Girl Interrupted Film Quotes

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O SUICÍDIO É UMA FORMA DE ASSASSINATO – assassinato premeditado. Não é algo que se faz da primeira vez que se pensa em fazer. A gente precisa se acostumar com a ideia. E precisa dos meios, da oportunidade, do motivo. Um suicídio bem-sucedido exige boa organização e cabeça fria, coisas geralmente incompatíveis com o estado de espírito de quem quer se suicidar. É importante cultivar um distanciamento. Uma forma de fazer isso é imaginar-se morta ou morrendo. Havendo uma janela, deve-se imaginar o próprio corpo caindo da janela. Havendo uma faca, deve-se imaginar essa faca penetrando na própria pele. Havendo um trem que já vai chegar, deve-se imaginar o próprio corpo esmagado sob as rodas. Esses exercícios são essenciais para atingir o distanciamento necessário. O motivo é de suma importância. Sem um motivo forte, vai tudo por água abaixo. Meus motivos eram fracos: um trabalho de História Americana que eu não queria fazer e a pergunta que eu me propusera meses antes: “Por que não me matar?”. Morta, eu não precisaria fazer o trabalho. Nem precisaria ficar ponderando aquela pergunta. Essa ponderação me desgastava. Depois que a gente se faz uma pergunta dessas, ela não nos larga mais. Acho que muita gente se mata só para pôr fim ao dilema de se matar ou não. Tudo o que eu pensava ou fazia era imediatamente incorporado ao dilema. Fiz um comentário idiota – por que não me mato? Perdi o ônibus – melhor acabar com tudo. Até o que era bom entrava no jogo. Gostei desse filme – talvez eu não devesse me matar. Na verdade, eu só queria matar uma parte de mim: a parte que queria se matar, que me arrastava para o dilema do suicídio e transformava cada janela, cada utensílio de cozinha e cada estação de metrô no ensaio de uma tragédia. Só fui descobrir tudo isso, porém, depois de engolir cinquenta aspirinas.
Susanna Kaysen (Girl, Interrupted)
O HOSPITAL FICAVA EM UMA COLINA na periferia da cidade, igual aos hospitais que vemos em filmes sobre loucos. Nosso hospital era famoso e havia abrigado grandes poetas e cantores. O hospital se especializou em poetas e cantores, ou será que os poetas e cantores se especializaram na loucura? O mais famoso de todos os ex-pacientes era Ray Charles. Vivíamos esperando que ele voltasse e fizesse serenatas da janela do pavilhão de recuperação de drogados. Ele nunca voltou. Contudo, tínhamos a família Taylor: Kate e Livingston estavam lá, embora James tivesse sido promovido para outro hospital antes da minha chegada. Na falta de Ray Charles, seus blues com sotaque da Carolina do Norte eram o bastante para nos entristecer. Os tristes precisam ouvir o som de sua tristeza. Robert Lowell também não passou por ali durante a minha estada. Sylvia Plath chegara e partira. Por que será que a métrica, a cadência e o ritmo provocam loucura em quem os produz?
Susanna Kaysen (Girl, Interrupted)