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Entre os formadores de opiniĂŁo, a empreitada foi um completo sucesso. Mesmo para aqueles profissionais dos quais nĂŁo se poderia dizer serem ou terem sido petistas, e aqueles cuja identificação partidária nĂŁo se discerne com facilidade, a narrativa hegemĂ´nica dos intelectuais orgânicos vingou. E a tal ponto que, durante as eleições presidenciais de 1994, entrevistando o candidato EnĂ©as Ferreira Carneiro no programa Roda Viva, o jornalista Fernando Mitre (atual diretor de jornalismo da Rede Bandeirantes) pĂ´de dizer com toda a tranquilidade que Lula era “o maior lĂder da histĂłria do Brasil (sic)”.22 A duvidosa caracterização veio em resposta Ă crĂtica que o entrevistado dirigira Ă classe polĂtica brasileira, composta, segundo ele, da “escĂłria da sociedade”, ou seja, de pessoas que em geral nĂŁo haviam obtido sucesso profissional fora da polĂtica, aproximando-se desta apenas para tirar vantagem. Mitre questionava como era possĂvel sustentar aquela opiniĂŁo se estavam concorrendo Lula — descrito daquela maneira, digamos, hiperbĂłlica — e Fernando Henrique Cardoso, a quem o jornalista qualificou de “brilhante intelectual em nĂvel internacional”. Lula e FHC, o lĂder sindical e o intelectual marxista, eram os sĂmbolos da “Nova RepĂşblica”, os queridinhos da intelligentsia. Em verdade, o seu futuro antagonismo, de seus partidos e seus seguidores, nada mais significaria que um conflito em famĂlia, uma disputa por cargos e posições de influĂŞncia no seio de um quadro de total hegemonia cultural esquerdista.
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