban, hogy körül tudja határolni és el tudja rendezni önmagát. Minden nagy lesz őelőtte, ami elegendő, és azzal mutatja meg az emelkedettségét, hogy jobban szereti a középszert, mint a kiemelkedőt. Semmi sincs olyan szép és jogos, mint jól és helyesen játszani az ember szerepét; az a legnagyobb tudomány, ha valaki jól és természetesen tudja élni ezt az életet, és betegségeink közül az a legvadabb, ha megvetjük létezésünket.
Michel de Montaigne (Essais (French Edition))
São as regras do jogo." "Quero alterá-las. Não seria bom se conseguissemos provara existência das coisas com a nossa mente, tendo a certeza de que estavam sempre nos seus lugares? Gostaria de saber como é um sítio quando não estou lá. Gostaria de ter a certeza.
Ray Bradbury (The Illustrated Man)
O desafio do desenvolvimento científico atinge o país inteiro e põe em jogo mecanismos que atravessam a sociedade toda. Sem cultura científica mínima são escassas as oportunidades de cidadania autêntica, de construir ou participar nas escolhas de sociedade […].
José Mariano Gago (Manifesto para a Ciência em Portugal)
O capitalismo deu uma importante contribuição à harmonia global ao estimular as pessoas a parar de considerar a economia como um jogo de soma zero, no qual o seu luco é o meu prejuízo, e em vez disso vê-lo como uma situação de ganha-ganha, na qual o seu lucro é também o meu lucro.
Yuval Noah Harari (Homo Deus: A History of Tomorrow)
A verdade é algumas vezes o escolho de um romance. Na vida real recebemo-la como ela sai dos encontrados casos ou da lógica implacável das coisas; mas, na novela, custa-nos a sofrer que o autor, se inventa, não invente melhor; e, se copia, não minta por amor da arte. Um romance que estriba na verdade o seu merecimento é frio, é impertinente, é uma coisa que não sacode os nervos, nem tira a gente, sequer uma temporada, enquanto ele nos lembra, deste jogo de nora, cujos alcatruzes somos, uns a subir, outros a descer, movidos pela manivela do egoísmo. A verdade! Se ela é feia, para que oferecê-la em painéis ao público!? A verdade do coração humano! Se o coração humano tem filamentos de ferro que o prendem ao barro donde saiu, ou pesam nele e o submergem no charco da culpa primitiva, para que é emergi-lo, retratá-lo e pô-lo à venda!? Os reparos são de quem tem o juízo no seu lugar; mas, pois que eu perdi o meu a estudar a verdade, já agora a desforra que tenho é pintá-la como ela é, feia e repugnante. A desgraça afervora ou quebranta o amor? Isto é que eu submeto à decisão do leitor inteligente. Fatos e não teses é o que eu trago para aqui. O pintor retrata uns olhos, e não explica as funções ópticas do aparelho visual.
Camilo Castelo Branco (Amor de Perdição)
Especialmente reveladores são os jogos de estratégia no estilo de civilizações, como Minecraft, Colonizadores de Catan ou Civilization de Sid Meier. O jogo pode ter lugar na Idade Média, na Idade da Pedra ou em algum reino encantado imaginário, mas os princípios permanecem os mesmos — e são sempre capitalistas.
Yuval Noah Harari (Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã)
Você não esquece o rosto da pessoa que representou sua última esperança.
Suzanne Collins (Jogos Vorazes (Jogos Vorazes, #1))
Nas unhas do Sancho, o pau era um círculo luminoso, transparente e leve, qual asa de borboleta.
Mário Braga (Serranos)
Meus filhos, que não sabem que brincam sobre um cemitério. Peeta diz que vai ficar tudo bem. Temos um ao outro. E o livro. Podemos fazê-los compreender de uma maneira que os torne ainda mais corajosos. Mas um dia eu terei que dar uma explicação sobre os meus pesadelos. Por que eles acontecem. Por que eles realmente jamais acabarão. Direi a eles como sobrevivo aos pesadelos. Direi a eles que nas manhãs desagradáveis é impossível sentir prazer em qualquer coisa que seja, porque temo que essa coisa me possa ser tirada. É quando faço uma lista em minha cabeça com todos os atos de bondade que vi alguém realizando. É como um jogo. Repetitivo. Até um pouco entediante após mais de vinte anos. Mas há jogos muito piores do que esse.
Suzanne Collins (A Esperança (Jogos Vorazes, #3))
Em dezanove minutos podemos cortar a relva do jardim, pintar o cabelo, assistir a um terço de um jogo de hóquei. Em dezanove minutos podemos fazer scones ou arranjar um dente no dentista; podemos dobrar a roupa de uma família de cinco pessoas...Em dezanove minutos podemos parar o mundo, ou podemos simplesmente saltar para fora dele. Em dezanove minutos podemos vingar-nos.
Jodi Picoult
Nada mais natural, hoje em dia, do que ver as pessoas trabalharem da manhã à noite e optarem, em seguida, por desperdiçar no jogo, nos cafés e em tagarelices o tempo que lhes resta para viver. Mas há cidades e países em que as pessoas, de vez em quando, suspeitam que exista algo mais. Isso, em geral, não muda a vida delas. Simplesmente houve a suspeita, o que é alguma coisa.
Albert Camus (The Plague)
Tenham também um 'confessor', homem ou mulher. As mulheres são muito bem dotadas para isso. Elas possuem uma intuição muitas vezes excelente, uma crítica pertinente e podem perceber o jogo dos homens, e às vezes também as intrigas de sua anima. Elas descobrem aspectos que o homem não vê. É por esse motivo que uma mulher jamais se convence de que seu marido pode ser um super-homem.
C.G. Jung
E talvez seja ridículo continuar nesse raciocínio, embora não importe já que ninguém nunca vai ver isso, mas será que faz algum sentido saber que acaba mal pra todo mundo, até para os mais felizes de nós, e que todos perdemos tudo o que importa no final, e ao mesmo tempo saber que, apesar de tudo isso, segundo a cruel elaboração do jogo, é possível jogá-lo com uma espécie de alegria?
Donna Tartt (The Goldfinch)
Do patamar onde me encontro, ouço o som do relato do Portugal-Espanha e de uma vuvuzela que parece responder aos meus brados. Quando o mundo à minha volta se cala, percebo que Portugal só pode ter perdido o jogo e adormeço de costas para uma rocha. Acordo na madrugada de dia 30, sob o céu estrelado do Marão, uma lua muito branca a irromper entre a giesta e uma voz chamando-me no topo da parede de rocha do outro lado da montanha. No topo da fraga oposta, duas luzes irrompem como pequenos e frágeis faróis. Uma voz ecoa na garganta de pedra: “Senhor Nuno! Senhor Nuno, está bem?” Levanto-me e grito: “Estou aqui!” Cedo percebo que os escuto melhor do que eles a mim. “Está ferido?”, pergunta a mesma voz. “Não, estou bem”, respondi. “Tenha calma, nós vamos tirá-lo daí!”.
Nuno Ferreira (Portugal a pé)
No presente, só temos um dia de cada vez. Mas todos os dias do passado estão à nossa disposição: podes chamá-los e interrogá-los quando quiseres - algo que os inquietos não têm tempo para fazer. Só uma mente tranquila e livre de preocupações é capaz de percorrer todas as fases da vida: a mente de um preocupado, como que presa a um jugo, é como se fosse um jogo, não consegue dar a volta nem virar-se para trás.
Seneca (On the Shortness of Life: Life Is Long if You Know How to Use It (Penguin Great Ideas))
Estamos jogando um jogo infantil, eu me arrasto pela sombra, de uma árvore à outra, estamos em pleno caminho, você me chama, aponta-me os perigos, quer dar-me ânimo, desespera-se por ver meu passo vacilante, recorda-me (a mim!) a seriedade do jogo... não posso, desfaleço, já caí. Não posso ouvir ao mesmo tempo as vozes terríveis de meu interior e a sua, mas em troca posso ouvir apenas a sua e confiar em você, em você, como em ninguém mais no mundo.
Franz Kafka
A universidade moderna confere o privilégio de discordar apenas aos que foram testados e classificados como potenciais homens de dinheiro ou detentores de poder. Ninguém recebe um centavo dos fundos fiscais para formar-se nas horas vagas ou para educar outros, a não ser que possa comprová-lo com um certificado. As escolas escolhem para os estágios seguintes aqueles que, nos primeiros estágios do jogo, provaram ser bons investimentos para a ordem estabelecida.
Ivan Illich (Deschooling Society)
Com fúria e raiva Com fúria e raiva acuso o demagogo E o seu capitalismo das palavras Pois é preciso saber que a palavra é sagrada Que de longe muito longe um povo a trouxe E nela pôs sua alma confiada De longe muito longe desde o início O homem soube de si pela palavra E nomeou a pedra a flor a água E tudo emergiu porque ele disse Com fúria e raiva acuso o demagogo Que se promove à sombra da palavra E da palavra faz poder e jogo E transforma as palavras em moeda Como se fez com o trigo e com a terra
Sophia de Mello Breyner Andresen (O Nome das Coisas)
avançamos.Quando os desafios dos relacionamentos começam a aparecer, muitas vezes, somos completamente tragados pela descrença e pela desesperança; pelo medo e pelo ódio. Os relacionamentos trazem grandes provas; eles nos espremem e cutucam nossas feridas. Então, muitas vezes, achamos que não tem saída. Somos levados a pensar que esse negócio de relacionamento não é para nós e nos perguntamos se vale a pena jogar esse jogo. Nessa hora, é importante lembrar da meta: estamos aqui para amar e criar união. Esse é o jogo.
Sri Prem Baba (Amar e ser livre: As bases para uma nova sociedade)
Jogadores de bridge dizem-me que deve haver um pouco de dinheiro no jogo "ou, então, as pessoas não vão levá-lo a sério". Aparentemente é assim. Sua aposta no jogo - Deus ou nenhum Deus, um bom Deus ou o Sádico Cósmico, a vida eterna ou a não-entidade - não será séria se nela nada de valor estiver em risco. E você nunca perceberá como ela era séria, enquanto as apostas não estiverem muitíssimo altas, enquanto você não descobrir que está jogando não pelas fichas, nem pelos seis centavos, mas por todo centavo que tem no mundo.
C.S. Lewis (A Grief Observed)
O sistema de produção privada manipula e intoxica o consumidor. Por requintados mecanismos de alienação publicitários, as aspirações e normas de comportamento das populações são controladas e integradas no sistema. Cria artificialmente, necessidades, modas, marcas, legendas, códigos sociais. O sistema de objectos é organizado como uma linguagem cujas leis nos são impostas pelos mestres do jogo económico, redundando tudo num grande desperdício colectivo, em prejuízo da satisfação de, por vezes, bem evidentes necessidades sociais.
Amílcar Amorim (Introdução às Ciências Sociais)
Olhamos novamente para o homem e a natureza — com olhar mais desejoso: lembramo-nos, com sorriso melancólico, que agora sabemos coisas novas e diferentes em relação a eles, que um véu foi retirado — mas nos reanima ver novamente as luzes amortecidas da vida, e sair da claridade sóbria e terrível em que, como sofredores, víamos as coisas e através das coisas. Não nos aborrecemos quando os encantos da saúde recomeçam seu jogo — olhamos como que transformados, abrandados e ainda exaustos. Nesse estado não se pode ouvir música sem chorar.
Friedrich Nietzsche (Daybreak: Thoughts on the Prejudices of Morality)
«Albrecht discorre sobre este jogo popular [petanca]. [...] Devíamos ser capazes, todos de aprender algo com este desporto antigo dos povo do Mediterrâneo" diz a dado passo. "Estar disposto a tudo para triunfar, afastando com violência, se for caso disso, quem se nos interponha no caminho, mas não tocar nunca na bola que cobiçamos, não macular com o toque das mãos o objectivo, rodeando-o apenas em aproximações sucessivas como um cavaleiro medieval cortejando a inacessível dama, ou como um beija-flor colhendo o néctar das plantas sem nelas poisar."»
Manuel Jorge Marmelo
O exemplo máximo do homem prático, porque reúne a extrema concentração da acção com a sua extrema importância, é a do estratégico. Toda a vida é guerra, e a batalha é a síntese da vida. Ora o estratégico é um homem que joga com vidas como o jogador de xadrez com peças de jogo . Que seria do estratégico se pensasse que cada lance do seu jogo, põe noite em mil lares e mágoa em três mil corações? Que seria do mundo seria do mundo se fôssemos humanos? Se o homem sentisse deveras não haveria civilização. A arte serve de fuga para a sensibilidade que a acção teve que esquecer.
Fernando Pessoa (The Book of Disquiet)
Era uma vez um rapaz. Vivia numa aldeia que já não existe, numa casa que já não existe, na orla de um campo que já não existe, lugar de todas as descobertas e onde tudo era possível. Um pau podia ser uma espada. Uma pedra podia ser um diamante. Uma árvore um castelo. Era uma vez um rapaz que vivia numa casa do outro lado do campo onde vivia uma rapariga que já não existe. Inventavam mil jogos. Ela era a Rainha e ele o Rei. Na luz do Outono, o cabelo dela brilhava como uma coroa. Bebiam o mundo em pequenas mãos-cheias. Quando o céu escurecia, apartavam-se com folhas nos cabelos.
Nicole Krauss (The History of Love)
tem-se falta de tempo, tem-se falta de força para consagrar à cerimónia, aos meneios da cortesia, ao espírito da conversa, e ao do ócio de uma maneira geral. Porque a vida, tornada caça ao lucro, obriga o espírito a esgotar-se sem repouso no jogo de dissimular, de iludir, ou de prevenir o adversário; a verdadeira virtude consiste agora em fazer uma coisa mais depressa do que um outro. Assim, só em raras horas é que as pessoas se podem permitir ser sinceras: e a essas horas, está-se tão cansado que se aspira não somente a «deixar correr» mas a estender-se pesadamente e deitar-se.
Friedrich Nietzsche (A Gaia Ciência)
O exemplo máximo do homem prático, porque reúne a extrema concentração da acção com a sua extrema importância, é a do estratégico. Toda a vida é guerra, e a batalha é, pois, a síntese da vida. Ora o estratégico é um homem que joga com vidas como o jogador de xadrez com peças do jogo. Que seria do estratégico se pensasse que cada lance do seu jogo põe noite em mil lares e mágoa em três mil corações? Que seria do mundo se fôssemos humanos? Se o homem sentisse deveras não haveria civilização. A arte serve de fuga para a sensibilidade que a acção teve que esquecer. A arte é a Gata Borralheira, que ficou em casa porque teve que ser.
Fernando Pessoa (The Book of Disquiet)
... Eu me desnudo emocionalmente quando confesso minha carência – que estarei perdido sem você, que não sou necessariamente a pessoa independente que tentei aparentar. Na verdade, não passo de um fraco, cuja noção dos rumos ou do significado da vida é muito restrita. Quando choro e lhe conto coisas que, confio, serão mantidas em segredo, coisas que me levarão à destruição, caso terceiros tomem conhecimento delas, quando vou a festas e não me entrego ao jogo da sedução porque reconheço que só você me interessa, estou me privando de uma ilusão há muito acalentada de invulnerabilidade. Me torno indefeso e confiante como a pessoa no truque circense, presa a uma prancha sobre a qual um atirador de facas exercita sua perícia e as lâminas que eu mesmo forneci passam a poucos centímetros da minha pele. Eu permito que você assista a minha humilhação, insegurança e tropeços. Exponho minha falta de amor-próprio, me tornando, dessa forma, incapaz de convencer você (seria realmente necessário?) a mudar de atitude. Sou fraco quando exibo meu rosto apavorado na madrugada, ansioso ante a existência, esquecido das filosofias otimistas e entusiasmadas que recitei durante o jantar. Aprendi a aceitar o enorme risco de que, embora eu não seja uma pessoa atraente e confiante, embora você tenha a seu dispor um catálogo vasto de meus medos e fobias, você pode, mesmo assim, me amar...
Alain de Botton (The Romantic Movement: Sex, Shopping, and the Novel)
É preciso tomar cuidado com o devaneio que se impõe. O devaneio tem o mistério e a sutileza de um odor; ele é, para o pensamento, o que o perfume é para a tuberosa. Às vezes, é a dilatação de uma ideia venenosa, ou pode ser penetrante como a fumaça. Podemos envenenar-nos com o devaneio da mesma forma que com as flores. Suicídio inebriante, delicioso e sinistro. O suicídio da alma é o mal pensar. Nisso está o envenenamento. O devaneio atrai, ajula, engana, prende, depois faz de você seu cúmplice, faz de você parceiro das falcatruas que perpetra à consciência. Ele o seduz. Depois o corrompe. Podemos dizer do devaneio o que dizemos do jogo. Começamos sendo facilmente enganados e terminamos sendo trapaceiros.
Victor Hugo (The Man Who Laughs)
É preciso tomar cuidado com o devaneio que se impõe. O devaneio tem o mistério e a sutileza de um odor; ele é, para o pensamento, o que o perfume é para a tuberosa. Às vezes, é a dilatação de uma ideia venenosa, ou pode ser penetrante como a fumaça. Podemos envenenar-nos com o devaneio da mesma forma que com as flores. Suicídio inebriante, delicioso e sinistro. O suicídio da alma é o mal pensar. Nisso está o envenenamento. O devaneio atrai, bajula, engana, prende, depois faz de você seu cúmplice, faz de você parceiro das falcatruas que perpetra à consciência. Ele o seduz. Depois o corrompe. Podemos dizer do devaneio o que dizemos do jogo. Começamos sendo facilmente enganados e terminamos sendo trapaceiros.
Victor Hugo (The Man Who Laughs)
Muita gente já tinha chegado de férias e acho que havia mais ou menos um milhão de garotas por ali, sentada ou em pé esperando os namorados… Era realmente uma paisagem interessante. De certo modo, também era meio deprimente, porque a gente ficava pensando o que ia acontecer com todas elas. Quer dizer, depois que terminassem o ginásio e a faculdade. A maioria ia provavelmente casar com uns bobalhões. Esses sujeitos que vivem dizendo quantos quilômetros fazem com um litro de gasolina. Sujeitos que ficam doentes de raiva, igualzinho a umas crianças, se perdem no golfe ou até mesmo num jogo besta como pingue-pongue. Sujeitos que são um bocado perversos. Sujeitos que nunca na vida abriram um livro. Sujeitos chatos pra burro.
J.D. Salinger (The Catcher in the Rye)
Você deseja vencer nos Jogos Olímpicos? Eu também, pelos deuses, porque é uma coisa boa. Mas considere os primeiros passos que conduzem a isto, e as consequências, e depois, mãos à obra! Você deve se submeter à disciplina, comer de acordo, não tocar em doces, treinar debaixo de rigores, numa hora fixa, no calor e no frio, não beber água muito gelada, nem vinho, a não ser quando receber a ordem de fazer isso; você deve se entregar completamente ao seu treinador assim como o faria com o seu médico e depois, quando chega a hora da competição, você deve se arriscar a se machucar e algumas vezes ter a sua mão deslocada, torcer o tornozelo, engolir um bocado de areia, algumas vezes ser fustigado, e junto com isso tudo, ser derrotado.
Epictetus (O manual para a vida: Encheiridion de Epicteto (Portuguese Edition))
Ouvi uma vez contar que, na região de Náucratis, no Egipto, houve um velho deus deste país, deus a quem é consagrada a ave que chamam Íbis, e a quem chamavam Thoth. Dizem que foi ele que inventou os números e o cálculo, a geometria e a astronomia, bem como o jogo das damas e dos dados e, finalmente, os caracteres gráficos (escrita). Nesse tempo, todo o Egipto era governado por Tamuz, que residia no sul do país, numa grande cidade que os gregos designam por Tebas do Egipto, onde aquele deus era conhecido pelo nome de Ámon. Thoth encontrou-se com o monarca, a quem mostrou as suas artes, dizendo que era necessário dá-las a conhecer a todos os egípcios. Mas o monarca quis saber a utilidade de cada uma das artes e, quanto o inventor as explicava, o monarca elogiava ou censurava, consoante as artes lhe pareciam boas ou más. Foram muitas, diz lenda as considerações que sobre cada arte Tamuz fez a Thoth quer condenando, quer elogiando, e seria prolixo enumerar todas aquelas considerações. Mas, quando chegou a vez da invenção da escrita, exclamou Thoth: «Eis, oh rei, uma arte que tornará os egípcios mais sábios e os ajudará a fortalecer a memória, pois com a escrita descobri o remédio para a memória.» - «Oh, Thoth, mestre incomparável, uma coisa é inventar uma arte, outra julgar os benefícios ou prejuízos que dela advirão para os outros! tu, neste momento e como inventor da escrita, esperas dela, e com entusiasmo, todo o contrário do que ela pode vir a fazer! ela tornará os homens mais esquecidos, pois que, sabendo escrever, deixarão de exercitar a memória, confiando apenas nas escrituras, e só se lembrarão de um assunto por força de motivos exteriores, por meio de sinais, e não dos assuntos em si mesmos.»
Plato
Assim como no regime da criação, Shakti é o criador e Shiva é o testemunho de todo o jogo, no tantra a mulher tem o estado do guru e o homem do discípulo. A tradição tântrica é atualmente passada da mulher para o homem, na prática tântrica, é a mulher quem inicia. É só por seu poder que o ato de maithuna acontece. Todas as preliminares são feitas por ela. Ela coloca a marca na testa do homem e fala pra ele meditar. Na relação ordinária, quem controla é o homem e a mulher participa. Mas no tantra eles trocam de papéis. A mulher torna-se a operadora e o homem o seu intermédio. Ela tem que ser capaz de despertá-lo. então, no momento certo, ela deve criar o bindu para que ele possa praticar vajroli. Se o homem perde seu bindu, significa que a mulher não conseguiu realizar suas funções adequadamente. No tantra se diz que Shiva é incapaz sem Shakti. Shakti é a sacerdotisa. Portanto, quando Vama marga é praticado, o homem deve ter uma atitude absolutamente tântrica com a mulher. Ele não pode comportar-se com ela como os homens geralmente fazem com outras mulheres. Normalmente, quando um homem olha uma mulher, ele torna-se apaixonado, mas durante o maithuna ele não deve. Ele deve vê-la como a mãe divina, a Devi, e aproximar-se dela como uma atitude de devoção e entrega, não com luxúria. De acordo com o conceito tântrico, as mulheres são mais dotadas de qualidades espirituais e seria uma coisa sábia se elas assumissem posições elevadas na área social. Então, haveria maior beleza, compaixão, amor e compreensão em todas as esferas da vida. O que estamos discutindo aqui não é sociedade patriarcal versus matriarcal, mas tantra. No relacionamento entre marido e mulher, por exemplo, há dependência e posse, enquanto que no tantra cada parceiro é independente, um para si mesmo. Outra coisa difícil na sadhana tântrica é cultivar a atitude de impassionalidade. O homem tem de se tornar praticamente um bramacharya, a fim de libertar a mente as emoções dos pensamentos sexuais e da paixão, que normalmente surgem na presença de uma mulher. Ambos os parceiros devem ser absolutamente purificados e controlados interna e externamente antes de praticar o maithuna. É difícil para a pessoa comum compreender isto porque para a maioria das pessoas a relação sexual é o resultado da paixão e da atração emocional ou física, tanto para a procriação quanto para o prazer. É somente quando você está purificado que estes instintos sexuais estarão ausentes. Isto acontece porque, de acordo com a tradição, o caminho do Dakshina marga deve ser seguido por muitos anos antes do caminho do Vama marga poder ser iniciado. Então, a interação do maithuna não acontece por uma gratificação física. O propósito é muito claro – o despertar de sushumna, o aumento da energia de Kundalini no mooladhara chakra e a explosão nas áreas inconscientes do cérebro. Se isto não ficar claro, quando você praticar os kriyas e sushumna se tornar ativa, você não será capaz de confrontar o despertar. Sua cabeça vai ficar quente e você nãos será capaz de controlar a paixão e o excitamento, porque você não tranqüilizou seu cérebro. Portanto, em minha opinião, somente aqueles que são adeptos no yoga estão qualificados para o Vama marga. Este caminho não é para ser usado indiscriminadamente como um pretexto para a auto-indulgência. Ele se destina para os sadhakas maduros e chefes de família sérios, que são evoluídos, que têm praticado sadhana para despertar o potencial energético e atingir o samadhi Eles devem utilizar este caminho como um veículo para o despertar, caso contrário torna-se um caminho de queda.
Satyananda Saraswati (Kundalini Tantra)
Ver as constelações é respirá-las e ver todo o firmamento” é ondular na grande barca musical e silenciosa de tão delicados diademas cintilantes Também quando se escreve se respira o fulgor novo das palavras que se ordenam em constelações fugazes sobre a brancura da página inabolível Quem escreve não é ninguém já não pertence à obstinada urgência dos cinzentos transeuntes A sua energia é lenta ora fulva ora branca e às vezes de um azul tênue ou de um vago lilás Nada está prescrito tudo o que se escreve é o leve deslizar das constelações que não estavam inscritas num céu subterrâneo Quando a sutil ponta da caneta toca a página o que está por dizer é tudo e é o tremor do nada e assim como do peito de uma guitarra estilhaçada saem as notas inesperadas de uma noturna melodia de uma coerente delicadeza delicadamente incoerente como as constelações gratuitas que não têm sentido no jogo absoluto de um prestidigitador universal
António Ramos Rosa (Poemas)
Lembro-me de estar destroçada, de te ter arrancado de dentro de mim a ferros e, ainda assim, um braço teu ficou para trás. Lembro-me de abrir o meu diário em papel, furiosa porque tinha jurado que não escreveria nem mais uma linha a teu propósito, e escrever «durante o dia, bano-te do meu pensamento, mas todas as noites, é a teu lado que me deito, e nos teus braços que adormeço, e é a minha mão que agarro, fingindo que é a tua». (… ) Mas não é de ontem, quando abro a cama, peço-te que te chegues para lá. Deito-me e imagino que estás lá, cansado, extenuado de um dia de trabalho, quase sinto a tua respiração na minha nuca. Imagino que me dizes tudo aquilo que eu queria ouvir, mas não me alongo nisso, é mais íntimo ainda, o que queres ouvir de alguém é mais do que o que esperas dessa pessoa: é o segredo de quem és, de como és e do que queres da vida, na sua voz (…) Encho o peito de ar, subo, subo, subo, amo-te amo-te amo-te, sei-o tão bem, sei até que é para sempre, embora faça figas para que não seja (…) Não posso não posso não posso imaginar que o ar me vai fugir outra vez, que a qualquer momento os meios de informação vão trazer até mim aquele género de notícia que quase me mata - foram ao cinema, saíram juntos, comeram-se, foderam-se, falaram-se - eu disse quase, porque não matou. É verdade que foram muitas lágrimas, muitas reformulações de planos de vida e castelos de cartas a vir por aí abaixo, o jogo virou, e eu perdi. Uma vez mais, e os escritos pararam: o meu diário ficou a branco, o espaço virtual onde nos escrevia acabou com uma nota lúgubre na qual anunciei a minha morte. Estive de luto por mim mesma, estive sim. Doía-me o peito como me dói agora, ao recordar, a falta de ar, o choro compulsivo, os pensamentos sombrios, desesperados, como se nunca mais o sol nascesse no oriente e eu nunca mais o provasse, o sentisse nas costas, como se o mundo tivesse acabado ali, pelo menos o meu tinha, o assombro, os sentimentos, todos baralhados, como se me devesses alguma coisa quando não devias, como se me tivesses dado motivos para te amar tanto quando não me deste, como se quisesses o meu amor e depois o tivesses rejeitado, quando nunca o quiseste. E eu fechei as portas do meu recinto, pus panos negros nas janelas, anunciei que não estava. As pessoas bateram-me à porta, esconderam-me verdades que teriam acabado comigo naquele momento, compraram-me chocolates, secaram-me lágrimas com rosas. morri ali, é a verdade. (…) Mas a fé, a minha maldita fé de quem não acredita em deus e canalizou toda a sua crença nas causas impossíveis, deu-me ar, e mais ar, e subi a montanha, talvez nunca a tivesse subido tanto, julguei que via tudo lá de cima, tudo: falavam em auras, ao nosso redor, falavam na nossa perfeição, enquanto dupla, diziam que «não podia ser de outra forma», que «não se pode estar assim tão enganado», que me amas, imagina só a dimensão da loucura geral, que me amas mas que não tens espaço para mim, e eu, com o peito de cheio de ar, cheguei ao topo e comecei a voar (…) Já sonhaste alguma vez que caías? Eu já, é uma dor na boca do estômago, como se tudo te fugisse, como se o teu corpo se desmantelasse, como se o mundo inteiro implodisse para dentro de ti e soubesses que ias rebentar, ao mínimo toque de um objecto, de um elemento que não o ar, vais rebentar. Estou à espera que venham as abelhas, as orquídeas, os pés descalços na terra húmida, um livro, uns óculos, um copo vazio na mesa-de-cabeceira, e me faça explodir. Entretanto (…) vou imaginar que não estou a cair, que tal? Ao invés (…) vou deitar-me na minha caminha quentinha e imaginar que as tuas pernas se entrelaçam nas minhas e me aquecem os pés gelados e a tua voz, sonolenta, diz: “boa noite, dorme bem”, para eu poder responder-te também – “dorme bem, meu amor”.»
Célia Correia Loureiro
Isto: contemplando os astros, ele habituou-se a considerar-se como um ponto anónimo e incorpóreo, quase se esquecendo de que existe; agora, para lidar com os seres humanos, não pode deixar de se pôr em causa a si próprio, e o seu si próprio já ele não sabe onde se encontra. Face a cada pessoa, dever-se-ia saber como se situar em relação a ela, estar-se seguro da reacção que inspira em nós a presença do outro aversão ou atracção, ascendente recebido ou imposto, curiosidade ou indiferença, domínio ou sujeição, atitude de discípulo ou de mestre, espectáculo como actor ou como espectador - e, na base destas reacções e das contra-reacções do outro, estabelecer as regras que se devem aplicar no jogo, os movimentos e contramovimentos a fazer. Por tudo isto, antes mesmo de nos pormos a observar os outros, deveríamos saber bem quem somos nós. O conhecimento do próximo implica esta especificidade: passa necessariamente através do conhecimento de nos próprios; e é exactamente isto que falta a Palomar.
Italo Calvino (Palomar)
Se tudo no mundo é relativo, nada tão relativo como a felicidade humana. Eu abandonava-me enfim ao meu cansaço, ao meu desgosto, ao meu desânimo, - quer isto dizer que os gozava. Daí estes dias correrem-me quase felizes. Há uma "sagesse" para os infelizes que substitui a felicidade; e que provém de se fazer uma voluptuosidade da própria dor, de se utilizar a dor como conducente a uma felicidade supra-terrena, ou de se chegar a considerar a dor estado normal, tendo por inesperados favores dos deuses quaisquer pequeninos prazeres sobrevindos...
José Régio (Jogo da Cabra Cega)
O jogo paralisa as pessoas. Isto não é uma forma literária de o dizer. O meu pai usava o I Ching cada vez que tinha de tomar uma decisão importante. Atirava os paus do milefólio e agia em conformidade com o oráculo. Aos poucos, foi juntando às decisões importantes outras mais frívolas, chegando ao ponto de não ser capaz de decidir absolutamente nada sem a ajuda do livro. -E isso não diminuiu a qualidade das suas decisões? Chun-Chi serviu dois whiskies. -Nem por isso. As nossas decisões já são relativamente arbitrárias. Nem sabemos verdadeiramente de onde vêm. Decidi levantar um copo, mas o meu braço mexeu-se antenada minha consciência. Enfim, o problema não foi esse. -Qual foi? (...) -Para dar um passo, tinha de usar o I Ching. Para pensar, também, e assim chegou àquele lugar sem saída em que tinha de lançar os paus de milefólio para saber se poderia atiraram-los. Agora está imobilizado, na cama. (...) Sabe a história do sapo e da centopeia?- perguntou Chun-Chi. -Não. -Um sapo perguntou, um dia, a uma centopeia qual era a pata que ela pousava primeiro ao andar. E a centopeia nunca mais conseguiu andar.
Afonso Cruz (Mil Anos de Esquecimento)
O que vim fazer aqui? Vim ser terrível. Os senhores dizem que sou um monstro. Não, sou o povo. Sou uma exceção? Não, sou todo mundo. A exceção são os senhores. Os senhores são a quimera, e eu, a realidade. Sou o Homem. Sou o medonho Homem que Ri. Que ri do quê? Dos senhores. Dele mesmo. De tudo. O que é esse meu riso? É o crime dos senhores e é meu próprio suplício. Esse crime, eu lhes jogo na cara; esse suplício, eu lhes cuspo no rosto. Eu rio, e isso quer dizer: eu choro. [...] – Esse riso que está em meu rosto foi posto aí por um rei. Esse riso exprime a desolação universal. Esse riso significa ódio, silêncio forçado, raiva, desespero. Esse riso é um produto da tortura. Esse riso é um riso de violência. Se Satã tivesse esse riso, esse riso condenaria Deus. Mas o Eterno não se assemelha aos efêmeros; sendo o absoluto, ele é justo; e Deus abomina o que fazem os reis. Ah! Os senhores me consideram uma exceção! Eu sou um símbolo. Ó imbecis todo-poderosos, abram seus olhos. Eu encarno tudo. Represento a humanidade tal qual foi feita por seus mestres. O homem é um mutilado. O que fizeram a mim fizeram ao gênero humano.
Victor Hugo (The Man Who Laughs)
Insisto que morri, ele nega. Pergunto se o mundo acabou, ele diz que não sabe de nada. Mundo?, pergunta, sem esconder o ar sardônico. Quando repito que morri, desta vez como pergunta, o caolho jura que nunca saí do lugar. De qual Fedora estou falando, ele pergunta e desconverso. Na memória de minha vida as pontas nunca se amarram. Não possuo narrativa, apenas lampejos de imagens, odores, sensações. Raciocínios superpostos. Lembranças que não poderiam ter sido. Mas se não havia ninguém para morrer, se não existia mundo para acabar, não sei o quue faço por aqui. O caolho me diz que não existem mundos, apenas os sonhos de um mundo. Falácia. Recuso-me a admitir que sou um espectro vagando por um sonho que finge estar desperto. Ele ri de meu apego pelo fim das cousas, dizendo que nada começa. Que só existe enquanto. Como pode saber? De onde tira tanta certeza? Se, como afirma, ele não é Deus e nem a imagem que tenho de Deus, quem seria? Um servo competente, responde o caolho. Só preciso saber se existo: sim ou não. Ele ri do meu ou e responde com seu e. Se algo existe, ele diz, é sempre um talvez. Não aceito, e ele responde que tudo que faço é apontar para meu próprio umbigo, cavocá-lo com o dedo em riste. Renuncie, sugere. Digo que ele está se refugiando na negação. Ele repete que falou em talvez. Imploro as regras do jogo, ele me dispensa afirmando que um jogo só existe se houver jogadores. Completa que posso jogar, desde que saiba estar jogando; para isso, segundo o caolho, não se precisa de regras. Se eu pedir uma solução para o enigma, ele dirá que não existe enigma. Sim, é um jogo, e é simples de entender. Simplório, até. Apesar disso, não enxergo saída. Posso não estar aqui, mas continuo prisioneira. Digo que não mereço, ele responde que ninguém merece. Tento escapar de seu sofisma, e ele completa que as cousas são e ponto. Aceite que não há merecimento, diz o caolho, apenas uma vasta rede de interconexões aleatórias. E quando pergunto se é apenas isso que somos, vítimas das circunstâncias, ele diz: não existem circunstâncias.
Daniel Pellizzari (Dedo Negro com Unha)
O único aspecto que varia nesta perspectiva são as mãos, todas estas mãos, claras, agitadas, ou expectantes ao redor da mesa verde; parecem estar à espreita, à entrada do antro sempre diferente de uma jogada, mas assemelhando-se a uma fera prestes a saltar, tendo cada uma a sua forma e a sua cor, umas despidas, outras munidas de anéis e pulseiras tilintantes; umas peludas como se de animais selvagens, outras flexíveis e luzidias como enguias, mas todas nervosas e vibrantes de uma imensa impaciência. (...)Mas, precisamente porque toda a sua atenção se concentra em exclusivo neste esforço de dissimulação do que existe de notório na sua pessoa, esquecem as mãos, esquecem que há pessoas que observam unicamente estas mãos e que, através delas, conseguem adivinhar tudo aquilo que tanto se esforçam por ocultar, de sorriso nos lábios e falsa expressões de indiferença. A mão, essa trai sem pudor o que eles têm de mais secreto. Pois há-de surgir, forçosamente, um momento em que todos aqueles dedos , a custo contidos e parecendo dormir, deixam o seu indolente abandono: no segundo decisivo em que a bola da roleta cai no seu alvéolo e em que é gritado o número vencedor, então, nesse segundo, cada uma destas cem ou cento e cinquenta mãos esboça involuntariamente um movimento muito pessoal, muito individual, imposto pelo instinto primitivo. E quando se está habituada, como eu, a observar este tipo de arena das mãos, há muito iniciada graças a esta fantasia do meu marido, acha-se muito mais apaixonante do que o teatro ou a música esta forma brusca, incessantemente diferente , incessantemente imprevista, em que os temperamentos, sempre novos, se desmascaram; não posso descrever-lhe em pormenor os milhares de atitudes que revelam as mãos durante um jogo: umas, animais selvagens de dedos peludos e recurvados que agarram o dinheiro à guisa de uma aranha; outras, nervosas, trémulas, de unhas pálidas, mal ousando tocar-lo; outras ainda, nobres ou plebeias, brutais ou tímidas, astuciosas ou quase balbuciantes; mas cada uma tem a sua maneira de ser muito particular, pois cada um destes pares de mãos exprime uma via diferente, exceptuando as dos quatro ou cinco croupiers.
Stefan Zweig (Vingt-quatre heures de la vie d'une femme)
O pilar e o anel em forma de círculo representam os princípios masculino e feminino. Na Grécia antiga o pilar era o "hérnia" que ficava do lado de fora da casa representando Hermes, enquanto a lareira redonda no interior simbolizava Héstia. Na índia e em outras partes do leste, o pilar e o círculo ficam "copulados". O lingam, ou símbolo fálico, penetra o yoni ou anel feminino, o qual se estende sobre ele como num jogo infantil de arremesso de argolas. Lá o pilar e o círculo juntavam-se, enquanto os gregos e os romanos conservavam esses mesmos dois símbolos de Hermes e Héstia relacionados, mas à parte. Para enfatizar mais essa separação, Héstia é uma deusa virgem que nunca será penetrada, como também a mais velha deusa olímpica. Ela é tia solteirona de Hermes considerado como o mais jovem deus olímpico - uma união altamente improvável. Desde os tempos gregos as culturas ocidentais têm enfatizado a dualidade, uma divisão ou diferenciação entre masculino e feminino, mente e corpo, logos e eros, ativo e receptivo, que depois se tornaram valores superiores e inferiores, respectivamente. Quando Héstia e Hermes eram ambos honrados nos lares e templos, os valores femininos de Héstia eram os mais importantes, e ela recebia as mais altas honras. Na época havia uma dualidade complementar. Héstia desde então foi desvalorizada e esquecida. Seus fogos sagrados não são mais cuidados e o que ela representa não é mais honrado. Quando os valores femininos de Héstia são esquecidos e desonrados, a importância do santuário interior, interiorização para encontrar significado e paz, e da família como santuário e fonte de calor ficam diminuídos ou são perdidos. Além disso, o sentimento de uma ligação básica com os outros desaparece, como desaparece também a necessidade dos cidadãos de uma cidade, país ou da terra se ligarem por um elo espiritual comum. Num nível místico, os arquétipos de Héstia e de Hermes se relacionam através da imagem do fogo sagrado no centro. Hermes-Mercúrio era o espírito alquímico Mercúrio, imaginado como fogo elementar. Tal fogo era considerado a fonte do conhecimento místico, simbolicamente localizado no centro da Terra. Héstia e Hermes representam idéias arquetípicas do espírito e da alma. Hermes é o espírito que põe fogo na alma. Nesse contexto, Hermes é como o vento que sopra a brasa no centro da lareira, fazendo-a acender-se. Do mesmo modo, as idéias podem excitar sentimentos profundos, ou as palavras podem tornar consciente o que foi inarticuladamente conhecido e iluminado o que foi obscuramente percebido.
Jean Shinoda Bolen (Goddesses in Everywoman)
Coleman passara quase toda a sua carreira acadêmica na Athena; homem extrovertido, arguto, urbano, terrivelmente sedutor, com um toque de guerreiro e charlatão, em nada se parecia com a figura pedante do professor de latim e grego (assim, por exemplo, quando ainda era um jovem instrutor, cometeu a heresia de criar um clube de conversação em grego e latim). Seu venerável curso introdutório de literatura grega clássica em tradução — conhecido pela sigla DHM, ou seja, deuses, heróis e mitos — era popular entre os alunos precisamente por tudo o que havia nele de direito, franco, enfático e pouco acadêmico. "Vocês sabem como começa a literatura europeia?", perguntava ele, após fazer a chamada na primeira aula. "Com uma briga. Toda a literatura europeia nasce de uma briga." Então pegava sua Ilíada e lia para os alunos os primeiros versos. "'Musa divina, canta a cólera desastrosa de Aquiles... Começa com o motivo do conflito entre os dois, Agamenon, rei dos homens, e o grande Aquiles', E por que é que eles estão brigando, esses dois grandes espíritos violentos e poderosos? Por um motivo tão simples quanto qualquer briga de botequim. Estão brigando por causa de uma mulher. Uma menina, na verdade. Uma menina roubada do pai. Capturada numa guerra. Ora, Agamenon gosta muito mais dessa menina do que de sua esposa, Clitemnestra. 'Clitemnestra não é tão boa quanto ela', diz ele, 'nem de rosto, nem de corpo'. É uma explicação bastante direta do motivo pelo qual ele não quer abrir mão da tal moça, não é? Quando Aquiles exige que Agamenon a devolva ao pai a fim de apaziguar Apolo, o deus cuja ira assassina foi despertada pelas circunstâncias em que a moça fora raptada, Agamenon se recusa: diz que só abre mão da namorada se Aquiles lhe der a dele em troca. Com isso, Aquiles fica ainda mais enfurecido. Aquiles, o adrenalina: o sujeito mais inflamável e explosivo de todos os que já foram imaginados pelos escritores; especialmente quando seu prestígio e seu apetite estão em jogo, ele é a máquina de matar mais hipersensível da história da guerra. Aquiles, o célebre: apartado e alijado por causa de uma ofensa à sua honra. Aquiles, o grande herói, tão enraivecido por um insulto — o insulto de não poder ficar com a garota — acaba se isolando e se excluindo, numa atitude desafiadora, da sociedade que precisa muitíssimo dele, pois ele é justamente seu glorioso protetor. Assim, uma briga, uma briga brutal por causa de uma menina, de seu corpo jovem e das delícias da rapacidade sexual: é assim, nessa ofensa ao direito fálico, à *dignidade* fálica, de um poderosíssimo príncipe guerreiro, que tem início, bem ou mal, a grande literatura de ficção europeia, e é por isso que, quase três mil anos depois, vamos começar nosso estudo aqui...
Philip Roth (The Human Stain (The American Trilogy, #3))
(Página 45) "A enfermaria zumbe da maneira como ouvi uma fábrica de tecido zumbir uma vez, quando o time de futebol jogou com a escola secundária na Califórnia. Depois de uma boa temporada, s promotores da cidade estavam tão orgulhosos e exaltados que pagavam para que fôssemos de avião até a Califórnia para disputar um campeonato de escolas secundárias com o time de lá. Quando chegamos à cidade tivemos de visitar um indústria local qualquer. Nosso treinador era um daqueles dados a convencer as pessoas de que o atletismo era educativo por causa do aprendizado proporcionado pelas viagens, e em todas as viagens que fazíamos ele carregava com o time para visitar fábricas de laticínios, fazendas de plantação de beterraba e fábricas de conservas, antes do jogo . Na Califórnia foi uma fábrica de tecido. Quando entramos na fábrica, a maior parte do time deu uma olhada rápida e saiu para ir sentar-se no ônibus e jogar pôquer em cima das malas, mas eu fiquei lá dentro numa canto, fora do caminho das moças negras que corriam de um lado para o outro entre as fileiras de máquinas. A fábrica me colocou numa espécie de sonho, todos aqueles zumbidos e estalos a chocalhar de gente e de máquinas sacudindo-se em espasmos regulares. Foi por isso que eu fiquei quando todos os outros se foram, por isso e porque aquilo me lembrou de alguma forma os homens da tribo que haviam deixado a aldeia nos últimos dias para ir trabalhar na trituradora de pedras para a represa. O padrão frenético, os rostos hipnotizados pela rotina... eu queria ir com o time, mas não pude. Era de manhã, no princípio do inverno, e eu ainda usava a jaqueta que nos deram quando ganhamos o campeonato - uma jaqueta vermelha e verde com mangas de couro e um emblema com o formato de uma bola de futebol bordado nas costas, dizendo o que havíamos vencido - e ela estava fazendo com que uma porção de moças negras olhassem. Eu a tirei , mas elas continuaram olhando. Eu era muito maior naquela época. " (Página 46) "Uma das moças afastou-se de sua máquina e olhou para um lado e para o outro das passagens entre as máquinas, para ver se o capataz estava por perto, depois veio até onde eu estava. Perguntou se íamos jogar na escola secundária naquela noite e me disse que tinha um irmão que jogava como zagueiro para eles. Falamos um pouco a respeito do futebol e coisas assim, e reparei como o rosto dela parecia indistinto, como se houvesse uma névoa entre nós dois. Era a lanugem de algodão pairando no ar. Falei-lhe a respeito da lanugem. Ela revirou os olhos e cobriu a boca com a mão, para rir, quando eu lhe disse como era parecido com o olhar o seu rosto numa manhã enevoada de caça ao pato. E ela disse : " Agora me diga para que é que você quereria nesse bendito mundo estar sozinho comigo lá fora, numa tocaia de pato ?" Disse-lhe que ela poderia tomar de conta da minha arma, e as moças começaram a rir com a boca escondida atrás das mãos na fábrica inteira. Eu também ri um pouco, vendo como havia parecido inteligente. Anda estávamos conversando e rindo quando ela agarrou meus pulsos e os apertou com as mãos. Os traços do seu rosto de repente se acentuaram num foco radioso; vi que ela estava aterrorizada por alguma coisa. - Leve-me - disse ela num murmúrio - Leve-me mesmo garotão. Para fora desta fábrica aqui, para fora desta cidade, para fora desta vida. Me leva para uma tocaia de pato qualquer, num lugar qualquer . Num outro lugar qualquer. Hem garotão, hem ?
Ken Kesey (One Flew Over the Cuckoo’s Nest)
Três coisas estão faltando. A primeira: você sabe por que livros como este são tão importantes? Porque têm qualidade. E o que significa a palavra qualidade? Para mim significa textura. Este livro tem poros. Tem feições. Este livro poderia passar pelo microscópio. Você encontraria vida sob a lâmina, emanando em profusão infinita. Quanto mais poros, quanto mais detalhes de vida fielmente gravados por centímetro quadrado você conseguir captar numa folha de papel, mais “literário” você será. Pelo menos, esta é a minha definição. Detalhes reveladores. Detalhes frescos. Os bons escritores quase sempre tocam a vida. Os medíocres apenas passam rapidamente a mão sobre ela. Os ruins a estupram e a deixam para as moscas. Entende agora por que os livros são odiados e temidos? Eles mostram os poros no rosto da vida. Os que vivem no conforto querem apenas rostos com cara de lua de cera, sem poros nem pelos, inexpressivos. Estamos vivendo num tempo em que as flores tentam viver de flores, e não com a boa chuva e o húmus preto. Mesmo os fogos de artifício, apesar de toda a sua beleza, derivam de produtos químicos da terra. No entanto, de algum modo, achamos que podemos crescer alimentando-nos de flores e fogos de artifício, sem completar o ciclo de volta à realidade. Você conhece a lenda de Hércules e Anteu, o gigantesco lutador cuja força era invencível desde que ele ficasse firmemente plantado na terra? Mas quando Hércules o ergueu no ar, deixando-o sem raízes, ele facilmente pereceu. Se não existe nessa lenda nenhuma lição para nós hoje, nesta cidade, em nosso tempo, então sou um completo demente. Bem, aí temos a primeira coisa de que precisamos. Qualidade, textura da informação. — E a segunda? — Lazer. — Ah, mas já temos muitas horas de folga. — Horas de folga, sim. Mas e tempo para pensar? Quando você não está dirigindo a cento e sessenta por hora, numa velocidade em que não consegue pensar em outra coisa senão no perigo, está praticando algum jogo ou sentado em algum salão onde não pode discutir com o televisor de quatro paredes. Por quê? O televisor é “real”. É imediato, tem dimensão. Diz o que você deve pensar e o bombardeia com isso. Ele tem que ter razão. Ele parece ter muita razão. Ele o leva tão depressa às conclusões que sua cabeça não tem tempo para protestar: “Isso é bobagem!”. — Somente a “família” é “gente”. — Como disse? — Minha mulher diz que os livros não são “reais”. — Graças a Deus que não. Você pode fechá-los e dizer: “Espere um pouco aí”. Você faz com eles o papel de Deus. Mas quem consegue se livrar das garras que se fecham em torno de uma pessoa que joga uma semente num salão de tevê? Ele dá a você a forma que ele quiser! É um ambiente tão real quanto o mundo. Ele se torna a verdade e é a verdade. Os livros podem ser derrotados com a razão. Mas com todo o meu conhecimento e ceticismo, nunca consegui discutir com uma orquestra sinfônica de cem instrumentos, em cores, três dimensões, e ao mesmo tempo estar e participar desses incríveis salões. Como você vê, meu salão não passa de quatro paredes de gesso. E veja. — Faber exibiu dois pequenos tampões de borracha. — Para minhas orelhas, quando ando nos jatos subterrâneos. — O Dentifrício Denham; eles não tecem, nem fiam — disse Montag, os olhos cerrados. — E para onde vamos? Os livros nos ajudariam? — Só se nos fosse dada a terceira coisa necessária. A primeira, como eu disse, é a qualidade da informação. A segunda, o lazer para digeri-la. E a terceira, o direito de realizar ações com base no que aprendemos da interação entre as duas primeiras.
Ray Bradbury (Fahrenheit 451)
Enquanto eu crescia, via minhas amigas passarem por vários meninos, um após o outro, e sempre acharem uma razão para descartá-los, se sentindo insatisfeitas, frustradas ou usadas. Eu olhava para elas e pensava que não queria ser assim. E essas meninas, elas estão todas solteiras agora, e parece que vão continuar assim para sempre, porque estão sempre em busca do príncipe encantado. Elas têm uma imagem de quem ele é, como ele é, o que ele faz e como se comporta. E é uma fantasia, uma total fantasia. As mesmas besteiras que falam para as mulheres desde... sempre. Príncipe encantado. O homem perfeito. O boneco Ken. O espécime perfeito. O Solteirão. O marido ideal. Porque esses caras, os incrivelmente bonitos, os charmosos, os que viram seu mundo de cabeça para baixo, os que parecem bons demais para ser verdade, bem, eles costumam ser bons demais para ser verdade. É uma outra palavra para conquistador, uma descrição mais apropriada. Sociopata. É impressionante quantas mulheres se apaixonam por caras assim, caem no mesmo papo, mil e uma vezes, e então amaldiçoam o dia em que o conheceram. O jogo da sedução... é um dos truques mais velhos que existem. E na realidade é o que é: Um jogo de sorte. Sabe aquele jogo em que uma pessoa coloca uma pedra ou uma bolinha embaixo de um de três ou quatro copos e os embaralha sem parar até você adivinhar sob qual copo a pedra está? Observe os copos se moverem e tente adivinhar qual contém o homem certo. Jogue este jogo e você vai perder. Sempre. É certo. Ninguém quer acreditar que está ligado ao outro, especialmente no amor. Porque isso dói pra cacete. Talvez mais do que qualquer outra coisa no mundo. Te atinge no peito. Te faz sentir enjoada. Te faz sentir burra. Muito, muito burra. Então a melhor coisa que alguém tem a fazer numa situação destas é: Fingir que não foi pega de surpresa. Fingir que sempre soube de tudo. Fingir que nunca aconteceu. Começar tudo outra vez. E desta vez, dizer para si mesmas, nunca mais. Nunca vou cair no mesmo truque de novo. Mas vão. Vão cair porque não sabem o que querem da vida e, até saberem, estão fadadas a repetir padrões de tempos em tempos, destinadas a repetir os mesmos erros. Porque estão buscando uma fantasia inalcançável. Ou o homem perfeito. O marido perfeito. O amante perfeito. E a vida não é assim. Realmente não é. Não é mesmo. Pessoas não são assim. E isso não se aplica somente a mulheres. Homens são vítimas de seu próprio autoengano também. Os mais sensíveis, pelo menos. Os que são evoluídos o suficiente para pensar em mulheres como mais do que apenas um receptáculo para seu gozo. Às vezes, eles são muito evoluídos. Eles pensam muito. Eles colocam as mulheres em um pedestal, idealizam a companheira perfeita num nível que ninguém pode atingir. Pelo menos, eu sei que eu não posso. E para mim, isso apenas parece ser a receita para uma vida de decepção e relacionamentos fracassados. De procurar incessantemente pela pessoa certa e sempre acabar com a errada. Muito errada. Este é o jogo do amor. Um jogo em que todos perdem. Você vai dizer, isso é horrível. Eu digo, realista. Eu não estou dizendo que não acredito em amor, porque eu acredito. E, se duvidar, sou capaz de admitir que é a única coisa em que eu acredito. Nada de Deus, dinheiro, pessoas. Somente no amor. E eu não estou sugerindo que ninguém abaixe seu nível de exigência, ou se contente com pouco. Longe disso.
Sasha Grey (The Juliette Society (The Juliette Society, #1))
As ideologias democráticas (soberania do povo, vontade geral, solidarismo, etc.) são, por essência e por definição, unitárias e autoritárias. Elas assentam numa ficção cómoda para os governos, a qual formenta a preguiça de espírito dos governados. Tal como o interesse geral constitui uma ficção no plano da economia, porquanto os homens têm na realidade interesses sempre diferentes e divergentes relativamente a determinados pontos, na política, a vontade geral não é mais do que uma entidade verbal. A pretensa vontade geral configura, no fundo, a vontade da oligarquia dominante; todos os jogos da política nunca fazem senão mudar de oligarquia. Com efeito, multidão e oligarquia assemelham-se num ponto: o ódio comum relativamente a toda e qualquer personalidade independente, a toda e qualquer vontade dissidente. A mediocridade do pensamento e das aspirações dos dirigidos reage com a mediocridade dos dirigentes, e vice-versa. É sobretudo na democracia que se verifica a célebre afirmação: "Eu sou o chefe; há que segui-los".
Georges Palante (As Antinomias entre o Indivíduo e a Sociedade)
Come molti autori ci raccontano, si scrive quando si ha qualcosa di interessante da raccontare. In questo momento, io ho solamente un vuoto mentale, e consegno a te la pagina bianca", replicò Roberta.
Sveva Casati Modignani (O Jogo da Verdade)
A cara de Abel estava coberta de moscas, havia moscas nos seus olhos abertos, moscas na comissura dos lábios, moscas nas feridas que tinha sofrido nas mãos quando as levantara para proteger-se dos golpes. Pobre Abel, a quem deus tinha enganado. O senhor havia feito uma péssima escolha para a inauguração do jardim do éden, no jogo da roleta posto a correr todos tinham perdido, no tiro ao alvo de cegos ninguém havia acertado. A eva e adão ainda restava a possibilidade de gerarem um filho para compensar a perda do assassinado, mas bem triste há de ser a gente sem outra finalidade na vida que a de fazer filhos sem saber porquê nem para quê. Para continuar a espécie, dizem aqueles que crêem num objectivo final, numa razão última, embora não tenham nenhuma ideia sobre quais sejam e que nunca se perguntaram em nome de quê terá a espécie de continuar como se fosse ela a única e derradeira esperança do universo. Ao matar Abel por não poder matar o senhor, Caim deu já a sua resposta. Não se augure nada bom da vida futura deste homem.
José Saramago (Caim)
A beleza do pôquer é que, embora a sorte esteja sempre envolvida, ela não determina os resultados a longo prazo. Uma pessoa pode receber uma mão horrível e vencer alguém com uma mão sensacional. A pessoa que recebe boas cartas tem uma probabilidade maior de ganhar, é claro, mas, no final das contas, o vencedor é determinado pelas — sim, você adivinhou — escolhas que faz ao longo do jogo. Eu vejo a vida da mesma forma. Todos nós recebemos cartas aleatórias no início do jogo, alguns, cartas melhores. E, embora seja fácil nos fixar no que está na mão e sentir que nos ferramos, na verdade o jogo está nas escolhas que fazemos com essas cartas, nos riscos que decidimos correr e nas consequências com as quais escolhemos viver. Quem, de maneira consistente, faz as melhores escolhas diante das situações que se apresentam acaba ganhando no pôquer, e na vida. Não necessariamente quem tem as melhores cartas.
Mark Manson (A sutil arte de ligar o f*da-se: Uma estratégia inusitada para uma vida melhor)
Nada se perde nem nada se complica se o jogo é franco: só os casais burgueses se atraiçoam, só as certidões de casamento são jaulas de loucos furiosos e selva primitiva povoada de dinossauros sem cérebro".
José Saramago (Manual of Painting and Calligraphy)
Quanto mais lê, ou escreve, menos capaz é de ver, de sentir, o que lhe passa ao lado. O seu ser reduz-se a egoísmo, vaidade, ressentimento. Vaidade agradecida ou ressentimento irritado, cá está o seu amor e o seu ódio! Que resta da sua curiosidade primitiva, da sua naturalidade juvenil, do seu dom de admirar sem despeito, de amar ou odiar naturalmente, de se interessar pela vida sem fazer dela um pretexto de literatura...?
José Régio (Jogo da Cabra Cega)
Muita gente começa seu dia tendo dez ou vinte tarefas para esse dia. No fim do horário de trabalho, só conseguiram fazer metade dos itens e sentem o peso do fracasso. Essas pessoas estão criando um jogo que não têm como vencer.
Michael Hyatt (Este é o melhor ano da sua vida: Cinco Passos para Alcançar os seus mais Importantes Objetivos (Portuguese Edition))
- Para quê mais regras gerais, mais uniformizações universalistas? Talvez isso aproxime os homens... Talvez! Mas algemando-os; mas constrangendo-os a recalcar o excecional de cada um. Toda a regra geral é uma condenação das exceções. A aproximação dos homens será portanto fictícia... E já Você compreende aonde quero chegar, querido amigo: O que é preciso agora é aproximar os homens pelas suas diferenças. Mas os antagonismos confessados diretamente - irritam e repelem. Não acha que é melhor sugerir, penetrar, infiltrar...? Cada homem se enriquecerá dos individualismos alheios, e assim terá direito a afirmar o seu próprio. Bem sei, meu amigo: tudo isto parece utopia; e o caminho é sem dúvida longo, é delicado, é obscuro, tem de haver mortos pelo caminho... Mas só daqui pode nascer um novo universalismo! O resultado final será a ilimitação da personalidade, a dispersão do eu cerrado em si. O homem poderá então compreender e compreender-se. Cada um poderá então ser o que é, ser o que são os outros, ser em cada momento o que em cada momento é, e contradizer-se de palavra para palavra, de gesto para gesto, mantendo no entanto a sua admirável unidade! Ouça bem, querido amigo! A vida ainda está toda por explorar, não é verdade? O homem tem tirado sempre sobre si próprio, como um pião, dentro do mesmo círculo. Só os anormais...
José Régio (Jogo da Cabra Cega)
Mas como esta raça de imbecis se reúne com frequência com medo da solidão, ou seja, do tédio, torna-se necessário que, depois de escutar um pouco de música, saborear uma bebida e entregar-se a algum jogo, falem uns com os outros. Em que poderia consistir a troca de palavras entre pessoas que não têm nada para dizer? Cérebros desabitados, almas desertas, cabides ambulantes encimados por rostos mascarados que se inibem do que é verdadeiramente humano e profundo, podem palrar, mas não falar. Com efeito - à parte o papaguear de notícias e opiniões recolhidas dos jornais da manhã e que todos já conhecem -, as conversas compõem-se de mexericos sobre escândalos importantes ou exagerados, elogios aos presentes, maledicência acerca dos ausentes e comentários quase sempre impregnados de subentendidos sexuais.
Giovanni Papini (Relatório sobre os Homens)
Porque na vida há tantos tipos de perspectivas, as chamadas grandes perspectivas, que todos consideram fundamentais, e as que eu chamo microperspectivas, que serão insignificantes, admito-o, mas se tudo é relativo, se a natureza concede que existam águias e formigas, por que razão, digo eu, não se poderá viver como as formigas, de microperspectivas?
Antonio Tabucchi
Tem uma coisa acontecendo em mim um encaixe de peças jogo quieto
Heloiza Abdalla (Ana Flor da Água da Terra)
O regime democrata é o regime da irresponsabilidade. Irresponsáveis no momento, irresponsáveis perante a História, dispersos e cómicos, comparsas de uma política instável de amadores, os partidos conspiram assim permanentemente contra o equilíbrio e o bem nacional. (…) Deste viveiro sai um pessoal governativo perfeitamente desorientado e ridículo de vaidade – “quem quer ver o vilão meta-lhe a vara na mão.” – Duas preocupações se valem do ânimo atribulado dos ministros da República; aguentar- se no poder e aguentar-se do poder. (…) Metido na engrenagem diabólica do jogo das facções, o amador político extenua-se no caminho estéril das démarches e na loucura frenética da eloquência parlamentar; vive sobre brasas, aterrado perante as imposições ambiciosas dos chefes, receoso diante das demagógicas exigências da massa partidária. (…) O resultado é naturalmente aquela necessidade de constante de em que está o regime de lançar mão de tudo e de todos sem escolha nem selecção a não ser a selecção invertida dos valores morais que um tal sistema produz. As facções do regime não hesitarão na hora presente em vender a nação se isso lhes parecer trazer, por momentos que seja, o seu particular triunfo.
Rolão Preto
[...] o leitor ou ouvinte são como o apanhador (catcher) num jogo de beisebol.
Mortimer J. Adler (How to Read a Book: The Classic Guide to Intelligent Reading)
Gostando ou não, a vida é um jogo. Quem nega essa verdade, quem se recusa a entrar no jogo, fica esperando nas linhas laterais
Phil Knight (A marca da vitória: A autobiografia do criador da Nike (Portuguese Edition))
Quem nega essa verdade, quem se recusa a entrar no jogo, fica esperando nas linhas laterais
Phil Knight (A marca da vitória: A autobiografia do criador da Nike (Portuguese Edition))
Entre o karma e o destino, nossos caminhos se cruzaram em uma tarde de domingo. Hipnotizado pelos seus olhos castanhos brilhantes, minha alma reconheceu a sua em cinco segundos. Eu sabia que era jogo perdido e que não adiantava lutar: a paixão estava anunciada na maneira que o meu coração batia freneticamente e nossos beijos eram como oráculos sussurrando que o amor estava vindo e não havia para onde correr.
Ben Oliveira
Eu sou herdeira do destino, e a única coisa que ele me deixou foi o tempo que, por sinal, está acabando. Não sou uma princesa, apenas um peão em um jogo muito maior do que eu e você. Estou presa em uma emboscada, e você pode me ajudar acreditando que nada de mau vai acontecer pela minha intenção ou pelo meu comando. Ou pode duvidar de mim, e me vigiar noite e dia.
Natalia Avila (A Canção dos Desejos Esquecidos (O Conto Perdido de Montecorp, #2))
The truth is, there was no one else around. Months later, not at first, one of them would say that the office was a “desert of souls.” The other one agreed, smiling, proud that he wasn’t included in that description. And little by little, between beers, they came to share sour stories about unloved and hungry women, then soccer banter, secret Santa, wish lists, fortunetellers’ addresses, a bookie,  Jogo do bicho, cards for the punch clock, the occasional pastry after work, cheap champagne in plastic cups. In a desert of souls that were also deserts, one special soul immediately recognizes another—maybe for that reason, who knows? But neither of them wondered.
Caio Fernando Abreu (Morangos Mofados)
Não fico ressentida por conta disso, mas seria muito bom fazer coisas como passar um fim de semana em Paris, mas isso não é possível para mim no momento. Porém, sei que um dia, se seguir as regras da vida — o jogo da vida — poderei ter as coisas que sempre desejei, e elas serão muito mais especiais porque serei muito mais velha e muito mais capaz de apreciá-las.
Andrew Morton (Diana: Her True Story in Her Own Words)
Noite de Jogos: O sorriso de seu rosto se transformou em uma fisionomia séria. Fechei os meus punhos e percebi que estava furiosa com tal pedido. O rosto dela empalideceu perante minha face. Mesmo assim, Aila se aproximou e ofereceu seu pescoço em direção a minha boca. Meus caninos poderiam dilacerar a pele delicada. Mas eu a beijei, suavemente. Ela ficou arrepiada, distanciou-se um pouco e nossos olhos se encontraram.
Íris Bisof (Portal Para O Submundo)
Ele odiava os jogos de Max ... ou talvez, apenas talvez, ele os amasse
Bey Deckard (Max (Max, the Series #1))
Ao passo que a peste, pela imparcialidade eficaz com que exercia seu ministério, deveria ter reforçado a igualdade entre os nossos concidadãos pelo jogo normal dos egoísmos. Ao contrário, tornava mais acentuado no coração dos homens o sentimento da injustiça. Restava, é bem verdade, a igualdade irrepreensível da morte.
Albert Camus (La Peste)
Casamento é isso: um jogo de frescobol, o importante é não deixar a bola cair; se ela te jogar uma bola enviesada, devolva da melhor forma possível.
Jeferson Tenório (O avesso da pele)
O que estava em jogo era o futuro da nossa espécie. Para onde iríamos. O que nos tornaríamos. Kara tinha dado início à Guerra Genética.
Blake Crouch (Upgrade)
O jogo de sedução está justamente na possibilidade de alguém brincar com seu semblante, como aquilo que é-mas-não-é, fundamento próprio do brincar.
Ana Suy (A Gente Mira no Amor e Acerta na Solidão)
É um jogo engraçado, a política. Você quer melhorar as coisas pra população em geral, mas só pode fazer algo se estiver no poder. Acontece que ninguém permanece no poder sem votos e, para obter os votos necessários, você precisa fazer concessões à vontade pública. Mas aí, ao fazer essas concessões, muitas vezes você é obrigado a abrir mão justamente daquelas melhorias que queria fazer desde o início. É um jogo engraçado, a política.
Daniel Cole (Ragdoll (Fawkes and Baxter, #1))