“
Encheremos o mundo de coisas preciosas. Serão tantas que os homens passarão por elas julgando-as banais.
”
”
Afonso Cruz (Para Onde Vão Os Guarda-Chuvas)
“
Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam" | "She believed in angels, and, because she believed, they existed
”
”
Clarice Lispector (The Hour of the Star)
“
Ela did you just fart? Because you just blew me away.
”
”
Mark A. Cooper (Royal Decree (Jason Steed #4))
“
O mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. (...) Natureza da gente não cabe em nenhuma certeza.
”
”
João Guimarães Rosa (Grande Sertão: Veredas)
“
A solidão não é viver só, a solidão é não sermos capazes de fazer companhia a alguém ou a alguma coisa que está dentro de nós, a solidão não é uma árvore no meio duma planície onde só ela esteja, é a distância entre a seiva profunda e a casca, entre a folha e a raiz.
”
”
José Saramago (The Year of the Death of Ricardo Reis)
“
Quando acordaram de manhã, na mesma cama, ela disse-lhe que queria ter um passado com ele. Não era um futuro, que é uma coisa incerta, mas um passado, que é isso que têm dois velhos depois de passarem uma vida juntos. Quando disse que queria ter um passado com alguém, queria dizer tudo. Não desejava uma incerteza, mas a História, a verdade.
”
”
Afonso Cruz (Jesus Cristo Bebia Cerveja)
“
entendendo que o tempo
sempre leva
as nossas coisas preferidas no mundo
e nos esquece aqui
olhando pra vida
sem elas
”
”
Aline Bei (O Peso do Pássaro Morto)
“
Como já deveríamos saber, a representação mais exacta, mais precisa, da alma humana é o labirinto. Com ela tudo é possível.
”
”
José Saramago (A Viagem do Elefante)
“
- O amor não se prova, nem se mede. É como Gabriela. Existe, isso basta - falou João Fulgêncio. - O facto de não se compreender ou explicar uma coisa não acaba com ela. Nada sei das estrelas, mas as vejo no céu, são a beleza da noite.
”
”
Jorge Amado (Gabriela, clavo y canela)
“
A esperança, só a esperança, nada mais, chega-se a um ponto em que não há mais nada senão ela, é então que descobrimos que ainda temos tudo.
”
”
José Saramago (The Year of the Death of Ricardo Reis)
“
Porque agora sabe que ela brilhará para ele entre mil estrelas no céu sem igual da cidade negra.
”
”
Jorge Amado (Capitães da Areia)
“
Uma casa está em muitos lugares - ela respirou devagar, me abraçou. - É uma coisa que se encontra.
”
”
Ondjaki (Os da Minha Rua)
“
A solidão deve ser a única emoção que não conseguimos partilhar, se o fizermos ela desaparece.
”
”
Afonso Cruz (Flores)
“
É extraordinário! Neste abençoado país todos os políticos têm «imenso talento». A oposição confessa sempre que os ministros, que ela cobre de injúrias, tem, à parte os disparates que fazem, um «talento de primeira ordem»! Por outro lado a maioria admite que a oposição, a quem ela contantemente recrimina pelos disparates que fez, está cheia de «robustíssimos talentos»! De resto todo o mundo concorda que o país é uma choldra. E resulta portanto este facto supracómico: um país governado «com imenso talento», que é de todos na Europa, segundo o consenso unânime, o mais estùpidamente governado! Eu proponho isto, a ver: que, como os talentos sempre falham, se experimentem uma vez os imbecis!
”
”
Eça de Queirós (Os Maias)
“
(...) para pessoas como ela, o mistério começava exatamente com a explicação.
”
”
Julio Cortázar (Rayuela)
“
— não me importo — eu disse pra ele — que seja breve o nosso encontro.
porque no tempo da minha memória
somos pra sempre. não existe morrer dentro, é como uma canção.
as canções não morrem nunca porque elas moram dentro das pessoas que gostam delas.
”
”
Aline Bei (O Peso do Pássaro Morto)
“
Não gosto de despedidas porque elas chegam dentro de mim como se fossem fantasmas mujimbeiros que dizem segredos do futuro que eu nunca pedi a ninguém para vir soprar no meu ouvido de criança.
”
”
Ondjaki (Os da Minha Rua)
“
- A memória de um homem tem as suas cicatrizes, meu amigo - sussurrou Wlodek, olhando o vazio. - Há que aprender a viver com elas.
”
”
João Pinto Coelho (Perguntem a Sarah Gross)
“
Assim acontece com as estrelas de acaso! Elas não são de uma essência diferente, nem contêm mais luz que as outras: mas, por isso mesmo que passam fugitivamente e se esvaem, parecem despedir um fulgor mais divino, e o deslumbramento que deixam nos olhos é mais perturbador e mais longo...
”
”
Eça de Queirós (Os Maias)
“
Que tudo se foda, disse ela, e se fodeu toda.
”
”
Paulo Leminski (Os Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século)
“
As regras são simples: o amor é como a sombra. Se correres atrás dela, nunca a conseguirás apanhar, mas se lhe virares as costas, ela seguir-te-á para sempre.
”
”
Margarida Rebelo Pinto (Pessoas como Nós)
“
O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você.
”
”
Mario Quintana
“
As palavras dela vinham cheias de cabelos brancos, podia sentir que havia elas muita vida vivida.
”
”
Afonso Cruz (Os Livros Que Devoraram o Meu Pai)
“
As religiões, todas elas, por mais voltas que lhes dermos, não têm outra justificação para existir que não seja a morte, precisam dela como do pão para a boca.
”
”
José Saramago (Death with Interruptions)
“
Assim, apanhados pela mãe, éramos dois e contrários, ela encobrindo com a palavra o que eu publicava pelo silêncio.
”
”
Machado de Assis (Dom Casmurro)
“
Sê calmo até à estupidez como a vida. E todavia. Dar a volta por quanto existi - e exististe tanto. Porque uma vida humana. Como ela é intensa. Porque o que nela acontece não é o que nela acontece mas a quantidade de nós que acontece nesse acontecer.
”
”
Vergílio Ferreira (Para Sempre)
“
Olha para as tuas mãos, imagina tudo aquilo que elas serão capazes de construir. O mundo espera pelo invisível que, hoje, só tu és capaz de ver. Existe música por nascer no interior do silêncio. O possível é o futuro do impossível.
”
”
José Luís Peixoto
“
Óóó. É sempre bom abandonar alguém que diz que gostaria de ver você de novo, porque inevitavelmente chegaria o dia em que você ia ter que abandonar essa pessoa porque ela não quer ver você de novo.
”
”
Irvine Welsh (Porno (Mark Renton, #3))
“
Quando se deseja realmente dizer alguma coisa, as palavras são inúteis. Remexo o cérebro e elas vêm, não raras, mas toneladas. Deixam sempre um gosto de poeira na boca - a poeira do que se tentava expressar, e elas dissolveram. Quanto mais palavras ocorrem para vestir uma idéia, mais essa idéia resiste a ser identificada. As sucessivas roupas sufocam a sua nudez. E todas as palavras são uma grande bolha de sabão, às vezes brilhante, mas circundando o vazio.
”
”
Caio Fernando Abreu
“
Como eu, esperavam;não a morte, que nós, seres incautos, fechamos-lhe sempre os olhos na esperança pálida de que, se não a virmos, ela não nos verá.
”
”
José Luís Peixoto (Morreste-me)
“
Sabia que ali dentro, naquele sótão, estava tudo cheio de letras a fingirem-se de mortas, mas — sei muito bem — basta que passemos os olhos por elas para saltarem cheias de vida.
”
”
Afonso Cruz (Os Livros Que Devoraram o Meu Pai)
“
Sen
Sen esirliğim ve hürriyetimsin,
Çıplak bir yaz gecesi gibi yanan etimsin,
Sen memleketimsin.
Sen ela gözlerinde yeşil hareler,
Sen büyük, güzel ve muzaffer
ve ulaşıldıkça ulaşılmaz olan hasretimsin...
”
”
Nâzım Hikmet
“
A beleza da lagoa é sempre alguém. Porque a beleza da lagoa só acontece porque a posso partilhar. Se não houver ninguém, nem a necessidade de encontrar a beleza existe nem a lagoa será bela. A beleza é sempre alguém, no sentido em que ela se concretiza apenas pela expectativa da reunião com o outro.
”
”
Valter Hugo Mãe (A Desumanização)
“
«Creio que o guarda-chuva é uma excelente invenção. Repare: não é um objecto que evita a chuva individualmente. Não gosto dela, mas não acabo com ela, não a destruo. O guarda-chuva é uma filosofia que usamos no quotidiano. A água continua a cair nos campos, apenas evito que me estrague o penteado. É um objecto bondoso, que não magoa ninguém.»
Não há muita coisa assim.
”
”
Afonso Cruz (Flores)
“
O amor não se prova, nem se mede. É como Gabriela. Existe, isso basta. O fato de não compreender ou explicar uma coisa não acaba com ela. Nada sei das estrelas, mas as vejo no céu, são a beleza da noite.
”
”
Jorge Amado (Gabriela, clavo y canela)
“
Que a felicidade não dependa do tempo, nem da paisagem, nem da sorte, nem do dinheiro.
Que ela possa vir com toda simplicidade, de dentro para fora, de cada um para todos.
Que as pessoas saibam falar, calar, e acima de tudo ouvir.
Que tenham amor ou então sintam falta de não tê-lo.
Que tenham ideais e medo de perdê-lo.
Que amem ao próximo e respeitem sua dor.
Para que tenhamos certeza de que:
“Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade.
”
”
Carlos Drummond de Andrade
“
Ainda tentei puxar-te para mim, explicar-te que a distância aproxima as pessoas quando elas têm alguma coisa para dar uma à outra, mas já tinhas desistido de mim.
”
”
Margarida Rebelo Pinto
“
Não sou esnobe; eu simplesmente não estou interessado no que a maioria das pessoas tem pra dizer, ou no que elas desejam fazer - principalmente com o meu tempo
”
”
Charles Bukowski
“
Era tudo tão lindo que nem coube nos seus pequenos sonhos. Ela precisou aprender a sonhar mais.
”
”
Socorro Acioli (A Cabeça do Santo)
“
57.Quanto menor é a alma de um homem mais espaço ela ocupa. Não há espaço para ninguém ao seu lado.
”
”
Afonso Cruz (Para Onde Vão Os Guarda-Chuvas)
“
Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.
”
”
Graciliano Ramos (Vidas Secas)
“
Na solidão da noite, quase conseguia sentir a finitude da vida e como ela era preciosa. Nós damo-la como garantida, mas ela é frágil, precária, incerta, susceptível de acabar a qualquer momento sem aviso. Lembrei-me daquilo que devia ser evidência mas nem sempre é: que vale a pena saborear cada dia, cada hora e cada minuto das nossas vidas.
”
”
John Grogan (Marley and Me: Life and Love With the World’s Worst Dog)
“
Descobri a minha estrela. Ela é bela e graciosa. Elegante e divina. O meu riso no inverno. Ela é corajosa e forte. Arrojada e tentadora. Diferente de qualquer outra no universo e não posso tocar-lhe. Nem me atrevo a tentar.
”
”
Sherrilyn Kenyon (Dance with the Devil (Dark-Hunter, #3))
“
Cuando el dolor es muy grande el sufrimiento es silencioso
”
”
Rubem Fonseca (Ela e outras mulheres)
“
Eu chorava tanto por ele como por ela; às vezes temos compaixão por criaturas que não têm esse sentimento nem por elas próprias, nem por outras pessoas.
”
”
Emily Brontë (Wuthering Heights)
“
Ela me perguntou o quanto eu a amava. Reuni em vidro todos os humores vertidos: sangue, sêmen, lágrimas. Amo você tantos rios.
”
”
Carla Madeira (Tudo é Rio)
“
O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
”
”
Fernando Pessoa (Poemas completos de Alberto Caeiro)
“
See, kes tahab elada homsest, ei ela tänasele.
”
”
August Gailit (Ekke Moor)
“
Cada vela do céu já se apagou E o dia, triunfante, se prepara Para pisar nos cumes das montanhas. Ou vou e vivo, ou fico aqui e morro. William Shakespeare,
”
”
John Ajvide Lindqvist (Deixa ela entrar)
“
O amor perdido não deixa de ser amor. Apenas assume uma forma diferente. Não conseguimos ver o sorriso da pessoa amada, ou levar-lhe comida, ou mexer-lhe nos cabelos, ou rodopiar com ela numa pista de dança. Mas quando esses sentimentos enfraquecem, há outro que se sublime. A memória. A memória torna-se nossa companheira. Alimenta-nos. A vida tem um fim. Mas o Amor não.
”
”
Mitch Albom (The Five People You Meet in Heaven)
“
E ela pensava como esta nossa vida é variada e diversa, como ela é mais rica de aspectos tristes que de alegres, e como na variedade da vida a tristeza pode mais variar que a alegria e como que dá o próprio movimento da vida.
”
”
Lima Barreto (O Triste Fim de Policarpo Quaresma)
“
- Queres ser feliz?
- Sim. Não. Não sei. Que tipo de pergunta é essa?
- Apenas uma simples - disse ela - queres ser feliz?
- Eu não... acho que não sei como.
- Só tu podes aprender. - disse ela.
”
”
Elizabeth Scott
“
Rosa nunca se sente única. Isso nunca lhe acontece na vida. Todos os seus momentos são minimizados com um "isso também já me aconteceu". A vida de Rosa é partilhada por todos e não tem nada de único. Todos os seres humanos são únicos, menos Rosa. Ela pertence a todos, como o pão da missa que se divide pela humanidade.
”
”
Afonso Cruz (Jesus Cristo Bebia Cerveja)
“
Não penses que a sabedoria é feita do que se acumulou. Porque ela é feita apenas do que resta depois do que se deitou fora.
”
”
Vergílio Ferreira (Pensar)
“
Fui feliz com ela e suspeito que nunca a conheci. Teria sido feliz se realmente a tivesse conhecido?
”
”
José Eduardo Agualusa
“
Estamos condenados a pensar com palavras, a sentir em palavras, se queremos pelo menos que os outros sintam connosco. Mas as palavras são pedras. As palavras são pedras,o que nelas vive é o espírito que por elas passa.
”
”
Vergílio Ferreira (Aparição)
“
A vida é tão maravilhosa que a nossa mente tenta dar uma utilidade a ela, mas isso é uma besteira. A vida é fruição, é uma dança, só que é uma dança cósmica, e a gente quer reduzi-la a uma coreografia ridícula e utilitária.
”
”
Ailton Krenak (A vida não é útil)
“
Depois olhas para ela e sorris um sorriso que o teu rosto hipócrita irá recordar até ao fim dos teus dias. Querida, dizes, isto é apenas um capítulo do meu romance.
É assim que a perdes.
”
”
Junot Díaz (This Is How You Lose Her)
“
A esperança parece inventada pela espera. Eu não sei esperar. Todos os dias me assusto por não ter esperança. Quero muito ter. A minha mãe manda fazer um esforço. Ela diz: acredite sempre. Eu acredito, só não estou certa de saber ficar à espera.
”
”
Valter Hugo Mãe (O Paraíso são os Outros)
“
Ela teria de morrer, mais cedo ou mais tarde. Morta. Mais tarde haveria um tempo para essa palavra. Amanhã, e amanhã, e ainda outro amanhã arrastam-se nessa passada trivial do dia para a noite, da noite para o dia, até a última sílaba do registro dos tempos. E todos os nossos ontens não fizeram mais que iluminar para os tolos o caminho que leva ao pó da morte. Apaga-te, apaga-te, chama breve! A vida não passa de uma sombra que caminha, um pobre ator que se pavoneia e se aflige sobre o palco - faz isso por uma hora e, depois, não se escuta mais sua voz. É uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria e vazia de significado.
”
”
William Shakespeare (Macbeth)
“
Um artista pode sofrer muito, ser muito infeliz até à morte. Acredito mesmo que entre os artistas se enfileirem alguns dos grandes desgraçados da terra. No entanto, na desventura dum artista - por amarga que ela tenha sido - brilhou sempre um raio de sol. A sua desgraça não foi com certeza a duma existência vazia e desoladora - que é a maior e mais real miséria deste mundo.
”
”
Mário de Sá-Carneiro
“
Perguntamo-nos o que viemos cá fazer, que lágrima foi que guardámos para verter aqui, e porquê, se as não chorámos em tempo próprio, talvez por ter sido então menor a dor que o espanto, só depois é que ela veio, surda, como se todo o corpo fosse um único músculo pisado por dentro, sem nódoa negra que de nós mostrasse o lugar do luto.
”
”
José Saramago (The Year of the Death of Ricardo Reis)
“
Ser ou estar. Não, não é ser ou não ser, essa já existe, não confundir com a minha que acabei de inventar agora. Originalíssima. Se eu sou, não estou porque para que eu seja é preciso que eu não esteja. Mas não esteja onde? Muito boa a pergunta, não esteja onde. Fora de mim, é lógico. Para que eu seja assim inteira (essencial e essência) é preciso que não esteja em outro lugar senão em mim. Não me desintegro na natureza porque ela me toma e me devolve na íntegra: não há competição mas identificação dos elementos. Apenas isso. Na cidade me desintegro porque na cidade eu não sou, eu estou: estou competindo e como dentro das regras do jogo (milhares de regras) preciso competir bem, tenho consequentemente de estar bem para competir o melhor possível. Para competir o melhor possível acabo sacrificando o ser (próprio ou alheio, o que vem a dar no mesmo). Ora, se sacrifico o ser para apenas estar, acabo me desintegrando (essencial e essência) até a pulverização total.
”
”
Lygia Fagundes Telles (As Meninas)
“
Mas, vendo bem, e se me é permitido um lugar-comum corriqueiro, não será que até as coisas inúteis têm cabimento neste mundo longe-de-ser-perfeito? Se desta vida imperfeita eliminássemos tudo o que é inútil, a imperfeição deixaria ela própria de fazer sentido.
”
”
Haruki Murakami (Sputnik Sweetheart)
“
Eu acredito que ela tem o tipo de magia que provoca revoluções e promove grandes descobertas. Não há nada que eu goste mais do que observar Gabriela no meio de um grupo de pessoas. Você sabe o que ela me lembra? Uma rosa perfumada num bouquet de flores artificiais.
”
”
Jorge Amado (Gabriela, clavo y canela)
“
Ah, meu amor, não tenhas medo da carência: ela é o nosso destino maior. O amor é tão mais fatal do que eu havia pensado, o amor é tão inerente quanto a própria carência, e nós somos
garantidos por uma necessidade que se renovará continuamente. O amor já está, está sempre. Falta apenas o golpe da graça - que se chama paixão.
”
”
Clarice Lispector (The Passion According to G.H.)
“
Aliás, se o ciúme nos ajuda a descobrir certo pendor para a mentira na mulher que amamos, centuplica ele esse pendor quando a mulher descobre que somos ciumentos. Ela mente (em proporções como nunca nos tinha mentido antes), ou por pena, ou por medo, ou se furta instintivamente por uma fuga simétrica às nossas investigações.
”
”
Marcel Proust (La Prisonnière)
“
Sabe, Virgínia, vejo Laura como aquele espelho
despedaçado: a gente pode ir lá no fundo e colar os cacos, mas tudo então que ele vier a refletir, o céu, as árvores, as pessoas, tudo, tudo estará como ele próprio, partido em mil pedaços. Veja bem, triste não é o que possa vir a acontecer...
A morte, por exemplo. Triste é o que está acontecendo neste instante. Ela tem a cabeça doente, o coração doente. E não há remédio. Só o sopro lá dentro é que continua perfeito como o espelho antes de cair no chão.
”
”
Lygia Fagundes Telles (Ciranda de Pedra)
“
Ai dor! Era-me preciso enterrar magnificamente os meus amores. Eles lá iam, mar em fora, no espaço e no tempo, e eu ficava-me ali numa ponta de mesa, com os meus quarenta anos, tão vadios e tão vazios; ficava-me para os não ver nunca mais, porque ela poderia tornar e tornou, mas o eflúvio da manhã quem é que o pediu ao crepúsculo da tarde?
”
”
Machado de Assis (Memórias póstumas de Brás Cubas)
“
Ava, se você for ouvir tudo que as pessoas esperam de você, vai viver a vida que elas querem. Várias pessoas vão achar que você é só músculo e nenhum cérebro, mas você tem de se perguntar se isso é real. A impressão que elas têm de você não é a verdade. Não é o respeito delas que vai fazer você melhor ou pior! O que os outros acham de você não a define, e sim como você se vê, a forma como pensa de si mesma.
”
”
Bárbara Morais (A Ilha dos Dissidentes (Anômalos, #1))
“
Ora, a solidão, ainda vai ter de aprender muito para saber o que isso é, Sempre vivi só, Também eu, mas a solidão não é viver só, a solidão é não sermos capazes de fazer companhia a alguém ou a alguma coisa que está dentro de nós, a solidão não é uma árvore no meio duma planície onde só ela esteja, é a distância entre a seiva profunda e a casca, entre a folha e a raiz, Você está a tresvariar, tudo quanto menciona está ligado entre si, aí não há nenhuma solidão, Deixemos a árvore, olhe para dentro de si e veja a solidão, Como disse o outro, solitário andar por entre a gente, Pior do que isso, solitário estar onde nem nós próprios estamos.
”
”
José Saramago (The Year of the Death of Ricardo Reis)
“
Pessoas com vidas interessantes não têm fricote. Elas trocam de cidade. Investem em projetos sem garantia. Interessam-se por gente que é o oposto delas. Pedem demissão sem ter outro emprego em vista. Aceitam um convite para fazer o que nunca fizeram. Estão dispostos a mudar de cor preferida, de prato predileto. Começam do zero inúmeras vezes. Não se assustam com a passagem do tempo. Sobem no palco, tosam o cabelo, fazem loucuras por amor, compram passagens só de ida.
”
”
Martha Medeiros (Doidas e santas)
“
Bran dissera, uma vez, que a confiança era um conceito sem qualquer significado. Mas, se não podíamos confiar, ficávamos sós, porque nem a amizade, nem a sociedade, nem a família, nem a aliança, podiam existir sem confiança. Sem ela ficávamos dispersos, à mercê dos quatro ventos, sem nada a que nos agarrarmos.
”
”
Juliet Marillier (Son of the Shadows (Sevenwaters, #2))
“
As pessoas querem fazer parte de algo maior, algo mais profundo do que elas próprias. Algo pelo qual valha a pena viver, valha a pena morrer. Algo tão maravilhoso que estão dispostas a correr o risco de serem chamadas loucas, o risco de nadarem sozinhas nas águas mais escuras, determinadas a mergulhar nas profundezas para encontrarem algo especial, algo que possa durar para sempre.
”
”
Deborah Smith (A Gentle Rain)
“
Não entender era tão vasto que ultrapassava qualquer entender - entender era sempre limitado. Mas não entender não tinha fronteiras e levava ao infinito, ao Deus. Não era um não entender como um simples de espírito. O bom era ter uma inteligência e não entender. Era uma benção estranha como a de ter uma loucura sem ser doida. Era um desinteresse manso em relação às coisas ditas do intelecto, uma doçura de estupidez. Mas de vez em quando vinha a inquietação insuportável: queria entender o bastante para pelo menos ter mais consciência daquilo que ela não entendia. Embora no fundo não quisesse compreender. Sabia que aquilo era impossível e todas as vezes que pensara que se compreendera era por ter compreendido errado. Compreender era sempre um erro - preferia a largueza tão ampla e livre e sem erros que era não entender. Era ruim, mas pelo menos sabia que estava em plena condição humana. No entanto às vezes adivinhava. Eram manchas cósmicas que substituíam entender.
”
”
Clarice Lispector (Aprendizaje o El libro de los placeres)
“
Ninguem sabia o quanto ela o amava. Amava-o, porque ele a devolvera à vida. Ela vivia como uma lagarta dentro de um casulo, e Jack obrigara-a a sair cá para fora e mostrara-lhe que, afinal, era uma borboleta. (...) acordando o amor que jazia latente no seu coração, teria passado o resto da vida insensível às alegrias e penas do amor.
”
”
Ken Follett (The Pillars of the Earth (Kingsbridge, #1))
“
A nossa Terra é como uma criança que cresceu sem pais, sem ter quem a guie e oriente (...) Houve quem tentasse ajudá-la, mas a maioria procurou simplesmente usá-la. Os seres humanos, que receberam a tarefa de guiar o mundo com amor, em vez disso, saquearam-no sem qualquer consideração para além das necessidades imediatas. E pensaram pouco nos próprios filhos, que vão herdar a sua falta de amor. Por isso usam e abusam da Terra e, quando ela estremece ou reage ofegante, ofendem-se e erguem os punhos contra Deus.
”
”
William Paul Young (The Shack)
“
Não há porque te compares com os demais, e se a natureza te criou para morcego, não deves aspirar ser avestruz. às vezes te consideras por demais esquisito e te reprovas por seguires caminhos diversos dos da maioria. Deixa-te disso. Contempla o fogo, as nuvens e quando surgirem presságios e as vozes soarem em tua alma abandona-te a elas sem perguntares se isso convém.
”
”
Hermann Hesse (Demian)
“
- Carlinhos da minha alma, é inútil que ninguém ande à busca da «sua mulher», e necessariamente tem de a encontrar. Tu estás aqui, na Cruz dos Quatro Caminhos, ela está talvez em Pequim: mas tu, aí a raspar o meu repes com o verniz dos sapatos, e ela a orar no templo de Confúcio, estais ambos insensivelmente, irresistivelmente, fatalmente, marchando um para o outro!...
”
”
Eça de Queirós (Os Maias)
“
Seninle ne ilgim olduğunu soruyorsun ya hani?” dedi ve aralarındaki yakınlık nedeniyle tıpkı kendi nefesi gibi Ela’nın kesik soluklarının da hızlandığını fark etti. Bakışlarını onun yeşillerinden an bile ayırmadan, Ela’nın eli göğsünde, kalbinin tam üzerindeyken sözlerine devam etti. “İşte bak… Hisset…” dedi ve genç kızın gürültülü nefeslerini işitse de ara vermedi. “Tam şurasının seninle bir ilgisi var. Her şeyin nedeni bu, anlıyor musun Ela?
”
”
Burcu Büyükyıldız (Bir Günah Gibi (Aşkın Renkleri, #2))
“
Aproveita a vida enquanto ela é vida dentro de ti. Aproveita o teu corpo enquanto és tu que lá moras. Aproveita. Primeiro tens mais espírito do que corpo
e há dentro de ti uma convulsão de ideias, uma agitação insolorida de projectos, resoluções, descobertas.
Depois a convulsão abranda e começas a viver das ideias amealhadas.
Depois, pouco a pouco, vais perdendo essas ideias ou vai-las esquecendo no
sótão de ti. Depois resta só uma ou duas com que te vais governando.
Aproveita o teu corpo enquanto estás dentro dele.
Aproveita enquanto estás
”
”
Vergílio Ferreira (Pensar)
“
Úrsula se perguntava se não era preferível se deitar logo de uma vez na sepultura e lhe jogarem a terra por cima, e perguntava a Deus, sem medo, se realmente acreditava que as pessoas eram feitas de ferro para suportar tantas penas e mortificações. E perguntando e perguntando ia atiçando sua própria perturbação e sentia desejos irreprimíveis de se soltar e não ter papas na língua como um forasteiro e de se permitir afinal um instante de rebeldia, o instante tantas vezes desejado e tantas vezes adiado, para cortar a resignação pela raiz e cagar de uma vez para tudo e tirar do coração os infinitos montes de palavrões que tivera que engolir durante um século inteiro de conformismo.
– Porra! – gritou.
Amaranta, que começava a colocar a roupa no baú, pensou que ela tinha sido picada por um escorpião.
– Onde está? – perguntou alarmada.
– O quê?
– O animal! – esclareceu Amaranta.
Úrsula pôs o dedo no coração.
– Aqui – disse
”
”
Gabriel García Márquez (One Hundred Years of Solitude)
“
Eu tenho à medida que designo – e este é o esplendor de se ter uma linguagem . Mas eu tenho muito mais à medida que não consigo designar. A realidade é a matéria-prima, a linguagem é o modo como vou buscá-la – e como não acho. Mas é do buscar e não achar que nasce o que eu não conhecia, e que instantaneamente reconheço. A linguagem é o meu esforço humano.
Por destino tenho que ir buscar e por destino volto com as mãos vazias. Mas – volto com o indizível . O indizível só me poderá ser dado através do fracasso de minha linguagem. Só quando falha a construção, é que obtenho o que ela não conseguiu.
”
”
Clarice Lispector (The Passion According to G.H.)
“
Aprendemos então certas astúcias, por exemplo: é preciso apanhar a ocasional distracção das coisas, e desaparecer; fugir para o outro lado, onde elas nem suspeitam da nossa consciência; e apanhá-las quando fecham as pálpebras, um momento, rápidas, e rapidamente pô-las sob o nosso senhorio, apanhar as coisas durante a sua fortuita distracção, um interregno, um instante oblíquo, e enriquecer e intoxicar a vida com essas misteriosas coisas roubadas.
”
”
Herberto Helder (Servidões)
“
— Quando a gente vai se encontrar outra vez?
Ela olha fixamente para o asfalto antes de erguer os olhos e me fitar. Suas pupilas dançam, inquietas, tenho a impressão de que seus lábios estão trêmulos. Então ela me apresenta um enigma com o qual ainda hei de quebrar muito a cabeça. Pergunta:
— Quanto tempo você consegue esperar?
Que diabo de resposta eu podia dar, Georg? Talvez fosse uma armadilha. Se dissesse "dois ou três dias", eu me mostraria impaciente demais. E se respondesse "a vida inteira" ela poderia pensar que eu não a amava tanto assim ou talvez que não fosse sincero. De modo que era preciso encontrar uma resposta intermediária. Eu disse:
— Agüento esperar até que o meu coração comece a sangrar de aflição.
Ela sorriu, insegura. Então roçou o dedo em meus lábios. E perguntou:
— E quanto tempo demora?
Desesperado sacudi a cabeça e resolvi dizer a verdade.
— Cinco minutos, talvez.
(A Garota das Laranjas)
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Jostein Gaarder
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Quando se ama alguém, tem-se sempre tempo para essa pessoa. E se ela não vem ter conosco, nós esperamos. O verbo esperar torna-se tão imperativo como o verbo respirar. A vida transforma-se numa estação de comboios e o vento anuncia-nos a chegada antes do alcance do olhar. O amor na espera ensina-nos a ver o futuro, a desejá-lo, a organizar tudo para que ele seja possível. É mais fácil esperar do que desistir. É mais fácil desejar do que esquecer. É mais fácil sonhar do que perder. E para quem vive a sonhar, é muito mais fácil viver.
- Diário da Tua ausência
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Margarida Rebelo Pinto
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Ao contrário do que em geral se pensa, tomar uma decisão é uma das decisões mais fáceis deste mundo, como cabalmente se demonstra pelo facto de não fazermos masi nada que multiplicá-las ao longo de todo o santíssimo dia, porém, e aí esbarramos com o busílis da questão, elas sempre nos vêm a posteriori com os seus problemazinhos particulares, ou, para que fiquemos a entender-nos, com os seus rabos por esfolar, sendo o primeiro deles o nosso grau de capacidade para mantê-las e o segundo o nosso grau de vontade para realizá-las.
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José Saramago (The Double)
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é terrível a existência de duas retas
paralelas porque elas nunca se cruzam
e elas apenas se encontram no infinito
a verdade é que nunca nos interessou
a questão do infinito mas o resto
das ideias matemáticas claro que sim
eu na verdade prefiro mais de mil vezes
sua chávena de chá ficando fria sobre a mesa
enquanto você fala sobre raízes quadradas
enquanto você fala sobre ladrões de figos
enquanto você fala sobre o tropeço da baleia
subitamente eu já nem sei sobre o que você fala
porque a forma como seu dente incisivo corta
e suspende toda a beleza da cafetaria
faz com que eu novamente entenda que
pelo sétimo dia é chegada a hora do cuco
e do canto do cuco
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Matilde Campilho (Jóquei)
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Era uma melodia lenta e meio fúnebre. O agudo do som do instrumento penetrou Ana Terra como uma agulha, e ela se sentiu ferida, trespassada. Mas notas graves começaram a sair da flauta e aos poucos Ana foi percebendo a linha da melodia... Reagiu por alguns segundos, procurando não gostar dela, mas lentamente foi se entregando e deixando embalar. Sentiu então uma tristeza enorme, um desejo amolecido de chorar. (...)
De repente Ana Terra descobriu que aquela música estava exprimindo a tristeza que lhe vinha nos dias de inverno quando o vento assobiava e as árvores gemiam - nos dias de céu escuro em que, olhando a soledade dos campos, ela procurava dizer à mãe o que sentia no peito, mas não encontrava palavras para tanto. Agora a flauta do índio estava falando por ela...
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Erico Verissimo
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As palavras não são nada. Deviam ser eliminadas. Nada do que possamos dizer alude ao que no mundo é. Com trinta e duas letras num alfabeto não criamos mais do que objetos equivalentes entre si, todos irmanados na sua ilusão. As letras da palavra cavalo não galopam, nam as do fogo bruxuleiam. E que importa como se diz cavalo ou fogo se não se autonomizam do abecedário. Nenhuma pedra se entende por caracteres. As pedras são entidades absolutamente autónomas às expressões. As pedras recusam a linguagem. Para a linguagem as pedras reclamam o direito de não existir. Se as nomeamos não estamos senão a enganarmo-nos voluntariamente. Às pedras nunca enganaremos. Elas sabem que existem por outros motivos e talvez suspeitem que o nosso desejo de falar seja só um modo menos desenvolvido de encarar a evidência de existir.
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Valter Hugo Mãe (A Desumanização)
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A Hazel é diferente. Ela caminha com leveza, velhote. Caminha com leveza sobre a Terra. A Hazel sabe a verdade: Somos tão capazes de magoar o universo como de o ajudar, e não é provável que façamos qualquer uma das coisas. As pessoas dirão que é triste que ela deixe uma cicatriz menor, que menos pessoas a recordarão, que ela foi profundamente amada mas de modo menos amplo. Mas não é triste, Van Houten. É triunfante. É heroico. Não será isso o verdadeiro heroísmo? Como dizem os médicos: Em primeiro lugar, não faças mal.
Seja como for, os verdadeiros heróis não são as pessoas que fazem coisas; os verdadeiros heróis são as pessoas que reparam nas coisas, que prestam atenção (...)
Que mais? Ela é tão bonita. Uma pessoa não se cansa de olhar para ela. Nunca se preocupa se ela é mais esperta do que nós. Sabemos que é. É engraçada sem nunca ser maldosa. Eu amo-a. Tenho tanta sorte por amá-la, Van Houten. Não podemos escolher se somos ou não magoados neste mundo, velhote, mas temos algo a dizer sobre quem nos magoa. Eu gosto das minhas escolhas. Espero que ela goste das dela.
Gosto, Augustus.
Gosto.
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John Green (The Fault in Our Stars)
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(...)sentou-se para descansar e em breve fazia de conta que ela era uma mulher azul porque o crepúsculo mais tarde talvez fosse azul, faz de conta que fiava com fios de ouro as sensações. faz de conta que a infância era hoje e prateada de brinquedos, faz de conta que uma veia não se abrira e faz de conta que dela não estava em silêncio alvíssimo escorrendo sangue escarlate, e que ela não estivesse pálida de morte mas isso fazia de conta que estava mesmo de verdade, precisava no meio do faz de conta falar a verdade de pedra opaca para que contrastasse com o faz de conta verde-cintilante, faz de conta que amava e era amada, faz de conta que não precisava morrer de saudade, faz de conta que estava deitada na palma transparente de Deus, não Lóri mas o seu nome secreto que ela por enquanto ainda não podia usufruir, faz de conta que vivia e não que estivesse morrendo pois viver afinal não passava de se aproximar cada vez mais da morte, faz de conta que ela não ficava de braços caídos de perplexidade quando os fios de ouro que fiava se embaraçavam e ela não sabia desfazer o fino fio frio, faz de conta que ela era sábia bastante para desfazer os nós de corda de marinheiro que lhe atavam os pulsos, faz de conta que tinha um cesto de pérolas só para olhar a cor da lua pois ela era lunar, faz de conta que ela fechasse os olhos e seres amados surgissem quando abrisse os olhos úmidos de gratidão, faz de conta que tudo o que tinha não era faz de conta, faz de conta que se descontraía o peito e uma luz douradíssima e leve guiava por uma floresta de açudes mudos e de tranqüilas mortalidades, faz de conta que ela não era lunar, faz de conta que ela não estava chorando por dentro.
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Clarice Lispector
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Out of all virtues simplicity is my most favorite virtue. So much so that I tend to believe that simplicity can solve most of the problems, personal as well as the world problems. If the life approach is simple one need not lie so frequently, nor quarrel nor steal, nor envy, anger, abuse, kill. Everyone will have enough and plenty so need not hoard, speculate, gamle, hate. When character is beautiful, you are beautiful. That is the beauty of simplicity.
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Ela Bhatt
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A vida inteira ele viveu perambulando, mandado embora de um lugar, assim que a "gente fina" comprava toda a maconha ou haxixe que quisesse, assim que houvesse perdido na roda da fortuna todas as moedas que queria. A vida inteira ele se ouviu sendo chamado de cigano sujo. A "gente fina" cria raízes; ele não tem nenhuma. Esse sujeito, Halleck, viu tendas de lona serem incendiadas por brincadeira, nos anos 30 e 40, e talvez houvesse bebês e velhos incendiados em algumas daquelas tendas. Ele viu suas filhas ou as filhas dos amigos serem atacadas, talvez violentadas, porque toda aquela "gente fina" sabe que ciganos trepam como coelhos e que um pouco mais não fará diferença — mas mesmo que faça, quem se importa? Ele talvez tenha visto seus filhos ou os filhos dos amigos serem surrados até quase a morte... e por quê? Porque os pais dos garotos que os surraram perderam algum dinheiro nos jogos de azar. É sempre a mesma coisa: você chega na cidade, a "gente fina" fica com o que quer e depois o manda embora. Às vezes, essa "gente fina" o condena a uma semana de trabalho na fazenda local de ervilhas ou um mês entre os trabalhadores da estrada local, como medida de ensinamento. E então, Halleck, para o cúmulo das coisas, vem o estalo final do chicote. O importante advogado de três queixos e bochechas de buldogue atropela e mata sua esposa na rua. Ela tem 70, 75 anos, é meio cega, talvez apenas se aventure no meio da rua depressa demais por querer voltar para sua gente antes de se mijar nas roupas — e ossos velhos quebram fácil, ossos velhos são como vidro, e você fica por ali, pensando que desta vez, apenas desta vez, haverá um pouco de justiça... um instante de justiça, como indenização por toda uma vida de miséria e...
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Richard Bachman (Thinner)
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As minhas primeiras emoções tinham sido a melancolia mais pura e a compaixão mais sincera, mas na mesma proporção em que o desamparo de Bartleby crescia na minha fantasia, aquela melancolia se transformava em medo, e a compaixão, em repulsa. É tão verdadeiro e ao mesmo tempo tão terrivel o fato de que, ao vermos ou presenciarmos a miséria, os nossos melhores sentimentos são despertados até um cer
to ponto; mas, em certos casos especiais, não passam disso. Erram os que afirmam que é devido apenas ao egoísmo inerente ao coração humano. Na verdade, provém de uma certa impotência em remediar um mal excessivo e orgânico. Para uma pessoa sensivel, a piedade é quase sempre uma dor. Quando afinal percebe que tal piedade não significa um socorro eficaz, o bom senso compele a alma a desvencilhar-se dela. O que vi naquela manhã convenceu-me de que o escrivão era vítima de um mal inato e incurável. Eu podia dar esmolas ao seu corpo, mas o seu corpo não lhe doía; era a sua alma que sofria, e ela estava fora do meu alcance.
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Herman Melville (Bartleby the Scrivener)
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Entre as recordações de cada pessoa, há coisas que ela não conta para qualquer um, somente para os amigos. Há também aquelas que ela não conta nem para os amigos, somente para sim mesma, e isso secretamente. Mas, finalmente, há também aquelas que o indivíduo tem medo de revelar até para si mesmo, e um homem respeitável tem tais coisas acumuladas em grande quantidade. E pode ser assim mesmo: quanto mais respeitável ele é, mais coisas desse tipo ele tem acumuladas. Eu, pelo menos, só recentemente tomei coragem para recordar algumas das minhas aventuras passadas, as quais até agora tinha evitado com uma certa inquietação. E agora, quando não só recordei, como até me decidi a escrevê-las, agora exatamente quero tirar a prova: é possível alguém ser inteiramente sincero consigo mesmo e não temer toda a verdade? A propósito: Heine afirma que é quase impossível existirem autobiografias sinceras, porque na certa o ser humano mentirá, falando de si mesmo. Na opinião dele, por exemplo, Rousseau sem dúvida mentiu sobre si mesmo em suas 'Confissões' e fez isso até deliberadamente, por vaidade. Estou convencido de que Heine está certo; entendo perfeitamente como, às vezes, alguém pode confessar uma série de crimes por pura vaidade e percebo até muito bem de que tipo pode ser essa vaidade.
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Fyodor Dostoevsky
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Mas era primavera. Até o leão lambeu a testa glabra da leoa. (…) ‘Mas isso é amor, é amor de novo’, revoltou-se a mulher tentando encontrar-se com o próprio ódio mas era primavera e os dois leões se tinham amado. (…) Mas era primavera, e, apertando o punho no bolso do casaco, ela mataria aqueles macacos em levitação pela jaula, macacos felizes como ervas, macacos se entrepulando suaves, a macaca com olhar resignado de amor, e a outra macaca dando de mamar. (…) Ela mataria a nudez dos macacos. Um macaco também a olhou, o peito pelado exposto sem orgulho. Mas não era no peito que ela mataria, era entre aqueles olhos. De repente a mulher desviou o rosto, trancando entre os dentes um sentimento que ela não viera buscar, apressou os passos, ainda voltou a cabeça espantada para o macaco de braços abertos: ele continuava a olhar para a frente. ‘Oh não, não isso’, pensou. E enquanto fugia, disse: ‘Deus, me ensine somente a odiar’.
‘Eu te odeio’, disse ela para um homem cujo crime único era o de não amá-la. ‘Eu te odeio’, disse muito apressada. (…) ‘Eu te amo’, disse ela então com ódio para o homem cujo grande crime impunível era o de não querê-la. ‘Eu te odeio’, disse, implorando amor.
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Clarice Lispector
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Seja como for, as pessoas dedicadas à religião não querem reconhecer a realidade que contradiz o seu conto de fadas. Se realmente vivermos num universo sem Deus, elas perdem o emprego. O fluxo de dinheiro estagna.
Por outro lado, há pessoas que escolhem viver a sua vida de uma forma completamente egocêntrica e homicida. Essas sentem que, se nada importa e elas podem fazer o que querem sem sofrer consequeências, vão fazê-lo. Mas também podemos ver as coisas de outra maneira: estamos nós e os outros todos, vivos e num barco salva-vidas, e temos de fazer as coisas da maneira mais decente possível para nós e para eles. A mim parece-me que esta seria uma forma de viver muito mais morale "cristã": reconhecermos a terrível verdade da existência humana e, perante isso, ainda escolhermos ser humanos decentes em vez de nos iludirmos sobre a existência de uma qualquer recompensa paradisíaca ou um qualquer castigo infernal. Parecia-me uma atitude muito mais nobre. Se há recompensa, castigo ou qualquer tipo de pagamento e agimos bem, então não estamos a fazer por razões muito nobres - os chamados princípios cristãos. É como os bombistas suicidas que agem alegadamente de acordo com princípios religiosos ou nacionais bastante nobres quando, na verdade, as suas famílias recebem uma recompensa em dinheiro e congratulam-se com um legado heróico - já para não falar da promessa de virgens para os perpetradores, embora me passe completamente ao lado como é que alguém prefere um grupo de virgens a uma mulher altamente experiente.
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Woody Allen (Conversations with Woody Allen: His Films, the Movies, and Moviemaking)
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- Sim, é talvez tudo uma ilusão... E a Cidade a maior ilusão!
Tão facilmente vitorioso redobrei de facúndia. Certamente, meu Príncipe, uma ilusão! E a mais amarga, porque o Homem pensa ter na Cidade a base de toda a sua grandeza e só nela tem a fonte de toda a sua miséria. (...) Na Cidade perdeu ele a força e beleza harmoniosa do corpo, e se tornou esse ser ressequido e escanifrado ou obeso e afogado em unto, de ossos moles como trapos, de nervos trémulos como arames, com cangalhas, com chinós, com dentaduras de chumbo, sem sangue, sem febra, sem viço, torto, corcunda - esse ser em que Deus, espantado, mal pode reconhecer o seu esbelto e rijo e nobre Adão! Na Cidade findou a sua liberdade moral: cada manhã ela lhe impõe uma necessidade, e cada necessidade o arremessa para uma dependência: pobre e subalterno, a sua vida é um constante solicitar, adular, vergar, rastejar, aturar; e rico e superior como um Jacinto, a Sociedade logo o enreda em tradições, preceitos, etiquetas, cerimónias, praxes, ritos, serviços mais disciplinares que os de um cárcere ou de um quartel... A sua tranquilidade (bem tão alto que Deus com ela recompensa os santos ) onde está, meu Jacinto? Sumida para sempre, nessa batalha desesperada pelo pão, ou pela fama, ou pelo poder, ou pelo gozo, ou pela fugidia rodela de ouro! Alegria como a haverá na Cidade para esses milhões de seres que tumultuam na arquejante ocupação de desejar - e que, nunca fartando o desejo, incessantemente padecem de desilusão, desesperança ou derrota? Os sentimentos mais genuinamente humanos logo na Cidade se desumanizam! Vê, meu Jacinto! São como luzes que o áspero vento do viver social não deixa arder com serenidade e limpidez; e aqui abala e faz tremer; e além brutamente apaga; e adiante obriga a flamejar com desnaturada violência. As amizades nunca passam de alianças que o interesse, na hora inquieta da defesa ou na hora sôfrega do assalto, ata apressadamente com um cordel apressado, e que estalam ao menor embate da rivalidade ou do orgulho. E o Amor, na Cidade, meu gentil Jacinto? Considera esses vastos armazéns com espelhos, onde a nobre carne de Eva se vende, tarifada ao arratel, como a de vaca! Contempla esse velho Deus do Himeneu, que circula trazendo em vez do ondeante facho da Paixão a apertada carteira do Dote! Espreita essa turba que foge dos largos caminhos assoalhados em que os Faunos amam as Ninfas na boa lei natural, e busca tristemente os recantos lôbregos de Sodoma ou de Lesbos!... Mas o que a cidade mais deteriora no homem é a Inteligência, porque ou lha arregimenta dentro da banalidade ou lha empurra para a extravagância. Nesta densa e pairante camada de Idéias e Fórmulas que constitui a atmosfera mental das Cidades, o homem que a respira, nela envolto, só pensa todos os pensamentos já pensados, só exprime todas as expressões já exprimidas: - ou então, para se destacar na pardacenta e chata rotina e trepar ao frágil andaime da gloríola, inventa num gemente esforço, inchando o crânio, uma novidade disforme que espante e que detenha a multidão como um monstrengo numa feira. Todos, intelectualmente, são carneiros, trilhando o mesmo trilho, balando o mesmo balido, com o focinho pendido para a poeira onde pisam, em fila, as pegadas pisadas; - e alguns são macacos, saltando no topo de mastros vistosos, com esgares e cabriolas. Assim, meu Jacinto, na Cidade, nesta criação tão antinatural onde o solo é de pau e feltro e alcatrão, e o carvão tapa o céu, e a gente vive acamada nos prédios como o paninho nas lojas, e a claridade vem pelos canos, e as mentiras se murmuram através de arames - o homem aparece como uma criatura anti-humana, sem beleza, sem força, sem liberdade, sem riso, sem sentimento, e trazendo em si um espírito que é passivo como um escravo ou impudente como um Histrião... E aqui tem o belo Jacinto o que é a bela Cidade!
(...)
-Sim, com efeito, a Cidade... É talvez uma ilusão perversa!
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Eça de Queirós (A Cidade e as Serras)
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İNCİ
Yüzlerce sene evvel çok güzel bir kız varmış.
Ayağına kapanıp bütün gençler yalvarmış
Bu eşi bulunmayan güzeli almak için.
Erimişler aşk denen alevden için için,
Güneşin sızağıyla eriyen karlar gibi;
Hepsinin bu sevdadan hicran olmuş nasibi...
Böyle yaşıyorlarken dünyalarına küskün,
Güzel kız davet etmiş aşıklarını bir gün.
Demiş:"Elbet veremem gönlümü hepinize,
Fakat bir müsabaka açıyorum ben size:
En güzel, en kıymetli inciyi bana her kim
Getirirse onunla artık evleneceğim..."
Aşıklar mallarını feda edip satmışlar,
Dört taraftan en büyük inciyi aratmışlar.
Yüzlerce sene evvel bir saz şairi varmış;
Bu gencin de gönlünü o kızın aşkı sarmış.
Aklını alıvermiş gök ela renkli gözler;
Her dakika biricik sevgilisini özler,
Her dakika ağlarmış, sızlarmış, ah edermiş;
Aşkından perişanmış, mahzunmuş, derbedermiş...
Duymuş müsabakayı bu aşık da nihayet,
"İnci nedir?" diyerek o anda etmiş hayret.
Çünkü o ana kadar inciyi bilmiyormuş.
"İnci nasıl şey?" diye bir ihtiyara sormuş:
"Ben onu hiç görmedim gezdim de diyar diyar."
Demiş ki zavallıya gülümseyip ihtiyar:
"Güzel bir taştır inci, kadınların süsüdür;
Durduğu yer onların açık, beyaz göğsüdür.
Denizden çıktığından, pahalıdır gayetle..."
Bu sözleri duyunca aşık bakar hayretle,
Der ki:"Ben deniz nedir, onu da bilmiyorum."
İhtiyar denizi de anlatır: "Dinle yavrum,
Bu öyle bir sudur ki ufuğa kadar açık,
Bazan dalgalar vardır kıyısında ufacık;
Bazan fırtına çıkar, hava olunca lodos,
Deniz birden kudurup kayalara vurur tos.
Sen karada gezmişsin, belli, bu yaşa kadar.
Bu dağların ardında çok uzak bir deniz var.
Pek merak ediyorsan yürü, memleketler aş."
Saz şairi, bu sözler bitince, yavaş yavaş
Denizi bulmak için seyahate koyulur;
Uzun yollar üstünde harap olur, yorulur.
Nihayet gök toprağa ışığını dökerken
Bir sahile yaklaşır, henüz şafak sökerken....
Aradan bir yıl geçip nihayet mühlet bitmiş,
Aşıklar akın akın kızın yanına gitmiş.
Hepsi de dizilmişler önüne birer birer;
Ellerinin üstünde donuk, beyaz inciler.
Güzel kız seyre dalmış,oturarak yerine;
İpek elbisesinin uzun eteklerine
Bütün delikanlılar koymuş hediyesini!
Gözlerini açarak herkes kesmiş sesini:
"Acaba hangisini kabul edecek ?"diye...
Dışardan bir gürültü duyulmuş o saniye:
"Bırakın, muradıma ben bugün ereceğim,
Bırakın sevgilime inciler vereceğim..."
"O da getirsin" diye güzel kız vermiş izin,
Şair içeri girmiş, tereddüt etmeksizin.
Anlatmış kalbindeki sızlayan bir yarayı,
Anlatmış uzun uzun bütün bu mecarayı.
"Ben bir şair aşıkım, elimde bir kırık saz,
Yapyalnız yaşıyorum, derdim çok, sevincim az.
O güzel gözlerine bir pınar gibi gönlüm
Yıllarca aka aka tükendi tahammülüm.
Fakat seni unutmak gelmiyordu elimden.
Ve bir gün işittim ki inci istemişsin sen.
Ama bu ana kadar görmemiştim ben onu,
Öğrendim bu incinin denizde olduğunu.
Deniz nerde diyerek arıyordum bu sefer;
Aşkının kuvvetiyle aştım dağlar, tepeler.
Nice ülkeler gezdim, nice dağlar dolaştım,
Bir sabah sonu gelmez bir denize ulaştım:
Güneş içinden doğup içinde batıyordu;
Sular arzın üstüne yaslanmış yatıyordu.
Rüzgar yavaş esiyor,engin sessiz, durgundu;
Vücudum aylar süren yolculuktan yorgundu.
Aşkınla geliyordu kalbime kuvvet yine;
İndim büyük denizin o büyük sahiline
İncileri topladım ,uğraşıp didinerek!"
Aşıkın sözlerini dinlerken kadın, erkek;
Şair omuzundaki bir torbayı uzatmış,
Yere, bağını çözüp, incileri boşaltmış.
Fakat o anda herkes kahkahalarla gülmüş:
Çünkü inci yerine çakıl taşı dökülmüş.
Güzel kız genç aşıka demiş: "Bunu iyi bil:
Bu, parayla alınan incilere mukabil,
Senin çakıl taşların çok değerlidir elbet;
Şair! Yaşayacağım seninle ilelebet...
”
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Nâzım Hikmet (İlk Şiirler: Şiirler 8)