De Novo Quotes

We've searched our database for all the quotes and captions related to De Novo. Here they are! All 100 of them:

Jamais haverá anos novos, se continuar a repetir os mesmos erros dos anos velhos
Luís de Camões
O disco tá tocando de novo, já ouvi esse pedaço. - É que ele parece assim todo igual. Que nem chuva.
Caio Fernando Abreu (Morangos Mofados)
Dizem que o tempo sara todas as feridas. Talvez seja verdade. Mas há feridas que parecem não sarar. Sangram, vertem pus, voltam a sangrar, surpreendem-nos a magoar a alma quando esta já deveria estar habituada e imune a tanta dor. É certo que, às vezes, essas feridas acalmam, como as marés que recolhem a água e recuam para o mar alto; mas, tal como as marés, regressam depois, revigoradas, pujantes, invadindo de novo a praia e fazendo sentir o fulgor da sua presença, o ímpeto do seu regresso.
José Saramago
Não perturbes a paz que me foi dada. Ouvir de novo a tua voz seria matar a sede com água salgada.
Miguel Torga
De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro.
Fernando Sabino (O Encontro Marcado)
Óóó. É sempre bom abandonar alguém que diz que gostaria de ver você de novo, porque inevitavelmente chegaria o dia em que você ia ter que abandonar essa pessoa porque ela não quer ver você de novo.
Irvine Welsh (Porno (Mark Renton, #3))
Há quem confunda a alegria com a felicidade. A alegria não se parece com a felicidade, a não ser na medida em que um mar agitado se parece com um mar plácido. A água é a mesma, apenas isso. A alegria resulta de um entorpecimento do espírito, a felicidade de uma iluminação momentânea. O álcool pode levar-nos à alegria - ou um cigarro de liamba, ou um novo amor - porque nos obscurece temporariamente a inteligência. A alegria pode, pois, ser burra. A felicidade é outra coisa. Não ri às gargalhadas. Não se anuncia com fogo de artifício. Não faz estremecer estádios. Raras são as vezes em que nos apercebemos da felicidade no instante em que somos felizes.
José Eduardo Agualusa (Barroco Tropical)
A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o visitante sentou na areia da praia e disse: “Não há mais o que ver”, saiba que não era assim. O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre.
José Saramago
A vida é cruel por ter inventado a memória. Como os velhos que recobram em matizes suas lembranças mais antigas, à beira da morte minha memória gravita em torno do sol, e como ele clareia tudo! Tudo é presente, nada está perdido. É como uma força oculta que nos impele para nos estimular de novo: diante da evidência de que não mais haverá futuro, o passado se amplifica, suas raízes engrossam, tudo em mim é rizosfera, as cores se cristalizam sobre cada estrato, a mais insignificante imagem toca o seu absoluto, o coração bate em crescendo.
Frida Kahlo
Hoje eu sei que os filmes não são melhores ou piores, apenas diferentes da vida real. Ao contrário de Hollywood, onde as películas são produzidas, revisadas, ensaiadas até que fiquem perfeitas, a nossa existência é feita de improviso. E, se erramos uma fala, não tem como dizer "Corta!" e gravar de novo.
Paula Pimenta (O roteiro inesperado de Fani (Fazendo meu filme, #3))
Por que não escreveste nunca? Não é de te ler que mais tenho saudade. É o som da faca rasgando o envelope que trazia a tua carta. E sentir, de novo, uma caricia na alma, como se algures estivessem golpeando um cordão umbilical
Mia Couto (Jesusalém)
Te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o quê, como aquela fé que a gente teve um dia, me deseja também uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo de novo, que nos faça acreditar em tudo outra vez, que leve para longe da minha boca este gosto podre de fracasso, este travo de derrota sem nobreza.
Caio Fernando Abreu (Morangos Mofados)
Ser novo é não ser velho. Ser velho é ter opiniões. Ser novo é não querer saber de opiniões para nada.
Fernando Pessoa (Os Portugueses)
Mas lembrar-se com saudade é como se despedir de novo.
Clarice Lispector (The Stream of Life)
oh, a medonha coragem dos que vão arrancando de si, dia a dia, a doçura da saudade do que passou, o encanto novo da esperança do que há-de vir, e que serenamente, desdenhosamente, sem saudades nem esperanças, partem um dia sem saber para onde, aventureiros da morte, emigrantes sem eira nem beira, audaciosos esquadrinhadores de abismos mais negros e mais misteriosos que todos os abismos escancarados do mundo
Florbela Espanca (As Máscaras do Destino)
Cities have often been compared to language: you can read a city, it’s said, as you read a book. But the metaphor can be inverted. The journeys we make during the reading of a book trace out, in some way, the private spaces we inhabit. There are texts that will always be our dead-end streets; fragments that will be bridges; words that will be like the scaffolding that protects fragile constructions. T.S. Eliot: a plant growing in the debris of a ruined building; Salvador Novo: a tree-lined street transformed into an expressway; Tomas Segovia: a boulevard, a breath of air; Roberto Bolano: a rooftop terrace; Isabel Allende: a (magically real) shopping mall; Gilles Deleuze: a summit; and Jacques Derrida: a pothole. Robert Walser: a chink in the wall, for looking through to the other side; Charles Baudelaire: a waiting room; Hannah Arendt: a tower, an Archimedean point; Martin Heidegger: a cul-de-sac; Walter Benjamin: a one-way street walked down against the flow.
Valeria Luiselli
Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito.
Machado de Assis (Papéis Avulsos)
Toquei Bafo de Serpente de novo e me pareceu que ela teve um tremor. Algumas vezes eu achava que a espada cantava. Era um canto fino, apenas entreouvido, um som penetrante, a canção da espada que desejava sangue; a canção da espada.
Bernard Cornwell (Sword Song (The Saxon Stories, #4))
eu estava com um amigo muito próximo, a cumprir a penitência imposta pelo amor ________ que é ascender de novo;
Maria Gabriela Llansol
a conclusão de que não há abismo, e que a infância não pára de desenvolver-se e crescer, é um novo princípio de realidade, de morte, de velhice: eu não deixo de viver no mundo interior e exterior das metamorfoses flutuantes; é já dia, mas a noite que conduz a esperança no pensamento, e sobre si própria, não acabou.
Maria Gabriela Llansol (O Raio Sobre o Lápis)
Quando somos novos somos eternos e, em vez de envelhecermos, crescemos. Depois é que começamos a, em vez de crescer, envelhecer.
Afonso Cruz (A Queda De Um Anjo)
Não há nada novo sob o Sol, e a eterna repetição das coisas é a eterna repetição dos males. Quanto mais se sabe mais se pena. E o justo como o perverso, nascidos do pó, em pó se tornam.
Eça de Queirós
O novo hipócrita social pensa que não esconde nenhum monstro dentro de si. Quando um idiota politicamente correto fala de si mesmo, pensa em si mesmo como um anjo que, por conta do domínio dos malvados (os "outros" que são os cruéis dominadores do mundo), não consegue viver o bem que ele carrega dentro de si.
Luiz Felipe Pondé (Guia Politicamente Incorreto da Filosofia)
E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre.
Miguel Sousa Tavares (Não Te Deixarei Morrer, David Crockett)
(...) e nunca me disseram o nome daquele oceano esperei sentada à porta... dantes escrevia cartas punha-me a olhar a risca do mar ao fundo da rua assim envelheci... acreditando que algum homem ao passar se espantasse com a minha solidão. (anos mais tarde, recordo agora, cresceu-me uma pérola no coração. mas estou só, muito só, não tenho a quem a deixar.) um dia houve que nunca mais avistei cidades crepusculares e os barcos deixaram de fazer escala à minha porta inclino-me de novo para o pano deste século recomeço a bordar ou a dormir tanto faz sempre tive dúvidas que alguma vez me visite a felicidade
Al Berto (O Último Coração do Sonho)
Está feliz por se despedir de novo, Estella? Pois, para mim, as despedidas são uma coisa dolorosa. Para mim, a lembrança de nossa última despedida será sempre dolorosa.
Charles Dickens (Great Expectations)
Afundava a cara nos livros e se perdia em histórias. Quando levantava a cabeça achava tudo muito horrível, e sumia de novo, dentro de um livro qualquer.
Martha Batalha (A Vida Invisível de Eurídice Gusmão)
De novo, a curiosidade doeu como uma sede. Era como se eu tivesse que saber o que ela estava pensando, como se nada mais importasse.
Stephenie Meyer (Midnight Sun (The Twilight Saga, #5))
Devolva-se a humanidade à forja que a criou e utilizem-se martelos semelhantes para tornar a esculpi-la e ela se contorcerá na mesma imagem torturada. Cultivem-se de novo as mesmas sementes de desordem e opressão rapaces e certamente serão colhidos os mesmos frutos amargos.
Charles Dickens (A Tale of Two Cities)
(...) Eu queria que ele agisse? Ou eu preferia uma vida de desejo não realizado desde que seguíssemos com esse joguinho de pingue-e-pongue: não saber, saber, não saber, saber? Fique quieto, não diga nada, e se não puder dizer "sim", não diga "não", diga "depois". É por isso que as pessoas dizem "talvez" quando querem dizer "sim", mas esperam que você pense que é "não" quando o que realmente querem dizer é Por favor, pergunte de novo, e depois mais uma vez?
André Aciman
Um homem não pode regressar. Ele pensa que sim, mas outras coisas se passaram na sua vida. Tem novas ideias, novos amigos e novas ligações. Não pertence ao seu passado, excepto pelo facto de que o passado terá deixado, talvez, marcas nele.
Charlie Chaplin (A Minha Viagem Pela Europa)
reflectido nas pedras do passeio. Lisboa é a nitidez através do ar. Lisboa é a cor manchada dos muros. Lisboa é o musgo novo a nascer sobre o musgo seco. Lisboa é o desenho de fendas, como relâmpagos, a escorrerem pela superfície dos muros. Lisboa é a imperfeição criteriosa. Lisboa é o céu reflectido
José Luís Peixoto (Cemitério de Pianos)
Os homens nunca hão-de perceber as mulheres. Esperar anos e anos por uma mala? Como quem espera um filho? Porque é que as mulheres gostam tanto de objectos novos? Porque é que os homens gostam tanto de mulheres novas?
Clara Ferreira Alves (Mala de Senhora e Outras Histórias)
Se eu me confirmar e me considerar verdadeira, estarei perdida porque não saberei onde engastar meu novo modo de ser - se eu for adiante nas minhas visões fragmentárias, o mundo inteiro terá que se transformar para eu caber nele.
Clarice Lispector (The Passion According to G.H.)
...é como tentar agarrar a Lua, quando penso que a vou apanhar, ela desaparece no horizonte. Fico desgostosa e tento seguir em frente, mas depois a malvada regressa na noite seguinte, dando-me de novo esperança de a conseguir agarrar.
Sarah Addison Allen (The Girl Who Chased the Moon)
Lewis had said that there is no creativity de novo in us—that we are all sub-creators pirating and rearranging portions of reality. I agreed. But it was only an idea. And then it took on flesh. I began to see the world more like a cook than a writer. There were boundless ingredients out there, combinations waiting to be discovered and simmered and served. There were truths and stories and characters and quirks that could clash badly, and some that could marry and birth sequels. I began to feel a lot more comfortable. It wasn't all on me to create. It was on me to find. To catch. To arrange.
N.D. Wilson (Death by Living: Life Is Meant to Be Spent)
Fase pós-moderna da socialização, o processo de personalização é um novo tipo de controlo social desembaraçado dos processos pesados de massificação-reificação-repressão.
Gilles Lipovetsky
Não consigo dormir esta noite. Encontro-me perante algo novo, algo pleno de expectativas. O futuro imediato é demasiado tentador para poder dormir.
Charlie Chaplin (A Minha Viagem Pela Europa)
O mundo agora é uma sala cheia de fumo.
Rafael Loureiro (Cinzas de um Novo Mundo)
Aprender a dejar ir a los demás es la primera regla de los que se aman a sí mismos. No tiene sentido retener a quien no quiere estar.
Ignacio Novo
Não sabíamos que a ordem nas ruas, nas estradas, nas pontes e nas esquadras tinha de ser comprada por tão alto preço - o da venda a retalho da alma portuguesa.
Fernando Pessoa
No scientist ever begins his work de novo; while he works with the methodological questioning of what he has already known he builds on knowledge already achieved and engages in a movement of advance. But it is one of the worst characteristics of theological study, whether in biblical interpretation or in dogmatic formulation, that every scholar nowadays thinks he must start all over again, and too many give the impression that no one ever understood this or that until they came along.
Thomas F. Torrance
quem soube de mim em outros tempos já não sabe de mim agora pois quando me quebraram meus pedaços foram arrumando novos lugares mais lindos e mais fortes pra se encaixar nessa mulher que hoje escreve com punhos firmes e nenhuma culpa de existir como bem quer
Ryane Leão (Tudo nela brilha e queima)
Nunca, porém, o tinham amado pelo que ele era, menino abandonado, aleijado e triste. Muita gente o tinha odiado. E ele odiara a todos. Apanhara na polícia, um homem ria quando o surravam. Para ele é este homem que corre em sua perseguição na figura dos guardas. Se o levarem, o homem rirá de novo. Não o levarão. Vêm em seus calcanhares, mas não o levarão. Pensam que ele vai parar junto ao grande elevador. Mas Sem-Pernas não para. Sobe para o pequeno muro, volve o rosto para os guardas que ainda correm, ri com toda a força do seu ódio, cospe na cara de um que se aproxima estendendo os braços, se atira de costas no espaço como se fosse um trapezista de circo.
Jorge Amado (Capitães da Areia)
Por onde andas, meu amor maior? Porque me tens aqui cativa neste lugar onde a culpa e os fantasmas me perseguem? Quero de novo sentar-me junto da Fonte Nova, ouvir as águas que nela correm cantando o nosso amor a uma só voz, esconder-me deste mundo horrível e carrasco que teima em ver-me como uma maldição, esquecer-me de tanta perfídia e de toda a maldade que nos cerca e ser tua mais uma vez; sentir os teus dedos pelo meu corpo ainda fresco, saborear a força dos teus pulsos guerreiros em volta da minha cintura que a maternidade não roubou, respirar o teu ar enquanto encostas a tua cara nos meus cabelos loiros que tanto amas, sentir-te todo dentro de mim como um caudal de paixão e de força que nunca se cansa nem morre, na esperança de me dares ainda mais filhos saudáveis como os que Deus nos enviou.
Margarida Rebelo Pinto
- A vida não é concedida a título permanente. - declarou. - É um privilegio e temos de utilizar o nosso tempo de forma judiciosa.Cabe-nos a todos fazer dela o que pudermos (...)A alma é como um pássaro em voo. Escapa-nos e voa livre de novo. Sem constrangimentos." (pág.323)
Elizabeth Adler (The House in Amalfi)
Negative energy can be a positive motivating force devoid human emo-tion, isolation, and extinction.” “Be careful of the company that you keep, for everyone who smiles in your face is not your friend.” (Thought or Idea) ….. “That’s how the game is told, and that’s how the game is sold.” “For every action there is a reaction, however for every action there is also completely separate action that negates the first action.” “Life’s journey deals you friends in both high places ( + ), and low places ( - ), one can always mate the other.” “Every ending in one’s Life Series, constitutes a beginning De novo, al-ways every time.” “It’s not about your past, it’s about your future …… everyday.
T'adaram Alasadro Maradas
I love you, Beatrice De Novo. I fell in love with the girl I met six years ago, and I love the woman in front of me even more.” “Gio--” “So you make the decision, Tesoro mio … It’s your choice. I want eternity with you, and I’m not leaving again.” He gave her a sad smile. “You can’t make me.
Elizabeth Hunter
- Menti, pois é verdade – desabafou, sem no entanto se dar ares de vítima – um homem pode conquistar o mundo, começar uma guerra, defrontar outras nações, estabelecer-se em novos continentes. Mas uma mulher está destinada a ser a sua sombra e a gerar-lhe outras sombras e eu nem isso parecia talhada para fazer.
Célia Correia Loureiro (A Filha do Barão)
O mundo está apodrecendo. A Igreja é corrupta e os reis são fracos. Cabe a nós fazer um mundo novo, amado por Deus, mas para fazê-lo temos de destruir o velho. Temos de tomar o poder e depois dar o poder a Deus. É por isso que estamos lutando.
Bernard Cornwell (The Archer's Tale (The Grail Quest, #1))
Há-de vir um Natal e será o primeiro em que se veja à mesa o meu lugar vazio Há-de vir um Natal e será o primeiro em que hão-de me lembrar de modo menos nítido Há-de vir um Natal e será o primeiro em que só uma voz me evoque a sós consigo Há-de vir um Natal e será o primeiro em que não viva já ninguém meu conhecido Há-de vir um Natal e será o primeiro em que nem vivo esteja um verso deste livro Há-de vir um Natal e será o primeiro em que terei de novo o Nada a sós comigo Há-de vir um Natal e será o primeiro em que nem o Natal terá qualquer sentido Há-de vir um Natal e será o primeiro em que o Nada retome a cor do Infinito
David Mourão-Ferreira (Cancioneiro de Natal)
O BEIJO E A LÁGRIMA Quero um beijo, pediu ela. Um sismo abalou o peito dele. E devotou o calor de lava dos seus lábios, entontecida água na cascata. Entusiamado, ele se preparou para, de novo, duplicar o corpo e regressar à vertigem do beijo. Mas ela o fez parar. Só queria um beijo. Um único beijo para chorar. Há anos que não pranteava. E a sua alma se convertia em areia do deserto. Encantada, ela no dedo recolheu a lágrima. E se repetiu o gesto com que Deus criou o Oceano.
Mia Couto (Idades Cidades Divindades)
Foi a bordo do Elevador da Bica que Edward me disse pela primeira vez que Iris era católica. - Desconfio que a sua infância foi passada do seguinte modo - disse ele. - Com as freiras a darem-lhe pequenas penitências para cumprir. Mas, mal cumpria a primeira volta, já tinha cometido novo pecado. E assim para todo o sempre. - Ela ainda é praticante? - Já não. Desistiu quando casou comigo. Dos dogmas da fé, ainda que não dos terrores. Os terrores, esses são mais difíceis de nos vermos livres deles.
David Leavitt
A História dita que, quando se eleva um mal, gera-se no mesmo instante algo de bom. O equilíbrio desperta soldados que, com chamas nos corações, o querem derrotar. Eles vêm ao mundo apenas com essa missão, erguendo-se mesmo da morte, se assim o destino o ditar.
Rafael Loureiro (Cinzas de um Novo Mundo)
Primeiro você precisa saber a sua própria língua de uma maneira absoluta. Depois, esquecer que sabe a língua e começar tudo de novo, para dar aquele passo novo na língua. Do contrário, você seria uma pessoa formal, escrevendo muito bem, mas uma coisa chatérrima. Portanto, é todo um processo de construir e destruir. Isso leva anos e, quando você está velhinho, parece que aí você consegue escrever mais ou menos bem. Quando se está com aquelas manchas nas mãos, que aparecem com os anos e que eu chamo de "as flores do sepulcro".
Hilda Hilst (Fico Besta Quando Me Entendem: Entrevistas com Hilda Hilst)
As personagens são como vampiros, cravam os caninos na nossa jugular e quando amanhece, voltam aos seus sepulcros até que anoiteça de novo. O fim do livro seria a pedra que ponho sobre esses visitantes. Definitivamente? Não. Um dia, de repente, com outro nome e outras feições e em outro tempo volta mascarada a mesma personagem, elas gostam da vida. Como nós.
Lygia Fagundes Telles
Las personas que cuidan sus gestos y palabras son almas con alto grado de sensibilidad. La elegancia mental es claro signo de inteligencia.
Ignacio Novo
Si la vida te cierra una puerta, deja de golpear en ella. Confía en que todo lo que estaba detrás no era para ti y busca una puerta nueva.
Ignacio Novo
Como seria divertido”, pensou, “se não se tivesse de pensar na felicidade!
Aldous Huxley (Admirável Mundo Novo)
O que foi nunca vai deixar de ser então levanto as velas rumo a novos horizontes.
Filipe Russo (Caro Jovem Adulto)
Quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora. A única maneira de sermos idosos sem envelhecer é não nos opormos a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas.
Martha Medeiros (Doidas e santas)
Mas era primavera. Até o leão lambeu a testa glabra da leoa. (…) ‘Mas isso é amor, é amor de novo’, revoltou-se a mulher tentando encontrar-se com o próprio ódio mas era primavera e os dois leões se tinham amado. (…) Mas era primavera, e, apertando o punho no bolso do casaco, ela mataria aqueles macacos em levitação pela jaula, macacos felizes como ervas, macacos se entrepulando suaves, a macaca com olhar resignado de amor, e a outra macaca dando de mamar. (…) Ela mataria a nudez dos macacos. Um macaco também a olhou, o peito pelado exposto sem orgulho. Mas não era no peito que ela mataria, era entre aqueles olhos. De repente a mulher desviou o rosto, trancando entre os dentes um sentimento que ela não viera buscar, apressou os passos, ainda voltou a cabeça espantada para o macaco de braços abertos: ele continuava a olhar para a frente. ‘Oh não, não isso’, pensou. E enquanto fugia, disse: ‘Deus, me ensine somente a odiar’. ‘Eu te odeio’, disse ela para um homem cujo crime único era o de não amá-la. ‘Eu te odeio’, disse muito apressada. (…) ‘Eu te amo’, disse ela então com ódio para o homem cujo grande crime impunível era o de não querê-la. ‘Eu te odeio’, disse, implorando amor.
Clarice Lispector
Agora que o silêncio é um mar sem ondas, E que nele posso navegar sem rumo, Não respondas Às urgentes perguntas Que te fiz. Deixa-me ser feliz Assim, Já tão longe de ti como de mim. Perde-se a vida a desejá-la tanto. Só soubemos sofrer, enquanto O nosso amor Durou. Mas o tempo passou, Há calmaria... Não perturbes a paz que me foi dada. Ouvir de novo a tua voz seria Matar a sede com água salgada.
Miguel Torga
- Tenho um novo nome para a dor. - Qual é? - A Aniquiladora. Porque, quando estamos em sofrimento, nada mais pode existir. Nem o pensamento. Nem o sentimento. Apenas o impulso no sentido de fugirmos da dor. Quando é suficientemente forte, a Aniquiladora despoja-nos de tudo o que faz de nós o que somos, até sermos reduzidos a criaturas inferiores ao animais, criaturas com um só desejo e um só objectivo: a fuga.
Christopher Paolini (Eldest (The Inheritance Cycle, #2))
Alguien debería decirnos, justo en el inicio de nuestras vidas, que nos estamos muriendo. Entonces podríamos vivir la vida al límite, cada minuto de cada día. ¡Hazlo!, digo yo. ¡Cualquier cosa que quieras hacer, hazla ahora! Hay un número concreto de mañanas solamente. MICHAEL LANDON JR. (Queens, Nueva York, 31 de octubre de 1936-Malibú, California, 1 de julio de 1991), actor, escritor, director y productor estadounidense
Ignacio Novo (Frases para cambiar tu vida)
«La vida no se mide por las veces que respiras, sino por los momentos que te dejan sin aliento» Atribuida, entre otros, a KEVIN BISCH, guionista de la película Hitch. Especialista en ligues, protagonizada por Will Smith
Ignacio Novo (Frases para cambiar tu vida)
Era quase Natal e eu não agüentei ver você naquele quase deserto, num universo à parte, incompatível com a quase euforia com que recebemos as viradas, as mudanças, a esperança de olhos mais secos. Faz uma semana, lembra? E agora falta quase nada pra gente abraçar a ilusão de que tudo vai ser novo. Que seja mesmo, especialmente pra você.
Martha Medeiros (Doidas e santas)
Ignorarei para todo o sempre de que modo ela passava os dias, onde se escondia, qual era a sua companhia durante os meses de Inverno aquando da sua primeira fuga e no decurso das pouca semana de primavera em que escapulira de novo. Eis o seu segredo. Um pobre e precioso segredo que os carrascos, os decretos, as autoridades ditas de Ocupação, o depósito de presos, as casernas, os campos, a história, o tempo –tudo o que nos macula e destrói – não puderam roubar-lhe.
Patrick Modiano (Dora Bruder)
Mas permanece também a verdade de que todo fim na história constitui necessariamente um novo começo; esse começo é a promessa, a única 'mensagem' que o fim pode produzir. O começo, antes de tornar-se evento histórico, é a suprema capacidade do homem; politicamente, equivale à liberdade do homem. Initium ut esset homo creatus est - 'o homem foi criado para que houvesse um começo', disse Agostinho. Cada novo nascimento garante esse começo; ele é, na verdade, cada um de nós.
Hannah Arendt (The Origins of Totalitarianism)
Não me digas que não tu não podes dizer-me que não porque é tanto o alívio de amar de novo e deitar na cama e ser abraçado e tocado e beijado e teu coração saltará quando ouvires a minha voz e vires o meu sorriso e sentires a minha respiração no teu pescoço e teu coração vai disparar quando eu te quiser ver e eu irei mentir-te desde o primeiro momento e irei usar-te e irei penetrar-te e partirei o teu coração porque tu partiste o meu primeiro e tu me amarás mais a cada dia até que o peso desse amor seja insuportável e a tua vida seja minha e tu morrerás sozinha porque eu levarei o que eu quero e irei embora sem te deixar nada está sempre lá sempre esteve e não podes negar a vida que tu achas que é foda foda-se a vida foda-se a vida foda-se a vida agora que eu te perdi
Sarah Kane (Crave)
Mais tarde, também eu arrancarei o coração do peito para o secar como um trapo e usar limpando apenas as coisas mais estúpidas. Quando empedernir, esquecido de toda a humanidade da vida, ficará entre as loiças, como inútil souvenir ou peça de mesa para uma festa que nunca acontecerá. Terei sempre pena dele. Estará como um animal antigo que perdeu a qualidade dos novos dias. Sem visitas. Será apenas a humilhação entristecedora de todos os afectos. Poderei, nas arrumações, preparando alguma partida, aligeirando os fardos, deixá-lo no lixo para que a natureza o recicle com as suas ganas aturadas de recomeçar tudo. Até lá, a minha coragem assume apenas a evidência de que somos matéria morrendo. Começarei morrendo pelo coração. Gostarei sempre dele, como se gosta do que está extinto, sejam os dragões, os anjos ou as distâncias. Histórias de coisas que não voltam. O meu coração sem visitas perderá a memória e, quando nos separarmos de vez, certamente será mais feliz. Se me perguntarem, direi que nasci sem ele. Jurarei e mentirei sempre.
Valter Hugo Mãe (A Desumanização)
- Minha filha, vens da água e a água fala. Vens do tempo e estarás no tempo e a tua palavra estará no vento e será espalhada pela terra. A tua palavra será o fogo que transforma todas as coisas. A tua palavra estará na água be será espelho da língua. A tua palavra terá olhos e verá, terá ouvidos e ouvirá, terá tacto para mentir com a verdade e dirá verdades que parecerão mentiras. E com a tua palavra poderás regressar à quietude, ao princípio onde nada é, onde nada está, onde tudo o que foi criado regressa ao silêncio, mas a tua palavra despertá-lo-á e terás de nomear os deuses e terás de dar vozes às árvores e farás com que a natureza tenha língua e falará por ti o que é invisível. E a tua língua será palavra de luz e a tua palavra, pincel de flores, palavra de cores que, com a tua voz, pintará novos códices.
Laura Esquivel (Malinche)
Quando se despoja uma árvore de seus ramos, ela costuma aparecer vestida de novos rebentos no tronco e não tardará que novos ramos cresçam, novas folhas reverdeçam e a copa se recomponha como era dantes. Assim acontece também, freqüentemente, a uma alma que adoece em plena florescência; volta às suas raízes primaveris e à sua infância, como se aí pudesse encontrar novas esperanças e reatar o fio quebrado do ciclo da vida. A seiva acode nos brotos que despontam no tronco mas é uma ressurreição aparente, pois a alma, tal como a árvore destroncada, jamais voltará a ser idêntica ao que era.
Hermann Hesse (Beneath the Wheel)
True thinking takes place within a frame of continuous historical development in which progress in understanding is being made. . . . No constructive thinking that is worth while can be undertaken that sets at nought the intellectual labours of the centuries that are enshrined in tradition, or be undertaken on the arrogant assumption that everything must be thought through de novo as if nothing true had already been done or said. He who undertakes that kind of work will inevitably be determined unconsciously by the assumptions of popular piety which have already been built into his mind.
Thomas F. Torrance
Sabes o que é não sentir o coração e sentir o coração, tud’uma batida só, sangue leve no peito e lágrimas limpas a escorrer? Faz conta foste na pesca, rede e tudo, e em vez do peixe grande meteste a rede na água e te veio uma nuvem? Se é impossível? Eu sei lá, avilo, eu sei lá… Desde cadengue que ando então a ver as nuvens dançar nas peles do mar, e me pergunto: assim calminho, liso tipo carapinha com desfrise, o mar não tem nuvens dele também? De onde eu venho é muito longe, por isso, juro mesmo, nasci de novo. Vou te confessar: espanto é só aquilo que ainda nunca tínhamos vivido com nossa pele!
Ondjaki (Quantas Madrugadas Tem a Noite)
Interminável é assim o ciúme, pois mesmo se o ente amado, tendo morrido por exemplo, não o pode mais provocar pelos seus atos, acontece que reminiscências posteriores a qualquer fato se comportam de repente em nossa memória como outros tantos fatos, reminiscências que não havíamos esclarecido até então, que nos tinham parecido insignificantes e às quais basta que reflitamos sobre elas, sem nenhum evento exterior, para lhes darmos um sentido novo e terrível. Não é preciso sermos dois, basta estarmos só no quarto, a pensar, para que novas traições de nossa amante aconteçam, embora ela esteja morta. Por isso não se deve temer no amor, como na vida habitual, tão somente o futuro, mas também o passado, o qual não se realiza para nós muitas vezes senão depois do futuro, e não falamos apenas do passado que só se nos revela mais tarde, mas daquele que conservamos há muito tempo em nós e que de repente aprendemos a ler.
Marcel Proust (La Prisonnière)
Fluindo na direcção da morte, a vida do homem arrastaria consigo, inevitavelmente, todas as coisas humanas para a ruína e a destruição, se não fosse a faculdade humana de interrompê-las e iniciar algo novo, faculdade inerente à acção como perene advertência de que os homens, embora devam morrer, não nascem para morrer, mas para começar.
Hannah Arendt (The Human Condition)
Se acredito num velhote que vive nas nuvens, com uma barba branca e que nos julga com um código moral numerado de um a dez? Deus do céu, não, Elly, não acredito! Já teria sido expulso desta vida há muitos anos devido à minha história atribulada. Se acredito num mistério; no inexplicável fenómeno que é a própria vida? Na entidade grandiosa que ilumina as incongruências das nossas vidas, que nos dá coisas pelas quais nos devemos esforçar e também a humildade para nos recompormos e recomeçarmos tudo de novo? Então sim, nisso acredito. É a fonte da arte, da beleza, do amor e professa a derradeira bondade para com os seres humanos. Para mim, isso é Deus. Para mim, isso é vida. É nisso que acredito.
Sarah Winman (When God Was a Rabbit)
Ficámos de novo sem assunto. Olhei à minha volta. O branco é triste como o negro, nunca antes o tinha sentido. (...) Não lhe acariciei a mão, nem lhe pus a minha sobre a testa, num gesto de consolação. Não fiz nada disso. E devia-o ter feito. Mas que a tristeza me dominou, que apeteceu chorar, por ver o meu pai tão doente, isso era verdade. Ele tê-lo-ia compreendido? Decerto é ilusão julgarmos que outras pessoas podem compartilhar dos nossos sentimentos através de simples palavras. Se eu dissesse que vejo na memória um homem encolhido na cadeira, metido num fato largo demais como se não pertencesse, com as mãos amarelo torcidas sobre o ventre e o olhar fixo no chão, alguém o verá como eu o vi?
Ilse Losa (O Mundo Em Que Vivi)
Lembro-me de outro, um rapaz novo em estado terminal : se nos aproximávamos tirava um pente do bolso do pijama e compunha o cabelo. (…) Se lhe dissesse isto não acreditava: desde quando um camponês é melhor que um doutor? Tínhamos a mesma idade, mais coisa menos coisa. A diferença é que você era um homem e eu um palerma de bata. Não tenho bata há muito.
António Lobo Antunes (Quarto Livro de Crónicas)
Guardei na gaveta de baixo a flor que trazia nos dedos à hora de adivinhar-te. Primeiro foste apenas uma ideia que me segurou na porta da cozinha quando ia meter numa garrafa verde um malmequer amarelo. Fiquei ali à espera que te transformasses em certeza ou em música. Lembro-me que havia um sol bonito a enquadrar a cesta dos pimentos Lembro-me do chiar mansinho da panela da sopa Lembro-me do gato. Olhou-me e li nos seus olhos feiticeiros o recado que os teus ainda não podia dar-me sou que tinhas sido arremessado à praia do meu corpo pela espuma desfeita das vagas de setembro. Como um grão de areia uma pepita de ouro um búzio Pude então mover-me andar sorrir de novo abrir a gaveta de baixo guardar a flor do meu segredo.
Rosa Lobato de Faria (A Gaveta de Baixo)
É impressionante como o rosto de uma pessoa amada -- o rosto de alguém com quem já vivemos, a quem julgamos conhecer, talvez o único rosto que seríamos capazes de descrever, que contemplamos durante anos, desde uma distância mínima -- é bonito, e de certo modo, é terrível saber que até esse rosto pode liberar de repente, inesperadamente, gestos novos. Gestos que talvez nunca voltemos a ver.
Alejandro Zambra (Ways of Going Home)
Se a verdade contivesse uma referência essencial a inteligências pensantes, às suas funções espirituais e formas de movimentos, então ela se geraria e pereceria com elas, senão com o indivíduo, com a espécie. Como a genuína objetividade da verdade, perder-se-ia também a do ser, mesmo a do ser subjetivo, a do ser do sujeito. E se, e.g., os seres pensantes fossem totalmente incapazes de admitir o seu próprio ser como verdadeiramente existente? Então seriam e também não seriam. A verdade e o ser são ambos "categorias" num mesmo sentido, e são manifestamente correlativos. Não se pode relativizar a verdade e manter a objetividade do ser. A relativização da verdade pressupõe, entretanto, certamente de novo, como ponto de referência, um ser objetivo - aí reside a contradição relativista.
Edmund Husserl
Pici passi. Un viagio in bici xe fato de pici passeti. I pici passi te permeti, co te entri int'un paeseto, de entrarghe veramente, de sentirlo tuo, de respirar a pieni polmoni la sua atmosfera, de imerger totalmente i tui zinque sensi int'un novo contesto. I pici passi fa questo. Fa assaporar i loghi, fa assaporar le persone, fa assaporar la tua crescita assieme a queste. Pici passi come filosofia de vita.
Diego Manna (Zinque bici, do veci e una galina con do teste: Una rumizada de Trieste a Budapest e le maldobrie de Ucio e Ciano)
Sonhamos com o amanhã mas esse dia não chega; Sonhamos com a glória que de facto não queremos. Sonhamos com um novo dia quando já amanheceu. Fugimos da batalha que sabemos ter de travar. Todd parou e fez sinal aos outros, que leram: «E ainda assim dormimos». Todd continuou: Esperamos o chamamento mas não estamos atentos, Esperamos um futuro que não passa de planos. , Sonhando com o conhecimento que cada dia evitamos, Rezamos por um salvador quando a redenção está nas nossas mãos. E ainda assim dormimos. E ainda assim dormimos. E ainda assim rezamos. E ainda assim tememos... Fez uma pausa e acrescentou, tristemente: «E ainda assim dormimos»
Todd Clube dos Poetas Mortos
[...] pensamos que o tempo “passa”, que flui por nós, mas e se formos nós que nos movemos para a frente, do passado para o futuro, sempre descobrindo o novo? Seria um pouco como ler um livro, entende? O livro está todo ali, todo de uma vez, entre as capas. Mas se você quer ler a história e entendê-la, deve começar na primeira página e avançar, sempre na ordem. Então o universo seria um grande livro, e nós, leitores muito pequenos.
Ursula K. Le Guin (The Dispossessed: An Ambiguous Utopia)
e eu respondi, coitado do esteves, coitado do nosso esteves. como se o esteves fosse novo, e nós, eu e o silva da europa, e o senhor pereira e mais o anísio dos olhos de luz, fôssemos uma família, uma outra família pela qual eu não poderia ter esperado. unida sem parecenças no sangue, apenas no destino de distribuirmos a solidão uns pelos outros. distribuída assim, a solidão de cada um entregue ao outro, era tanto quanto família. era uma irmandade de coração, uma capacidade de ser leal como nenhuma outra. [...] nunca eu teria percebido a vulnerabilidade a que um homem chega perante outro. nunca teria percebido como um estranho pode nos pertencer, fazendo-nos falta. não era nada esperada aquela constatação de que a família também vinha de fora do sangue, de fora do amor ou que o amor podia ser outra coisa, como uma energia entre pessoas, indistintamente, um respeito e um cuidado pelas pessoas todas.
Valter Hugo Mãe
Qualquer narrativa que queira conquistar a filiação da Humanidade terá, acima de tudo, de se mostrar capaz de fazer frente às revoluções gémeas da tecnologia da informação e da biotecnologia. Se o liberalismo, o nacionalismo, o islão ou qualquer outro credo novo quiser moldar o mundo do ano 2050, terá não só de conseguir explicar a inteligência artificial, os algoritmos da BigData e a bioengenharia como também terá de os integrar numa nova narrativa com sentido.
Yuval Noah Harari (21 lições para o século 21 (Portuguese Edition))
Serenado um pouco, abriu o livro e retomou a leitura. Esqueceu-se de si próprio por completo e bem podia então dizer que morrera. Sonhava no outro, ou melhor, o outro era um sonho que nele se sonhava, uma criatura da sua infinita solidão. Até que despertou com uma terrível pontada no peito. A personagem do livro acabara de lhe dizer de novo: «Devo repetir ao leitor que comigo morrerá.». E desta vez o efeito foi espantoso. O trágico leitor perdeu o conhecimento naquele seu leito de sofrimento espiritual; deixou de sonhar no outro e deixou de sonhar-se a si mesmo. E quando voltou a si, lançou fora o livro, apagou a luz e procurou adormecer, deixar de sonhar. Impossível! De quando em quando tinha de levantar-se para beber água; ocorreu-lhe que bebia no Sena, no espelho. «Estarei louco? - repetia -. Certamente que não, porque quando uma pessoa se pergunta se está louca é porque não está...». Levantou-se, pegou-lhe o fogo na lareira e queimou o livro, voltando em seguida a deitar-se. E conseguiu finalmente adormecer.
Miguel de Unamuno (Cómo se hace una novela)
É por isso, aliás, que a literatura e a poesia, ao buscarem expressar as coisas do mundo com o uso de metáforas bem construídas, imagens, analogias, diálogos, personagens e eu líricos pungentes, enfim, com todo um trabalho de linguagem e de criação artística, não consistem apenas em uma forma mais bonita de dizer as coisas: a arte abre um novo campo semântico, como se melhorasse a qualidade dessa 'tradução do mundo'. É nesse sentido que o escritor alemão Novalis escreveu: 'Quanto mais poético, mais verdadeiro'.
Liliane Prata (O Mundo Que Habita Em Nos (Em Portugues do Brasil))
Quando mudamos de marca de cigarro, nos mudamos para um novo bairro, assinamos um novo jornal, nos apaixonamos e desapaixonamos, estamos a protestar, de modos ao mesmo tempo frívolos e profundos, contra a maçada que nunca se dissolve da vida de todos os dias. Infelizmente, um espelho é tão traiçoeiro quanto outro, e a dado momento reflecte em cada aventura o mesmo rosto insatisfeito, então ela pergunta que raio fiz eu?, na verdade quer dizer o que é que é que eu estou a fazer?, que é o que habitualmente se diz.
Truman Capote (Summer Crossing)
Seja forte. Seja aplicada. Seja conscienciosa. E isso nunca se consegue escolhendo o caminho fácil. Exceto claro, quando o caminho já seja fácil por si. Às vezes, acontece. Em tal caso, não busque um novo mais complicado. Só os mártires vão procurar os problemas de maneira deliberada. (…) Ria. Ria muito e com vontade. E, quando as circunstâncias pedirem silêncio, converta a risada em sorriso. Não se conforme. Descubra o que quer e persegue-o. E se não souber o que quer, tenha paciência. Todas as respostas chegarão ao seu devido tempo e verá que seus desejos estiveram diante de você todo o tempo.
Julia Quinn (To Sir Phillip, With Love (Bridgertons, #5))
Por que lê tanto ? (...) - Olhe-me e diga o que vê. O rapaz olhou-o com suspeita - Isto é algum truque ? Vejo você. Tyrion Lannister Tyrion suspirou. - Você é notavelmente gentil para um bastardo, Snow. O que vê é um anão. Você tem o que ? Doze anos ? - Catorze - disse o rapaz. - Catorze, e é mais alto que alguma vez serei. Minhas pernas são curtas e tortas, e caminho com dificuldade. Necessito de uma sela especial para não cair do cavalo. Uma cela de minha própria concepção, talvez te interesse saber. Era isso ou montar um pônei. Meus braços são suficientemente fortes mas, uma vez mais, demasiado curtos. Nunca serei um espadachim. Se tivesse nascido camponês, provavelmente me teriam me expulsado para que morresse, ou vendido para a coleção de aberrações de algum negociante de escravos. Mas, ai de mim ! Nasci um Lannister de Rochedo Casterly, e as coleções de aberrações são das mais pobres. Esperam-se coisas de mim. Meu pai foi mão do rei durante vinte anos. Aconteceu que, mais tarde, meu irmão matou esse mesmo rei, mas minha vida está cheia dessas pequenas ironias. Minha irmã casou-se com o novo rei e o meu repugnante sobrinho será rei depois dele. Devo cumprir minha parte pela honra da minha casa, não concorda ? Mas como ? Bem, poderei ter as pernas pequenas demais para o corpo, mas minha cabeça é grande demais, embora eu prefira pensar que tem o tamanho certo para minha mente. Possuo um entendimento realista das minha forças e fraquezas. A mente é minha arma. Meu irmão tem a sua espada, O Rei Robert, o seu martelo de guerra, e eu tenho a minha mente... e uma mente necessita de livros da mesma forma que uma espada necessita de uma pedra de amolar se quisermos que se mantenha afiada - Tyrion deu uma palmada na capa de coura do livro - É por isso que leio tanto, Jon Snow.
George R.R. Martin (A Game of Thrones (A Song of Ice and Fire, #1))
Era o último dia do ano e para muitos, o único que realmente importava. Tudo o que não fora feito durante o ano, transformar-se -ia num novo desejo, quando a meia-noite fosse anunciada e as passas consumidas de forma pensativa. Brindavam ao ano e à vida que deixavam para trás, dando as boas novas a um ano diferente, com novos conhecimentos, novos projectos e novas aventuras. E por um motivo que ainda não sabia descodificar, ninguém queria estar sozinho na última noite do ano. Era um dia como tantos outros, apenas com a diferença de um número no final do calendário, mas estar sozinho naquela noite era como um mau presságio para o ano que se avizinhava.
Carina Rosa (As Gotas de um Beijo)
‎"Você nasceu no lar que precisava nascer, vestiu o corpo físico que merecia, mora onde melhor Deus te proporcionou, de acordo com o teu adiantamento. Você possui os recursos financeiros coerentes com tuas necessidades… nem mais, nem menos, mas o justo para as tuas lutas terrenas. Seu ambiente de trabalho é o que você elegeu espontaneamente para a sua realização. Teus parentes e amigos são as almas que você mesmo atraiu, com tua própria afinidade. Portanto, teu destino está constantemente sob teu controle. Você escolhe, recolhe, elege, atrai, busca, expulsa, modifica tudo aquilo que te rodeia a existência. Teus pensamentos e vontades são a chave de teus atos e atitudes. São as fontes de atração e repulsão na jornada da tua vivência. Não reclame, nem se faça de vítima. Antes de tudo, analisa e observa. A mudança está em tuas mãos. Reprograma tua meta, busca o bem e você viverá melhor. Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.
Francisco Cândido Xavier
Era uma vez um pássaro. Adornado com um par de asas perfeitas e plumas reluzentes, coloridas e maravilhosas. Enfim, um animal feito para voar livre e solto no céu, e alegrar quem o observasse. Um dia, uma mulher viu o pássaro e apaixonou-se por ele. Ficou a olhar o seu voo com a boca aberta de espanto, o coração batendo mais rapidamente, os olhos brilhando de emoção. Convidou-o para voar com ela, e os dois viajaram pelo céu em completa harmonia. Ela admirava, venerava, celebrava o pássaro. Mas então pensou: talvez ele queira conhecer algumas montanhas distantes! E a mulher sentiu medo. Medo de nunca mais sentir aquilo com outro pássaro. E sentiu inveja, inveja da capacidade de voar do pássaro. E sentiu-se sozinha. E pensou: “vou montar uma armadilha. Da próxima vez que o pássaro surgir, ele não partirá mais.” O pássaro, que também estava apaixonado, voltou no dia seguinte, caiu na armadilha, e foi preso na gaiola. Todos os dias ela olhava o pássaro. Ali estava o objecto da sua paixão, e ela mostrava-o ás suas amigas, que comentavam: “Mas tu és uma pessoa que tem tudo.” Entretanto, uma estranha transformação começou a processar-se: como tinha o pássaro, e já não precisava de o conquistar, foi perdendo o interesse. O pássaro sem puder voar e exprimir o sentido da sua vida, foi definhando, perdendo o brilho, ficou feio – e a mulher já não lhe prestava atenção, apenas prestava atenção á maneira como o alimentava e como cuidava da sua gaiola. Um belo dia o pássaro morreu. Ela ficou profundamente triste, e passava a vida a pensar nele. Mas não se lembrava da gaiola, recordava apenas o dia em que o vira pela primeira vez, voando contente entre as nuvens. Se ela se observasse a si mesma, descobriria que aquilo que a emocionava tanto no pássaro era a sua liberdade, a energia das asas em movimento, não o seu corpo físico. Sem o pássaro a sua vida também perdeu o sentido, e a morte veio bater á sua porta. “Por que vieste?” perguntou á morte. “Para que possas voar de novo com ele nos céus”, respondeu a morte. “Se o tivesses deixado partir e voltar sempre, amá-lo-ias e admirá-lo-ias ainda mais; porém, agora precisas de mim para puderes encontrá-lo de novo.
Paulo Coelho (Eleven Minutes)
Segundo Platão, um filosofo grego: No início da criação, os homens e as mulheres não eram como hoje; havia apenas um ser, baixo, com um corpo e um pescoço, mas a cabeça tinha duas faces, cada uma olhando para uma direcção. Era como se as duas criaturas estivessem presas pelas costas, com dois sexos opostos, quatro pernas e quatro braços. Os deuses gregos, porém, eram ciumentos, e viram que uma criatura que tinha quatro braços trabalhava mais, as duas faces opostas estavam sempre vigilantes e não exigiram tanto esforço para ficar de pé ou andar por longos períodos. E, o que era mais perigoso, a tal criatura tinha dois sexos diferentes, não precisavam de ninguém para continuar a reproduzir-se. Então, disse Zeus, o supremo senhor do Paraíso: "Tenho um plano para fazer com que estes mortais percam a sua força." E, com um raio, cortou a criatura em dois, criando o homem e a mulher. Isso aumentou muito a população do mundo, e ao mesmo tempo desorientou e enfraqueceu os que nele habitavam- porque agora tinham de procurar de novo a sua parte perdida, abraçá-la novamente, e nesse abraço recuperar a força antiga, a capacidade de evitar a traição, a resistência para andar durante longos períodos e aguentar o trabalho cansativo. A esse abraço em que os dois corpos se fundem de novo em um chamamos sexo. (...) Depois de os deuses separarem a dita criatura com sexos opostos, por que razão algumas delas resolvem que o dito abraço pode ser apenas uma coisa, um negocio como outro qualquer- que em vez de aumentar, retira a energia às pessoas ?
Paulo Coelho (Eleven Minutes)
A avaliação inicial feita por Connell a respeito da leitura não foi refutada. Era cultura como representação de classe, literatura fetichizada por sua capacidade de levar pessoas instruídas em falsas jornadas emocionais para que depois se sintam superiores a pessoas sem instrução cujas jornadas emocionais gostaram de ler. Ainda que o escritor fosse uma boa pessoa, e embora seu livro fosse realmente perspicaz, todos os livros eram, no final das contas, vendidos como símbolos de status, e todos os escritores participavam em alguma medida desse marketing. Supunha-se que era assim que a indústria ganhava dinheiro. A literatura, como aparecia nessas leituras públicas, não tinha potencial como forma de resistência nem nada disso. Porém, Connell foi para casa naquela noite e releu algumas anotações que andava fazendo para um novo conto, e sentiu a velha batida de prazer dentro do corpo, como assistir a um gol perfeito, como o movimento rumorejante da luz através das folhagens, um fraseado musical da janela de um carro que passa. A vida propicia esses momentos de alegria, apesar de tudo.
Sally Rooney (Normal People)
Pela noite fechada de silêncio, escrevo. É uma noite de Inverno, limpa, definitiva, uma evidência brilha na sua linearidade, no diagrama das estrelas… Olho-a, ouço-a. Todas as vozes obscuras, como bichos nocturnos, sobem ao limite do meu espanto, da minha vigília. (…) Um homem novo recria-se-me na transparência do seu ser. Sinto-o leve e lúcido, instantâneo e incandescente, por entre cinzas que o fogo deixou. (…) o homem primordial que em mim sobe tem a face atónita de uma primeira interrogação. E não é isso uma imagem, uma figuração com que procuremos, contra um hábito endurecido, abrir os olhos a um novo modo de ver. (…) Sou eu só, diante de mim e da noite, irredutível e inútil na minha lucidez. E no entanto, nenhuma desculpa me tranquiliza o remorso da urgência de um mundo a repovoar. É um remorso que se agrava à certeza de que os outros se reconhecem na mesma urgência e vazio. (…) A invenção de um novo mundo não é uma invenção de ninguém. Não está na nossa mão criá-lo; está só, quando muito, ajudar no seu parto. E todavia – sabemo-lo bem – é em nós que ele se gera; mas tão longe de onde estamos, que só já quando irrevogável o sabemos. Um mundo acontece na escolha interminável de nós. Assim pois, testemunhas apenas à superfície desse acto de criação, (…), nós cumprimos sempre as ordens que ninguém deu e não as pudemos pois discutir. (…) A última justificação de todas as justificações escapa sempre ao homem e dela chega apenas até ele o seu eco pluralizado. (…) E todo o problema do mundo de hoje está aí. Regresso a mim, ao meu corpo distinto e classificável onde todo o milagre aconteceu. E pergunto-me, suspenso, como foi possível, como é que uma breve semente abriu assim até essa Voz, até ao silêncio donde essa Voz falou. Frente ao grande sono dos homens que o esqueceram, na atenção inexorável ao sem limite de mim, a minha vigília arde como um fogo assassino. É um fogo alto e poderoso. Lume breve na minha intimidade, na brevidade de um pequeno ser, eu, anónimo e avulso, ocasional e frágil – eu. E todavia, esse lume vibra de vigor, brilha único e intenso contra o assalto da noite. Trago em mim a força monstruosa de interrogar, mais força que a força de uma pergunta. (…) o que eu trago em mim é o anúncio do fim do mundo, ou mais longe, e decerto, o da sua recriação.
Vergílio Ferreira (Invocação ao meu corpo)
O século XIX foi o ‘século da História’, porque foi igualmente o ‘século do culto dos mortos’. É certo que o cristianismo continuou a fornecer, ainda que com modificações, a narrativa cósmica, histórica e escatológica que dava sentido à vida individual e colectiva. Porém, os tempos modernos – com a sua centração mais subjectiva e imanente, e com a sua crescente crença na capacidade gnosiológica e ética da razão autónoma (sonho de poder expresso no novo ideal de ciência, nas novas concepções ético-sociais e políticas, e nos novos postulados da inteligibilidade do universo e da perfectibilidade humana) – conduziram a uma visão mais secularizada do mundo. Lentamente, esta alterou o modo como o homem ocidental concebia as suas relações com o espaço e com o tempo, provocando inevitáveis mudanças no campo tanatológico, em consequência de uma mais clara assunção do valor da história e da memória. Fosse em termos exclusivos, ou em coexistência com a esperança transcendente, o aperfeiçoamento memorial aos mortos foi uma atitude que, embora enraizada no núcleo familiar, acabou por ser reproduzida por todos os grupos sociais (associações, partidos, Estado). E pode dizer-se que a sua gestão se mostrou tanto mais planificada, quanto mais extensa e contraditória era a sociabilidade que o culto pretendia reforçar, característica que permitiu pôr a nu a ligação estreita entre o(s) poder(es). Não admira que tenham sido os meios agnósticos e materialistas, cujas expectativas se limitavam à sobrevivência memorial, a destacarem, com mais enfase, estes elos, bem como a função social das práticas evocativas e comemorativas. Por isso, este estudo, ao procurar apreender os caminhos que levariam ao céu da memória, teve de articulá-los com as lutas pela secularização dos cemitérios, de modo a poder demonstrar que tais reivindicações se inseriam no combate pelo reconhecimento dos direitos fundamentais do indivíduo, e pela realização do ideal moderno de cidadania.
Fernando Catroga (O Céu da Memória: Cemitério Romântico e Culto Cívico dos Mortos em Portugal (1756-1911))