Azevedo Quotes

We've searched our database for all the quotes and captions related to Azevedo. Here they are! All 79 of them:

Sometimes life is hard ... so we have to squeeze it, touch it, play with it, and make it soft like a dough! Now it's soft enough to be shaped in any way we want! Keep moving, touching life, as this will keep it smooth and fun!
Karina Fonseca Azevedo
Foi por ti que num sonho de ventura A flor da mocidade consumi... E às primaveras disse adeus tão cedo E na idade do amor envelheci!
Álvares de Azevedo (Lira Dos Vinte Anos)
Sabe Deus se te amei! sabem as noites Essa dor que alentei, que tu nutrias! Sabe este pobre coração que treme Que a esperança perdeu porque mentias!
Álvares de Azevedo (Lira Dos Vinte Anos)
When you love people and have the desire to make a profound, positive impact upon the world, then will you have accomplished the meaning to live.
Sasha Azevedo
[...] honestidade sem mérito, porque vinha da indolência do seu temperamento e não do arbítrio do seu caráter.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
Não é a lua que lá vai macilenta: é o relâmpago que passa e ri de escárnio às agonias do povo que morrem aos soluços que seguem as mortualhas do cólera.
Álvares de Azevedo (Noite na Taverna)
Azevedo Bandeira is an expert in the art of progressive intimidation, in the satanic maneuver of gradually humiliating his interlocutor by combining verities and gibes.
Jorge Luis Borges (The Aleph and Other Stories)
Família é prato difícil para se preparar. São muitos ingredientes. Reunir todos é um problema. (...) Uma pitada a mais disso ou daquilo e, pronto é um verdadeiro desastre. Família é prato extremamente sensível. Tudo tem de ser muito pesado, muito bem medido.
Francisco Azevedo (Once Upon a Time in Rio)
Se na vida há uma coisa real e divina é a arte - e na arte se há um raio do céu é na música. Na música que nos vibra as cordas da alma, que nos acorda da modorra da existência a alma embotada. Oh! é tão doce sentir a voz vaporosa que trina, que nos enleva - e que parece que nos faz desfalecer, amar, e morrer!
Álvares de Azevedo (Macário)
E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou a minhocar, a esfervilhar, a crescer, um mundo, uma coisa viva, uma geração, que parecia brotar espontânea, ali mesmo, daquele lameiro, e multiplicar-se como larvas no esterco.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
É preferível morrer por amor que viver sem ele.
Álvares de Azevedo
Life is a gift. Never take it for granted.
Sasha Azevedo
Mas o mundo é do diabo, assim como o céu é dos tolos.
Álvares de Azevedo (Noite na taverna / Macário)
Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
- Pois, então, meu amigo, é arranjar-lhe uma quitanda em outro bairro; dar-lhe algum dinheiro e... Boa viagem! O dente que já não presta arranca-se fora!
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
To believe in yourself and to follow your dreams, to have goals in life and a drive to succeed, and to surround yourself with the things and the people that make you happy - this is success!
Sasha Azevedo
I certainly don't regret my experiences because without them, I couldn't imagine who or where I would be today. Life is an amazing gift to those who have overcome great obstacles, and attitude is everything!
Sasha Azevedo
E fez-se então a mais completa, a mais cerrada escuridão que é possível conceber. Era a treva absoluta; treva de morte; treva de caos; treva que só compreende quem tiver os olhos arrancados e as órbitas entupidas de terra.
Aluísio Azevedo (Demônios)
Si alguna mujer hermosa viniere a pedirte justicia, quita los ojos de sus lágrimas y tus oídos de sus gemidos, y considera de espacio la sustancia de lo que pide, si no quieres que se anegue tu razón en su llanto y tu bondad en sus suspiros.
Miguel de Cervantes Saavedra
When you're a beautiful person on the inside, nothing in the world can change that about you. Jealousy is the result of one's lack of self-confidence, self-worth, and self-acceptance. The Lesson: If you can't accept yourself, then certainly no one else will.
Sasha Azevedo
- Talvez um poeta - talvez um louco. - Muito bem! adivinhaste. Só erraste não dizendo que talvez ambas as coisas a um tempo. Seneca o disse - a poesia é a insânia. Talvez o gênio seja uma alucinação, e o entusiasmo precise da embriaguez para escrever o hino sanguinário e fervoroso de Rouget de l’Isle, ou para, na criação do painel medonho do Cristo morto de Holbein, estudar a corrupção no cadáver. Na vida misteriosa de Dante, nas orgias de Marlowe, no peregrinar de Byron havia uma sombra da doença de Hamlet: quem sabe?
Álvares de Azevedo (Noite na Taverna)
O mundo hoje é tão devasso como no tempo da chuva de fogo de Sodoma. Falais na indústria, no progresso? As máquinas são muito úteis, concordo. Fazem-se mais palácios hoje, vendem-se mais pinturas e mármores - mas a arte degenerou em oficio - e o gênio suicidou-se
Álvares de Azevedo (Noite na taverna / Macário)
Cedia passivamente nos hábitos de existência, mas no intimo continuava a ser a mesma colona saudosa e desconsolada, tão fiel às suas tradições como a seu marido. Agora estava até mais triste; triste porque Jerônimo fazia-se outro; triste porque não se passava um dia que lhe não notasse uma nova transformação; triste, porque chegava a estranhá-lo, a desconhecê-lo, afigurando-se-lhe até que cometia um adultério, quando à noite acordava assustada ao lado daquele homem que não parecia o dela, aquele homem que se lavava todos os dias, aquele homem que aos domingos punha perfumes na barba e nos cabelos e tinha a boca cheirando a fumo.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
Write now, sleep later.
Annalise Azevedo
We can teach from our experience, but we cannot teach experience.
Sasha Azevedo
Too many people go through life waiting for things to happen instead of making them happen!
Sasha Azevedo
The world is not interested in what we do for a living. What they are interested in is what we have to offer freely - hope, strength, love, and the power to make a difference!
Sasha Azevedo
Já não eram dois instrumentos que soavam, eram lúbricos gemidos e suspiros soltos em torrente, a correrem serpenteando, como cobras numa floresta incendiada; eram ais convulsos, chorados em frenesi de amor; música feita de beijos e soluços gostosos; carícia de fera, carícia de doer, fazendo estalar de gozo.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
E aquela música de fogo doidejava no ar como um aroma quente de plantas brasileiras, em torno das quais se nutrem, girando, moscardos sensuais e besouros venenosos, freneticamente, bêbedos do delicioso perfume que os mata de volúpia.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
Jerônimo alheou-se de sua guitarra e ficou com as mãos esquecidas sobre as cordas, todo atento para aquela música estranha, que vinha dentro dele continuar uma revolução começada desde a primeira vez em que lhe bateu em cheio no rosto, como uma bofetada de desafio, a luz deste sol orgulhoso e selvagem, e lhe cantou no ouvido o estribilho da primeira cigarra, e lhe acidulou a garganta o suco da primeira fruta provada nestas terras de brasa, e lhe entonteceu a alma o aroma do primeiro bogari, e lhe transtornou o sangue o cheiro animal da primeira mulher, da primeira mestiça, que junto dele sacudiu as saias e os cabelos.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras embambecidas pela saudade da terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
Mas Jerônimo nada mais sentia, nem ouvia, do que aquela música embalsamada de baunilha, que lhe entontecera a alma; e compreendeu perfeitamente que dentro dele aqueles cabelos crespos, brilhantes e cheirosos, da mulata, principiavam a formar um ninho de cobras negras e venenosas, que lhe iam devorar o coração.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
E ela só foi ter com ele, levando-lhe a chávena fumegante da perfumosa bebida que tinha sido a mensageira dos seus amores; assentou-se ao rebordo da cama e, segurando com uma das mãos o pires, e com a outra a xícara, ajudava-o a beber, gole por gole, enquanto seus olhos o acarinhavam, cintilantes de impaciência no antegozo daquele primeiro enlace.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
Jerônimo, ao senti-la inteira nos seus braços; ao sentir na sua pele a carne quente daquela brasileira; ao sentir inundar-lhe o rosto e as espáduas, num eflúvio de baunilha e cumaru, a onda negra e fria da cabeleira da mulata; ao sentir esmagarem-se no seu largo e pelado colo de cavouqueiro os dois globos túmidos e macios, e nas suas coxas as coxas dela; sua alma derreteu-se, fervendo e borbulhando como um metal ao fogo, e saiu-lhe pela boca, pelos olhos, por todos os poros do corpo, escandescente, em brasa, queimando-lhe as próprias carnes e arrancando-lhe gemidos surdos, soluços irreprimíveis, que lhe sacudiam os membros, fibra por fibra, numa agonia extrema, sobrenatural, uma agonia de anjos violentados por diabos, entre a vermelhidão cruenta das labaredas do inferno.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
- Ah! choras sem motivo?... Espera, que te faço chorar com razão.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
Entretanto, notava que, em volta da sua nudez alourada pela luz, iam-se formando ondulantes camadas sangüíneas, que se agitavam, desprendendo aromas de flor. E, rodando o olhar, percebeu, cheia de encantos, que se achava deitada entre pétalas gigantescas, no regaço de uma rosa interminável, em que seu corpo se atufava como em ninho de veludo carmesim, bordado de ouro, fofo, macio, trescalante e morno.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
Um poeta a amaria de joelhos.
Álvares de Azevedo (Noite na Taverna)
E a mísera, sem chorar, foi refugiar-se, junto com a filha, no “Cabeça-de-Gato” que, à proporção que o São Romão se engrandecia, mais e mais ia-se rebaixando acanalhado, fazendo-se cada vez mais torpe, mais abjeto, mais cortiço, vivendo satisfeito do lixo e da salsugem que o outro rejeitava, como se todo o seu ideal fosse conservar inalterável, para sempre, o verdadeiro tipo da estalagem fluminense, a legitima, a legendária; aquela em que há um samba e um rolo por noite; aquela em que se matam homens sem a polícia descobrir os assassinos; viveiro de larvas sensuais em que irmãos dormem misturados com as irmãs na mesma lama; paraíso de vermes, brejo de lodo quente e fumegante, donde brota a vida brutalmente, como de uma podridão.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
- Sempre os mesmos pedaços de asno!... comentava franzindo o nariz. Se a tola da mulher só lhes procura agradar e fazer-lhes o gosto, ficam enjoados, e, se ela não toma a sério a borracheira do casamento, dão por paus e por pedras, como esta besta! Uma súcia, todos eles!
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
A cabocla disse-lhe que se banhasse todos os dias e desse a beber ao seu homem, no café pela manhã, algumas gotas das águas da lavagem; e, se no fim de algum tempo, este regime não produzisse o desejado efeito, então cortasse um pouco dos cabelos do corpo, torrasse-os até os reduzir a pó e lhos ministrasse depois na comida.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
De alguns quartos saiam mulheres que vinham pendurar cá fora, na parede, a gaiola do papagaio, e os louros, à semelhança dos donos, cumprimentavam-se ruidosamente, espanejando-se à luz nova do dia.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
Foi à garrafa de aguardente, bebeu uma boa porção; chorou ainda, tornou a beber, e depois saiu ao pátio, disposta a parasitar a alegria dos que se divertiam lá fora.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
Corrida uma limpeza geral no casarão, mudar-se-ia ele para lá com a família, pois que a mulher, Dona Estela, senhora pretensiosa e com fumaças de nobreza, já não podia suportar a residência no centro da cidade, como também sua menina, a Zulmirinha, crescia muito pálida e precisava de largueza para enrijar e tomar corpo.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
Ah! ela contava como certo que o esposo, desde que não teve coragem de separar-se de casa, havia, mais cedo ou mais tarde, de procurá-la de novo. Conhecia-lhe o temperamento, forte para desejar e fraco para resistir ao desejo.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
E gozou-a, gozou-a loucamente, com delírio, com verdadeira satisfação de animal no cio. E ela também, ela também gozou, estimulada por aquela circunstância picante do ressentimento que os desunia; gozou a desonestidade daquele ato que a ambos acanalhava aos olhos um do outro; estorceu-se toda, rangendo os dentes, grunhindo, debaixo daquele seu inimigo odiado, achando-o também agora, como homem, melhor que nunca, sufocando-o nos seus braços nus, metendo-lhe pela boca a língua úmida e em brasa.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
Desgraçadamente para nós, mulheres de sociedade, não podemos viver sem esposo, quando somos casadas; de forma que tenho de aturar o que me caiu em sorte, quer goste dele quer não goste! Juro-lhe, porém, que, se consinto que o Miranda se chegue às vezes para mim, é porque entendo que paga mais à pena ceder do que puxar discussão com uma besta daquela ordem!
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
Aos domingos iam às vezes à missa ou, à tarde, ao Passeio Público; nessas ocasiões, ele punha uma camisa engomada, calçava sapatos e enfiava um paletó; ela o seu vestido de ver a Deus, os seus ouros trazidos da terra, que nunca tinham ido ao monte de socorro, malgrado as dificuldades com que os dois lutaram a principio no Brasil.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
E o canto daquela guitarra estrangeira era um lamento choroso e dolorido, eram vozes magoadas, mais tristes do que uma oração em alto-mar, quando a tempestade agita as negras asas homicidas, e as gaivotas doidejam assanhadas, cortando a treva com os seus gemidos pressagos, tontas como se estivessem fechadas dentro de uma abóbada de chumbo.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
O que não faltava por aí eram saias para ajudar um homem a cuspir o cobre na boca do diabo!
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
A portuguesa não dizia nada, sorria contrafeita, no intimo, ressentida contra aquela invasão de uma estranha nos cuidados pelo seu homem. Não era a inteligência nem a razão o que lhe apontava o perigo, mas o instinto, o faro sutil e desconfiado de toda a fêmea pelas outras, quando sente o seu ninho exposto.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
Ele voltou para a rapariga o seu olhar de animal prostrado e, por única resposta, passou-lhe o braço esquerdo na cintura e procurou com a mão direita segurar a dela. Queria com isto traduzir o seu reconhecimento, e a mulata assim o entendeu, tanto que consentiu: mal, porém, a sua carne lhe tocou na carne, um desejo ardente apossou-se dele; uma vontade desensofrida de senhorear-se no mesmo instante daquela mulher e possuí-la inteira, devorá-la num só hausto de luxúria, trincá-la como um caju.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
E Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos enamorados.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
O número dos hóspedes crescia; os casulos subdividiam-se em cubículos do tamanho de sepulturas; e as mulheres iam despejando crianças com uma regularidade de gado procriador.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
- Confio nos meus dentes, e esses mesmo me mordem a língua!
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
E, sem consciência de nada que o cercava, nem memória de si próprio, sem olhos, sem tino, sem ouvidos, apenas conservava em todo o seu ser uma impressão bem clara, viva, inextinguível: o atrito daquela carne quente e palpitante, que ele em delírio apertou contra o corpo, e que ele ainda sentia latejar-lhe debaixo das mãos, e que ele continuava a comprimir maquinalmente, como a criança que, já dormindo, afaga ainda as tetas em que matou ao mesmo tempo a fome e a sede com que veio ao mundo.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
O que custava aquele homem consentir que ela, uma vez por outra, se chegasse para junto dele? Todo o dono, nos momentos de bom humor, afaga o seu cão...
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
Que estranho poder era esse, que a mulher exercia sobre eles, a tal ponto, que os infelizes, carregados de desonra e de ludibrio, ainda vinham covardes e suplicantes mendigar-lhe o perdão pelo mal que ela lhes fizera?... E surgiu-lhe então uma idéia bem clara da sua própria força e do seu próprio valor. Sorriu. E no seu sorriso já havia garras.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
Uma irresistível necessidade de estar só, completamente só, uma aflição de conversar consigo mesma, a apartava no seu estreito quarto sufocante, tão tristonho e tão pouco amigo. Pungia-lhe na brancura da alma virgem um arrependimento incisivo e negro das torpezas da antevéspera; mas, lubrificada por essa recordação, toda a sua carne ria e rejubilava-se, pressentindo delicias que lhe pareciam reservadas para mais tarde, junto de um homem amado, dentro dela balbuciavam desejos, até ai mudos e adormecidos; e mistérios desvendavam-se no segredo do seu corpo, enchendo-a de surpresa e mergulhando-a em fundas concentrações de êxtase. Um inefável quebranto afrouxava-lhe a energia e distendia-lhe os músculos com uma embriaguez de flores traiçoeiras.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
A natureza sorriu-se comovida. Um sino, ao longe, batia alegre as doze badaladas do meio-dia. O sol, vitorioso, estava a pino e, por entre a copagem negra da mangueira, um dos seus raios descia em fio de ouro sobre o ventre da rapariga, abençoando a nova mulher que se formava para o mundo.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
Depois abraçou-se às pernas da filha e, no arrebatamento de sua comoção, beijou-lhe repetidas vezes a barriga e parecia querer beijar também aquele sangue abençoado, que lhes abria os horizontes da vida, que lhes garantia o futuro; aquele sangue bom, que descia do céu, como a chuva benfazeja sobre uma pobre terra esterilizada pela seca.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
Porque, só depois que o sol lhe abençoou o ventre; depois que nas suas entranhas ela sentiu o primeiro grito de sangue de mulher, teve olhos para essas violentas misérias dolorosas, a que os poetas davam o bonito nome de amor. A sua intelectualidade, tal como seu corpo, desabrochara inesperadamente, atingindo de súbito, em pleno desenvolvimento, uma lucidez que a deliciava e surpreendia.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
A polícia era o grande terror daquela gente, porque, sempre que penetrava em qualquer estalagem, havia grande estropício; à capa de evitar e punir o jogo e a bebedeira, os urbanos invadiam os quartos, quebravam o que lá estava, punham tudo em polvorosa. Era uma questão de ódio velho.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
Foi um prazer prolongado e amplo, bebido sem respirar, sem abrir os olhos, naquele colo carnudo e dourado da mulata, a que o cavouqueiro se abandonara como um bêbedo que adormece abraçado a um garrafão inesgotável de vinho gostoso.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
É bem mau não ser casada, Mas mal casada é pior.
Arthur Azevedo (Amor por Anexins)
Tišti me nedostajanje, odsustvo mi ne da prostora, gubitak me ispunjava.
Francisco Azevedo (O arroz de Palma)
Passaram‑se semanas. Jerônimo tomava agora, todas as manhãs, uma xícara de café bem grosso, à moda da Ritinha, e tragava dois dedos de parati “pra cortar a friagem”. Uma transformação, lenta e profunda, operava‑se nele, dia a dia, hora a hora, reviscerando‑lhe o corpo e alando‑lhe os sentidos, num trabalho misterioso e surdo de crisálida. A sua energia afrouxava lentamente: fazia‑se contemplativo e amoroso. A vida americana e a natureza do Brasil patenteavam‑lhe agora aspectos imprevistos e sedutores que o comoviam; esquecia‑se dos seus primitivos sonhos de ambição; para idealizar felicidades novas, picantes e violentas; tornava‑se liberal, imprevidente e franco, mais amigo de gastar que de guardar; adquiria desejos, tomava gosto aos prazeres, e volvia‑se preguiçoso resignando‑se, vencido, às imposições do sol e do calor, muralha de fogo com que o espírito eternamente revoltado do último tamoio entrincheirou a pátria contra os conquistadores aventureiros. E assim, pouco a pouco, se foram reformando todos os seus hábitos singelos de aldeão português: e Jerônimo abrasileirou‑se. A sua casa perdeu aquele ar sombrio e concentrado que a entristecia; já apareciam por lá alguns companheiros de estalagem, para dar dois dedos de palestra nas horas de descanso, e aos domingos reunia‑se gente para o jantar. A revolução afinal foi completa: a aguardente de cana substituiu o vinho; a farinha de mandioca sucedeu à broa; a carne‑seca e o feijão‑preto ao bacalhau com batatas e cebolas cozidas; a pimenta‑malagueta e a pimenta‑de‑cheiro invadiram vitoriosamente a sua mesa; o caldo verde, a açorda e o caldo de unto foram repelidos pelos ruivos e gostosos quitutes baianos, pela muqueca, pelo vatapá e pelo caruru; a couve à mineira destronou a couve à portuguesa; o pirão de fubá ao pão de rala, e, desde que o café encheu a casa com o seu aroma quente, Jerônimo principiou a achar graça no cheiro do fumo e não tardou a fumar também com os amigos. E o curioso é que quanto mais ia ele caindo nos usos e costumes brasileiros, tanto mais os seus sentidos se apuravam, posto que em detrimento das suas forças físicas. Tinha agora o ouvido menos grosseiro para a música, compreendia até as intenções poéticas dos sertanejos, quando cantam à viola os seus amores infelizes; seus olhos, dantes só voltados para a esperança de tornar à terra, agora, como os olhos de um marujo, que se habituaram aos largos horizontes de céu e mar, já se não revoltavam com a turbulenta luz, selvagem e alegre, do Brasil, e abriam‑se amplamente defronte dos maravilhosos despenhadeiros ilimitados e das cordilheiras sem fim, donde, de espaço a espaço, surge um monarca gigante, que o sol veste de ouro e ricas pedrarias refulgentes e as nuvens tocam de alvos turbantes de cambraia, num luxo oriental de arábicos príncipes voluptuosos.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
El amor no es un sentimiento. Puede pasar por todos los sentimientos (exultación, tristeza, celos, gratitud, inquietud, añoranza, compasión, angustia…) y, a veces, por ninguno (desgana, pura rutina). Pero basta que ella o él se pongan enfermos o estén en peligro, para que nos dé un vuelco el corazón, salgamos de nuestra comodidad y nos apresuremos a socorrerle. Y entonces caemos en la cuenta de que, con sentimiento o sin él, había verdadero amor.
Hugo de Azevedo (Historia de un burro)
Como Azevedo e Varnhagen, vários historiadores consideram D. Duarte um dos mais incompetentes governantes da história do Brasil, embora existam outros concorrentes ao posto.
Eduardo Bueno (Box Coleção Brasilis (Portuguese Edition))
saudade
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
O mundo é um lodaçal perdido Cujo sol é o dinheiro
Álvares de Azevedo
Minha história? Escutai: o passado é um tumulo perguntai ao sepulcro a história do cadáver! ele guarda o segredo... dir-vos-á apenas que tem no seio um corpo que se corrompe! lereis sobre a lousa um nome— e não mais!
Álvares de Azevedo (Noite na Taverna)
É que as nódoas de sangue quando caem no chão não têm forma geométrica. As agonias da paixão, do desespero e do ciúme ardente quando coam num sangue tropical não se derretem em alexandrinos, não se modulam nas falas banais dessa poesia de convenção que se chama-conveniências dramáticas.
Álvares de Azevedo (Macário)
E à viva crepitação da música baiana calaram-se as melancólicas toadas dos de além-mar. Assim à refulgente luz do trópicos amortece a fresca e doce claridade dos céus da Europa, como se o próprio sol americano, vermelho e esbraseado, viesse, na sua luxúria de sultão, beber a lágrima medrosa da decaída rainha dos mares velhos.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
O apego a algo, seja a um emprego, a um imóvel, ou qualquer bem material, nos impede de analisar as opções de maneira clara, exacerbando mais o lado emocional e tornando-se algo nocivo a longo prazo.
André Rezende Azevedo (Viagem Lenta: A jornada para a liberdade e independência financeira (Portuguese Edition))
Learn to appreciate the caterpillar and the whole process of metamorphosis! The beauty and lightness of the butterfly only exist after going through these phases.
Karina Fonseca Azevedo
naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou a minhocar, a esfervilhar, a crescer, um mundo, uma coisa viva, uma geração, que parecia brotar espontânea, ali mesmo, daquele lameiro, e multiplicar-se como larvas no esterco.
Aluísio Azevedo (O Cortiço)
Não há melhor túmulo para a dor do que uma taça de vinho ou uns olhos negros cheios de languidez." (Álvares de Azevedo)
Leya Walken (UM POEMA PARA CADA VEZ QUE VOCÊ PARTIU MEU CORAÇÃO: POESIAS ROMÂNTICAS)
Sorris? eu sou um louco. As utopias, Os sonhos da ciência nada valem, A vida é um escárnio sem sentido, Comédia infame que ensangüenta o lodo. Há talvez um segredo que ela esconde Mas esse a morte o sabe e o não revela, Os túmulos são mudos como o vácuo. Desde a primeira dor sobre um cadáver, Quando a primeira mãe entre soluços Do filho morto os membros apertava Ao ofegante seio, o peito humano Caiu tremendo interrogando o túmulo E a terra sepulcral não respondia.   Levanta‑me do chão essa caveira! Vou cantar‑te uma página da vida De uma alma que penou, e já descansa.
Álvares de Azevedo (Obras Completas de Álvares de Azevedo: Edição Revista (Literatura Nacional) (Portuguese Edition))
Família é prato difícil de preparar. Destrambelhada Família, Sagrada Família. Bebo mais, que afinal é festa, e penso com orgulho que se o Deus do azul escreve certo por linhas tortas, nós — com a péssima caligrafia humana e os erros crassos de sempre — escrevemos com desmedido amor em papel sem pauta.
Francisco Azevedo (O arroz de Palma)