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24/7 nĂŁo apenas incita no indivĂduo um foco exclusivo em adquirir, ter, ganhar, desejar ardentemente, desperdiçar e menosprezar, mas estĂĄ totalmente entremeado a mecanismos de controle que tornam supĂ©rfluo e impotente o sujeito de suas demandas. A transformação do indivĂduo em objeto de escrutĂnio e regulação ininterruptos Ă© uma constante essencial da organização do terror estatal, bem como do paradigma militar-policial da dominĂąncia total.â
âEsse ritmo constante de consumo tecnolĂłgico, na forma em que se desenvolveu nas Ășltimas duas ou trĂȘs dĂ©cadas, impede a passagem de um perĂodo significativo de tempo no qual o uso de determinado produto, ou combinação de produtos, poderia se tornar familiar o suficiente a ponto de simplesmente integrar o pano de fundo de objetos em nossas vidas. As capacidades operacionais e de desempenho viram prioridades que ultrapassam a importĂąncia de qualquer coisa que possa ser considerada âconteĂșdoâ. Em vez de ser um meio para um conjunto maior de fins, o aparelho Ă© um fim em si mesmo.â
capĂtulo dois
âO sono Ă© a Ășnica barreira restante, a Ășnica âcondição naturalâ persistente que o capitalismo nĂŁo pode eliminar.â
capĂtulo trĂȘs
âComo o trabalho contemporĂąneo de Alain Resnais (Hiroshima meu amor), Jacques Rivette (Paris nos pertence), Joseph Losey (Malditos), Fritz Lang (Os mil olhos do dr. Mabuse), Jacques Tourneur (The Fearmakers) e muitos outros, o filme quer perguntar: como permanecer humano diante de um mundo desolador, quando os laços que nos conectam foram desfeitos e as formas malĂ©volas de racionalidade estĂŁo em pleno funcionamento?â
âA persistĂȘncia anormal do sono deve ser entendida em relação Ă destruição contĂnua dos processos que possibilitam a existĂȘncia no planeta. Dado que o capitalismo nĂŁo pode impor limites a si mesmo, a noção de preservação ou conservação Ă© uma impossibilidade sistĂȘmica. Nesse contexto, a inĂ©rcia restauradora do sono se coloca contra a letalidade de toda a acumulação, a financeirização e o desperdĂcio que devastaram tudo aquilo que costumava ser de domĂnio comum.â
capĂtulo quatro
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