“
— São produções incríveis, Andrew — comentou o Senhor.
— Eu gosto de fazê-las, Senhor — respondeu Andrew.
— Gosta?
— De algum modo, faz os circuitos do meu cérebro fluírem com mais facilidade. Ouvi o senhor usar a palavra 'gostar' e a maneira como a usa combina com a forma como me sinto. Eu gosto de fazê-las, Senhor."
"— Não se trata de falha da parte dele. Ele realiza perfeitamente as tarefas atribuídas. A questão é que também entalha a madeira de um jeito primoroso e nunca repete um padrão. Ele produz obras de arte."
"— Quero dar esse dinheiro para o Senhor.
— Não vou aceitar, Andrew.
— Em troca de algo que o Senhor pode me dar.
— Ah? O que é, Andrew?
— Minha liberdade, Senhor.
— A sua…
— Quero comprar a minha liberdade, Senhor."
"— Ele vai continuar aqui. Ainda vai ser leal. Ele não pode evitar. Está incorporado nele. A única coisa que ele quer é uma forma de expressão. Ele quer ser chamado de livre. É tão terrível assim? Ele não fez por merecer? Céus, ele e eu temos conversado sobre isso há anos."
"— Pai, o senhor não o conhece. Ele leu tudo da biblioteca. Não sei o que ele sente por dentro, mas também não sei o que o senhor sente por dentro. Quando conversar com ele, verá que Andrew reage às várias abstrações da mesma maneira que o senhor e eu, e o que mais importa? Se alguém tem reações como as suas, o que mais você pode querer?"
"—A liberdade não tem preço, Senhor — respondeu Andrew. — Até mesmo a chance de ter liberdade vale o dinheiro.”
"(...) — Torná-lo livre seria apenas um jogo de palavras, mas significaria muito para ele. Isso daria tudo para ele e não nos custaria nada."
"— Por que quer ser livre, Andrew? — indagou ele. — Em que sentido isso importará para você?
—O senhor gostaria de ser escravo, meritíssimo? — respondeu Andrew."
"— Talvez não mais do que faço agora, meritíssimo, mas com mais alegria. Foi dito aqui, neste tribunal, que só um ser humano pode ser livre. Parece-me que apenas aquele que deseja a liberdade pode ser livre. Eu desejo a liberdade."
"— Não é direito negar liberdade a qualquer objeto com uma mente avançada o suficiente para entender o conceito e desejar essa condição."
"Andrew não sabia o que falar. Nunca estivera ao lado de uma pessoa que estava morrendo, mas sabia que era a maneira humana de parar de funcionar. Era uma desmontagem involuntária e irreversível, e Andrew não fazia ideia do que seria apropriado dizer naquele momento. Conseguiu somente permanecer de pé, em absoluto silêncio, totalmente imóvel."
"— Eu sei, George. Existem robôs fazendo todo tipo de trabalho que se possa imaginar.
— E nenhum deles usa roupa.
— Mas nenhum deles é livre, George"
"Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades, e, se os robôs têm Três Leis para proteger os homens, seria demais pedir que os homens tenham uma ou duas leis para proteger os robôs?"
"Andrew estava certo. A batalha pela opinião pública era a chave para atingir os tribunais e o Legislativo e, no final, foi aprovada uma lei que instituiu condições sob as quais eram proibidas as ordens para danificar um robô. Tinha inúmeras condicionantes e as punições para o descumprimento da lei eram totalmente inadequadas, mas o princípio foi estabelecido. A última sanção pelo Legislativo Mundial se deu no dia da morte da Pequena Senhorita."
"— Isso não seria mentira, Andrew?
— Seria, Paul, e não posso mentir. É por isso que você tem que ligar.
— Ah, você não pode mentir, mas pode me incentivar a contar uma mentira, é isso? Você está ficando cada vez mais humano, Andrew."
"— Sou um robô livre e pertenço a mim mesmo.
”
”