Achar Quotes

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Perder-se é um achar-se perigoso.
Clarice Lispector (The Passion According to G.H.)
Um homem pode andar por cá uma vida toda e nunca se achar, se nasceu perdido. E tanto lhe fará morrer, chegada a hora.
José Saramago (Levantado del suelo)
Ava, se você for ouvir tudo que as pessoas esperam de você, vai viver a vida que elas querem. Várias pessoas vão achar que você é só músculo e nenhum cérebro, mas você tem de se perguntar se isso é real. A impressão que elas têm de você não é a verdade. Não é o respeito delas que vai fazer você melhor ou pior! O que os outros acham de você não a define, e sim como você se vê, a forma como pensa de si mesma.
Bárbara Morais (A Ilha dos Dissidentes (Anômalos, #1))
Toda compreensão súbita é finalmente a revelação de uma aguda incompreensão. Todo momento de achar é um perder-se a si próprio.
Clarice Lispector (The Passion According to G.H.)
Engraçado como o vazio consegue ser tão pesado. Achar-se-ia que não, já que o vazio é só ar, e o ar é só nada, e o nada não existe, logo não pesa - mas só quem se habituou a esperar sabe reconhecer essa pressão, que nos impede de respirar como deve ser.
Rita da Nova (As Coisas Que Faltam)
Eu tenho à medida que designo – e este é o esplendor de se ter uma linguagem . Mas eu tenho muito mais à medida que não consigo designar. A realidade é a matéria-prima, a linguagem é o modo como vou buscá-la – e como não acho. Mas é do buscar e não achar que nasce o que eu não conhecia, e que instantaneamente reconheço. A linguagem é o meu esforço humano. Por destino tenho que ir buscar e por destino volto com as mãos vazias. Mas – volto com o indizível . O indizível só me poderá ser dado através do fracasso de minha linguagem. Só quando falha a construção, é que obtenho o que ela não conseguiu.
Clarice Lispector (The Passion According to G.H.)
Num cotovelo do caminho avistou um canto de cerca, encheu-o a esperança de achar comida, sentiu desejo de cantar. A voz saiu-lhe rouca, medonha. Calou-se para não estragar força.
Graciliano Ramos (Vidas Secas)
Qual o sentido de estar vivo se você nem ao menos tenta fazer algo extraordinário? Que estranho acreditar que um Deus lhe deu a vida e, ao mesmo tempo, achar que a vida não espera de você nada mais que ficar vendo TV.
John Green (An Abundance of Katherines)
Ah!, a imaginação das crianças... onde achar outra mais bela, mais inquietadora, que melhor saiba frisar o impossível? ... (...) Porque nessa época ondulante da vida é-se apenas fantasia, crédula fantasia. Vem depois o raciocínio, a lucidez, a desconfiança - e tudo se esvai... Só nos resta a certeza - a desilusão sem remédio...
Mário de Sá-Carneiro (Céu Em Fogo)
Se achar que não valho nada, serei nada. Deixarei que os outros falem, decidam, vivam por mim. Porém, se acreditar que apesar dos naturais limites e do medo todo eu mereço uma dose de coisas positivas, vou lutar por isso. Vou até permitir que os outros me amem.
Lya Luft
A constituição diz que todas as pessoas, homens e mulheres, têm o direito inalienável de prestar o serviço e assumir a cidadania plena... Mas o fato é que está ficando difícil achar algo pra todos os voluntários fazerem que não seja apenas uma forma disfarçada de descascar batatas.
Robert A. Heinlein (Starship Troopers)
Se no universo houvesse caos e não ordem, acabarias por achar no caos uma ordem. Se o homem em vez de ser homem que é, tivesse o corpo de gorila, acabarias por achar nele o que fosse belo e feio. Deus põe mas tu dispões. O que te valeu a ti, para não apanhares uma paixão tremenda por uma sapa, foi o homem não ter nascido com o feitio do sapo.
Vergílio Ferreira (Pensar)
Põe-me onde se use toda a feridade, Entre leões e tigres, e verei Se neles achar posso a piedade Que entre peitos humanos não achei:
Luís de Camões (Os Lusíadas)
Meu medo é de achar que as palavras que o mundo fala através de minha boca são minhas de verdade.
Sayaka Murata (Earthlings)
...estou que muita mais gente poria termo aos seus dias, se pudesse achar essa espécie de cocaína moral dos bons livros
Machado de Assis (Dom Casmurro)
Queres acaso te ver livre da melancolia? Queres prazer, mas longe da louca agonia? Queres ler enigmas, e sua precisa solução, Ou preferes te afogar na tua contemplação? Queres a carne? Será não preferes, destarte, Ver um homem nas nuvens, ouvindo falar-te? Anseias ver-te num sonho, mas sem dormir? Ou não preferes a um só tempo chorar e rir? Não te atrai a ti mesmo te perderes sem dano? Pra depois te achares sem passe sobre-humano? Queres tu mesmo ler, sem sequer saber o quê, Sabendo, porém por essas linhas mesmas que lês, Se estás ou não abençoado? Ah, vem, então, E abre meu livro, uma só mente, um só coração.
John Bunyan (O Peregrino (Portuguese Edition))
Quando saímos do restaurante, o céu era um grande borrifo de cores. O tipo de ar que fazia a gente achar que, se o inalasse, os pulmões seriam tingidos do mesmo tom de azul. Estrelas miúdas começaram a cintilar.
Haruki Murakami (Sputnik Sweetheart)
Eu imaginava essas coisas porque precisava. Precisava achar que tudo o que ela fizera havia sido por amor. Porque eu podia entender isso. Podia perdoar. Fazia-me pensar que talvez um dia eu conseguisse perdoar a mim mesma.
Carol Rifka Brunt (Tell the Wolves I'm Home)
As lágrimas inundaram-me os olhos, impedindo-me de continuar a falar. Ok, aquilo era constrangedor. Eu odiava chorar. Especialmente à frente de outras pessoas. Horrorizava-me a ideia de me poderem achar frágil e terem pena de mim.
Paula Pimenta
Tentamos achar nas coisas, que por isso nos são preciosas, o reflexo que nossa alma projetou sobre elas, e desiludimo-nos ao verificar que as coisas parecem desprovidas, na natureza, do encanto que deviam, em nosso pensamento, à vizinhança de certas ideias.
Marcel Proust (Swann’s Way (In Search of Lost Time, #1))
Não importam nossos defeitos, nossos perigosos abismos, nosso ódio reprimido, nossos longos momentos de fraqueza e desespero: se quisermos nos corrigir primeiro para depois partir em busca de nossos sonhos, não chegaremos nunca ao Paraíso. Se, entretanto, aceitarmos tudo que há de errado em nós - e, ainda assim, achar que merecemos uma vida alegre e feliz, então estaremos abrindo uma imensa janela para o Amor entrar. Aos poucos, os defeitos vão desaparecer por si mesmos, porque quem está feliz só consegue olhar o mundo com Amor - esta força regenera tudo que existe no Universo.
Paulo Coelho (The Valkyries)
Acho que a maioria de nós sabe o que é solidão. Conhecemos esse estado em que todos os laços de relação foram cortados, em que não há senso do futuro nem do passado, em que prevalece um completo sentimento de isolamento. Podeis achar-vos no meio de uma multidão, num ônibus superlotado, ou estar sentado ao lado de um amigo, de vosso marido ou esposa, e eis que subitamente vos assalta essa onda, esse sentimento de vácuo, vazio, de um abismo. E a reação instintiva é de fugir. Assim, tratais de ligar o rádio, de tagarelar, de ingressar em alguma associação, ou de pregar Deus, a verdade, o amor etc. Vosso meio de fuga pode ser Deus ou pode ser o cinema; todos os meios de fuga são idênticos. E a reação é de medo a esse sentimento de total isolamento e, por conseguinte, a fuga. Conheceis todos os meios de fuga: o nacionalismo, a pátria, os filhos, o nome, a propriedade, — e por todas essas coisas estais disposto a lutar e a morrer.
J. Krishnamurti
- Por que a gente não teria o direito de criticar, de achar certas pessoas babacas e fracas, sob pretexto de que teríamos um clima pesado e ciumento? Todo o mundo se comporta como se fôssemos todos iguais, como se fôssemos todos ricos, educados, poderosos, brancos, jovens, belos, machos, felizes, como se todos estivéssemos com boa saúde, como se todos tivéssemos um carrão... Mas isso, obviamente, não é verdade. Por isso, tenho o direito de gritar, de estar de mau humor, de não sorrir idiotamente todo o tempo, de dar a minha opinião quando vejo coisas não-normais e injustas, e até de insultar pessoas. Tenho o direito de protestar.
Martin Page (How I Became Stupid)
Eu havia descoberto, depois de muita ansiedade de quais talheres usar, que se você fizer algo de errado à mesa com certa arrogância, como se você soubesse perfeitamente que aquele é o jeito certo de fazer as coisas, ninguém vai achar que você é grosseira ou mal-educada. Vão pensar que você é original e muito espirituosa.
Sylvia Plath (The Bell Jar)
Só preciso que você escute o que eu tenho para falar e não tente me convencer do contrário. Não me julgue. Nem diga que estou cometendo um erro, mesmo se achar isso. Só preciso que você me escute e me diga que vai ficar tudo bem. É disso que eu preciso, basicamente. Preciso que você me diga que vai ficar tudo bem, mesmo se achar que não.
Taylor Jenkins Reid (After I Do)
Mas todos os seus problemas não estarão resolvidos só porque saiu daqui. Você é até capaz de achar que estou agourando de novo, mas mesmo assim deixe-me dizer: você pode ir para longe, muito longe, sem que isso signifique que conseguiu fugir daqui de maneira definitiva. Acho que não deve depositar muita esperança nessa questão de distância, entendeu?
Haruki Murakami (Kafka on the Shore)
There’s a meal you can get in the hood called a kota. It’s a quarter loaf of bread. You scrape out the bread, then you fill it with fried potatoes, a slice of baloney, and some pickled mango relish called achar. That costs a couple of rand. The more money you have, the more upgrades you can buy. If you have a bit more money you can throw in a hot dog. If
Trevor Noah (Born a Crime: Stories from a South African Childhood (One World Essentials))
Como é bom a gente ter tido infância para poder lembrar-se dela. E trazer uma saudade muito esquisita escondida no coração. Como é bom a gente ter deixado a pequena terra em que nasceu E ter fugido para uma cidade maior, para conhecer outras vidas. Com é bom chegar a este ponto de olhar em torno E se sentir maior e mais orgulhoso porque já conhece outras vidas... Como é bom se lembrar da viagem, dos primeiros dias na cidade, Da primeira vez que olhou o mar, da impressão de atordoamento. Como é bom olhar para aquelas bandas e depois comparar. Ver que está tão diferente, e que já sabe tantas novidades... Como é bom ter vindo de tão longe, estar agora caminhando Pensando e respirando no meio de pessoas desconhecidas Como é bom achar o mundo esquisito por isso, muito esquisito mesmo E depois sorrir levemente para ele com os seus mistérios... Que coisa maravilhosa, exclamar. Que mundo maravilhoso, exclamar. Como tudo é tão belo e tão cheio de encantos! Olhar para todos os lados, olhar para as coisas mais pequenas, E descobrir em todas uma razão de beleza.
Manoel de Barros
esperança (s.f.) é a melhor amiga de um coração apaixonado. é a última a morrer nas mãos de um lutador. é imortal nas mãos de um sonhador. é produto em falta nos dias de hoje. é a causa principal da decepção e a causa principal do sucesso. é tipo vestido de mãe: a gente se agarra quando sente medo. fácil de perder. difícil de achar. anda de braço dado com a vontade.
João Doederlein (O Livro dos Ressignificados)
Desde que superamos o erro de achar que nosso habitual esquecimento significa uma destruição do traço mnemônico, tendemos à suposição contrária de que na vida psíquica nada que uma vez se formou pode acabar, de que tudo é preservado de alguma maneira e poder ser trazido novamente à luz em circunstâncias adequadas, mediante uma regressão de largo alcance, por exemplo.
Sigmund Freud
Ninguém sente em si o peso do amor que se inspira e não comparte. Nas máximas aflições, nas derradeiras horas do coração e da vida, é grato ainda sentir-se amado quem já não pode achar no amor diversão das penas, nem soldar o último fio que se está partindo. Orgulho ou insaciabilidade do coração humano, seja o que for, no amor que nos dão nós graduamos o que valemos em nossa consciência.
Camilo Castelo Branco
Diria também um monte de clichê: que vale a pena estudar mais, pesquisar mais, ler mais. Diria que não é sinal de saúde estar bem-adaptado a uma sociedade doente, que o que é normal para uma aranha é o caos para uma mosca, que uma coroa não é nada além de um chapéu que deixa entrar água, que todo dia o mundo se afoga no caos e vai ser difícil achar um lugar para observar o fim dos tempos de camarote.
Rita Lee (Rita Lee: Outra autobiografia)
Concluo, aos sessenta e três anos, que ninguém tem direito a reclamar a vida de outro ou o seu modo de pensar. Reclamam agora a minha vida e o meu modo de pensar; e quem o faz? Os meus amigos, os fiéis conhecidos, a gente que outrora me abraçou e que prescinde hoje da minha presença e me excomunga. Continuar alinhado? Em nome do quê, em nome de quem? Como posso continuar a acreditar e a achar que estávamos certos quando tudo em nosso redor, ao longo dos anos, nos demonstrou que estávamos errados? Tanto como esta crise mostrou estar errado o actual estado das coisas? [...] Como esperam que continue, na minha cabeça, a reescrever a História e a silenciar-me sobre tudo aquilo que é considerado anátema? Como esperam que continue a engolir propaganda, venha ela de onde vier? Continuar alinhado? Em nome de quê, em nome de quem?
João Tordo (Anatomia dos Mártires)
A vida é sempre uma correria. Seja qual for a situação, nunca corre como queremos. Do mesmo modo, muitas vezes temos surpresas agradáveis que nunca nos passaram pela cabeça. Então, damos graças por não ter corrido como desejávamos e sentimo-nos mais aliviadas .Não precisas de achar que os teus planos falhados são azares ou fracassos. Esses imprevistos mudam-te a ti à tua vida. Página 148 O que Procuras está na Biblioteca
Michiko Aoyama
Indubitavelmente, raríssimas pessoas compreendem o caráter puramente subjetivo desse fenômeno em que consiste o amor e como é o amor uma espécie de criação de um indivíduo suplementar, distinto daquele que usa no mundo o mesmo nome, e que formamos com elementos na maioria tirados de nós mesmos. Por isso, poucos são os que podem achar naturais as proporções enormes que acaba assumindo para nós uma criatura que não é a mesma que eles veem.
Marcel Proust (In the Shadow of Young Girls in Flower)
Mas em meio a essa serena felicidade me invadia, de quando em vez, uma profunda tristeza, pois sabia muito bem que isso não podia durar muito. Meu destino não era viver em paz e na abundância, mas na agitação e no tormento. Sentia que mais cedo ou mais tarde haveria de despertar daquelas gratas imagens de amor e achar-me novamente só, inteiramente isolado no mundo frio dos demais, onde só havia para mim luta e solidão e nunca amor ou compaixão.
Hermann Hesse (Demian (Clasicos Juveniles) (Spanish Edition))
Acabei aprendendo que a gente sempre verá alguém reagindo de um jeito diferente, conforme o sentido que uma palavra ganhe na cabeça dessa pessoa. Para você, A pode significar apenas A; já um outro pode entender que A é o que vem antes de B, C e D. Você pode olhar para o copo com água até a metade e achar que está meio cheio, outro pode ver o mesmo copo e pensar que ele está meio vazio. E cada um vai reagir de acordo com o sentido que dá para cada coisa na vida.
Camilo Gomes Jr. (Em memória)
Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até entorno me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas as duas pernas. Sei que momento com duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira perna me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar. Estou desorganizada porque perdi o que não precisava? (…) É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo. Até agora achar-me era já ter uma ideia de pessoa e nela me engastar: nessa pessoa organizada eu me encarnava, e nem mesmo sentia o grande esfoço de construção que era viver. (…) Mas e agora? estarei mais livre? (…) Se tiver coragem, eu me deixarei continuar perdida. Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo - quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação (…) Talvez desilusão seja o medo de não pertencer mais a um sistema. No entanto se deveria dizer assim: ela está muito feliz porque finalmente foi desiludido. O que eu era antes não era bom. Mas era desse não-bom que eu havia organizado o melhor - a esperança.
Clarice Lispector (The Passion According to G.H.)
Esta guerra foi demasiado terrível. O pesadelo das trincheiras, as grandes matanças em Ypres e Verdun, até o extermínio dos Arménios no Império Otomano, tudo isso pôs em causa o conceito de beleza. Os artistas começaram a achar que não faz sentido criar coisas belas num mundo que permite horrores destes. Foi por isso que a arte mudou. Muitos artistas deixaram de procurar o belo, preferem criar o feio porque o acham mais verdadeiro. Depois desta guerra, nada voltará a ser como dantes. Nem a arte.
José Rodrigues dos Santos
Na generalidade, pessoas de países menos desenvolvidos são mais simpáticas e hospitaleiras, independentemente da religião. No Ocidente cultivamos o individualismo de uma maneira desenfreada. Regamos todos os dias a planta do nosso ego, e acabamos por achar que somos especiais, incríveis, intocáveis. Achamo-nos tão importantes que acabamos por achar que, por isso mesmo, há muita gente dedicada a lixar-nos a vida. Somos tão importantes que acabamos por nos proteger de uma maneira que prejudica quem precisa de ajuda.
António Pedro Moreira (Daqui Ali - De Portugal à África do Sul de Bicicleta)
Tanto de meu estado me acho incerto, que em vivo ardor tremendo estou de frio; sem causa, juntamente choro e rio, o mundo todo abarco e nada aperto. É tudo quanto sinto, um desconcerto; da alma um fogo me sai, da vista um rio; agora espero, agora desconfio, agora desvario, agora acerto. Estando em terra, chego ao Céu voando, num'hora acho mil anos, e é de jeito que em mil anos não posso achar um' hora. Se me pergunta alguém porque assim ando, respondo que não sei; porém suspeito que só porque vos vi, minha Senhora.
Luís de Camões
— Tenho de sair daqui de qualquer jeito. Isso é indiscutível. — Talvez seja, realmente — concorda o menino chamado Corvo. Deposita o peso sobre o tampo da escrivaninha e cruza as mãos na nuca. — Mas todos os seus problemas não estarão resolvidos só porque saiu daqui. Você é até capaz de achar que estou agourando de novo, mas mesmo assim deixe-me dizer: você pode ir para longe, muito longe, sem que isso signifique que conseguiu fugir daqui de maneira definitiva. Acho que não deve depositar muita esperança nessa questão da distância, entendeu?
Haruki Murakami (Kafka à Beira-Mar)
Eu costumava achar que os finais tinham que ser ou felizes ou tristes. Que as histórias eram ou felizes ou tristes. Que as pessoas eram ou felizes ou tristes. E sempre imaginei que o final da minha história seria triste. Ele teve vontade de abraçá-la, mas deixou que ela continuasse: – Aí eu conheci você. E você me fez pensar, pela primeira vez, que havia uma falha no meu raciocínio. Talvez as pessoas pudessem ser felizes e tristes. Talvez as histórias fossem complicadas e caóticas. Talvez os finais nem sempre tenham soluções que encerram tudo perfeitamente. Mas isso não significa necessariamente que serão trágicos.
Ali Hazelwood (Not in Love (Not in Love, #1))
A força da nossa vontade tem que ver com a vontade da nossa força. Porque a verdade é o que é pela sua justeza, mais o músculo anterior de quem a enuncia. Por isso é tão incompreensível a tolerância na juventude como a intolerância na velhice. Assim, a intolerância é um sinal de juventude de se ser um homem firme como na velhice é um sinal de se ser taralhouco. Assim a democracia não é o triunfo da juventude, a não ser como um terreno é o triunfo do que lá se cultiva. Porque a democracia não é uma “ideologia”, mas o caldo em que todas elas se podem desenvolver. Assim o que melhor a defende é que as ideologias perderam a semente do serem. Mas o que desse modo melhor a define a democracia na sua estabilidade e defesa contra o que a ameace, não é o convívio das várias ideologias, mas a indiferença em face de todas elas. Como na entropia, o regime que nos espera no limite do esperar, está para lá da democracia porque é a ausência de qualquer um. O homem não vai suicidar-se porque a vida sem razão não é razão para que o suicídio valha a pena. Honestamente, o homem vai continuar a morrer de “morte natural”. Mas talvez por inanição. Ou simplesmente de tédio, enquanto não achar um motivo que não o seja. E o tédio não se trata na psiquiatria, mas num sono em que se apodreça de bolor.
Vergílio Ferreira (Pensar)
Nenhuma regra moral genérica pode indicar o que devemos fazer; não existem sinais outorgados no mundo. Os católicos replicarão: "Mas claro que há sinais". Admitamos, sou eu mesmo, em todo caso, que escolho o significado que eles têm. Quando eu estava preso, conheci um homem impressionante, que era jesuíta. Ele tinha entrado na ordem da seguinte forma: havia passado por uma série de infortúnios bastante dolorosos; ainda criança, seu pai foi morto, deixando-o pobre. Ele foi recebido como bolsista em uma instituição religiosa onde constantemente lhe repetiam que ele tinha sido aceito por caridade; consequentemente, ele não recebeu muitas das distinções honoríficas com que as crianças são gratificadas; depois, por volta dos dezoito anos, - coisa pueril, mas que foi a gota d'água que fez o vaso transbordar - ele foi reprovado em sua preparação militar. Portanto, esse rapaz podia achar que tudo tinha dado errado para ele; era um sinal, mas um sinal de quê? Ele podia refugiar-se na amargura ou no desespero, mas avaliou, muito habilmente para seu próprio bem, que esse era o sinal de que ele não fora feito para os triunfos seculares, e que só os êxitos da religião, da santidade e da fé é que estavam ao seu alcance. Assim, viu nisso uma mensagem divina e ingressou nas ordens. Quem não vê que a decisão do sentido do sinal foi tomada exclusivamente por ele?
Jean-Paul Sartre
Estou contente por você ter encontrado este lugar, creio que vá achar aqui muitas coisas de seu interesse. Estes companheiros", disse e colocou a mão em alguns livros, "foram meus bons amigos durante muitos anos, desde que tive a ideia de ir para Londres, e me deram muitas, muitas horas de satisfação. Por eles, passei a conhecer sua extraordinária Inglaterra, e quem a conhece não pode deixar de amá-la. Anseio por caminhar pelas apinhadas ruas de sua magnífica Londres, em meio ao tumultuado caos da humanidade, a compartilhar sua vida, suas transformações, sua morte e tudo mais que a define. Mas, infelizmente, por enquanto só conheço a língua pelos livros. Conto com você, meu amigo, para aprender a falar o idioma.
Bram Stoker
- Por Deus, eu sei o perigo de colocar as culpa tudo em outra pessoa pelas besteira que ocê faz com a própria vida. Eu mesmo caí nessa armadilha! E eu tenho a tendência a acreditar que é desse jeito que os branco consegue te corromper mesmo quando cê nunca fez nada. Porque quando eles te convence que são os culpado por tudo, te convence a achar que são uma espécie de deus! Ocê não pode fazer nada de errado sem eles estar por trás. Ocê passa a ser fraco que nem água, sem ter a sensação de fazer nada por sua própria conta. E aí começa a pensar em maldade e começa a destruir todo mundo redor docê, e coloca a culpa nos branquelo tudo. Merda! Ninguém é tão poderoso quanto nós acha que é. Nós é dono da nossa própria alma, não é?
Alice Walker (The Third Life Of Grange Copeland)
Até hoje ainda nunca houve outro modo de cada um passar de uma idade para outra da sua vida a não ser pela sua sinceridade. Os modos de ludibriar essa passagem são sem conta. Mas a única maneira que existe no mundo para revelar acada um, a si e aos outros, está dentro de cada um mesmo, é a sua sinceridade. A sociedade é uma mediania a transpor pessoalmente. muitos sinceros caem-lhe nas malhas, não por terem sido sinceros, mas por incapazes de fazer frente à opinião pública, que acha destoante tudo o que é pessoal. Começa por achar destoante, depois irrita-se e acaba por odiar. E este ódio cegou-a e fê-la inventar uma nova ciência chamada patologia, onde tudo o que é pessoal é doença, e à cura de todas as doenças do mundo chama-lhe mediania.
José de Almada Negreiros (Nome de Guerra)
Escarneciam do século, o que os dispensava de o compreender. (…) Ser ultra é ir para além de. É atacar o cetro em nome do trono e a mitra em nome do altar; é conduzir mal a causa que se defende; é não aceitar constrangimentos; é discutir sobre a temperatura da fogueira a que ardem os heréticos; é censurar o ídolo pela sua diminuta idolatria; é insultar por excesso de respeito; é achar que o papa é pouco papista; que o rei é pouco monárquico, e que há muita luz quando é noite; é criticar o alabastro, a neve, o cisne, o lírio em nome da brancura; é ser partidário das coisas ao ponto de se tornar seu inimigo; é ser-se tão favorável a qualquer coisa que na verdade se lhe é oposto. O espírito ultra é especialmente característico da primeira fase da Restauração.
Victor Hugo (Les Misérables)
estamos para aqui todos fascistas, com pensamentos de um fascismo indelével a achar que antigamente é que era bom, este é o fascismo remanescente que vem das saudades, sabe, acharmos que salazar é que arranjaria isto, que ele é que punha esta juventude toda na ordem, é natural, porque temos medo destes novos tempos, não são os nossos tempos, e precisamos de nos defendermos, quando dizemos que antigamente é que era bom estamos só a ter saudades, queremos na verdade dizer que antigamente éramos novos, reconhecíamos o mundo como nosso e não tínhamos dores de costas nem reumatismo. é uma saudade de nós próprios, e não exactamente do regime e menos ainda de salazar. eu escutava o meu colega silva e não sabia o que pensar, num momento dizia que éramos comunistas, no outro já éramos fascistas, e eu perguntava, isso faz de nós bons homens, ele regozijava, claro que somos bons homens, ó senhor silva, não somos por natureza inquinados de política nenhuma, temos de tudo um pouco mas, sobretudo, temos saudades, porque somos velhos e quando novos a robustez e a esperança curavam-nos de muita coisa, o fascismo dos bons homens, como diz, perguntou o senhor pereira, o fascismo dos bons homens, é o que para aí abunda, já quase não faz mal a ninguém e não é para prejudicar, mas é um sentimento que fica escondido, à boca fechada, porque sabemos que talvez não devesse existir, mas existe porque o passado, neste sentido, é mais forte do que nós. quem fomos há-de sempre estar contido em quem somos, por mais que mudemos ou aprendamos coisas novas.
Valter Hugo Mãe (A máquina de fazer espanhóis)
Ora, as lembranças de amor não abrem exceção às leis gerais da memória, regidas também estas pelas leis mais gerais do hábito. Como o hábito enfraquece tudo, o que melhor nos recorda uma criatura é justamente o que havíamos esquecido (porque era insignificante e assim lhe havíamos deixado toda a sua força). Eis porque a maior parte da nossa memória está fora de nós, numa viração de chuva, num cheiro de quarto fechado ou no cheiro de uma primeira labareda, em toda parte onde encontramos de nós mesmos o que a nossa inteligência desdenhara, por não lhe achar utilidade, a última reserva do passado, a melhor, aquela que, quando todas as nossas lágrimas parecem estancadas, ainda sabe fazer-nos chorar. Fora de nós? Em nós, para melhor dizer, mas oculta a nossos próprios olhares, num esquecimento mais ou menos prolongado. Graças tão somente a esse olvido é que podemos de tempos a tempos reencontrar o ser que fomos, colocarmo-nos perante as coisas como o estava aquele ser, sofrer de novo porque não mais somos nós, mas ele, e porque ele amava o que nos é agora indiferente.
Marcel Proust (In the Shadow of Young Girls in Flower)
E queria estar a treze mil quilómetros dali, a vigiar o sono da minha filha nos panos do seu berço, queria não ter nascido para assistir àquilo, à idiota e colossal inutilidade daquilo, queria achar-me em Paris a fazer revoluções no café, ou a doutorar-me em Londres e a falar do meu país com a ironia horrivelmente provinciana do Eça, falar na choldra do meu país para amigos ingleses, franceses, suíços, portugueses, que não tinham experimentado no sangue o vivo e pungente medo de morrer, que nunca viram cadáveres destroçados por minas ou balas. O capitão de óculos moles repetia na minha cabeça A revolução faz-se por dentro, e eu olhava o soldado sem cara a reprimir os vómitos que me cresciam na barriga, e apetecia-me estudar Economia, ou Sociologia, ou a puta que o pariu em Vincennes, aguardar tranquilamente, desdenhando a minha terra, que os assassinados a libertassem, que os chacinados de Angola expulsassem a escória cobarde que escravizava a minha terra, e regressar, então, competente, grave, sábio, social-democrata, sardónico, transportando na mala dos livros a esperteza fácil da última verdade de papel.
António Lobo Antunes (Os Cus de Judas)
- O quê? - fez indignado Flores, erguendo-se, num só e rápido movimento, da cadeira, e deixando a xícara sobre a mesa. - Pois tu não sabes quem sou eu, quem é Leonardo Flores? Pois tu não sabes que a poesia para mim é a minha dor e é a minha alegria, é a minha própria vida? Pois tu não sabes que tenho sofrido tudo, dores, humilhações, vexames, para atingir o meu ideal? Pois tu não sabes que abandonei todas as honrarias da vida, não dei o conforto que minha mulher merecia, não eduquei convenientemente meus filhos, unicamente para não desviar dos meus propósitos artísticos? Nasci pobre, nasci mulato, tive uma instrução rudimentar, sozinho completei-a conforme pude; dia e noite lia e relia versos e autores; dia e noite procurava na rudeza aparente das coisas achar a ordem oculta que as ligava, o pensamento que as unia; o perfume à cor, o som aos anseios de mudez de minha alma; a luz à alegoria dos pássaros pela manhã; o crepúsculo ao cicio melancólico das cigarras - tudo isto eu fiz com sacrifício de coisas mais proveitosas, não pensando em fortuna, em posição, em respeitabilidade. Humilharam-me, ridicularizaram-me, e eu, que sou homem de combate, tudo sofri resignadamente. Meu nome afinal soou, correu todo este Brasil ingrato e mesquinho; e eu fiquei cada vez mais pobre, a viver de uma aposentadoria miserável, com a cabeça cheia de imagens de ouro e a alma iluminada pela luz imaterial dos espaços celestes. O fulgor do meu ideal me cegou; a vida, quando não me fosse traduzida em poesia, aborrecia-me. Pairei sempre no ideal; e se este me rebaixou aos olhos dos homens, por não compreender certos atos desarticulados da minha existência; entretanto, elevou-me aos meus próprios, perante a minha consciência, porque cumpri o meu dever, executei a minha missão: fui poeta! Para isto, fiz todo o sacrifício. A Arte só ama a quem a ama inteiramente, só e unicamente; e eu precisava amá-la, porque ela representava, não só a minha Redenção, mas toda a dos meus irmãos, na mesma dor. Louco?! Haverá cabeça cujo maquinismo impunemente possa resistir a tão inesperados embates, a tão fortes conflitos, a colisões com o meio tão bruscas e imprevistas? Haverá?
Lima Barreto (Clara dos Anjos)
É uma coisa curiosa, a morte de um ente querido. Todos sabemos que nosso tempo neste mundo é limitado, e que finalmente todos acabaremos debaixo de algum lençol, para não acordar nunca mais. No entanto, é sempre uma surpresa quando isso acontece a alguém que conhecemos. É como subir a escada para o quarto no escuro, e achar que há mais um degrau do que realmente há. O pé resvala no ar e segue-se um aflitivo momento em que, colhida às cegas pela surpresa, a pessoa tenta adaptar-se à escuridão.
Lemony Snicket (The Reptile Room (A Series of Unfortunate Events, #2))
Não podemos nos satisfazer com pouco. Apesar de termos avançado nas últimas décadas, não podemos achar que foi o suficiente.
Djamila Ribeiro (Pequeno Manual Antirracista)
Kitty was torn when it came to their arrival in Cork. The only way they could stay on schedule was by splitting up. While Ambrose and Eugene went to the butterfly symposium at Cork University, Achar and Jedrek went to Cork English Market where the Irish food board, Bord Bia, had arranged a corporate adjudicator from Guinness World Records to recognise the largest number of people dressed as eggs ever to gather in the same place. This was part of a scheme to promote the local organic egg farmers. Kitty knew that she needed to be at both events, and that Steve needed to be too, and so she quickly hopped off the bus on a mission to push her way through the people dressed as eggs, their faces popping out of holes in the egg costumes, their legs in gold spandex leggings, to find the adjudicator. Jedrek and Achar were searching just as anxiously
Cecelia Ahern (One Hundred Names)
Voltando ao meu cansaço, estou cansada de tanta gente me achar simpática. Quero os que me acham antipática porque com esses eu tenho afinidade: tenho profunda antipatia por mim.
Clarice Lispector (Todas as Crônicas)
A gente não precisa achar que a felicidade é o topo da montanha, o topo da montanha pode fazer alguém feliz, mas talvez você seja feliz no meio, no terço final, no começo da montanha.
Victor Fernandes (Pra você que sente demais)
CXXVII FORMALIDADE Grande cousa é haver recebido do céu uma partícula da sabedoria, o dom de achar as relações das cousas, a faculdade de as comparar e o talento de concluir! Eu tive essa distinção psíquica; eu a agradeço ainda agora do fundo do meu sepulcro. De fato, o homem vulgar que ouvisse a última palavra do Damasceno não se lembraria dela, quando, tempos depois, houvesse de olhar para uma gravura representando seis damas turcas. Pois eu lembrei-me. Eram seis damas de Constantinopla - modernas, em trajos de rua, cara tapada, não com um espesso pano que as cobrisse deveras, mas com um véu tenuíssimo, que simulava descobrir somente os olhos, e na realidade descobria a cara inteira. E eu achei graça a essa esperteza da faceirice muçulmana, que assim esconde o rosto - e cumpre o uso, mas não o esconde - e divulga a beleza. Aparente- mente, nada há entre as damas turcas e o Damasceno; mas se tu és um espírito profundo e penetrante (e duvido muito que me negues isso), compreenderás que, tanto num como noutro caso, surge aí a orelha de uma rígida e meiga companheira do homem social... Amável Formalidade, tu és, sim, o bordão da vida, o bálsamo dos corações, a medianeira entre os homens, o vínculo da terra e do céu; tu enxugas as lágrimas de um pai, tu captas a indulgência de um Profeta. Se a dor adormece, e a consciência se acomoda, a quem, senão a ti, devem esse imenso benefício? A estima que passa de chapéu na cabeça não diz nada à alma; mas a indiferença que corteja deixa-lhe uma deleitosa impressão. A razão é que, ao contrário de uma velha fórmula absurda, não é a letra que mata; a letra dá vida; o espírito é que é objeto de controvérsia, de dúvida, de interpretação e conseguintemente de luta e de morte. Vive tu, amável Formalidade, para sossego do Damasceno e glória de Muhammed.
Machado de Assis (Memórias póstumas de Brás Cubas)
CXXVII FORMALIDADE Grande cousa é haver recebido do céu uma partícula da sabedoria, o dom de achar as relações das cousas, a faculdade de as comparar e o talento de concluir! Eu tive essa distinção psíquica; eu a agradeço ainda agora do fundo do meu sepulcro. De fato, o homem vulgar que ouvisse a última palavra do Damasceno não se lembraria dela, quando, tempos depois, houvesse de olhar para uma gravura representando seis damas turcas. Pois eu lembrei-me. Eram seis damas de Constantinopla - modernas, em trajos de rua, cara tapada, não com um espesso pano que as cobrisse deveras, mas com um véu tenuíssimo, que simulava descobrir somente os olhos, e na realidade descobria a cara inteira. E eu achei graça a essa esperteza da faceirice muçulmana, que assim esconde o rosto - e cumpre o uso, mas não o esconde - e divulga a beleza. Aparentemente, nada há entre as damas turcas e o Damasceno; mas se tu és um espírito profundo e penetrante (e duvido muito que me negues isso), compreenderás que, tanto num como noutro caso, surge aí a orelha de uma rígida e meiga companheira do homem social... Amável Formalidade, tu és, sim, o bordão da vida, o bálsamo dos corações, a medianeira entre os homens, o vínculo da terra e do céu; tu enxugas as lágrimas de um pai, tu captas a indulgência de um Profeta. Se a dor adormece, e a consciência se acomoda, a quem, senão a ti, devem esse imenso benefício? A estima que passa de chapéu na cabeça não diz nada à alma; mas a indiferença que corteja deixa-lhe uma deleitosa impressão. A razão é que, ao contrário de uma velha fórmula absurda, não é a letra que mata; a letra dá vida; o espírito é que é objeto de controvérsia, de dúvida, de interpretação e conseguintemente de luta e de morte. Vive tu, amável Formalidade, para sossego do Damasceno e glória de Muhammed.
Machado de Assis (Memórias póstumas de Brás Cubas)
Algumas pessoas sentem culpa por seus sucessos ou sentem-se como uma enganação. Vamos mudar essa ideia: orgulhe-se daquilo que você faz bem, muito bem. Isso não é arrogância, é consciência. Arrogância é achar-se melhor do que as outras pessoas por causa disso. Aproprie-se de suas qualidades! Se você não as enaltecer, quem irá?
Bruna Tokunaga Dias (A crise dos 30: A adolescência da vida adulta (Portuguese Edition))
Passar quatro dias e quatro noites em casa, vendo o carnaval passar; ou não vendo nem isso, mas entregue a uma outra e cifrada folia, que nesta quarta-feira de cinzas abre suas pétalas de cansaço, como se também tivéssemos pulado e berrado no clube. Não ligar a televisão, esquecer-se do rádio; deixar os locutores falando sozinhos, na ânsia de encher de discurso uma festa à base de movimento e de canto. Perceber apenas o grito trêmulo, trazido e levado pelo vento, de um samba que marca realidade lúdica sem nos convidar à integração. Beneficiar-se com a ausência de jornais, que prova a inexistência provisória do mundo como arquitetura de notícias. Ter como companheiro o irmão gato Crispim, exemplo de abstenção sem sacrifício, manual de silêncio e sabedoria, aventureiro que experimentou a vertigem da luta-livre nos telhados e homologa a invenção da poltrona. Penetrar no vazio do tempo sem obrigações, como num parque fechado, aproveitando a ausência de guardas, e descobrindo nele tudo que as tabuletas omitem. Aceitar a solidão; escolhê-la; desfrutá-la. Sorrir dos psiquiatras que falam em alienação do mundo e recomendam a terapêutica de grupo. Estimar a pausa como valor musical, o intervalo, o hiato. O instante em que a agulha fere o disco sem despertar ainda qualquer som. Andar de um quarto para outro sem ser à procura de objetos: achando-os. Descobrir, sem mescalina, as cores que a cor esconde; os timbres entrelaçados no ruído. Olhar para as paredes, ou melhor, olhar as paredes em torno dos quadros. Sentir a casa como um todo e como partículas densas, tensas, expectantes, acostumadas a viver sem nós, à nossa revelia, contra o nosso desdém. Habitar realmente a casa, quatro dias: como ilha, fortaleza, continente; infinito no finito; reconsiderar os livros, arrumá-los primeiro com método, depois com voluptuosidade, fazendo com que cada prateleira exija o maior tempo possível; verificar que antes é preciso tirar a poeira de um, remover a boba capa de celofane que envolve a encadernação de outro. Reler dedicatórias, abrir ao acaso livros de poetas que preferimos e que infelizmente não são os mais modernos, nem os mais célebres; copiar meia estrofe por onde corre arrepio verbal; separar volumes que não nos falam mais nada e que devem tentar seu destino em outras casas. Sentir chegada a hora dos álbuns de pintura com pouco ou nenhum texto, e dos volumes iconográficos que nos contam Paris ou a vida de Mallarmé. Viajar em fotografias; sentir-se imagem flutuando entre imagens; a terra domesticada em figura, tornada familiar sem perda de sua essência enigmática. Reconhecer que muitos livros comprados a duras penas, pedidos ao estrangeiro ou longamente minerados nos sebos, não têm mais do que essa oportunidade de comunicação durante o ano; deixar que fiquem a sós conosco e nos confiem seu segredo. Admitir a fome, sem exigência de horário, e matá-la com o que houver à mão; renunciar à idéia de almoço e jantar, com reverência ao sagrado direito que assiste a todos, inclusive e principalmente às cozinheiras, de brincarem o seu carnaval; achar mais gosto nessa comida, porque não é regulamentar nem é seguida de nada: todas as obrigações estão suspensas, e só valem as que soubermos traçar a nós mesmos. Descortinar na preguiça um espaço incomensurável, onde cabe tudo; não enchê-lo demais; devassá-lo à maneira de um explorador que não quer ser muito rico e tanto sente prazer em descobrir como em procurar. Assim vosso cronista passou o carnaval: sem fugir, sem brincar, divertido em seu canto umbroso.
Carlos Drummond de Andrade (A Bolsa e a Vida)
Sim. É loucura, cara. Ela te amar e não saber disso? Loucura. Ela não lembrar de você, de nós? É loucura. E ela achar normal um estranho pintá-la em um quadro? É totalmente loucura. A propósito, precisamos rever isso, cara. Porra, ela também era minha amiga. Sinto falta de uma parceira pra montar isso comigo. Alguém pra zoar você. Sinto falta pra caralho.
Lali Oliver (Heaven: Good Girls Bad Guys (Good Girls, #1))
Considero minha capacidade de despertar entusiasmo o maior dom que possuo, e a maneira mais eficiente de desenvolver o que existe de melhor numa pessoa é o reconhecimento e o encorajamento. Nada é mais eficaz para aniquilar as ambições de uma pessoa do que críticas de seus superiores. Assim, nunca critico ninguém. Acredito em dar incentivos para o trabalho. Portanto, fico ansioso para elogiar, mas odeio achar defeitos. Se gosto de alguma coisa, sou caloroso ao demonstrar reconhecimento e pródigo nos elogios.
Dale Carnegie (Como fazer amigos e influenciar pessoas)
A pior coisa para qualquer adolescente é se achar a única pessoa infeliz da face da Terra
Rodrigo Lacerda (O Fazedor de Velhos)
É inocência, má-fé, ou mesmo ignorância achar que o Brasil não corre o risco de se tornar um país fundamentalista, guiado por grupos (neo) pentecostais
Jorge Guerra Pires (Ciência para não cientistas: como ser mais racional em um mundo cada vez mais irracional, vol. 1 (Bolsonarismo) (Inteligência Artificial, Democracia, e Pensamento Crítico) (Portuguese Edition))
Os solteiros têm inveja dos casados, quem já casou acha de quem já tem filhos é que está bem, mas, depois de nascer a criança, voltam a achar que os solteiros é que têm a vida fácil. É um carrossel que nunca para de girar. É fascinante perseguimos a cauda das pessoas à nossa frente. Mas ninguém está mais avançado ou atrasado. Na felicidade, não há classificações nem formas definitivas" Página 142 "O que Procuras está na Biblioteca
Michiko Aoyama
O sermão do panorama dizia que mesmo um homem sem um único amigo no universo ainda podia achar seu planeta natal um lugar misterioso e dolorosamente lindo.
Kurt Vonnegut Jr. (The Sirens of Titan)
De que serve construir arranba-céus se não há mais almas humanas para morar neles? Quero que abras os olbos, Eugênio, que acordes enquanto é tempo. Peço-te que pegues a minha Biblia que está na estante de livros, perto do rádio, leias apenas Sermão da Montanha. Não te será dificil achar, pois a página está marcada com uma tira de papel. Os homens deviam ler e meditar esse trecho, principalmente no ponto em que Jesus nos fala dos lírios do campo que não trabalham nem fiam, e no entanto nem Salomão em toda a sua glória jamais se vestiu como um deles.
Erico Verissimo (Olhai os Lírios do Campo)
Não é meu dono. Ninguém é. Podem achar que são, mas não importa o quanto me xinguem, me ameacem ou me espanquem, jamais vão conseguir controlar o que se passa na minha cabeça, e acho que isso lhes causa uma frustração sem fim.
Xiran Jay Zhao (Iron Widow (Iron Widow #1))
Os livros usados têm, em suas páginas, uma quantidade de história que até então era desconhecida para mim. E isso não se limitava à história das narrativas. Em cada livro, eu descobria vestígios de sua longa existência. Por exemplo, quando estava lendo o conto “Paisagem interior”, de Kaijii Motojirô, encontrei este trecho sublinhado: “Observar é algo extraordinário. Parte do espírito, ou talvez todo ele, é transferido para aquilo que se observa.” Alguém antes de mim leu este livro e, ao chegar nesta frase, se encantou a ponto de achar que precisava sublinhá-la; e eu, igualmente encantada pelo texto, senti como que uma conexão com este leitor anterior.
Satoshi Yagisawa (Days at the Morisaki Bookshop (Days at the Morisaki Bookshop, #1))
Você é diferente, Wanessa, exatamente como o seu pai. Muita gente vai achar isso péssimo, mas sabe de uma coisa? Elas não estão vivendo a vida de vocês, elas não têm direito de opinar. Você é diferente e isso não é algo ruim. Isso não te coloca em caixas.
Raabe Gabriel (As coisas que nos escolhem)
O grande desafio dado pela consciência cósmica é se colocar, achar o próprio lugar na vida. Viemos aqui para isso. A expansão da consciência, paradoxalmente, determina e fortalece a ligação estreita com a própria alma, naquela faceta que denominamos alma do universo. É uma noção da imanência de Deus em nós, uma convicção de que somos o centro mesmo do universo, no que tange à nossa própria existência, ao tomar as rédeas da vida. O cerne não está em Sirius, Aldebarã, Andrômeda nem Antares; está dentro do Eu, esta mônada divina encastelada em nosso peito, em nosso cérebro, a qual é o princípio inteligente da criação divina. É aí que está a alma do universo.
Robson Pinheiro (Desdobramento astral: teoria e prática (Portuguese Edition))
Outros haverão de ter O que houvermos de perder. Outros poderão achar O que, no nosso encontrar, Foi achado, ou não achado, Segundo o destino dado.
Fernando Pessoa (Obra Completa de Fernando Pessoa I: Poesia de Fernando Pessoa. Inclui "Mensagem", "Cancioneiro", a poesia inédita e mais (Edição Definitiva) (Portuguese Edition))
Se eu mostrar esse copo para vocês, alguns vão achar que está meio cheio e outros, meio vazio. Mas isso não muda o que ele é: um copo com água. O resto é apenas ponto de vista. Para o qual você deve cagar, aliás. Não importa o que os outros falem, nada pode mudar quem nós somos. Lembre-se sempre disso!
Lola Salgado (Sol em Jupiter)
Fazer o que é certo às vezes dói, né? Sair de uma situação que é fácil e confortável pra fazer o bem pros outros é difícil. — Ele deu um tapinha nas costas do advogado. — Se quiser achar a água mais limpa, vai ter que cavar mais um pouco, cavar mais um pouco e mais fundo. Eu acredito que, com um passo de cada vez, se vai longe. Devagar e sempre.
Carol Camargo (Um Amigo do Outro Lado)
Quem dá muito espera muito em troca. Pra fazer o que eu quero, onde eu quero, quando eu quero, com quem eu quero, só sendo dona de mim. Ninguém está obrigado a nada pra não achar que pode me obrigar a alguma coisa.
Carla Madeira (Tudo é Rio)
Aprendi muito cedo que seres humanos não são compostos de uma coisa só. Somos duas partes que compõem o todo. Temos a consciência, que inclui a mente e a alma, as partes intangíveis. E temos o ser físico: a máquina que sustenta a consciência e nos faz sobreviver. Se estragar essa máquina, você morre. Se negligenciar essa máquina, você morre. Se achar que sua consciência pode sobreviver sem a máquina, você morre logo depois de descobrir que estava errado. É até bem simples. Cuide do seu ser físico. Alimente-se com o que o seu corpo precisa, não com o que a sua consciência quer. Sucumbir aos desejos da mente que danificam o corpo é como ser um pai fraco que cede aos desejos do filho.
Colleen Hoover (Verity)
Destino ou não, nossas vidas continuam sendo o resultado das nossas escolhas. Estou começando a achar que, quando não nos apropriamos delas, não somos nossos próprios donos.
Taylor Jenkins Reid (Em outra vida, talvez?)
aprendi a simplesmente aceitar quando alguém se declara eleitor(a) do Bolsonaro, aprendi a não tentar entender, achar motivos
Jorge Guerra Pires (Ciência para não cientistas: como ser mais racional em um mundo cada vez mais irracional, vol. 1 (Bolsonarismo) (Inteligência Artificial, Democracia, e Pensamento Crítico) (Portuguese Edition))
A intimidade pode ser um fado insuportável para aquelas pessoas que, experimentando-a pela primeira vez depois de uma vida de orgulhosa autossuficiência, percebem de repente que ela torna o seu mundo completo. Encontrar a felicidade funde-se com o medo de a perder. Duvidam do seu direito de tornar outrem responsável pela sua felicidade; preocupam-se com a possibilidade de a pessoa amada achar a sua reverência enfadonha; receiam que o seu desejo lhes possa ter distorcido as feições de formas que não veem. Por isso, à medida que todas estas questões e preocupações as dobram para dentro de si mesmas, a alegria recém-descoberta no companheirismo transforma-se numa expressão mais profunda da solidão que julgavam ter deixado para trás.
Hernan Diaz (Trust)
Se a humanidade se perder, e alguém achar os livros do homem-aranha, ou Harry Potter, e seus professadores forem tão hábeis quanto pastores, teremos igrejas idolatrando o homem-aranha.
Jorge Guerra Pires (Ciência para não cientistas: como ser mais racional em um mundo cada vez mais irracional (Vol. II: Religião) (Inteligência Artificial, Democracia, e Pensamento Crítico) (Portuguese Edition))
Eu nunca entendi porque as pessoas se ofendem quando peço tempo para checar as informações que me passa em uma discussão, ou quando repasso para pessoa a checagem dos fatos usando chatGPT. As pessoas parecem achar ofensivo quando buscamos a verdade usando fontes alternativas. Querer se comparar com o chatGPT é totalmente irracional, uma IA que custa em torno de 2 milhões de dólares por dia, que consegue acessar toda a internet em segundos.
Jorge Guerra Pires (Ciência para não cientistas: como ser mais racional em um mundo cada vez mais irracional (Vol. II: Religião) (Inteligência Artificial, Democracia, e Pensamento Crítico) (Portuguese Edition))
A bíblia não explica o universo, apenas serve de guia para as pessoas, uma viagem humana, individual. Temos de dar créditos: ela surgiu antes da ciência moderna, e ajudou a humanidade a achar sentido no universo. Ela foi a primeira a gritar e dizer: “eu consigo explicar tudo isso, foi Deus”. Hoje temos teorias modernas, e precisamos descartar essas teorias antigas, desatualizadas. Da mesma forma que a filosofia grega agora foi substituída pelo pensamento moderno, precisamos fazer o mesmo com religião, em especial em campos materiais.
Jorge Guerra Pires (Ciência para não cientistas: como ser mais racional em um mundo cada vez mais irracional (Vol. II: Religião) (Inteligência Artificial, Democracia, e Pensamento Crítico) (Portuguese Edition))
O pobre que apoiou Bolsonaro é aquele que acreditou que se Bolsonaro ganhasse, ele poderia xingar as pessoas sem consequências, como Bolsonaro sempre fez, agredir a mulher como defesa da honra. O que ele esquece de considerar: Bolsonaro tem poder, e consegue ou pagar as multas ou achar brechas nas leis usando um exército de advogados. Os golpistas estão presos, 17 anos de jaula. No caso do Bolsonaro, depois de meses de investigação da PF, ainda assim dizem: precismos ir com calma, vamos esperar.
Jorge Guerra
Eu acho patético quando brasileiros tentam sugerir que cristianismo é cultura brasileiro. O cristianismo vem da Europa, é algo deles, da cultura deles. Enquanto não refletirmos na nossa cultura, seremos sempre uma colônia. Um país sem identidade é um país sem passado, sem memória. Precisamos achar nossa identidade, a verdadeira, não a imposta pela espada e pelo sangue que chorava nos rios brasileiros.
Jorge Guerra Pires
Argumentar com religiosos é sempre complicado. Como discutimos nesse livro, eles maximizam o que querem ver, e minimizam o que querem negar. Uma única observação que confirma o que querem acreditar vale mais do que mil que nega. Estatística não usa somente um caso, usa vários para achar padrões. Na estatística, largamente usada, temos duas opções: ou aceitamos a hipótese nula, ou negamos ela. Eles revertem a lógica. Suas crenças são verdades, que desafiam o mundo real, nossas percepções de realidade, de mundo, e prove o contrário, mas não vale usar a lógica científica. Menos ainda vale usar evidências, fatos históricos, nem dizer que 2+2=4. Ficamos somente com um jogo de empurra-empurra: minha palavra contra a sua. Como eu tenho uma penca de pessoas que pensa como eu penso, eu ganho! Eles negam nossas teorias, mas não possuem uma alternativa. A alternativa para o Big Bang é uma figura mágica que criou o mundo, a alternativa para a evolução é um transplante de costelas bem-sucedido.
Jorge Guerra Pires (Ciência para não cientistas: como ser mais racional em um mundo cada vez mais irracional (Vol. II: Religião) (Inteligência Artificial, Democracia, e Pensamento Crítico) (Portuguese Edition))
Vamos ser honesto, não existe e nem vai existir uma teoria científica competível com as teorias da religião. Imagine, uma teoria que explica tudo que você aprende com 12 anos de idade, e usa pelo resto da vida. Einstein dizia que uma boa teoria é aquela que explica para sua vó. Nenhum cientista conseguiu fazer isso, e nem vai. A teoria mestre ocupa a mente de cientistas brilhantes e nada de achar a solução da equação de Deus. Não temos como competir com religião, e pronto. Nossas teorias demandam tempo para criar, e tempo para entender. Cada teoria passa por muitas mãos, e um único cientista não consegue entender todas as teorias. Dependemos um do outro, e estamos sempre melhorando. O trabalho do anterior forma o trabalho do novo, e confiamos nos nossos predecessores. Nossas teorias ficam mais complicadas, e precisamos de computadores e muitas cientistas para resolver e entender. Nenhuma teoria compete com o criacionismo, nenhuma teoria científica é entendível por uma pessoa de 12 anos, a não ser que tenha um QI de 200. Para nós mortais, cada teoria é uma vida de estudos
Jorge Guerra Pires
ansiedade mente para a gente. Faz achar que nosso valor está diretamente conectado a conquistas profissionais, faz a gente confundir exaustão com falta de força de vontade. Tortura-nos com a crença de que estamos atrasadas para a nossa idade e até nos leva a sofrer por acreditar que as pessoas que mais amamos não se importam genuinamente com a gente. Mas sua pior mentira é nos convencer de que um erro vai nos definir para toda a vida.
Marcela Ceribelli (Aurora: O despertar da mulher exausta)
A ansiedade mente para a gente. Faz achar que nosso valor está diretamente conectado a conquistas profissionais, faz a gente confundir exaustão com falta de força de vontade. Tortura-nos com a crença de que estamos atrasadas para a nossa idade e até nos leva a sofrer por acreditar que as pessoas que mais amamos não se importam genuinamente com a gente. Mas sua pior mentira é nos convencer de que um erro vai nos definir para toda a vida.
Marcela Ceribelli (Aurora: O despertar da mulher exausta)
Veja bem, eu sei que parece no mínimo incoerente duas mulheres que apresentam podcasts semanais se definirem como introvertidas, mas, apesar de incoerência ser quase meu sobrenome, a confusão está mais relacionada ao verdadeiro significado de introversão. O primeiro entendimento errado é achar que necessariamente tem a ver com timidez. Um introvertido gosta de estar sozinho e fica emocionalmente esgotado depois de passar muito tempo com outras pessoas. Uma pessoa tímida não quer necessariamente ficar sozinha, mas o medo e a ansiedade servem como verdadeiros muros para a interação.
Marcela Ceribelli (Aurora: O despertar da mulher exausta)
(...)acabaremos, uma vez mais, por ter de chegar à conclusão de que mesmo nos males piores é possível achar-se uma porção de bem suficiente para que os levemos, aos disto males, com paciência(...)
José Saramago (Ensaio Sobre a Cegueira: A arquitetura de um romance)
Paradoxo de Epicuro Ao longo dos séculos, muitos teólogos e filósofos tentaram resolver esse trilema. Santo Agostinho, por exemplo, argumentou que o mal não é uma entidade em si, mas uma ausência do bem, e que o livre-arbítrio humano desempenha um papel crucial na existência do mal. Isso sugere que existe algo que Deus não tem controle, que os humanos podem sim se elevarem ao que Deus definiu para eles, os planos divinos. Essa forma de pensar é interessante por usar lógica. Como exemplo, não temos como achar o elétron, entidade moderna; mas você toma choque na tomada e sua tela de aparelhos usam elétrons. Elétrons são ondas de possibilidades, mecânica quântica. Isso se chama princípio da incerteza de Heisenberg. Na prática, nunca vamos “ver” um elétron: quando tentamos ver ele, ele se concentra em um ponto, as ondas de possibilidades desaparecem. Partícula ou ondas?? não sabemos, usamos os dois. No caso dessa forma dele de pensar, sugere o uso da lógica, introduzida por São Tomé.
Jorge Guerra Pires (Ciência para não cientistas: como ser mais racional em um mundo cada vez mais irracional (Vol. II: Religião) (Inteligência Artificial, Democracia, e Pensamento Crítico) (Portuguese Edition))
Sei que você deve achar que falo muito sobre ele, Jenny. Mas é difícil. Certas lembranças a gente não consegue esquecer. Elas permanecem, inflamadas, às vezes supurando como uma bolha e causando dor, uma dor terrível.
Sofia Lundberg (The Red Address Book)
¿No sería lindo que en esta vida no importara a dónde llegas, sino hasta dónde lanzas a la que viene detrás de ti?
Gabriela Enríquez (Amor al prójimo: Premio Mauricio Achar Random House 2023 (Spanish Edition))
que as pessoas são compostas de camadas e mais camadas de segredos. Você pode achar que as conhece, que as entende, mas seus motivos estão sempre ocultos, enterrados em seus próprios corações. Você nunca as conhecerá de verdade, mas às vezes decide confiar nelas.
Veronica Roth (Insurgente (Divergente, #2))
Não sou triste, eu estou entristecida e nunca achei ninguém especial; mas o especial de cada um eu colecionei costurando-os a mim mesma.
Filipe Russo (Asfixia)
A despersonalização como a grande objetivação de si mesmo. A maior exteriorização a que se chega. Quem se atinge pela despersonalização reconhecerá o outro sob qualquer disfarce: o primeiro passo em relação ao outro é achar em si mesmo o homem de todos os homens. Toda mulher é a mulher de todas as mulheres, todo homem é o homem de todos os homens, e cada um deles poderia se apresentar onde quer que se julgue o homem. Mas apenas em imanência, porque só alguns atingem o ponto de, em nós, se reconhecerem. E então, pela simples presença da existência deles, revelarem a nossa.
Clarice Lispector
— Ah! meu caro Lúcio, acredite me! Nada me encanta já; tudo me aborrece, me nauseia. Os meus próprios raros entusiasmos, se me lembro deles, logo se me esvaem — pois, ao medi-los, encontro os tão mesquinhos, tão de pacotilha… Quer saber? Outrora, à noite, no meu leito, antes de dormir, eu punha-me a divagar. E era feliz por momentos, entressonhando a glória, o amor, os êxtases… Mas hoje já não sei com que sonhos me robustecer. Acastelei os maiores… eles próprios me fartaram: são sempre os mesmos — e é impossível achar outros… Depois, não me saciam apenas as coisas que possuo — aborrecem-me também as que não tenho, porque, na vida como nos sonhos, são sempre as mesmas. De resto, se às vezes posso sofrer por não possuir certas coisas que ainda não conheço inteiramente, a verdade é que, descendo-me melhor, logo averiguo isto: Meu Deus, se as tivera, ainda maior seria a minha dor, o meu tédio. De forma que gastar tempo é hoje o único fim da minha existência deserta. Se viajo, se escrevo — se vivo, numa palavra, creia-me: é só para consumir instantes. Mas dentro em pouco — já o pressinto — isto mesmo me saciará. E que fazer então? Não sei… não sei… Ah! que amargura infinita…
Mário de Sá-Carneiro (A Confissão de Lúcio)
And acharity suffereth long, and is bkind, and cenvieth not, and is not puffed up, seeketh not her own, is not easily dprovoked, thinketh no evil, and rejoiceth not in iniquity but rejoiceth in the truth, beareth all things, believeth all things, hopeth all things, endureth all things.
The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints (Book of Mormon | Doctrine and Covenants | Pearl of Great Price)